sábado, 17 de outubro de 2015

O espelhinho branco e o homem bronco

Na última quinta-feira, dia dos professores eu estava em São Paulo fazendo compras por conta da feira de ciências e uma amiga minha recomendou que um amigo seu me acompanhasse já que ele conhece bastante acerca de produtos eletrônicos. Saí com ele, pegamos o metrô e desembarcamos na estação de São Bento, dali fomos para a Santa Ifigênia, procuramos todos os produtos que eu precisava para a feira de ciências, andamos muito, muito mesmo, num calor de 39 graus e ruas apinhadas de gente. Concluídas minhas buscas ele pediu-me para que o acompanhasse até a rua 25 de março pois ele queria comprar um espelho com cabo branco, perguntei o porquê dessa procura e ele respondeu que era para uma simpatia e se não fosse daquele jeito a simpatia não daria certo.

O homem em questão me fez andar por umas duas ou três horas pelos arredores para encontrar o maldito espelho branco, entra numa loja, entra noutra, procura aqui, procura acolá e nada e eu de saco cheio andando sob um sol escaldante numa tarde de primavera que mais parecia uma tarde de verão, com sede, cansado mas não podia fazer uma desfeita para quem me ajudou a achar meus materiais de eletroeletrônico. Num dado momento, depois de ter andado por vários quarteirões, por várias ruas, por inúmeras lojas, ele não encontrou o objeto desejado e se questionou: será que não poderia ser um espelho com cabo azul? Ele sacudiu a a cabeça e disse que não poderia ser assim caso contrário a simpatia não daria certo.

Depois de tanto andar ele encontrou um espelhinho no formato circular branco mas sem o cabo, pagou 0,60 R$ e deu-se por contente para minha felicidade pois já estava angustiado com essa obsessão. Fiquei internamente revoltado com ele e com sua escravidão mental, como pode um homem normal sujeitar-se aos caprichos de um líder religiosos? Como pode perder seu tempo procurando algo praticamente impossível dese achar? Ué? Não tem outro modo de conseguir com os deuses a graça/o milagre que se almeja? O mais assustador é que ele leva à sério. Será que ele não consegue resolver seus próprios problemas sem apelar para que os deuses interfiram na vida?

Minha amiga disse que esse homem que tem está na mesma faixa etária que eu e portanto trata-se de um homem de meia idade, é extremamente crédulo e tudo o que vai fazer na vida, todas as decisões que toma procura um pai de santo assim como um pentecostal procura o conselho de seu pastor ou de irmão que tenham o "dom do discernimento".

Na procura por esse item o cidadão aborreceu-se e aborreceu a mim também, a mim muito mais pela procura de uma coisa inútil, para uma coisa inútil que não vai alterar a realidade de modo algum, mas se os acontecimentos futuros saírem como ele deseja sua fé só vai aumentar nos poderes mágicos de seus líderes e ficará ainda mais supersticioso e se as coisas não derem certo ele vai acatar o destino que os deuses lhe traçaram. Como pode alguém acreditar em semelhantes besteiras em plena era digital?


Nenhum comentário: