sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

As consequências do ateísmo



Julien Offray de la Mettrie é um exemplo clássico de como o postulado de Dostoiévsky é verdadeiro: "Se Deus não existe tudo é permitido". Por coerência os ateus deveriam deduzir a sequência lógica da negação da existência de deus. Onde não há deus, há liberdade; Onde há deus, há lei; Onde não há deus eu sou a lei. Aqui no blog já falamos (Domingos e eu) das implicações morais do ateísmo e citamos a moral soviética bolchevique, citamos os anarco terroristas e dentre eles: Ravachol e Émily Henry, mas para que certos ateus não venham falar: "ah, mas Stálin era comunista" e/ou "Ravachol era anarquista de esquerda, etc...". Resolvi mostrar que os ateus liberais são tão iguais ou piores que os seus colegas da esquerda. Com isso, não nego que hajam ateus bons, mas esses ateus bons, carregam princípios que não vieram do ateísmo, são princípios que aprenderam na infância com pais religiosos não fanáticos, deístas ou mesmo agnósticos. Pois, Jean Paul Sartre mesmo afirmou que o ateísmo não pode ser humanista e que as noções absolutas de bem e mal advém do teísmo, mas isso é aasunto para outra postagem. Detenhamo-nos por ora em La Metrie.

La Metrie partia do princípio que o bom ou mau funcionamento do corpo condicionava de modo absoluto a felicidade ou infelicidade dos homens, de acordo com ele:

"Os maus podem ser felizes...
Parricida, incestuoso, ladrão, celerado, infame e justo objeto da execração dos homens de bem, serás feliz apesar de tudo. Bebe, come, dorme, ronca, sonha; e se, pensas, às vezes, que seja entre dois vinhos... Refocila como os porcos e serás feliz à maneira deles". [¹]

Segundo Sérgio Paulo Rouanet "diante de trechos assim é compreensível o desejo dos filósofos de se distanciarem de La Metrie. Foi o caso de Diderot, também ateu e que por isso mesmo fez questão de se dissociar das consequências morais (ou imorais) que La Metrie tirava de seu materialismo. Para Diderot, La Metrie era um autor sem julgamento, de quem se reconhecia a frivolidade de espírito no que ele dizia e a corrupção do coração no que não ousava dizer, cujos princípios derrubariam as leis, dispenariam os pais de educar seus filhos, internariam no hospício o homem que luta contra suas inclinações desregradas, em suma, era um homem dissoluto, impudente, bufão, adulador, feito para a vida das cortes e para o favor dos grandes". [²]

Notas: Do homem-máquina ao homem-genoma de Sérgio Paulo Rouanet - jornal Folha de São Paulo, caderno Mais! 06 de maio de 2001, página 14.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Da mentira

Hoje varei a noite filosofando com o Domingos Pardal Braz e o amigo Douglas, professor de filosofia em Guarujá, acerca de vários assuntos: da religião ao materialismo dialético. E um dos temas interessantes, ao menos para mim foi o tema da mentira. Você deve estar se perguntando porque, né? Por que sou um mentiroso? Partindo da premissa do doutor House, eu sou mentiroso e você também, pois como ele sempre afirma: "Todos mentem".

A questão ou melhor as questões não abordam a mentira em si, mas por que mentimos e se a mentira é intrinsecamente má.
Por que mentimos? Mentimos por brincadeiras inocentes ou não, para obter vantagens, para prejudicar alguém e até mesmo para ajudar alguém! Às vezes nem sabemos que mentimos, porque mentimos inconscientemente. Exemplo? Mulheres usam voz mais aguda para conquistar homens que acham atraentes. Elas não fazem isso propositalmente, fazem inconscientemente, mentem sem saber que mentem.

