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terça-feira, 12 de junho de 2018

Pitadas de literatura e sociologia - Bancas de jornal, gibis, internet e as três 'Eras' de H P Lovecraft (Diálogos com um Livreiro)

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Mais no passado não muito distante, mas em certa medida mesmo ainda hoje, os sebos ou casas onde se compra e vende livros usados (antigos) sempre foram um local bastante favorável a troca de ideias, a tertúlia amistosa, ao diálogo... enfim um ponto de encontro entre a intelectualidade. Assim na Briguet ao tempo de Rui Barbosa... Assim no Sebo de Olyntho de Moura, onde meu saudoso mestre Jaime de Mesquita Caldas, dizia ter tido acesso ao convívio de Yan de Almeida Prado, Viana Moog, Alfonso de Taunay, Tito Lívio Ferreira e outros notáveis memoristas, historiadores e literatos...

Quando eu era rapazote, no final dos anos 80, e surrupiava uns cobre do papai, logo ia correndo a primeira e mais farta banca sebo de Santos, a Banca do Habib, situada na Praça dos Andradas e onde se comercializada calhamaços do século XIX, verdadeiras raridades, a granel... E por lá garimpando achavamos a profa Maria Aparecida Franco Pereira, a profa Conceição das Neves Gmeiner, Sá Porto, Laudo e muitos outros 'monstros sagrados' cujos nomes ignorávamos. O Brizolinha, recentemente falecido, tinha sua Banca, pequenina, na primeira esquina da Itororó, que sai nos fundos do convento do Carmo. O sebo e livraria Antiquária, do desditoso Ivo, já era antigo e o Ivo muitas vezes recusava-se a vender o que julgava ser raridade rsrsrsrsrs. Dizia: Não, não esta a venda. E não vendia por preço algum. Esperávamos o dia em que ele saía para pagar as contas e deixava seu velho Pai, o sr Joaquim (Alias bem mais educado do que ele) no balcão, tomávamos o mesmo livro (as vezes raro) e pagávamos uma ninharia!

As Bibliotecas públicas estavam apinhadas de livros raríssimos e valiosos. A da ASL, a da Humanitária, a do Centro Português, a do Centro Espanhol, a da Societá Italiana (alias comprada pelo Ivo), etc A fama de algumas Bibliotecas particulares como as de Edgard de Cerqueira Falcão, Sá Porto, seo Frazão, etc corria de boca em boca... Outras tantas eram despejadas mensalmente nos sebos, e garimpadas pela categoria professoral. E entre um livro e outro trocavam-se ideias e telefones, estabelecia-se diálogos, discutia-se e até 'brigava-se'...

Mas não eram só os Sebos não. Recuando aos anos 80 i é ao começo dos anos 80 ou mesmo final dos 70, quando eu era um menino e até onde chegam minhas primeiras memórias as Bancas de Jornal constituiam farto arsenal de cultura face ao que hoje, praticamente nada são. Meu falecido pai, Deus o tenha, adquiria jornais portugueses aqui em S Vicente, na tradicional Banca do Walter e lembro-me de que em 82/83 ainda circulavam jornais japoneses e árabes por estas regiões (recordo-me perfeitamente dos sinais estranhos) além de jornais ingleses ou norte americanos, portugueses, franceses, espanhóis e italianos; era possível encontrar cada um deles nas principais bancas do centro de Santos. Ora eu mesmo nasci ou melhor fui criado, dentro duma dessas enormes Bancas de que meu pai era proprietário pelos idos de 1975/76. Meu tio Domingos era proprietário de outra imensa Banca na Cons Nébias... e os jornaleiros abasteciam-se nos depósitos da Magalhaẽs, ao lado do antigo Presídio da R S Francisco de Paula ou da Castellar, nas proximidades do Fórum; o quanto não era vendido nas Bancas ou as sobras eram levadas para tais depósitos e vendidas a preços econômicos... O que sobrava era quase sempre o melhor... Podia-se fazer grandes compras, e lá estavam os garimpeiros e toda gente que amava gibis e revistas. Sim senhor, aquilo era um mundo.

Alias cada banda Era um mundo na cultura não digital dos anos 80, a derradeira década antes da Net! Haviam gibis e revistas de todo tipo. Recordo especialmente do Zagor, do Fantasma e do Tex que eu a princípio folheava, depois lia e enfim devorava com fervor... Sem falar nas revistas 'preto e branco' eróticas ou de terror ilustradas pelo divino Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese, mestres insuperáveis... Eu não podia nem pensar em folhear as revistas eróticas uma vez que minha mãe era protestante rigorosa, e eu... pobre de mim, tinha de segui-la e temia as 'terríveis chamas do inferno' rsrsrsrs Assim andava a carruagem. Minha mãe não queria mas meu pai não apenas consentia, mas estimulava-me a ler revistinhas de horror como Cripta e Calafrio, cujos exemplares ainda hoje tenho e coleciono. Naquele tempo eu sequer sabia ou imaginava que as ilustrações dos livros de ciência que pegara no Ferro Velho (Minha mãe não permitia que comprasse ou recebesse livros de presente de meu pai pois acreditavam que o excesso de estudos me deixaria louco - acho que ela acertou rsrsrs) e de que tanto gostava haviam sido feitas pelo Zalla, bem como as do livro de História do Julierme, meu preferido e cujas tirinhas sobre sumérios, egípcios, gregos e romanos levavam-me ao delírio.

Apesar de meus medos e limitações podia perceber facilmente a extensão em que todo aquele material circulava. Sem contar com os livrinhos de faroeste, os livrinhos Corin Tellado, os romances da Barbara Cartland, alguns dos quais li, etc Havia um imenso conteúdo etno antropológico em algumas daqueles publicações como Zagor, Fantasma, Calafrio, Barbara Cartland, etc Tudo aquilo fazia reportar a Salgari, Maine Reid, C S Foerester, Karl May, Hall Caine e em última instância a Júlio Verne, cujas 'estórias' eram reproduzidas em não poucos gibizinhos. Haviam encantadores livrinhos para crianças com estórias de Êsopo, La Fontaine, Ch Perrault, Grimm, Verne, etc A Bíblia ilustrada da Abril, a Iliada, a Odisséia, a Távola redonda, Êsopo, La Fontaine, etc

Lembro-me de que os mais idosos não cessavam de falar numa tal EBAL... cujas publicações enfim vim a conhecer 'de visu' - Série Sagrada, Histórias maravilhosas e uma infinidade de super heróis como Homem aranha, Super homem, Homem de ferro, Namor, o príncipe submarino, Flash Gordon, etc Eram tantas publicações que ficava dificil escolher o que ler e podia-se ficar lendo pelo resto do dia que não esgotava o stock daquelas Bancas. E em cada esquina havia uma delas...

Hoje ao sair de uma repartição pública passei no Sebo do amigo Marcos, onde por vezes é possível achar alguns amigos, como o Jorge Alves e formar uma tertúlia... Meu irmão, até pouco tempo, ia semanalmente ao Sebo do falecido Brizolinha para prosear. Conheci algumas pessoas fascinantes ali mas em geral frequentava os velhos Sebos do Centro velho de Santos, cujo número vai se reduzindo dia após dia ou ano após ano. Já não temos o grande Sebo do Habib, mas temos as banquinhas do Marcelo e do Marcos Noriega, o de as vezes 'faço ponto' exercitando a verborragia ou o diletantismo. Então como disse, dei uma passadinha por lá. Sempre se aprende com a maior parte dos sebistas. Brizolinha era um erudito e o Marcos Noriega pessoa sumamente bem informada e inteligente... O Jorge do Sebo S Jorge ou da Dna Cecília é meio rabugento, mas homem de farta ou vasta leitura.

Conversamos justamente sobre o quanto acima escrevi - Os antigos Sebos, Bancas, Bibliotecas... anos 50... anos 80 e ficamos a pensar se a cultura entrou em declínio após os anos 80 ou se passamos por uma crise intelectual. Refletimos juntos e chegamos a uma conclusão paradoxal. A Internet de algum modo, substituiu tudo isto como a imprensa, pelos idos de 1470, substituíra grande parte dos manuscritos. Não é que a cultura acabou, minguou ou entrou em crise porque as Bancas de Jornal se acabaram ou empobreceram. A cultura assumiu outra forma, forma digital. Alias a maior parte desse material antigo mais algum material novo não só é produzido ou reproduzido nos meios virtuais como alcança uma circulação bem mais ampla. É ilusório imaginar que a cultura mingou com relação ao último meio século, apenas deixou de ser impressa no papel e de circular materialmente. Mas transplantou-se para as redes de computadores e acha-se presente nelas. A cultura hoje é digital e o acesso certamente mais democrático e fácil, ao menos para as novas gerações.

Claro que as gerações anteriores a Net e habituadas com aquele universo de papel, tão colorido, belo e sobretudo físico ou material sentiram-se deslocadas ou frustradas, pois assimilaram ou assumiram o hábito de manipular a cultura com as mãos ou de folhear - Hoje não se folheia mais, simples assim... Mas nem por isso a cultura entrou em crise ou acabou, passou a outro meio, mais dinâmico. A Banca se tornou desnecessária face ao PC e o Jornal desnecessário face a Net e aos meios virtuais... Inclusive aqueles imensos calhamaços chamados Enciclopédias, instrumentos essenciais ao estudo até o final dos anos 80 tornaram-se obsoletos. Do 'Speculum' de Beuvais ou da Enciclopedie de Diderot e D Alambert, a 'Trópico' e a 'Conhecer', passando pela Espasa Calpe tudo isto tornou-se supérfluo por ocupar espaço e certamente não será reeditado em tempos de Wikipedia. Para quem podia gastar os olhos da cara adquirindo tantos e tão luxuosos volumes tal transformação corresponde a uma catástrofe, bem como para nós, meninos, que adorávamos folhear as ditas Enciclopédias (cresci folheando a 'Trópico' da Ed Maltese), fazer o que??? Reconheçamos que nem todos podiam arcar com semelhante despesa!

Ah antes que me esqueça - Juntamente com os brinquedinhos de metal ou plástico, que cederam lugar aos dinâmicos jogos eletrônicos, haviam os álbuns de figurinha, que eram colecionados por quase todo jovem ou criança. Lembro de inúmeros - Da Sara Key, dos Bichinhos fofos, da Xuxam do Fofão, da Menina Moranguinho, do Amar é, etc A geração anterior a nossa conhecerá os álbuns históricos ou científicos da EBAL...

Ao fim da prosa a referência feita a Calafrio, levou-nos a Lovecraft H P, o grande gênio do terror. A Calafrio continha estórias de todo tipo ou origem - Havia muito de Edgar A Poe, assim A queda da casa de Usher... Havia terror europeu e conheci a deliciosa narrativa da 'Vênus de Illé' por meio dela... E havia muito terror brasileiro, adaptação de primeira. E é claro havia muito, mas muito Lovecraft. Havíamos falado sobre Conan e a Era Hiboriana, cujos principados representam nossas antigas civilizações. Meu amigo livreiro comentou que Conan era o mundo de Lovecraf por assim dizer anterior a este nosso em que se passam suas narrativas. Daí a presença da magia, dos demônios, dos deuses antigos, etc nas aventuras do cimério. Completei dizendo que Thundar the barber, era a projeção de Lovecraft no futuro, para daqui a dois mil anos... daí magia, demônios, deuses, etc - Afinal os autores de Thundar - e Mad Max entre aqui - partiram de Conan enquanto Howard era amigo e correspondente de Lovecraft...

Há um pouco de Lovecraft em Conan e um pouco em Thundar, tudo bastante diluído é claro; mas reflete o pensamento de H P.

Após ter entretido tão proveitosa conversação com o nobre sebista corri até este PC, responsável pela derrocada das bancas de jornal com seu mundo de papel, ansioso por registrar o quanto fosse possível e partilhar com meus queridos amidos, sempre tão curiosos quanto aquela boa gente dos anos 50 e 80 com a qual tivemos o grato prazer de conviver quando meninos e da qual tomamos o hábito de folhear e de cultuar os livros, revistas, gibis... O que em parte faz de nós cidadãos de outra Era senão de outro mundo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Problemas de democracia pura ou direta - Era Políbio um sabotador?





Quando penso no impacto ou melhor no incomodo ou no pavor produzido pela ideia de democracia direta em certas mentes o único equivalente que me ocorre é a afirmação do Jesus Revolucionário em oposição ao rabino embiocado da tradição conformista...

Em certas rodas emancipadas discorrer sobre a democracia direta é ofício tão amargo quanto discorrer sobre o Jesus 'Evangélico' i é feminista, socialista, não homofóbico, etc num ambiente sectário...

Isto porque vivemos numa civilização oficial ou aparentemente democrática!

No entanto para muitos nosso enfoque ainda corresponde a um tabu ou a uma utopia e não poucos desmiolados ensaiam relaciona-lo com Marx, Engels ou o odiado espantalho do Comunismo. Quando estamos falando em Clístenes... outra lingua, outro departamento.

E no entanto a evolução atinente aos meios de comunicação e transporte bem como criação da Internet torna essa realidade tão perseguida não apenas possível mas perfeitamente viável e o Demoex constitui apenas um exemplo neste sentido.

O mundo virtual é que haverá de franquear acesso ao universo da democracia direta tornando possível sua construção.

Não é que antes sua construção fosse impossível.

A construção da democracia direta jamais foi impossível.

Ser indesejável ou inviável a qualquer título não comporta impossibilidade.

A construção era possível porém em termos bastante restritos ou diminutos, resolvendo-se desde o tempo dos gregos na cidade/estado, e até podemos dizer que a cidade/estado era a 'cruz' da democracia direta.

Pois a afirmação da cidade estado dependia - e sempre dependerá - da demolição do macro estado ou do estado nação.

Aparentemente nada mal até aqui.

Destruamos o macro estado ou o estado nação.

Acontece 'coisa meiga' que não existe apenas um estado nação ou macro estado abstrato, mas praticamente duas centenas de países ou de estados nações espalhados pelo mundo.

Qual deles você espera destruir primeiro?

A indagação é pertinente porque quando você destruir o primeiro macro estado ou estado nação e decompo-lo em dezenas ou centenas de comunidades regidas segundo o princípio da democracia direta, deve estar pronto para aguentar o repuxo dos países vizinhos, os quais de imediato tentarão submeter as pequenas cidades/estado buscando aumentar seu próprio território e poder.

Assim ao aniquilar um estado nação sempre podemos estar alimentando um estado nação ainda maior ou um Império. Trotsky bem sabia que um estado cuja economia seja diferenciada e bem sucedido tende a produzir alterações no Mercado global. Daí a necessidade de por meio da força desmontar qualquer pais ou sociedade socialista ou de economia alternativa e não integrada. A implantação de um novo modelo econômico não capitalista deverá acontecer em esfera global pelo simples fato de que o capitalismo é global. Do contrário os países dominados por esta ideologia não hesitarão atacar aqueles que se desviarem... Em certo sentido é a mesma dinâmica que toca as cidades/estado ou as pequenas comunidades auto geridas.

Ou o modelo das cidades/estado será universalmente adotado ou malogrará sucumbindo a ambição dos demais estados, dos estados imperialistas. Em certo sentido os países ou macro estados anulam a força ou o poder um dos outros e intimidam-se mutuamente pela relativa proximidade do tamanho. No entanto entre os macro estados e as cidades/estado a disparidade chega a ser assombrosa e a ameaça de dominação real.

Triste mas real, criem uma reserva indígena autônoma em qualquer lugar do mundo, reconheça e afirmem sua independência e não dou um ano para que não venha a converter-se em base e província dos EUA. O mesmo argumento vale igualmente para a criação de comunidades auto geridas ou das cidades/estado segundo o modelo grego.

O que nos leva ao historiador Políbio, o qual bem poderia ser classificado como sabotador da democracia pura ou absoluta, sujos méritos não reconhece, propondo uma solução mista (vide artigo anterior). Não Polibio mesmo sendo grego não apreciava a democracia direta. Pois conhecia melhor do que ninguém a experiência grega.

Certamente não fora a democracia que produzira a cidade/estado. A cidade/estado certamente precede a democracia e lhe serve de cenário. E ela nem fora um problema até o momento em que as ondas do Imperialismo oriental, no caso persa, chegaram as praias do mar Egeu.

Até o século VI a C viviam os europeus, inclusive os gregos, isolados dos mundo 'civilizado' em seus rincões paradisíacos. O mundo oriental no entanto 'girava' já há vinte e cinco séculos, desde os tempos dos Sumérios e Egípcios e desde os tempos de Sharukin senhor de Agadê ou do grande Faraó Tutmósis III buscavam tais povos dominar uns aos outros e unificar o governo sob o 'Imperium'. Pouco antes dos Persas os ferozes assírios - comandados pelo fabuloso Sardanapalo (Assurnabipal) haviam consagrado todas as energias de seu pais a este ideal e depois deles, por algum tempo, os babilônicos de Nabu kuduri Usur. 

No entanto se qualquer algum deles teve conhecimento sobre a existência da Península balcânica e seus habitantes, certamente que jamais pretendeu conquista-la. Sobretudo tendo um Egito ou uma Caldeia assim tão perto... Aquilo sim compensava pelo substrato de riquezas ou mesmo de cultua acumulada. Não a Grécia com suas montanhas e terras infecundas, alias igualmente pobre em termos de cultura.

Dia veio no entanto em que o Império posterior ao Babilônico acabou estendendo suas fronteiras orientais até o Indo e as Ocidentais até a Lídia (na Ásia menor), pátria de Creso, e em fim a um grupo de cidades jônias situadas a borda do Mar Ocidental. Apesar de terem esboçado alguma resistência tais cidades foram logo adicionadas pelo Império, o qual havia por assim dizer chegado a seus termos. No entanto Império algum atinge seus termos enquanto haja terra para ocupar ou reino para conquistar. E para a infelicidade dos gregos peninsulares a China achava-se bem mais distante de Susa ou de Persepolis. De modo que a opção mais viável era a Grécia peninsular, isto no dealbar do quinto século a C.

Quando o poderoso Império Persa lançou suas cobiçosas vistas sobre a pequenina Península balcânica, ela já se achava coalhada de pequenas cidades rivais umas das outras. Em Atenas, uma das maiores e mais promissoras a democracia fora estabelecida por Clístenes há quase vinte anos, assim em outras tantas cidades embora algumas ainda correspondessem a monarquias e outras fossem comandadas por algum tipo de aristocracia. No entanto a democracia era a ideologia do momento e propagava-se como uma epidemia através dos apóstolos enviados por Atenas o que não deixava de produzir sedições e certo tumulto...

No entanto os atenienses obtiveram a vitória em Maratona. Quando a Dário foi repousar com seus pais pouco tempo depois.

Todavia, desde aquele momento Xerxes, mais prevenido e menos entusiástico, não pode mais retirar suas vistas da Grécia. No entanto, ainda mais uma vez, Atenas e seus parceiros obtiveram arrasadora vitória em Platéia e Salamina. Desde então o Império dos Persas recolheu-se e limitou-se a observar o campo rival.

De fato os belicosos atenienses haviam contido o gingante persa, mas de modo algum abatido-o e não podiam os gregos separados em pequenas cidades estado cogitar em conquista o Império Persa. Diante disto sucedeu a boa parte dos cidadãos gregos, inclusive a parte dos atenienses, a ideia de unificar politicamente o pais.

Somente unificada poderia a Grécia conquistar o Império Persa e livrar-se duma vez para sempre daquela ameaça que jamais cessará de espreita-la.

Além das divergências em torno do regime e da forma políticas, a ideia da unificação converteu-se num elemento a mais de desarmonia entre os gregos e assim as arbitrariedades e ambições imperialistas de Atenas e disto resultou o que havia de pior para os gregos: A oposição e a guerra (e portanto a vulnerabilidade e o desguarnecimento) ao invés da acalentada unidade, cada vez mais distante.

De fato a Guerra do Peloponeso foi um evento desastroso que não deixou de repercutir em muitas consciências. Os gregos já sabiam e a muito tempo que a prática da democracia num contesto politicamente unificado seria impossível, todavia, foi o conflito entre as cidades que tornou este tema por assim dizer muito mais agudo, convertendo-o numa espécie de dilema.

E o dilema foi posto nos seguintes termos: Unidade Política ou Democracia?

Seguiu-se um debate que prolongou-se por quase setenta anos.

