Foi o Rev Malthus um destes gênios supremos que a humanidade só vê surgir de cem em cem anos e não temo compara-lo a Marx, Lamarck, Freud, Weber, Newton e alguns outros poucos...
Graças ao positivismo, ao tecnicismo e ao capitalismo nós acreditamos ter invalidado os prognósticos do homem.
Hoje é Malthus, ao menos para a maioria das pessoas ou para o homem comum, sinônimo de um homem ingênuo, que não contava com a marcha ou o progresso da tecnologia, cujo ritmo é bem mais acelerado que o ritmo da natureza.
E lemos em diversas publicações como Malthus foi desmentido pelos fatos e nos pudemos multiplicar para muito além do quanto ele preveu. Afinal os progressos no âmbito da agricultura, multiplicaram a produção de alimentos e asseguraram a subsistência de uma humanidade que acomodada não para de crescer e de explotar os recursos fornecidos pelo meio ambiente numa escala sem precedentes.
Tenho para mim que a vitória dos adversários do reverendo inglês foi nossa vitória de Pirro pelo simples fato de ter produzido uma fé. Uma fé propositalmente alimentada ou impulsionada pelos modelos positivista, tecnicista, capitalista, comunista... com o ideal comum de um progresso ascendente e ilimitado. Uma fé quimérica e um ideal irracionalista...
Como duzentos anos após Malthus ainda nos alimentamos e sobrevivemos, além de crescermos e multiplicarmos, arraigou-se a crença irresponsável e absurda segundo a qual podemos continuar não apenas crescendo e multiplicando num sistema finito como expandindo a exploração dos recursos existentes ou nos desenvolvendo economicamente.
Ao tempo de Malthus os religiosos, digo os religiosos fetichistas, não lhe deram a mínima atenção. Convencidos de que deus interviria em favor dos que cumprissem o sagrado mandamento de crescer e multiplicar, quiçá inflando a terra, continuaram a despejar suas crias sobre a face da terra... Tampouco os que acreditavam ser a poligamia uma instituição sagrada fizeram qualquer caso de suas opiniões. Outros, mais astutos, recusaram a aplica-lo devido a cálculos de natureza 'política'...
Seja como for, para grande parte dos religiosos, o planejamento familiar e o controle da natalidade humana continuaram sendo tabus...
Mas não apenas para eles! Façamos justiça! Pois também a produção econômica, a regulação dos salários... dependia da superpopulação para manter um Exército de reserva, sicut a conhecida lei da oferta e da procura. Nações e culturas também preocupavam-se em ocupar terras e manter exércitos... De modo que o controle populacional chocava-se com diversos interesses: Religiosos, econômicos, políticos e até mesmo culturais...
Os quais não foram totalmente resolvidos. Assim se a população esclarecida da Europa adota uma política de planejamento e declina, as populações islâmicas dos arredores multiplicam-se, inserem-se nas socs europeias e produzem um grave desiquilíbrio cultural que não pode ser ignorado. Não é nem um pouco normal assistir a islamização daquilo que foi o berço da ideologia democrática, bem como o cenário em que fermentaram um bom número de doutrinas socialistas ao cabo dos últimos séculos... Como não me parece natural assistir a inserção da teocracia, da murtad, da djazia, da jihad, etc numa sociedade secularizada... É apenas um aspecto do problema...
Seja como for ele deve ser abordado.
E não temo dizer, repetindo a J Stuart Mill, em termos de uma economia estacionária, a qual reconhece seus limites e a impossibilidade de expandir-se. E caso mais se expandir-se não poderia garantir sequer uma igualdade ou um equilíbrio econômico relativo, aumentando cada vez mais a desigualdade, a miséria, a violência e os estados de conflito e tensão...
De fato nos expandimos e permanecemos. Mas consideremos a extinção de diversas formas de vegetais e animais no decorrer dos últimos dois séculos. A diminuição de recursos essenciais quais sejam a água - o grande problema do futuro - e os combustíveis. A poluição do meio ambiente, inclusive do ar. E a ocupação dos espaços já com objetivos habitacionais, ja com objetivos produtivos...
Certamente nos conseguimos manter até agora, é fato. Mas a que custo ou a que preço... Em escala universal a terra se mostra exausta e da mostras de ter atingido seus limites. Temos causados danos irreversíveis ao ambiente... Estamos destruindo nosso habitat e comprometendo a qualidade de vida de nossos descendentes... O clima já se mostra exasperado e catástrofes e mais catástrofes de origem antrópica já se manifestam. Ir além seria desaconselhável... Mas continuamos a nos multiplicar por crer que a ciência, o novo deus, oferecerá alguma solução a curto prazo... Os vestígios do positivismo, estimulados pela Lei do capitalismo, iludem-nos ou vendam-nos os olhos a beira do abismo...
Mas o espectro de Malthus ressurge de sua fria cova e nos quer falar...
Nosso primeiro desafio é a produção sintética de alimentos ou de comida. E parece estarmos muito longe de consegui-lo. Ainda dependemos de animais e vegetais para sobreviver, tal e qual nossos mais remotos ancestrais. Ainda não nos desprendemos, mas, somos parte de um todo que pretendemos destruir...
Suponhamos no entanto que passemos fabricar alimentos em laboratórios da noite para o dia, de modo a poder aniquilar todos os animais e vegetais existentes, ocupando seu lugar - O que confirmaria nosso caráter de parasitas ou feras...
Teríamos de lidar ainda com inumeros outros problemas, assim:
--- O suprimento de água potável. A menos que também possamos fabricar água em larga escala.
--- O fim de recursos naturais como os combustíveis. Teríamos de descobrir outros. Mas também precisamos de bauxita, madeira, borracha, etc
--- A eliminação de resíduos ou da poluição. Se a frota de automóveis continuar aumentando...
--- A administração do espaço. Quanto mais gente há aumenta a demanda por espaço. Assim as cidades teriam de crescer horizontalmente em detrimento das florestas e habitats naturais ou verticalmente, produzindo estruturas cada vez maiores ou colossais. Cidades teriam de cobrir e recobrir cidades... O que nos leva a problemas de planejamento, transportes, etc E enfim teriam de crescer horizontalmente caso não cessamos de crescer e controlassemos nossa população.
Nenhum destes problemas parece ser solúvel a curto prazo...
E no entanto nos multiplicamos como se não existissem ou fossem irrelevantes.
Simplesmente porque encaramos Malthus como a um tolo ou imbecil. E porque, se não acreditamos mais num deus interventor, continuamos acreditando na capacidade infinita da ciência e da tecnologia para resolverem o problema. Continuamos positivistas inveterados, e por isso nos recusamos a planejar racionalmente nosso futuro num sistema finito cujos recursos são limitados. O capitalismo declarara a todo instante que devemos nos desenvolver ou nos expandir, ou crescer, ou superar... E acreditamos ou queremos acreditar. Assim para muitos, a pauta conservadora da economia estacionária, proposta por J Stuart Mill, cheira a comunismo... E com tais palavras vão transtornando a razão e apavorando os tontos...
A bem da verdade, ao menos quanto a este ponto, a mentalidade comunista, jamais apartou-se da capitalista ou mostrou-se sensivelmente diversa - pelo simples fato de ser tecnicista e derivar do positivismo, com sua escatologia Cristã secularizada e sua esperança quimérica de produzir um paraíso na terra. Claro que podemos fazer deste mundo uma ante sala do paraíso ou um lugar melhor para viver. Todavia para tanto é necessário considerar as coisas racionalmente e sobretudo encarar a realidade do espaço em que vivemos - O qual é manifestamente finito ou limitado. Devendo comportar, necessariamente, um número limitado de pessoas e um fluxo finito de atividades humanas... O que nos conduz novamente a economia estacionária de Mill e antes de tudo ao planejamento familiar e ao controle populacional.
Nada mais urgente e qualquer projeto socialista pecará pela base caso, ao contrário de Aristóteles, não considere este aspecto. Pois antes de produzir, administrar e gerir as riquezas numa perspectiva ética, devemos estabilizar o crescimento de uma dada sociedade. Do contrário as desigualdades tornarão a surgir, tal e qual as cabeças da Hidra após terem sido cortadas... De modo que o planejamento das famílias é tão importante quanto a fruição das riquezas; estando na base do que chamamos bem comum ou justiça social. Quanto mais uma população crescer descontroladamente, mais dificil será promover o bem comum ou consolidar socialmente a justiça. Em tais condições os conflitos tenderão a generalizar-se e inclusive a despejar-se sobre outras comunidades (aqui a genesis do imperialismo). Numa escala mundial porém, será o fim... A exemplo do Império romano, o qual tendo atingido as fronteiras exequíveis em seu tempo, entrou em crise e desmantelou-se.
O atual processo de globalização fez com que nossas fronteiras atingissem os limites do mundo. A partir daí a posse de recursos que escasseiam ou de espaço, associada ao crescimento desmedido de uma determinada população poderá dar origens a um número cada vez maior de conflitos, alias estimulados pela religião ou pela cultura, e levar a guerra de todos contra todos numa escala mundial, como jamais foi vista. Este cenário já foi delineado por Huntingthon e nos parece provável...
De minha parte, após ter lido algumas publicações recentes sobre os Maias e o declínio de sua civilização, lembrei-me de Toynbee... cujo método e visão sempre admirei, bem mais que a Spengler.
Ao tempo em que Toynbee vivia, e ainda hoje, a maior parte dos historiadores ou pesquisadores. Partindo sempre o falso paradigma da monocausalidade, buscavam, cada qual deles, uma chave ou solução para o fim do império Maia, e construíam hipóteses mirabolantes. Quando rapaz, folheando uma publicação dos anos vinte, cheguei a ler um artigo, muito bem elaborado, sobre as febres - em especial a febre amarela - que teriam dizimado aquelas populações e posto fim aquele glorioso império com suas cidades magníficas. Afinal alguns arqueólogos, ao escavar junto as ruínas de Tikal, Palenque, Uxmal, Pedras negras e outras metrópoles daquela civilização haviam dado com algumas estelas ou painéis que representavam, o que parecia ser, um homem vomitando junto a uma jarro... Desde então, alguns foram levados a crer que aquele Império fora desmantelado pelas febres e, jamais pude deixar de crer que elas tinham algo a ver com aquilo, embora por si só, a hipótese das febres me parece insuficiente, para tudo explicar.
Parecia a peça de um quebra cabeças... As quais foram se adicionando outras tantas...
Afinal aquele tempo a linguagem ideográfica dos Maias ainda não havia sido perfeitamente compreendida e seus textos traduzidos. Hoje podemos ler suas inscrições, mas ainda não fomos capazes de ordena-las, o que levará séculos... pesar disto, lemos já alguma coisa. Para além disto nossos recursos tecnológicos são bem mais eficazes, permitindo que enxerguemos além da floresta...
Há além disto um imenso trabalho de pesquisa realizado em diversos campos, quais sejam: Antropologia, Geologia, botânica, Arquitetura... Os quais em seu conjunto nos dizem algo e parecem apontar para uma realidade bem mais complexa ou multi fatorial. Adianto todavia, que o elemento decisivo, quanto a eclipse da civilização Maia - pasmem - parece ter sido o desenvolvimento ou o crescimento populacional propiciado pela própria civilização... Tería a civilização se convertido numa maldição ou numa cilada para os antigos Maias???
Já o veremos.
Até bem pouco tempo tinhamos uma visão, por assim dizer 'clássica', da antiga cultura Maia e imaginávamos um cenário rural do qual as grandes praças cercadas por pirâmides descomunais, eram por assim dizer, o centro de diversas comunidades agrárias esparsas pelo entorno e por assim dizer, diminutos centros, cercados por algumas palhoças de barro e entremeados por campos de cultivo. Para mim este cenário sempre me pareceu estranho tendo em vista as dimensões de tais monumentos... E hoje, ao menos quanto a grande cidade de Tikal (E toda Peten guatemalteca) semelhante concepção esta prestes a ser revista graças a leituras aéreas realizadas pela National Geographic Explorer através do projeto LIDAR (Th Garrison).
O que encontraram foi simplesmente uma megalópole colossal que se estendia debaixo da floresta, com estradas pavimentadas, açudes, muralhas, casas de pedra e inclusive, é claro, outras tantas pirâmides descomunais... O mais interessante é que ao que parece Tikal não contava com 40 ou 50 mil habs como se conjecturava até então mas com cerca de 200 ou 250 mil, e toda região das terras baixas, ocupadas pelo antigo império Maia, não por um ou dois milhões de pessoas, mas por cerca de vinte milhões de pessoas, praticamente a metade da população europeia daquele tempo, num espaço sessenta vezes menor.
Resulta disto que uma tal população não podia sobreviver recorrendo a caça, a pesca ou a agricultura de subsistência. Felizmente o LIDAR, revelou igualmente, a existência de imensas terras de cultivo intensivo, ora ocupadas por pântanos... Assim os Maias drenavam, irrigavam e cultivavam em larga escala, tendo em vista a sobrevivência de uma população tão grande...
Até aqui problema algum...
O problema se nos apresenta quando consideramos que os Maias, muito provavelmente, não estavam preocupados com o planejamento familiar ou com o controle populacional. Estariam entusiasmados pela civilização? Levando em conta as enormes pirâmides que ergueram, os belos trabalhos feitos com o jade, a invenção de um elaborado sistema de escrita, o domínio da escultura e da pintura... não podemos deixar de supo-lo.
Os Maias no entanto empregavam o fogo em seus campos, o que demandava repouso por parte da terra e portanto um espaço efetivamente cultivado cada vez maior, tomado a floresta. Isto apenas para o cultivo. Mas os Maias dependiam da floresta para extrair madeira, já para seus móveis e utensílios, hora inexistentes, já para queimar pedra e produzir a cal necessária para construir as grande pirâmides, o que nos leva, necessariamente, a hipótese do desflorestamento. No auge de sua civilização, contando com vinte milhões de habitantes e centenas de cidades com dezenas de pirâmides, muitas em construção, os Maias praticamente deram fim ao entorno ou seja a floresta.
Richard Hansen da Universidade de Utah declara que para cobrir com gesso a grande pirâmide de El Mirador os Maias tiveram de abater 600 hectares de terra, e se tratava de um único edifício, haviam milhares e mais colossais inclusive. Chegaram a um estádio em que o reflorestamento, sem fora concebido, sequer era possível. Diante disto seguiram-se as secas, já que o ciclo da água e as chuvas dependiam das árvores e estas haviam sido cortadas...
O futuro é fácil de imaginar-se - As secas afetaram as colheitas e num cenário com dezenas de milhões de pessoas, o resultado foi a fome! Não apenas a destruição de espécies vegetais em larga escala tem sido demonstrada por Botânicos, e a seca demonstrada pelos geólogos como a fome e a desnutrição - nos séculos VIII e IX - tem sido igualmente verificadas pelos antropólogos e médicos a partir dos restos humanos encontrados.
É onde entra a peste ou as febres. Pessoas desnutridas e fracas embrenharam-se nas selvas e pântanos, cheios de mosquitos, em busca de alimentos... transportando as febres aos grandes centros urbanos. As pessoas devem ter começado a morrer, de fome ou febre, em larga escala; mas ainda havia um refúgio ou uma esperança, raramente posta a prova em escala social, e a qual nos explica perfeitamente, como, porque e donde, veio o golpe final sobre aquela antiga civilização.
Como todos os povos e culturas antigas eram os Maias fetichistas ou seja, tal e qual os nossos fundamentalistas, eles acreditavam que suas divindades deveriam interferiam concretamente no meio material ou físico por meio de milagres. Estavam convencidos de que seus deuses controlavam diretamente o mundo ou a ordem cósmica e a seu tempo que podiam controlar ou influenciar os deuses por meio de oferendas e sacrifícios. Os sacerdotes, muito provavelmente, haviam dito ao povo que a seca, a fome e a peste eram castigos enviados pelos deuses ofendidos, os quais deveriam ser aplacados...
Havia pois uma esperança: A religião, a magia, o milagre... Urgia alimentar os deuses famintos, sedentos e mau humorados com sangue, segundo o costume imemorial. O cenário que apresentou-se apenas se vislumbra nos painéis de Bonampak (792) - Cada rei ou comunidade pegou em armas e atacou a comunidade vizinha com o objetivo de obter prisioneiros e oferece-los aos deuses, de que resultou um conflito generalizado entre as antigas metrópoles.
A bem da verdade os Maias sempre conheceram batalhas religiosas em que os reis, nobres e sacerdotes das cidades vizinhas eram abatidos, sequestrados, torturados e mortos. Os antigos Maias acreditavam que os homens foram criados com o sangue dos deuses (daí os homens serem pintados com vermelho vivo) que por ele se sacrificaram. A contra partida é que os deuses controlavam os astros, o clima, a fertilidade dos seres, etc... assim o equilíbrio cósmico era mantido a preço de sangue, o alimento dos deuses.
O primitivo jogo de futebol revivia um evento cósmico em que os deuses do inframundo havia sido derrotados pelos gêmeos que se converteram no Sol e na Lua... Assim os que jogavam e eram derrotados eram oferecidos ao Sol e a Lua. O sangue era uma espécie de fluído sagrado que movia os deuses e através destes o cosmo...
Muralhas e fortalezas edificadas durante este período são um claro sinal de que as violências e agressões, instigadas pelo desespero aumentaram... Como nas Gálias do século III os habitantes de 'Dois pilares' demoliram seus templos e palácios e converteram sua cidade numa pequena fortaleza amuralhada.
E no entanto o fim ainda não havia chegado. Pois a gente das cidades, apinhava os templos, massacrava os prisioneiros, feria o próprio pênis ou a própria lingua, lançava seus filhos aos poços, sacrificava jaguares e joias... Sem que as chuvas se regularizassem e as colheitas tornassem a ser abundantes. Pelo contrário as campanhas expansionistas, que visavam obter recursos e prisioneiros, pioraram ainda mais a situação. Porque na medida em que executavam multidões de prisioneiros e empilhavam crânios nos centros cerimoniais faltavam braços para cultivar uma terra já estéril e seca... De modo que a fome, a subnutrição e as enfermidades aumentaram...
As próprias cidades, que com seus vistosos templos,
tornaram-se alvos para as expedições guerreiras que obstinavam-se em obter vítimas para sacrifícios rituais. De modo que seus derradeiros habitantes acabaram internando-se nas poucas
florestas que restavam, com a esperança de poder viver da caça, da pesca e da subsistência...
Enfim, como intuiu Soustelle, os Maias perderam toda esperança e cessaram de acreditar nos sacerdotes e reis que os haviam feito construir as antigas pirâmides. A ideologia fetichista, após ser socialmente testada, desabou e deu lugar ao ceticismo, e a outros tantos distúrbios... Os reis e sacerdotes - guardiães da escrita, das artes e da cultura. - caso não tenham sido mortos por seus próprios concidadãos encolerizados, acabaram sendo capturados e mortos pelos invasores, até que a sociedade como um todo desabou e as grandes cidades arruinadas foram invadidas pela selva. Sumindo do cenaŕio, a velha civilização Maia após dois mil anos de existência e um fluxo de progresso contínuo e ascendente...
No entanto, tal e qual a antiga Roma, quando esta cultura chegou a seus máximos limites e explotou os recursos de que dispunha, seguiu-se o caos. E quando a ideologia fetichista ou religiosa, que servia como base a cultura, foi testada e falhou, seguiu-se o fim... Pois já não havia esperança.
O cenário esta posto. Restabelecido ou recuperado. Façam as comparações com o período em que estamos vivendo. Afinal deveríamos ser mais humildes e aprender com as lições do passado...
Mostrando postagens com marcador Controle populacional. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Controle populacional. Mostrar todas as postagens
sábado, 26 de maio de 2018
sábado, 3 de dezembro de 2016
Humanidade, tempos de auto contenção ou de extinção
Tempos houve em que não passávamos de algumas dúzias de seres simiescos a vagar pelas savanas da mãe África.
Pouco depois as primeiras levas de Sapiens atravessaram Península do Sinai e iniciaram sua grande aventura pelos dois grandes grandes continentes do mundo antigo.
Bem podemos comparar essa travessia como a ruptura de um dique e a uma inundação, melhor dizendo a um dilúvio em que marés de sapiens espalharam-se pela mãe terra varrendo tudo, inclusive os demais ramos da espécie, como os Neandertais e o H das flores, senão outros cuja existência ainda ignoramos enquanto não redescobrimos nossa História.
O fato é que os bem preparados Neandertais desapareceram como dizem aniquilados pela explosão de um grande vulcão localizado nas proximidades de Napoles. No entanto a explosão por grande que fosse não aniquilou todos os neandertais, embora tenha reduzido bastante seu número. Sempre poderiam ter se reproduzido, multiplicado e recuperado, no entanto não o fizeram. Certamente porque nossos belicosos ancestrais souberam das um empurrãozinho.
O catástrofe natural fez sua parte, não o negamos. Noutra conjuntura porém, em que não entrasse o Homo Sapiens cá estaria o Neandertal, talvez erguendo cidades e arranha céus... O que o cataclismo vulcânico iniciou foram nossos 'meigos' ancestrais que concluíram e disto resultou a eliminação de mais uma forma de vida.
No decorres desta expansão a princípio lenta tiveram os animais da Eurásia, já habituados a presença - nada amistosa por sinal - dos neandertais, tempo suficiente para aprender a desconfiar do novo tipo de homem e a fugir dele ocultando-se nas selvas e fendas da terra. Pois os que não se ocultavam e escondiam eram logo abatidos pelas lanças atiradas com o auxílio do propulsor e enfim das certeiras flechas.
Desde que os propulsores e arcos foram inventados os pobres animais, por colossais que fossem já não tiveram paz e sossego exceto nos ínvios sertões ou nos recônditos dos ermos. E lá fossem mamutes especialmente, ia o homem busca-los. Pois precisava de gordura para o lume, de pele para as roupas, de ossos para os implementos e especialmente de carne para o estomago.
Assim sendo a que correspondiam os mamutes, rinocerontes lanudos, a rena, o grande alce, o auroque, etc senão a dispensa cheia de nossos dias ou a fartura???
Eram tempos difíceis aqueles. O homem precisava lutar para garantir a sobrevivência da espécie. Precisava matar sem contemplações. E matou, e quanto mais sua população crescia mais matava. E continuou matando, até que diversas espécies não mais resistiram e deixaram de existir. Porque seu ritmo reprodutivo era mais lento do que a atividade carniceira de nossos ancestrais.
Assim a cerca de quatro mil anos, na longuiqua Ilha de Wrangel, nos confins da Sibéria chegaram os primeiros homo sapiens e supliciaram os últimos mamutes, tombando o derradeiro membro da espécie sem que fosse derramada uma única lágrima. E como não vivemos num mundo de poesia, muito provavelmente o céu não ficou turvo por aquela espécie que chegava a seu fim...
Muito antes disto porém, haviam já nossos perspicazes ancestrais inventando canoas de boa qualidade com que pudessem rasgar o denso véu cristalino dos mares e chegar a outros mundos inexplorados. Assim sendo dia houve em que este ser inquieto tocou ao paraíso dos marsupiais, a Austrália. Isto sem que a terra nossa mãe desse um único gemido...
É suposto que tal evento tenha se dado há cerca de 40 ou 45 mil anos passados.
A bem da verdade o clima local passava por algumas transformações. A despeito das quais a natureza sempre havia sabido recuperar-se.
Desde então, com a chegada dos 'trogloditas', tudo seria bastante diferente. Pois não traziam consigo apenas o fogo mas a fatídica queimada por meio da qual acabavam com as florestas, ilhavam e perseguiam os animais. Animais que por não estarem habituados com aquela presença estranha sequer cogitaram em fugir. Alias fugir para onde???
Assim tombaram sem saber porque levados por aquele vendaval humano.
E extinguiram-se o leão marsupial, o wombate, o coala gigante, o canguru gigante, etc, etc, etc
Uma a uma cada uma dessas espécies foi sendo literalmente aniquilada por nossos ancestrais.
Os quais não pararam por ai mais ao que parece correram pelas ilhas e ilhotas ainda não totalmente cobertas pelas águas e acompanhando o curso do litoral da Antártida chegaram a Patagônia e a América Sulina, enquanto ao mesmo tempo ou pouco depois outra leva de sapiens penetrava o mesmo continente pelo Norte ou seja por Behring.
Quando isto se deu não sabemos ao certo. Seria a 30, 20 ou mesmo 15 mil anos??? Responder com precisão não o podemos.
Sabemos no entanto que ao cabo de dez ou cinco mil anos espalharam-se por todas as partes deste novo mundo produzindo um efeito não menos devastador que os colonizadores espanhóis trazidos por Colombo.
E 9000 anos antes de Colombo já haviam dado cabo do tatu gigante, do soberbo Megatério, dos camelídeos, das manadas de cavalos, etc, etc Em nome da auto suficiência nossos antepassados acabaram com tudo. Supostamente não caçavam nem devoravam dentes de sabre, mas concorriam com eles e subtraiam-lhes o até então farto alimento. Pelo que devem ter sido abatido pelo mais negro de todos os flagelos e morrido de fome!!! Afinal de contas nem mesmo seus dentes ameaçadores eram capazes de rivalizar com o aparato técnico do homo sapiens... E o mais valente e astuto dos smilodontes não seria capaz de concorrer com nossas lanças e frechas...
Importa saber que o mesmo desastre ecológico repetiu-se infinitamente todas as vezes que alguma sociedade humana embarcada em suas canoas topou com uma Ilha até então desocupada e deserta fosse ela Madagascar, Nova Zelândia, Marquesas, Salomão, Samoa, etc Para onde se instalavam levavam por assim dizer a guerra... Assim sendo outro não podia ser o destino da Moa ou do Lêmure gingante senão a aniquilação.
Ao cabo desta peregrinação ou viajem iniciada a uns 60 mil anos, lá na África ou melhor ao cabo de vinte mil anos estava a existência de nossa espécie praticamente consolidada na medida em que ocupava todos os continentes.
A contrapartida no entanto era assombrosa, pois em cinquenta ou sessenta mil anos havíamos exterminado centenas de preciosas e admiráveis formas de vida - e me refiro apenas aos grandes mamíferos - com que a dinâmica evolutiva brindara a mãe natureza ao cabo de cinquenta milhões de anos... E quando a cruz foi arvorada no cume do calvário o calvário de tais espécies já havia sido consumado a muito tempo. Não sendo mais dado a nossos olhos contemplar os modos de tantos e tantos seres fascinantes.
Apesar disto há cerca de 2.700 anos, alguém, lá nos confins ou desertos da antiga Judeia fez questão de escrever: Crescei e multiplicai-vos, colocando tais palavras na boca de seu deus étnico Jao.
Para tal povinho isolado equivaliam tais palavras a um mandamento divino.
Ademais ainda havia muito espaço no mundo, muita selva, muita floresta, muitos animais não abatidos, etc
Porquanto o Homo Sapiens continuou a multiplicar-se e a crescer.
Cerca de dois mil anos foi este conselho adotado por outros povos e culturas, também a guiza de mandamento divino e chegou a ser anexado ao ritual do Matrimônio.
E a espécie continuou a multiplicar-se, a crescer e a espalhar-se ainda mais.
Embora a sujidade, as guerras, a fome e a peste fizessem seu trabalho, ceifando outras tantas vidas.
E ficava a balança equilibrada.
Acontece no entanto que aquele mesmo ser inteligente ou melhor esperto que inventara os machados de pedra, lanças, propulsores e frechas concebeu também as vacinas, os soros, a esterilização, os medicamentos, a cirurgia, a higienização, etc, etc, etc... Ficando desde então garantida a sobrevivência da maior parte dos nascituros e alargada a existência dos adultos... pelo que nos últimos dois séculos chegaram a aparecer casais com vinte ou mais filhos!!!
Os homens multiplicaram-se por demais e cresceram ao infinito. Orçando a casa dos milhões e enfim dos bilhões.
Foi quando um clérigo inglês de rara inteligência, achou por bem advertir os zelosos observantes do mandamento hebraico a respeito de que o espaço ou a terra não aumentava de tamanho, nem as terras, nem os campos... Disse, falou, escreveu e discorreu com impeto a respeito do óbvio: A limitação de nossos recursos e o descompasso existente entre o ritmo da fauna, da flora e daquilo que orgulhosamente cognominamos progresso.
Afinal, amigo leitor, apenas ao cabo destes últimos dois séculos nossa vaidosa espécie ou ao menos diminuta parte dela pode compreender que equivalemos a parte da natureza e não ao todo. Afinal não somos seres autótrofos i é que sintetizam clorofila e fabricam seu próprio alimento... Ao que parece dependemos de outros seres, os quais imolamos tendo em vista a obtenção de suprimentos (proteínas) e a conservação da vida. Esses outros seres por fim, sendo animais, são igualmente heterótrofos e tal qual nossos vegetarianos obtém seu alimento a partir das únicas formas autótrofas de vida representadas pela flora.
Senso assim: aniquilados todos os representantes da flora, destruídas todas as florestas, devastada toda mataria 'inútil' dão-se por perdidos todos os animais inclusive nós! Deem por certo que quando murchar a derradeira folha de arvoredo estamos condenados a morte por inanição e extintos a exemplo daqueles que nós mesmo extinguimos no passado.
