sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Ateísmo, materialismo e ética I Preâmbulo

I Buscando remover os preconceitos ateísticos!


Ora pretendo abordar um assunto que esta já se convertendo em tabu... na medida que envolve os novos 'dogmas' do ateísmo e do materialismo.

Nem duvido que ao cabo de alguns anos, a simples ousadia de se questionar a nova fé ateística, seja classificada como fascismo.

A bem da verdade foram os comunistas que iniciaram a moda de rotular seus adversários como pequenos burgueses, utópicos, renegados ou conspiradores... fabricando um excelente espantalho ideológico, capaz de intimidar a muitos.

Deitaram pedras a velha fé que classificava os dissidentes como hereges... e substituíram o termo herege por reacionário (usado pelos liberais), pequeno burguês (comunistas), fascistas (anarquistas e esquerdopatas estúpidos - sou esquerdista crítico não esquerdopata estúpido pois não abandonei o hábito sudável de pensar e de tirar minhas próprias conclusões!), etc

Atualmente basta criticar o islamismo, o pentecostalismo, os fundamentalismos religiosos, o comunismo, o relativismo cultural, etc para ser rotulado como fascista!

Cago e ando para os imbecis que assim me classificam!

Rótulos e espantalhos ideológicos não me atemorizam!

Não tenho medo do bicho papão e sei muito bem o que seja fascismo, doutrina pela qual nutro verdadeiro asco. Nem por isso direi que os fascistas erraram em tudo...

Como os não alinhados de 30, digo não ao Capitalismo, ao positivismo, ao comunismo, ao anarco individualismo, ao nazismo, ao fascismo...

Nem por isso direi que capitalistas, positivistas, comunistas, anarco individualistas... erraram em tudo quanto disseram...

Reservo-me o direito de analisar criticamente todos os sistemas e doutrinas ao invés de estigmatiza-los 'in totum' sem jamais os ter examinado!

Repudio o conteúdo individualista do liberalismo econômico (capitalismo) e anarco individualismo; como repudio o totalitarismo presente no comunismo e no fascismo. Denuncio a negação da ética pelo positivismo cientificista como denuncio o racismo presente no nazismo.

Para mim: individualismo, totalitarismo, fanatismo, utilitarismo, racismo, economicismo, apologia a violência, etc são elementos da mesma cultura de morte. É a estes elementos presentes num ou noutro sistema que repudio e não os sistemas 'in totum', os quais repito tenho não só o direito mas o dever de examinar numa perspectiva dialética.

Fato é que parte dos ateus e materialistas encaram toda e qualquer crítica dirigida a seus sistemas de metafísica como uma espécie de ataque pessoal.

Vociferam contra as diversas religiões, em especial é claro contra os Catolicismos, mas não conseguem se abster de falsear a História e de produzir novos mitos!

Basta folhear alguns panfletos ou circular por alguns sites 'chateus' para certificar-se quanto a desonestidade reinante: Ora é Copérnico queimado vivo, ora Galileu torturado e morto, ora países em que a população é indiferente em matéria de religião ou irreligiosos, apresentados como ateus (embora a maioria quase absoluta afirme a existência duma energia transcendente, espírito ou alma da natureza!), ora toneladas de cientistas agnósticos ou mesmo deístas apresentados como ateus, e por ai vai a imaginação sem peias...

Não vejo pois em que o ateísmo aprimore o caráter do homem ou que o homem deixe de se tornar fanático, passional e caprichoso por estar convencido sobre a inexistência de Deus. Jamais pude observar que a adesão do ateísmo tenha tornado alguma pessoa melhor do que era antes! Não percebo nem de longe que os ateus sejam como pretendem ser, um estamento moralmente superior! Antes estou convencido do contrário: que o ateu leva consigo a cultura em que foi criado, com seus vícios e virtudes. Assim se é fanático e desonesto - como grande parte dos fundamentalistas - leva tais defeitos ou vícios consigo... SAI DA RELIGIÃO MAS A RELIGIÃO, OU MELHOR O FANATISMO, NÃO SAI DELE...