A mentira é má e a verdade é boa? Esta pergunta sugere que a verdade é sempre boa e a mentira sempre má, mas não é bem assim. Às vezes a mentira pode ser boa e a verdade cruel. Nietzsche disse que a mentira de Arria foi uma mentira piedosa: "Paetus non dolet". "A mentira que saiu dos lábios de Arria ao morrer (Paete, non dolet [Paetus, não dói])117 ofusca todas as verdades que jamais foram ditas por moribundos". in Humano demasiado humano. Se não me engano este ano a presidente Dilma foi acusada de ter mentido para os militares, e ela mentiu com o objetivo de salvar seus amigos e companheiros e com essa mentira os salvou de serem torturados e mortos pela ditadura militar. ora, nesse caso a mentira foi boa porque preservou a vida de algumas pessoas e o bem supremo de um ser humano é a vida. Agora se ela contasse a verdade ela seria delatora, traidora e seus amigos e companheiros morreriam. Ora, como pode ser boa a verdade que leva à tortura e à morte e como pode ser má a mentira que pode salvar vidas? Deixo as questões para vocês responderem.

O ateísmo virtual

Dizem os ateus das redes sociais: Orkut, facebook e Twitter que os cristãos são fanáticos. Mas isso é verdade? Em parte, nem todo cristão é chato, assim como nem todo ateu é chato, todavia existem os "chateus" (a expressão não é minha, vi no facebook) que vivem em função de zombar da fé cristã dia e noite e não falam em outra coisa e acabam se tornando pessoas chatas, chatas e obececadas pelo assunto mais que esgostado. Não basta ser ateu, faz-se mister proclamar para o mundo inteiro o ateísmo.

Quem frequenta as redes sociais e tem amigos ateus bem sabe como eles são, não todos, mas alguns chegam ao ridículo, fazendo de seus posts um verdadeiro ritual religioso e de frases ateias versículos bíblicos da nova revelação.

Agora quando um teísta tece comentários desagradáveis para o clubinho dos sem-deus, eles ficam melindrados e usam ad homimem, tachando o teísta em questão de fanático, perseguidor, inquisidor, etc... Os ateus virtuais podem mofar da fé alheia mas ninguém pode tirar sarro de sua certeza negativa, de sua metafísica. sim, metafísica, pois o ateísmo é uma postura filosófica perante o mundo e não uma visão científica.

Se ainda tivessem argumentos, mas usam frases tão batidas, argumentos tão bobos que não merecem nem respostas, mas é uma coisa que irrita, pois sinto-me  doutrinado por essa gente, arremedo dos missionários protestantes. Felizmente isso é moda, logo passa, até lá... Paciência...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Inatismo ateístico, que troço é este???






Há cerca de vinte cinco século concebeu Platão, um dos principais representantes do pensamento helênico, a bela teoria segundo a qual todo homem que vem a este mundo trás consigo reminiscências ou memórias duma vida anterior vivida no mundo as essências puras ou idéias materializadas.

Recebeu esta bela doutrina o nome de inatismo ou seja de coisa não nascida, porque de fato, segundo platão a   ideia antecede o nascimento do corpo físico ou da natureza humana a mortal.

Evidentemente que semelhante teoria ou opinião só pode ser compreensível em termos de espiritualismo ou de transcendência uma vez que todas as tentativas encetadas com o intuito de vincular aos gênes a transmissão de quaisquer conhecimentos tem falhado miseravelmente. Material ou biologicamente falando, em termos de ideias  ou conceitos, postular uma memória genética vai contra todos os fatos percebidos e experimentados em nossos laboratórios e centros de pesquisas.

Abraçam a teoria inatista certos grupos de teístas, de religiosos, de cristãos confusos e de espíritas sobretudo, tomando por base a ideia de Deus e as doutrinas da sobrevivência da alma e da reencarnação. Dedutivamente porém, a existência da qualquer liame entre tais crenças e o inatismo é no máximo incerto, senão inexistente.

Donde os espíritas recorrem amiúde aos discursos dos espíritos desencarnados com o intuito de asseverar a realidade do inatismo, porque, como já foi dito, não é possível deduzir qualquer recordação ou memória da crença na imortalidade ou mesmo da crença na reencarnação.

Eis porque os paladinos do inatismo devem recorrer, necessariamente, ao ensino positivo do inatismo comunicado por profetas, médiuns ou quaisquer líderes pretensamente qualificados que julgam falar em nome do além túmulo ou de Deus. Baseia-se pois o inatismo no discurso de certas autoridades religiosas e não na experiência quotidiana, na reflexão filosófica ou mesmo na especulação teológica.

Excluído o discurso religioso, a revelação, a sobrenaturalidade, a pretensa autoridade credal nada resta do inatismo senão um amontoado de escombros e ruínas, pois como estabeleceu o Filósofo, com toda propriedade, nada há no intelecto ou na memória que antes não tenha passado pelos sentidos.

Tabua rasa é a mente humana em seu instante inicial, contendo apenas esquemas potenciais ou capacidades, mas isenta de todo e qualquer conteúdo experiencial em termo de sensações percebidas ou percepções.

O dito tema em questão foi por assim dizer abordado e esgotado por Hobbes no "Leviatã" há cerca de três séculos e meio...

Os sentidos coletam sensações ou percepções e estas são trabalhadas pelo intelecto ativo que delas abstrai as ideias e conceitos produzindo as teorias e opiniões.

Sem a ação dos sentidos e da percepção permaneceria a mente humana completamente vazia ou seja isenta de todo e qualquer conteúdo.

Só podemos imaginar e construir ideias a partir de nossas experiências executadas no mundo e com o mundo. É da realidade que extraímos a matéria a ser trabalhada pela razão ou pela imaginação segundo o carater e a preferência de cada um.

Tudo isto não passaria de obviedade não fosse uma coisinha...

Refiro-me ao novo sofisma construído pelos ateus com o intuito de divulgar sua crençazinha tola e superficial.

Movidos por um ódio cego para com uma entidade que não existe, fabricaram já os apóstolos do novo credo um ateísmo inatista ou um inatismo ateu, não importa, pois a ordem dos fatores...

Vira e mexe aparece - nas gloriosas páginas do Twitter e/ou do Facebook - uma mente genial asseverando ter nascido ateiazinha da silva...

Era já ateu no ventre materno, 'in sinu matris', antes de qualquer contato com o mundo ou experiência sensível...

Donde pois recebeu sua ideia ateística ou juízo de negação face a ideia e afirmação de Deus? Donde recebeu a ideia a ser repudiada ou os conceitos de afirmação e negação???

Eis Atena saindo armada dos miolos de seu Pai...

Ou terá o nosso ateu recebido tal ideia e tais conceitos de alguma vida anterior e experiência preexistente???

Seria o caso dos velhos sofistas De Holbachs, La Mattrie, Cloothes, Helvetius, Vogt, Moleschott, Buchner, Virchow, Stirner, Nietszche... terem reencarnado em terras brasílicas nestes nossos últimos e tristes tempos???

Em minha limitação, produto da ignorância mais do que crassa, desisto.

Não posso compreender os entrincados mistérios do ateísmo cujos limites chegam a extremidade do inatismo até confundir-se com ele.

Sendo o ateísmo um juízo, uma teoria, uma opinião, uma ideia ou um conceito, gostaria de saber como nascemos com ele uma vez que segundo a experiência, nascemos sem qualquer juízo, teoria, opinião, ideia ou conceito???

Mesmo porque conceitos, ideias, opiniões, teorias e juízos são construídos a partir da ignorância em dialogo
ou interação com a realidade material que nos cerca.

Como não podemos nascer com qualquer ideia ou conceito adrede formulado, não podemos nascer nem teístas, nem ateus...

Sustentam alguns teístas ingênuos e desavisados que o próprio Deus introjeta o conceito de sua natureza e existência em cada ser humano que vem a este mundo. Boa ou má esta teoria possui um nexo explicativo causal: uma operação divina com o objetivo de fixar a operação mental.

O ateu no entanto não pode apelas nem a Deus nem a qualquer outra vida ou autoridade religiosa. Como pois firmar seu pomposo inatismo???

Aqui o inatismo sempre cambiante e frágil tomba ainda mais fragosamente...

Grosso modo nascemos ignorantes ou agnóstas a respeito de qualquer coisa ou a respeito de tudo.

Ao nascer ignoramos até mesmo que seja justiça, alteridade, solidariedade, etc

'Ignorabimus' supinamente, em termos absolutos...

Não sabemos confeccionar roupas, nem comer, nem tomar banho, nem ler, nem escrever e sem qualquer suspeita a respeito do evolucionismo, do socialismo, da cidadania... e estúpido seria todo aquele que se contentasse com esta maravilhoso estado de natureza...

Nascemos vazios de conhecimento com o intuito de obter o conteúdo do conhecimento... e não de permanecer em estado de ignorância crassa...

Eis porque teísmo e ateísmo não passam de ideias, conceitos, opiniões, teorias, hipóteses, etc elaboradas pelo sujeito racional em dialogo com o mundo, ou seja, a partir dos dados coletados pelos sentidos e submetidos a ação reflexiva do intelecto.

Portanto a questão não se põe nos termos platonistas e platônicos de quem nasceu teísta ou o que é mais engraçado ainda, de quem nasceu ateu, mas de quem executa uma reflexão tanto mais sólida e vigorosa a partir dos elementos extraídos pelos sentidos face a realidade externa do mundo.

Fica assim demolido e posto a rés de chão mais uma novidade sofistica posta a venda na feira charlatanesca do ateísmo despudorado, desonesto e sem consciência.

Ao velho Platão resta apenas virar-se ou melhor saltar em seu túmulo e morrer de rir diante de seus mais novos discípulos conquistados pelo ateísmo: a boa gente que já nasceu ateia e exercendo juízo de negação a respeito de Deus. E como estou cada vez mais pagão - mas no bom sentido teísta de Aristóteles - aproveito para gargalhar: Quaquaquaquaquaquaqua

Tal a miséria de um sistema que não sabe mais para onde fugir, pois tendo principiado sob a égide da superstição empirista, vai já sacrificar as aras da musa inatista...

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O preço do amanhã




No último domingo assisti ao filme "O preço do amanhã". O filme se passa em 2051 num mundo onde tudo é regido pelo tempo e com esse mesmo tempo se paga tudo. As grandes massas que são pobres tem que correr contra o tempo literalmente.

Nesse futuro próximo as pessoas não passam de 25 anos, isto é, ninguém envelhece mas as pessoas pagam caro por isso e quem não tem dinheiro morre. O preço das coisas necessárias à vida sobem todo dia, e muitos não conseguem acompanhar o ritmo do mercado e morrem por falta de tempo, isto é, morrem porque o tempo se esgota pelo fato de não terem conseguido comprar o tempo de sobrevivência. As pessoas já nascem com um relógio no antebraço marcando o tempo de vida, daí para frente é se comprar o tempo.


Trata-se de um filme de ação mas nem por isso fútil, o filme é altamente filosófico questionando o capitalismo, o darwinismo social e abordando temas caros à anarquia. Will Salas luta para roubar tempo dos ricos e distribuí-lo entre os pobres. E ele pergunta: "É roubo se já foi roubado?", fazendo referência à Proudhom.

No final, ele consegue desetabilizar o sistema e se vê pessoas sem correr, sem trabalhar, aproveitando o tempo como querem os anarquistas.

Vale a pena assistir ao filme.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

V de Vingança


Há uns dois meses assisti ao filme  V de Vingança, e recomendo. Trata-se de um filme anarquista, onde um personagem chamado V deseja destruir o parlamento inglês no dia 05/11, dia da conspiração da pólvora, onde Guy Fawkes que desejava destruir o parlamento inglês foi capturado, julgado e executado em março de 1605.
O protagonista da estória que se intitula como V usa uma máscara, peruca e chapéu fazendo referência a Guy Fawkes.

O filme fala de uma Inglaterra do futuro, onde há uma ditadura fascista semelhante à ditadura de Adolf Hitler na Alemanha. Há uma série de restrições, e o povo é manipulado pela televisão. V pretende transformar o cenário, em primeiro lugar sai em sua missão para destruir o fórum, pelo caminho encontra Evey e a salva de ser violentada pelos homens-dedo espécie de polícia secreta do governo, visto que há toque de recolher e ninguém pode sair após esse horário.  Nesse lugar assombroso o homossexualismo é tido como anormal, as pessoas não podem ter certos livros nem certas obras de arte, pois ser diferente e apreciar certos livros e obras de arte é crime de Estado. V destrói o fórum ao som de uma música de Tchaikóvsky. No dia seguinte o governo manda a TV principal distorcer os fatos para que o povo acredite que foi o governo que demoliu o fórum para uma nova e melhor obra, certas pessoas não acreditam.

No dia seguinte ao ataque V vai até a emissora e rende os funcionários e ordena que os mesmos transmitam uma mensagem sua, onde ele desmente o governo e convoca o povo para o dia 05 de novembro do próximo ano, onde ele explodirá o parlamento.

Mas quem é o enigmático V? Foi um homem que passou por um campo de concentração e foi uma cobaia de "experiências científicas", assim como os nazistas faziam "experiências científicas" com quem era diferente deles: judeus, ciganos, homossexuais, etc...

V se vinga de todos os seus inimigos que também são inimigos do povo, até chegar o dia de seu grande sonho, a revolução! A destruição do parlamento, do símbolo do poder, não existindo parlamento não existe mais autoridade. Está aí um filme altamente filosófico.



segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Doutrina Social da Igreja

É muito triste a acusação que os comunistas fazem à Igreja Católica chamando-a de reacionária e que nunca ajudou os pobres (isso se deve à malícia ou à ignorância ou ainda a ambos) mas muito mais triste é o fato de que os católicos apostólicos romanos (não sou católico romano) não conheçam a Doutrina Social da Igreja e qualquer um que fale contra a exploração econômica dentro da igreja é visto como um comunista. Evidentemente que dentro da Igreja Católica há pessoas e grupos mal-intencionados como a TFP que apoiou a ditadura militar no Brasil por ser extremamente reacionária e burguesa (lembrando que burguês e reacionário não são sinônimos, nem todo burguês é reacionário e nem todo reacionário é burguês). Seitas como a TFP, sim seitas, posto que agem independentemente da Igreja, seitas como a TFP se valem do nome de Cristo e da Igreja para promover a burguesia. Doutrinariamente falando a TFP é católica, mas pragmaticamente falando é protestante por ser liberal em economia e individualista.

Mas o cristianismo sempre foi socialismo ainda que Marx no Manifesto comunista diga injustamente que o socialismo cristão é apenas a água benta com que o padre abençoa a irritação do aristocrata. Quando disse isso foi profundamente desonesto, desonesto porque ele conhecia bem a história. Quem lê os Evangelhos, os escritos dos apóstolos e a literatura patrística não se deixa enganar pelas firulas da religião comunista e de outros socialismos ateus que o que tem de bom, se apropriaram indevidamente do cristianismo.

São Basílio Magno, São João Crisóstomo chamam os ricos de ladrões e os outros padres da Igreja não tinham palavras agradáveis para os ricos exploradores. Os que falam mal do cristianismo e que chamam a religião cristã de burguesia nada entendem de cristianismo, nunca leram o catecismo que dizer então da literatura patrística.

Muito antes dos comunistas aparecerem no mundo os Padres da Igreja já trovejavam contra os ricos iníquos. Eu mesmo cheguei ao socialismo através  dos Santos Evangelhos e da literatura patrística, não precisei conhecer Marx para saber como sofrem os oprimidos.  Homens como Basílio Magno, Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa, João Crisóstomo, Ambrósio de Milão, Astério de Amasséia, Jerônimo de Belém, são provas de que nem sempre a religião é "o ópio do povo".