Coexistiremos harmoniosamente com os representantes da fauna e da flora ou caminharemos para o suicídio coletivo.
Isoladamente, como senhores orgulhosos da devastação, não podemos existir.
Todavia para respeitar o fluxo da natureza há uma única saída.
Nossa espécie precisa diminuir o número de estômagos e bocas. Pois a natureza já não pode fornecer o montante que lhe é exigido por bilhões de bilhões. E seu ritmo já não acompanha nossas necessidades, impostas por este mandamento, ora estúpido e contraproducente do 'Crescei e multiplicai-vos'. Ao menos que anjos desçam dos céus trazendo pão ou que chova arroz, feijão e carne este mandamento converteu-se num mandamento suicida e numa ameaça a civilização.
Do que precisamos atualmente é de restrição, de planejamento, de controle racional da população.
Atualmente importa não crescer e não multiplicar mas reduzir ao máximo nosso ritmo de crescimento.
Do contrário seremos levados a contaminar água, terra, ares... a exterminar as poucas formas de vida animal que ainda restam e cortar a última árvore por fim. Talvez até consigamos prolongar nossa existência por um ou dois séculos convertendo todo espaço existente em plantações e pastagens gerenciadas pena mais alta tecnologia, mas será uma sobrevivência triste. Pois a exceção dos cães, gatos, ratos, coelhos e talvez alguns cavalos (além do gado bovino de corte é claro) todas as demais formas de vida só poderão ser contempladas em álbuns de fotografias ou em livros, a guiza de recordação. Quiçá alguns de nossos descendentes contemple choroso a imagem de uma zebra ou de uma girafa, ou de um leão tal e qual nós mesmos contemplamos a de um mamute ou megatério...
Então ao cabo de dois ou três séculos, por não termos sido capazes de reeducar-nos, de mudar nosso modo de vida, de conter nosso ritmo virá o colapso, a fome, a miséria, a convulsão social e o fim ou quiçá alguma nova Idade da Pedra muito primitiva e precária. A partir da qual teremos de reiniciar nossa marcha...
A outra possibilidade com que acenam os tecnocratas é colonizar outros planetas, para lá transplantando o excedente populacional bem como nossos insumos agrícolas. Talvez seja o caso de esgotar por completo os recursos naturais desta terra até abandonar sua carcaça imunda... Acaso não procedem assim os vermes???
O ideal no entanto, e este ideal nem sempre fica bem escondido, é dar com um novo 'continente' ou melhor com outro planeta cheiinho de formas de vida capazes de nos sustentar. Caso este dia infeliz venha a raiar nossos mestres e lideres proclamarão alegremente que aquelas criaturas ou formas de vida não sendo humanas ou sendo inferiores não tem o direito de existir ( a menos que existam para servir-nos) seguindo-se a mesma triste história de sessenta mil anos atrás. Faremos deste novo e infeliz planeta nossa vaca ou melhor nosso mamute cevado... exterminaremos uma a uma suas espécies e esgotaremos seus recursos naturais...
Caso semelhante possibilidade se concretiza estaremos evidenciando que não passamos de um vírus ou duma bactéria nociva espalhada no corpo do Universo...
Já fomos comparados com o câncer, mas ainda temos a possibilidade de olhar para o passado, de contemplar nosso saldo de destruição, de encarar a sujeira moral por nós produzida e enfim de limpar nossa ficha. Talvez seja a derradeira chance que nós é concedida. Aproveite-mo-la tendo em vista restringir as loucas pretensões que nos são ditadas pelos preconceitos religiosos e pelo fanatismo. Aproveite-mo-la para criar uma vida de respeito, amor e comunhão com a fauna e a flora. Aproveite-mo-la para desenvolver a fraternidade e mostrar gratidão para com a mãe natureza.
Mostremos que somos verdadeiramente Sapiens integrando-nos a mãe natureza numa perspectiva solidária, porque aquilo que o homem semear isto haverá de colher.
Portanto cessemos agora de semear a dor.
Ou colheremos lágrimas amargas.
Pouco depois as primeiras levas de Sapiens atravessaram Península do Sinai e iniciaram sua grande aventura pelos dois grandes grandes continentes do mundo antigo.
Bem podemos comparar essa travessia como a ruptura de um dique e a uma inundação, melhor dizendo a um dilúvio em que marés de sapiens espalharam-se pela mãe terra varrendo tudo, inclusive os demais ramos da espécie, como os Neandertais e o H das flores, senão outros cuja existência ainda ignoramos enquanto não redescobrimos nossa História.
O fato é que os bem preparados Neandertais desapareceram como dizem aniquilados pela explosão de um grande vulcão localizado nas proximidades de Napoles. No entanto a explosão por grande que fosse não aniquilou todos os neandertais, embora tenha reduzido bastante seu número. Sempre poderiam ter se reproduzido, multiplicado e recuperado, no entanto não o fizeram. Certamente porque nossos belicosos ancestrais souberam das um empurrãozinho.
O catástrofe natural fez sua parte, não o negamos. Noutra conjuntura porém, em que não entrasse o Homo Sapiens cá estaria o Neandertal, talvez erguendo cidades e arranha céus... O que o cataclismo vulcânico iniciou foram nossos 'meigos' ancestrais que concluíram e disto resultou a eliminação de mais uma forma de vida.
No decorres desta expansão a princípio lenta tiveram os animais da Eurásia, já habituados a presença - nada amistosa por sinal - dos neandertais, tempo suficiente para aprender a desconfiar do novo tipo de homem e a fugir dele ocultando-se nas selvas e fendas da terra. Pois os que não se ocultavam e escondiam eram logo abatidos pelas lanças atiradas com o auxílio do propulsor e enfim das certeiras flechas.
Desde que os propulsores e arcos foram inventados os pobres animais, por colossais que fossem já não tiveram paz e sossego exceto nos ínvios sertões ou nos recônditos dos ermos. E lá fossem mamutes especialmente, ia o homem busca-los. Pois precisava de gordura para o lume, de pele para as roupas, de ossos para os implementos e especialmente de carne para o estomago.
Assim sendo a que correspondiam os mamutes, rinocerontes lanudos, a rena, o grande alce, o auroque, etc senão a dispensa cheia de nossos dias ou a fartura???
Eram tempos difíceis aqueles. O homem precisava lutar para garantir a sobrevivência da espécie. Precisava matar sem contemplações. E matou, e quanto mais sua população crescia mais matava. E continuou matando, até que diversas espécies não mais resistiram e deixaram de existir. Porque seu ritmo reprodutivo era mais lento do que a atividade carniceira de nossos ancestrais.
Assim a cerca de quatro mil anos, na longuiqua Ilha de Wrangel, nos confins da Sibéria chegaram os primeiros homo sapiens e supliciaram os últimos mamutes, tombando o derradeiro membro da espécie sem que fosse derramada uma única lágrima. E como não vivemos num mundo de poesia, muito provavelmente o céu não ficou turvo por aquela espécie que chegava a seu fim...
Muito antes disto porém, haviam já nossos perspicazes ancestrais inventando canoas de boa qualidade com que pudessem rasgar o denso véu cristalino dos mares e chegar a outros mundos inexplorados. Assim sendo dia houve em que este ser inquieto tocou ao paraíso dos marsupiais, a Austrália. Isto sem que a terra nossa mãe desse um único gemido...
É suposto que tal evento tenha se dado há cerca de 40 ou 45 mil anos passados.
A bem da verdade o clima local passava por algumas transformações. A despeito das quais a natureza sempre havia sabido recuperar-se.
Desde então, com a chegada dos 'trogloditas', tudo seria bastante diferente. Pois não traziam consigo apenas o fogo mas a fatídica queimada por meio da qual acabavam com as florestas, ilhavam e perseguiam os animais. Animais que por não estarem habituados com aquela presença estranha sequer cogitaram em fugir. Alias fugir para onde???
Assim tombaram sem saber porque levados por aquele vendaval humano.
E extinguiram-se o leão marsupial, o wombate, o coala gigante, o canguru gigante, etc, etc, etc
Uma a uma cada uma dessas espécies foi sendo literalmente aniquilada por nossos ancestrais.
Os quais não pararam por ai mais ao que parece correram pelas ilhas e ilhotas ainda não totalmente cobertas pelas águas e acompanhando o curso do litoral da Antártida chegaram a Patagônia e a América Sulina, enquanto ao mesmo tempo ou pouco depois outra leva de sapiens penetrava o mesmo continente pelo Norte ou seja por Behring.
Quando isto se deu não sabemos ao certo. Seria a 30, 20 ou mesmo 15 mil anos??? Responder com precisão não o podemos.
Sabemos no entanto que ao cabo de dez ou cinco mil anos espalharam-se por todas as partes deste novo mundo produzindo um efeito não menos devastador que os colonizadores espanhóis trazidos por Colombo.
E 9000 anos antes de Colombo já haviam dado cabo do tatu gigante, do soberbo Megatério, dos camelídeos, das manadas de cavalos, etc, etc Em nome da auto suficiência nossos antepassados acabaram com tudo. Supostamente não caçavam nem devoravam dentes de sabre, mas concorriam com eles e subtraiam-lhes o até então farto alimento. Pelo que devem ter sido abatido pelo mais negro de todos os flagelos e morrido de fome!!! Afinal de contas nem mesmo seus dentes ameaçadores eram capazes de rivalizar com o aparato técnico do homo sapiens... E o mais valente e astuto dos smilodontes não seria capaz de concorrer com nossas lanças e frechas...
Importa saber que o mesmo desastre ecológico repetiu-se infinitamente todas as vezes que alguma sociedade humana embarcada em suas canoas topou com uma Ilha até então desocupada e deserta fosse ela Madagascar, Nova Zelândia, Marquesas, Salomão, Samoa, etc Para onde se instalavam levavam por assim dizer a guerra... Assim sendo outro não podia ser o destino da Moa ou do Lêmure gingante senão a aniquilação.
Ao cabo desta peregrinação ou viajem iniciada a uns 60 mil anos, lá na África ou melhor ao cabo de vinte mil anos estava a existência de nossa espécie praticamente consolidada na medida em que ocupava todos os continentes.
A contrapartida no entanto era assombrosa, pois em cinquenta ou sessenta mil anos havíamos exterminado centenas de preciosas e admiráveis formas de vida - e me refiro apenas aos grandes mamíferos - com que a dinâmica evolutiva brindara a mãe natureza ao cabo de cinquenta milhões de anos... E quando a cruz foi arvorada no cume do calvário o calvário de tais espécies já havia sido consumado a muito tempo. Não sendo mais dado a nossos olhos contemplar os modos de tantos e tantos seres fascinantes.
Apesar disto há cerca de 2.700 anos, alguém, lá nos confins ou desertos da antiga Judeia fez questão de escrever: Crescei e multiplicai-vos, colocando tais palavras na boca de seu deus étnico Jao.
Para tal povinho isolado equivaliam tais palavras a um mandamento divino.
Ademais ainda havia muito espaço no mundo, muita selva, muita floresta, muitos animais não abatidos, etc
Porquanto o Homo Sapiens continuou a multiplicar-se e a crescer.
Cerca de dois mil anos foi este conselho adotado por outros povos e culturas, também a guiza de mandamento divino e chegou a ser anexado ao ritual do Matrimônio.
E a espécie continuou a multiplicar-se, a crescer e a espalhar-se ainda mais.
Embora a sujidade, as guerras, a fome e a peste fizessem seu trabalho, ceifando outras tantas vidas.
E ficava a balança equilibrada.
Acontece no entanto que aquele mesmo ser inteligente ou melhor esperto que inventara os machados de pedra, lanças, propulsores e frechas concebeu também as vacinas, os soros, a esterilização, os medicamentos, a cirurgia, a higienização, etc, etc, etc... Ficando desde então garantida a sobrevivência da maior parte dos nascituros e alargada a existência dos adultos... pelo que nos últimos dois séculos chegaram a aparecer casais com vinte ou mais filhos!!!
Os homens multiplicaram-se por demais e cresceram ao infinito. Orçando a casa dos milhões e enfim dos bilhões.
Foi quando um clérigo inglês de rara inteligência, achou por bem advertir os zelosos observantes do mandamento hebraico a respeito de que o espaço ou a terra não aumentava de tamanho, nem as terras, nem os campos... Disse, falou, escreveu e discorreu com impeto a respeito do óbvio: A limitação de nossos recursos e o descompasso existente entre o ritmo da fauna, da flora e daquilo que orgulhosamente cognominamos progresso.
Afinal, amigo leitor, apenas ao cabo destes últimos dois séculos nossa vaidosa espécie ou ao menos diminuta parte dela pode compreender que equivalemos a parte da natureza e não ao todo. Afinal não somos seres autótrofos i é que sintetizam clorofila e fabricam seu próprio alimento... Ao que parece dependemos de outros seres, os quais imolamos tendo em vista a obtenção de suprimentos (proteínas) e a conservação da vida. Esses outros seres por fim, sendo animais, são igualmente heterótrofos e tal qual nossos vegetarianos obtém seu alimento a partir das únicas formas autótrofas de vida representadas pela flora.
Senso assim: aniquilados todos os representantes da flora, destruídas todas as florestas, devastada toda mataria 'inútil' dão-se por perdidos todos os animais inclusive nós! Deem por certo que quando murchar a derradeira folha de arvoredo estamos condenados a morte por inanição e extintos a exemplo daqueles que nós mesmo extinguimos no passado.
Coexistiremos harmoniosamente com os representantes da fauna e da flora ou caminharemos para o suicídio coletivo.
Isoladamente, como senhores orgulhosos da devastação, não podemos existir.
Todavia para respeitar o fluxo da natureza há uma única saída.
Nossa espécie precisa diminuir o número de estômagos e bocas. Pois a natureza já não pode fornecer o montante que lhe é exigido por bilhões de bilhões. E seu ritmo já não acompanha nossas necessidades, impostas por este mandamento, ora estúpido e contraproducente do 'Crescei e multiplicai-vos'. Ao menos que anjos desçam dos céus trazendo pão ou que chova arroz, feijão e carne este mandamento converteu-se num mandamento suicida e numa ameaça a civilização.
Do que precisamos atualmente é de restrição, de planejamento, de controle racional da população.
Atualmente importa não crescer e não multiplicar mas reduzir ao máximo nosso ritmo de crescimento.
Do contrário seremos levados a contaminar água, terra, ares... a exterminar as poucas formas de vida animal que ainda restam e cortar a última árvore por fim. Talvez até consigamos prolongar nossa existência por um ou dois séculos convertendo todo espaço existente em plantações e pastagens gerenciadas pena mais alta tecnologia, mas será uma sobrevivência triste. Pois a exceção dos cães, gatos, ratos, coelhos e talvez alguns cavalos (além do gado bovino de corte é claro) todas as demais formas de vida só poderão ser contempladas em álbuns de fotografias ou em livros, a guiza de recordação. Quiçá alguns de nossos descendentes contemple choroso a imagem de uma zebra ou de uma girafa, ou de um leão tal e qual nós mesmos contemplamos a de um mamute ou megatério...
Então ao cabo de dois ou três séculos, por não termos sido capazes de reeducar-nos, de mudar nosso modo de vida, de conter nosso ritmo virá o colapso, a fome, a miséria, a convulsão social e o fim ou quiçá alguma nova Idade da Pedra muito primitiva e precária. A partir da qual teremos de reiniciar nossa marcha...
A outra possibilidade com que acenam os tecnocratas é colonizar outros planetas, para lá transplantando o excedente populacional bem como nossos insumos agrícolas. Talvez seja o caso de esgotar por completo os recursos naturais desta terra até abandonar sua carcaça imunda... Acaso não procedem assim os vermes???
O ideal no entanto, e este ideal nem sempre fica bem escondido, é dar com um novo 'continente' ou melhor com outro planeta cheiinho de formas de vida capazes de nos sustentar. Caso este dia infeliz venha a raiar nossos mestres e lideres proclamarão alegremente que aquelas criaturas ou formas de vida não sendo humanas ou sendo inferiores não tem o direito de existir ( a menos que existam para servir-nos) seguindo-se a mesma triste história de sessenta mil anos atrás. Faremos deste novo e infeliz planeta nossa vaca ou melhor nosso mamute cevado... exterminaremos uma a uma suas espécies e esgotaremos seus recursos naturais...
Caso semelhante possibilidade se concretiza estaremos evidenciando que não passamos de um vírus ou duma bactéria nociva espalhada no corpo do Universo...
Já fomos comparados com o câncer, mas ainda temos a possibilidade de olhar para o passado, de contemplar nosso saldo de destruição, de encarar a sujeira moral por nós produzida e enfim de limpar nossa ficha. Talvez seja a derradeira chance que nós é concedida. Aproveite-mo-la tendo em vista restringir as loucas pretensões que nos são ditadas pelos preconceitos religiosos e pelo fanatismo. Aproveite-mo-la para criar uma vida de respeito, amor e comunhão com a fauna e a flora. Aproveite-mo-la para desenvolver a fraternidade e mostrar gratidão para com a mãe natureza.
Mostremos que somos verdadeiramente Sapiens integrando-nos a mãe natureza numa perspectiva solidária, porque aquilo que o homem semear isto haverá de colher.
Portanto cessemos agora de semear a dor.
Ou colheremos lágrimas amargas.
Marcadores:
Alimentos,
amor,
bíblia,
Comunhão,
Controle populacional,
ecologia,
Espécie humana,
evolução,
Extinções,
Fauna,
Flora,
Malthus,
Mega fauna,
Planejamento familiar,
religião,
respeito
Assinar:
Postagens (Atom)