Alguns desejam explicar a mística do neo ateísmo, ou a religião dos sem deus por meio da fitra ou de um sentido religioso (Pe Gratry) presente no homem. Tendo a encarar este fenômeno como um transbordo cultural do fundamentalismo para o ateísmo por via dos neófitos ou conversos... assim Deus é negado mas não a atitude sectarista e arrogante.

Pude já observar os neófitos dos Catolicismos, do espiritismo, do mormonismo e do budismo assimilarem novos hábitos, mais polidos e civilizados e julgo isto relevante em termos de concretude. Senhas como ateu, pentecostal, comunista, nazista, individualista, etc incapazes de atingir a vontade humana e de produzir alterações significativas no caráter da pessoa parecem-me irrelevantes!

Comte, que foi um grande conhecedor da condição humana e da dinâmica social e que era agnóstico não pode deixar de perceber como a crença religiosa é capaz de atingir a vontade humana e de produzir alterações em larga escala numa medida de tempo relativamente curta. E por não poder deixar de considerar semelhante impacto como relevante em termos de produção de cultura, criou uma religião sem deus que é a religião da humanidade ou positivismo ortodoxo.

Ignorou a existência de um Deus mas não pode ignorar a existência da fitra ou do sentido religioso no homem e de tentar coloca-lo a serviço da organização social. Detectou uma força assaz poderosa e jamais resignou-se a abrir mão dela para poder atuar na base mesma da cultura.

Ademais, ele e Litreé são provas vivas de que um intelectual honesto é capaz de reconhecer valores até mesmo nas instituições que se opõem a suas crenças. Pois sendo agnósticos jamais deixaram de conhecer o papel singular dos Cristianismos Católicos para a formação da cultura européia. Temos assim o que juridicamente folgamos classificar como testemunho insuspeito ou que não podia ser ditado por interesses ideológicos!

Nem precisou F Engels ser Católico ou simpatizante para classificar o protestantismo como a única religião essencialmente burguesa! O que passado algum tempo foi magistralmente confirmado por M Weber, o qual tampouco era Católico!

Enfim não é preciso ser católico, protestante, liberal, comunista ou fascista para negar o testemunho das fontes históricas. Qualquer ateu casmurro faz a mesmíssima coisas sem maiores cerimônias!

Para em seguida apresentar-se como emancipado e superior a todos os seus concorrentes!

Tal e qual o religioso fanático o ateu acredita que sua ideia ateística é o quanto basta para fazer dele alguém especial...

Como se Aristóteles, Galileu, Newton, Weber, Eistein, Plank... tivessem sido todos ateus. Ou imbecis...

Já habituei-me ao ver parte dos ateus apresentando Aristóteles como absolutamente genial em lógica, política, botânica, zoologia, sociologia, teoria científica... até chegarmos a metafísica, quando não só ele mas os antigos gregos 'in totum' - Parmenides, Anaxágoras, Sócrates, Platão, Zeno, etc - convertem-se em energúmenos por não terem dado com a pérola preciosa do ateísmo! E por não serem ateus mas partidários decididos do panteísmo ou do deísmo ficam sendo imbecis...

Perdoem-me os ateus mas para mim o ateísmo cheira a arrogância. Isto pelo simples fato de que os partidários desta nova crença tendem a imaginar que foram os primeiros homens a pensar genialmente, e que as gerações anteriores a afirmação do ateísmo - na segunda mensagem do século XVIII - estavam privadas desta nobre capacidade.

Assim Erasmo, Bacon, Descartes, Leibnitz, Locke e até mesmo o kantinho querido; todos uns rebotalhos em termos de pensamento humano.

E já os vejo gritar que estamos recorrendo ao sofisma da autoridade; LOGO ELES QUE GOSTAM DE PUBLICAR LONGAS LISTAS - furadas em sua maior parte! - COM OS NOMES DE AUTORIDADES ATEÍSTICAS E DE LANÇAR-NOS em face os nomes de Freud, Marx, Mayr e alguns outros gatos pingados, se bem que gordos...

Lista por lista não posso deixar de avaliar a dos deístas e depois a dos agnósticos como muito mais significativas.

Nem por isso pretendo tecer críticas essencialistas a metafísica ateística mas apenas e tão somente problematizar em torno da Ética.

Nenhum comentário: