domingo, 11 de outubro de 2015

Como afirmar o evolucionismo perante seus alunos! III

Conclusão geral -



O que se espera de um educador consciente é uma atitude sóbria e equilibrada.

Que argumente honestamente buscando convencer seus alunos sobre a excelência do modelo evolucionista.

Não se trata aqui de exigir que o educando abandone sua tradição ou fé religiosa.

Mas que admita o critério da demarcação.

Reservando para a ciência um espaço em sua visão de mundo.

E admitindo que a imanência (natureza) esteja no acesso dos sentidos e da razão.

Ao contrário da fé cega a ciência não pode pretender absorver a vida do ser humano como um tudo.

Cumpre distinguir perfeitamente entre visão científica e mística cientificista.

Esta pretende impor o ateísmo e o materialismo a clientela nos mesmos termos que visão fundamentalista.

Pelo que ambas violam os direitos da pessoa humana.

O educador humanista reconhece a seus alunos o duplo direito de cultivar uma espiritualidade e de receber uma educação científica, conciliando as duas áreas ou partes por meio do critério da demarcação.

Não se discute aqui se tem ou não direito de apresentar-se como ateu o materialista caso seja instado por seus alunos; mas sim o direito de impor seu modo de pensar ou de exigir que seus alunos rompam com a fé.

Importa que as partes em conflito abstenham-se de invadir o terreno alheio.

O ideal aqui seria que as religiões se abstivessem de estabelecer dogmas como o criacionismo - em torno da origem do universo material e que os cientistas se abstivesse de apresentar suas constatações metafísicas em torno do ateísmo e do materialismo como científicas.

No entanto o que podemos observar no plano da concretude é que ambas as ideologias: criacionista e ateística, contam com defensores fanáticos.

Daí a praxis impositiva...

E criminosa!

Pois não é dado a qualquer professor seja fundamentalista ou ateu, impor sua visão de mundo ou orientação ideológica a turma.

A questão aqui diz respeito apenas ao Criacionismo enquanto padrão mágico fetichista de pensamento e ao critério da demarcação; em torno dos quais o professor consciente deve argumentar com habilidade.

Diz respeito a como este mundo foi constituído por Deus ou sem ele e não se Deus existe ou não existe. Uma vez que a questão da imaterialidade ou do que esta para além dos sentidos não pertencem aos domínios da ciência.

Agora se esta ou aquela organização religiosa obstinasse em ignorar a demarcação e em invadir o terreno da ciência; a responsabilidade não é nem da ciência, nem do cientista, nem do professor...

Nem se pode exigir que em pleno século XXI a ciência ou o magistério professoral curvem-se docilmente as exigências de líderes religiosos imbecis que jamais examinaram a fundo a questão, cedendo a pressão exercida pelo padrão mágico fetichista de pensamento.

Tal era viável no israel do século IV ou III a C... não no contexto da civilização moderna, em cuja base esta o padrão greco romano ou científico de pensamento. Padrão a que não podemos sacrificar sem que de tal sacrifício resulte um recuo civilizacional de amplas dimensões. Uma vez que o criacionismo, correspondendo a uma crença apriorística, destrói pela base a solidez do pensamento científico.

Quanto a este problema ou impasse não se trata de negar por completo a fé ou de romper radicalmente com  o paradigma religioso mas apenas e tão somente de substituir a fé cega por uma fé mais madura e esclarecida, que reconheça o critério da demarcação e o espaço - a imanência - que cabe por direito ao modelo científico.

Neste sentido não há como fugir a questão. Mais cedo ou mais tarde o fundamentalista, após ter investigado honestamente todos os lados, terá de decidir se pretende de fato encarcerar a própria mente dentro das páginas de um livro ou se pretende ficar com o testemunho fornecido por seus sentidos e sua racionalidade. Ou sacrificara o fundamentalismo e aceitará o desafio de - para além da fé (que sempre poderá manter) nas coisas invisíveis - sentir e pensar o mundo em que vive; ou sacrificará a si mesmo, sua percepção, sua racionalidade, sua natureza...

Conciliar as exigências totais e descabidas do fundamentalismo ou da fé cega com a realidade do mundo externo não poderá. Ou será forçado a negar uma ou outra...

A tarefa do educador consciente outra não é que orientar o educando, buscando mostrar os pontos fracos do 'pensamento' mágico fetichista e argumentar habilmente sobre a excelência do padrão científico, sem no entanto exigir o sacrifício integral da espiritualidade ou da ideia de Deus. Importa como esse Deus e a espiritualidade são encarados e se concedem espaço a ciência... neste caso serão elementos irrelevantes.

Importa que o educador científico jamais reproduza os erros ou crimes perpetrados pelo educador fundamentalista. Que jamais recorra a imposição, que jamais argumente desonestamente, que jamais impeça o outro de contra argumentar, que jamais perca o bom humor a jovialidade, que jamais recorra a qualquer tipo de violência, etc

Deverá ser firme sim, mas dentro de sua área que é a imanência.

Abstendo-se de pontificar sobre as demais áreas da existência.

Deverá concentrar sua atividade em termos de processo evolutivo, buscando expor as evidência e problematizar.

Sem jamais abordar assuntos propriamente religiosos ou metafísicos, exceto se a iniciativa partir dos educandos.

Neste caso convém esclarecer sempre que se tratam de opiniões pessoais e permitir que os alunos contraponham suas próprias opiniões e crenças, num clima de mútua compreensão e tolerância.

Importar lutar para por cada coisa em seu lugar: a fé na transcendência e a experiência na imanência.

Abstendo-nos de exercer um fundamentalismo invertido e termos de irreligiosidade, materialismo e ateísmo.

E de tornar as verdades científicas amargas e desagradáveis para as massas.

Evitemos associações artificiais e arbitrárias. Abstendo-nos de metafisicar em torno de ideologias.

Fixemos a atenção apenas e tão somente nos fatos e teorias verdadeiramente científicos.

Tomando por guias as palavras do Filósofo: "Os extremos quase sempre de tocam e a verdade esta quase sempre no meio."

Sejamos cautelosos sem ser medrosos e firmes sem ser intolerantes, exercitando a paciência com os mais jovens!







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