Entrementes as lutas fratricidas entre as cidades prosseguiam e dentro de diversas cidades as turbações causadas pela sucessiva troca das formas de governo. Era um pandemônio e muitos cidadãos achavam-se extenuados. Outros tantos cidadãos temiam por um ataque iminente dos persas. Apenas a sorte ou seja as condições igualmente precárias do Império impediram que a Grécia fosse conquistada durante o século IV a C.

Foi quando apareceu Alexandre.
Alexandre era bárbaro pelo nascimento posto que macedônio i é não grego. No entanto fora educado por Aristóteles e por isso culturalmente grego e em certo sentido herdeiro das tradições helênicas. Tal e qual seu pai, homem de visão, Alexandre percebeu que assim que o Império se recuperasse, logo na primeira oportunidade conquistaria a Grécia e daria cabo da cultura grega. Era um risco potencial e só poderia ser evitado caso a Grécia somando forças atacasse e conquistasse o Império.

No entanto, devido as cidades/estado e ao regime democrático a unificação de dentro para fora era impossível. Separados pela democracia e pelos limites de suas cidades os gregos jamais chegariam a qualquer acordo. Foi quando o príncipe Alexandre, filho de Filipe, um macedônio, um bárbaro, um profano, decidiu conquista a Grécia e unifica-la de fora para dentro, a revelia de seus cidadãos.

Que Alexandre tenha deliberado conquistar a Grécia e unifica-la não nos deve surpreender. Alias se ele não o fizesse os persas o fariam.

O que nos deve surpreender e pede explicação é a pouco e quase nula resistência esboçada pelos gregos, inclusive pelos atenienses, zelosos defensores das tradições democráticas. Para Alexandre conquistar a península foi quase como colher um fruto maduro. Entrou pacificamente na maioria das cidades quando não foi aclamado por seus habitantes. Em Atenas não foi demasiado diferente apenas Demóstenes disparava seu verbo solene em favor do liberalismo político e da democracia! E que verbo! Em situações bastante raras o verbo revestiu-se de formas tão belas até a sublimidade. Todavia como não é dado a palavra e mesmo a beleza disputar com a realidade das coisas, venceu o partido de Ésquines. E o bárbaro Alexandre foi aclamado como libertador e herói no santuário da democracia.

Para alguns foi a suprema profanação, para outros no entanto a conquista de Alexandre e unificação política constituiu de fato um progresso. Parafraseando o apóstolo Paulo diriam alguns que a democracia antiga ou grega das cidades/estado precisava morrer, a semelhança do grão de trigo, para germinar, brotar e renascer com maior vigor nas sociedades futuras.

Então o significado dos gregos em geral e dos atenienses em particular terem acolhido tão benevolamente ao príncipe macedônico coloca-se nos seguintes termos: Ou mantinham a democracia, as cidades/estado, a divisão e o conflito, e ficavam vulneráveis face ao colossal império persa, pondo em risco a totalidade de sua cultura e visão de mundo (admitindo-se que os persas submetessem a península) ou sacrificavam parte desta cultura, a saber a democracia e a existência das cidades/estado, deixavam-se conquista e unificar por um príncipe helenizado (ou culturalmente grego) e davam cabo do odioso Império Persa.

Claro que a maior parte dos homens ponderados optou pela segunda alternativa: Sacrificar a democracia para salvar o restante da cultura. Poucos dentre eles mostraram-se dispostos a manter autonomia das cidades, mesmo sabendo que era condição 'sine qua nom' a democracia não podia subsistir. Como num avião que perde altitude alguma coisa tinha de ser lançada fora para aliviar o peso e naquela conjuntura a melhor coisa a ser lançada fora era a rivalidade existente entre as pequenas cidades e juntamente com elas a democracia. Viabilizar uma democracia direta em larga escala é o que os antigos gregos não podiam com os rudimentares meios de transporte e comunicação que possuíam. Se ao menos contassem com rádio, TV, Internet... Mas não contavam. Uma democracia de proporções maiores do que uma cidade era inviável, utópica e até prejudicial por jamais poder estender-se para além da cidade e fazer frente aos grandes reinos e Impérios bárbaros.

Desde então ficou o conceito de democracia sob sua forma pura, legítima ou direta associado ao espantalho da 'cidade/estado' e como tal sujeito as mais severas críticas por parte dos pré cientistas políticos, dentre os quais Políbio, para quem a forma romana, impura e mitigada de democracia, existente dentro de um sistema misto era bem mais atraente pelo simples fato de poder ser posta em prática numa escala mais ampla. Pois o Senado romano é aristocrático e representativo, apresentando-se já a solução inglesa da representatividade proposta por J Locke. Antes da Internet um ideal de macro democracia relacionado com um estado nação ou macro estado, devia ser necessariamente representativo. Ainda hoje imitamos mais aos romanos do que aos gregos, embora já possamos imitar os gregos e retomar seu ideal de democracia direta ou pura.

Portanto mais do que vil sabotador, Polibio foi um critico realista, salientando os obstáculos naturais a democracia direta, segundo as circunstâncias daquele tempo e a História da antiga Grécia, que conheceu como poucos. Assim se aspiramos pela implantação da democracia pura e direta no macro estado convém analisar e ponderar sobre a crítica estabelecida pelos antigos.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Argumentos "filosóficos" de um comunista

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Estava eu no facebook exercendo a minha liberdade de expressão até que apareceu a censura. A censura do PIG? Não, a censura da ditadura militar? Muito menos, caro leitor. A censura comunista, que por não saber argumentar parte para ofensas pessoais porque acham que são donos da verdade quando não são donos nem de si mesmos por não possuírem autocontrole.

Um militante comunista do PCB se descontrolou e postou ofensas pessoais porque eu disse que "os ex-anarquistas fizeram uma grande cagada quando fundaram o PCB". Por não saber argumentar, e diga-se de passagem que o ofensor é um professor, então deveria ter uma postura no mínimo ética. É triste que uma pessoa sem educação esteja na educação poluindo as mentes juvenis com suas ideologias baratas e com suas mentiras nada convincentes. Como pessoas autoritárias querem criticar a ditadura militar brasileira se em nada se diferenciam da mesma? Estranho não? São em horas como essas que meu anarquismo é cada vez mais reforçado.

sábado, 31 de julho de 2010

Acerca o "blogar"













Outro dia estava lendo as tirinhas do meu amigo Chris Robers, (ele foi responsável pelo Layout deste blog) e numa de suas séries, ele tratou dos blogueiros de forma divertida e irreverente.




O título de sua postagem é: 9 Ilusões de blogueiros amadores.




E o Chris Robers conhece 9 ilusões de blogueiros amadores. É interessante como ele aborda esses enganos em suas tirinhas. Creio que antes de ser uma irreverência, suas tirinhas servem de lição e de alerta aos blogueiros amadores.
Algumas considerações sobre as referidas tirinhas:
Tirinhas 7 e 9: A tirinha 7 fala que blogar é fácil, é só escrever qualquer besteira e pronto! Mas não é bem assim, eu comecei a blogar há dois anos e sei como é difícil ser interessante neste rico mundo virtual. Quantas vezes eu não tinha ideias para escrever, quantas vezes tive que devorar livros e e-books para poder abordar um certo assunto. Quando eu não tenho nada de útil para escrever não escrevo, porque meus leitores não merecem perder seu tempo com idiotices.
A tirinha 9 diz que para ser blogueiro basta copiar e colar, fazer o Ctrl+C e o Ctrl+V, e por incrível que pareça há blogueiros que fazem isso!!!
Tirinhas 4 e 5: A tirinha 4 aborda os blogueiros que tem o doce ilusão de ficarem ricos com seus blogs. Escrevem, postam febrilmente na esperança de que um editor fique interessado em seus escritos ou desenhos e possa publicá-los num livro, ou pensam que podem ficar famosos e trabalhar em algum programa de TV como o CQC.
Eu não escrevo para ficar rico, até porque não quero ser explorador de meus semelhantes, escrevo porque sinto necessidade de transmitir minha ideias, de aprofundar meus argumentos e de melhorar minha escrita. Acredito no que escrevo, e odiaria ser contratado para escrever sobre o que me pedem como aquele colunista da Veja(Diogo Mainardi), que repete a mesma coisa toda semana tal e qual um disco arranhado.
A tirinha 5 fala daqueles blogueiros que publicam algo hoje e passam meses, anos sem publicar algo, com a desculpa esfarrapada: "O blog é meu e publico quando me der na telha". Tudo bem que o blog pertence ao blogueiro, todavia ele tem seguidores que apreciam seu estilo, e isso é uma falta de respeito com seus leitores. É evidente que muitos blogueiros trabalham, estudam, então o fator tempo é crucial, e quando dispõem de tempo não tem ideias. Eu sei como é complicado. Mas para ter ideias é preciso antes de mais nada, ter leitura assídua.
Tirinha 3: Essa tirinha diz respeito ao internetês, que é usado no msn e transferido para os blogs, de modo que certos blogs ficam ilegíveis, deselegantes e pedantes. Um blogueiro tem o dever de escrever bem, de ser claro e conciso posto que ninguém é obrigado a entender internetês.
Conclusão: Ser blogueiro não é ficar no Ctrl+C e Ctrl+V, não é escrever besteiras e nem escrever num idioma estranho inventado por alguns sem noções da internet.



segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ideia genial! Punir o blogueiro por algo que ele não fez!!!

Há um projeto de censura lei tramitando em Brasília, é o projeto de lei  7131/2010 de autoria do deputado Gerson Peres (PP/PA). O projeto do sr. deputado é algo muito "sofisticado", coisa do outro mundo! Coisa de gênio, que nem Einstein com sua sabença conseguiria entender, se Einstein não entenderia o que dizer de mim então, pobre professor de geografia! E=mc² <=== É muito mais fácil entender a fórmula einsteiniana do que entender o projeto do "representante do povo" deputado Gerson Peres do partido progressista. (Tinha que ser da direitalha!)

Eu  não entendo certas filosofias como as de Kant, Hume, Fichte, Heiddeger e do sr. Gerson Peres. Eu não sei o que é o eu transcendental, não entendo o solipsismo de Fichte,  os efeitos não causados de Hume, e o ser aí de Heiddeger, assim como não entendo a filosofia do deputado que é colocar a culpa de um terceiro num blogueiro por uma coisa que o blogueiro não escreveu. Você entendeu? 

Se você é um blogueiro pode ser punido por uma coisa que não fez, ou melhor, você será punido por uma coisa feito por um qualquer. Ideia de gênio, confesso! To pensando em enviar umas sugestões ao deputado, ei-las:

Punir o assaltado em vez de punir o assaltante, uma vez que ele foi culpado de ser assaltado, dando trabalho para a polícia; Punir a mulher violentada em vez de punir o estuprador.  Baseando-me na "lógica" do deputado, concluo que as vítimas são as verdadeiras culpadas pelos males que se lhes acomete.  Já que o código penal precisa mesmo de um a reforma, sugiro que o deputado pegue o código penal e o vire pelas avessas.

Talvez eu mesmo seja punido por um comentário infeliz, mas que importa, se é para o bem geral da nação e para a felicidade de todos que seja assim!  Punição para o inocente e impunidade para os pilantras, para que possam continuar circulando por vários blogs, atacando, caluniando, difamando. Isso é um verdadeiro incentivo para as pessoas má intencionadas continuarem a se expor por trás de fakes ou não e falarem seus absurdos. Mas a culpa é dos blogueiros, eu entendo. Quem mandou que nós blogueiros criássemos nossos blogs? Bem feito! Se não tivéssemos blogs nenhum idiota escreveria comentários imbecis e improcedentes. Já que criamos o blog temos que arcar com as consequências. Assim como fui culpado por ter sido assaltado várias vezes em minha cidade. Quem mandou eu existir? Se eu não existisse não teria sido assaltado. Quem mandou eu estar na rua tal dia e tal hora? O culpado do assalto fui eu, somente eu, fui eu quem atraiu o marginal, não foi? Então quem merece a punição? Eu, né?

Essa ideia de punir o blogueiro por coisas escritas por outrem é genial assim como são geniais o "Eu transcental de Kant", o solipsismo de Fichte e o idealismo de Berkeley. Pena que eu não entendo nenhuma dessas coisas, são ideias muito avançadas para mim, um pobre professor de geografia.