quarta-feira, 16 de maio de 2012

Site islâmico oferece recompensa por morte de rapper iraniano




Um site islâmico oferece recompensa por morte de rapper islâmico, notícia interessante para os servos de Allah que desejam tirar o pé da lama, visto que o pão de cada dia não cai do céu.  $100.000 dólares para matar um homem, poxa, parece que o paraíso com 72 virgens não tem tanto efeito quanto $100.000 dólares, é que o paraíso é hipotético mas o dinheiro é real, não é o nosso real, mas é real.

Mas por que os líderes mulçumanos querem matá-lo? Porque ele blasfemou e a blasfêmia tem que ser punida com a morte, isto é, com um assassinato, ou seja, os mulçumanos punem um suposto crime com um crime de verdade, muito lógico não?

Mas qual foi a blasfêmia segundo os clérigos mulçumanos? Ele fez uma canção que "insulta" Ali al-Hadi al-Naqi, um dos 12 imãs --as personagens religiosas fervorosamente reverenciadas por muçulmanos xiitas. Realmente muito justa a acusação de blasfêmia, o morto não reclamou, mas os seus defensores lá estão para tomar as dores do morto que lá do além-túmulo deve estar interessadíssimo no caso. Certamente que Ali al-Hadi al-Naqi deve estar clamando vingança a Allah, o Clemente e o Misericordioso. 


Amo de paixão essas sociedades teocráticas que tem um senso de justiça tão apurado, onde as pessoas defendem com zelo Deus e os seus santos. Realmente as sociedades teocráticas são o céu na terra, o paraíso no degredo, um oásis no deserto. Os clérigos poderiam oferecer apenas o céu com 72 virgens e outras delícias para quem matasse em nome de Deus e da "santa religião" mas não, eles são generosos oferecem as delícias do mundo presente e do mundo vindouro. É justo não é, receber uma recompensa na Terra e depois outra no céu por um crime? Religião boa essa né? Você comete crime mas é como se não tivesse cometendo. Uma dúvida me surge na mente quem moverá os fiéis a matarem esse apóstata Allah, o Clemente e Misericordioso ou Mamon, o verdadeiro e máximo deus deste mundo? Em minha humilde opinião acho que Pluto tem maior poder persuasão que Allah, Allah perto de Pluto, isto é, $100.000 não passa de um deus de segunda categoria, e não sou eu quem digo, são os próprios mulçumanos que dizem isso, pois se Allah pudesse persuadir de per si que necessidade teriam os clérigos de oferecer tão bela recompensa? 


Dar dinheiro para matar os inimigos de Deus é louvar a Deus da  melhor forma é exaltá-lo, porque Deus é grande, Allahu Akabar! Tudo bem que esses $100.000 dólares poderiam servir para construir um hospital público no Irã, construir universidades, diminuir as desigualdades sociais criando um pais mais justo ou um país menos injusto, mas que são essas ninharias perto das ofensas feitas a Allah e seus santos? Não são nada, e ainda que eu pudesse socorrer todos os pobres do mundo e não matasse os infiéis isso não seria nada; pois o ódio é caluniador, injusto, folga com a mentira, não tem paciência, é ciumento e vingativo. Por ora subsistem três dons: a má fé, a tola esperança e o ódio, o maior deles é o ódio que faz a religião crescer e que afirma que os fiéis são superiores àqueles que não cultuam Allah e não respeitam seus santos. 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Um grande orador



Hoje me senti obrigado a escrever sobre um grande orador da baixada santista, o cônego Paulo Horneaux (pronuncia-se Hornô) de Moura Filho. Não se preocupe dileto(a) leitor(a) não é sobre religião que vou discorrer.

Na minha adolescência eu era católico romano devoto, beato, carola, papa-hóstia, mas por razões teológicas abandonei o romanismo, mas isso não vem ao caso e não é sobre o meu abandono da fé romana que você está interessado(a) mas sobre o grande orador, pois bem falemos sobre ele.

Padre Paulo santo para muitos, politiqueiro para outros, e demônio para alguns foi um grande orador, não vou tecer minhas considerações sobre sua pessoa, apenas abordarei sua faceta enquanto orador.

Já andei por várias igrejas dentro do estado de São Paulo, conheci alguns bispos e padres à rodo e nunca vi um que se equiparasse ao cônego Paulo Horneaux de Moura seja em conhecimentos históricos, geográficos, filosóficos, literários seja em saber como se postar frente à um auditório. Também por curiosidade andei no meio protestante tradicional e pentecostal e nenhum pregador tem sequer um trilionésimo da cultura que teve o padre Paulo.

Lembro-me de suas homilias como se fosse hoje, com sua batina alva com a estola da cor do tempo litúrgico, subindo ao púlpito e lá ele esperava que o povo silenciasse, então pedia ao povo que rezasse uma ave-maria e que pedisse ao Espírito Santo que o inspirasse e depois encenava estar inspirado e falava com autoridade. Tudo nele falava e não só a boca, falavam as mãos, os olhos e todo o corpo.

O cônego Paulo sabia modular a voz, fazer caras e bocas e o que é mais importante, sabia comover o auditório, era o tipo de orador que poderia dizer obscenidades dignas de marquês de Sade e ainda todo o povo choraria copiosamente, com ele aprendi que o importante não é dizer algo mas como se diz esse algo, pois os ouvintes se atentam mais ao como é dito do que ao que é dito.

Creio que posso dizer que em minha adolescência minha admiração por esse grande retórico era o mesmo que Agostinho de Hipona sentia ao ver o bispo Ambrósio de Milão. Eu mesmo mais me interessava na forma como dizia do que dizia, era um espetáculo vê-lo pregar e como conseguia persuadir seus fiéis a respeito de quaisquer coisas que lhe interessassem.

Esse padre não tinha o olhar hipnótico de Rasputin mas o timbre de sua voz melodiosa e seus gestos graciosos no púlpito cativavam seus ouvintes levando-os à comoção. Se um orador seja este político, religioso, advogado, promotor, conferencista não mexe internamente com seu auditório então não é um bom orador. Creio que o meu amor às palavras e o modo como converso carregam um pouco do estilo desse homem. Dizem que a palavra é de prata e o silêncio é de ouro mas penso ser o contrário o silêncio é de prata e a palavra de ouro, não é à toa que o apóstolo João identificou Jesus Cristo com o  λόγος, o verbo, a palavra.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Porque sou a favor das cotas raciais




Na semana passada vi muita polêmica ao redor das cotas para negros nas universidades no facebook, infelizmente má polêmica, de gente que argumenta mal. Vi também fotos digitais com dizeres contra as cotas, isso me assustou a tal ponto que me perguntei: que país é esse?

Eu sou a favor sim das cotas raciais e imagino que o leitor queira saber por quê? Sou a favor das cotas não porque os negros sejam incapazes de competir com os brancos, não mil vezes não! Mesmo porque não existem raças humanas, o que nos diferencia são apenas fatores superficiais, mas graças à esse fatores os negros foram escravizados, humilhados, desprezados e colocados à margem da sociedade. 

Os negros foram escravos no Brasil por cerca de 300 anos e a abolição da escravatura foi uma palhaçada, pura jogada política, posto que a Inglaterra já estava pressionando o Brasil fazia algum tempo, pois o modo de produção já tinha sofrido significativos avanços. A abolição da escravatura porque aquela princesa de alma generosa alforriava os negros mas simultaneamente os deixava sem trabalho, sem abrigo, sem comida e sem indenização. A partir daí começa uma nova história para os negros, uma história de novos sofrimentos e de exclusão. 

Hoje, em 2012, gente branca, mestiça e mesmo negros que desconhecem história, direito e o que seja justiça vão às redes sociais e falar a primeira merda besteira que assoma à cabeça contra as cotas raciais, chegam ao absurdo de escrever pérolas como essa: "as cotas são uma nova forma de racismo porque põe os negros como inferiores". Não percebem ou não querem perceber o óbvio que a maioria do Brasil hoje é composta de negros e que os negros sofreram e sofrem diversos tipos de discriminações. E a questão das cotas não é "privilegiar os negros" como andam distorcendo certas pessoas que fisolofam bem e filosofam mal.  

A questão das cotas não é ter dó dos negros mas uma correção de uma injustiça histórica, os negros foram escravos por 300 anos, os primeiros negros do Brasil foram aqueles que foram tirados à força de seus países no continente africano. Essa injustiça deve ser corrigida e a forma mais viável foram as cotas. Então não me venham com essa conversa mole para boi dormir, que as cotas não devem existir, porque seria uma forma de racismo. Aliás, um racismo ao contrário não? Um racismo que pretende nivelar negros e brancos. 
Também não me venham com aquela conversa fiada: "conheço negros que cursaram uma federal sem a ajuda de cotas". Ótimo, se você conhece parabéns, mas a exceção não elimina a regra e o fato de um negro não querer ser ajudado pelas cotas de modo algum isso apaga o fato de que os negros devem ser indenizados por tudo o que sofreram no Brasil. Por trás desses discursos está escondida a ideologia da classe dominante, que não quer reparar seus erros. Agora, o que muito me admira é que gente que diz entender de filosofia entenda mesmo é de fascismo!