E na Idade Média a Igreja Romana deixou  um grande teólogo filósofo discorrer acerca da justiça social, o grande Tomás de Aquino que é  conhecido apenas por suas controvérsias religiosas.

Cristãos segui o espírito de Cristo e comunistas ateus deixem de falar merda e vão estudar, porra!!!



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Relativismo moral




É difícil fazer uma abordagem acerca da moral por vários motivos e entre esses, o que mais influi: a cosmovisão.

Os teístas, como eu, afirmam que a moral não é relativa, mas absoluta, os ateus via de regra são relativistas, principalmente os seguidores de Max Stirner e Friedrich Nietzsche.
Se a moral é absoluta então é válida para todas as épocas e lugares, porque foi deus que a implantou na mente do homem.

No caso dos ateus, eles negam que exista deus/deuses, não há um absoluto fora do universo. Logo não há uma lei moral a qual obedecer. Os anarquistas individualistas ateus como Stirner e Nietzsche dão um valor sem medidas ao "eu", tornando o outro um nada. Eles reeeditaram no século XIX Protágoras que afirmou há 24 séculos que "o homem é a medida de todas as coisas".
Nietzsche e outros ateus partem do princípio que em moral não existe nem o certo nem o errado, o certo e o errado foram criados pelos fracos que desejavam dominar todos os indivíduos, principalmente através da religião com seus códigos morais. Os seguidores de Nietzsche e Stirner se convenceram que a moral é uma criação dos homens, portanto sem valor algum. Segundo eles, cada pessoa deve criar sua própria moral e viver conforme bem entender, deve viver de acordo com seus instintos.

Se não existe o certo e o errado, nem bem nem mal, então ajudar alguém ou prejudicar dá na mesma, posto que não tem valor em si mesmo. Tanto faz estuprar, roubar, matar como cuidar de enfermos, órfãos e dos carentes. Mas se eu crio meus próprios valores, e eles são válidos para mim, ninguém no mundo pode me contestar, não posso ser julgado por nenhum tribunal, nem mesmo por deus, uma vez que não existe.

Mas os anarquistas nitzscheanos que não tem coerência, dizem que temos que ajudar as pessoas e até perguntam você não se sente melhor ajudando as pessoas do que prejudicando-as? A única diferença é que você faz por livre e espontânea vontade, não há mandamentos, deus ou qualquer autoridade que lhe obrigue a a fazer o bem.

Sinceramente, um ser humano que se ache a medida de todas as coisas poderá amar alguém? Duvido. Nós somos 7 bilhões de seres humanos, então imagina se cada um tiver seus próprios valores... De acordo com esses relativistas já não existe justiça nem direito, nem certo nem errado. Mas mesmo eles absolutizando seu relativismo, sabem que existe bem e mal, pois pregam que se possa fazer o bem, ajudar, cooperar. Então como dizem que não existe nem bem nem mal? Acaso se eu quiser dar um soco por pura vontade na cara de um anarquista nietzscheano/stinereano, ele vai aceitar, só porque senti vontade ou ficará indignado?

Uma coisa é a moral e outras são tabus e tabus devem ser derrubados, porque não são válidos para todos os povos nem para todos os tempos, antes são localizados no tempo e no espaço. Agora, prejudicar o semelhante seja roubando, traindo, matando isso é imoral em todas as épocas. Da mesma forma que amar e querer bem ao outro é moral e louvável em todas as épocas. A moral, a verdadeira moral é aquela que  se refere no que toca ao outro: se ajudo, faço o bem; se prejudico, faço o mal, nada mais do que isso. Questões como homossexualismo, roupas, vocabulário que uma pessoa usa, não pertence ao domínio da moral mas do puritanismo, logo da hipocrisia.

Se a moral é relativa, se não há certo e errado por que dizem esses anarquistas que toda autoridade é má? Por que dizem que o capitalismo é mal? Onde está sua coerência?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Eu não vou me mover


Nem pátria nem patrão




Nem pátria nem patrão este é o lema dos anarquistas e o que significa? Significa que para anarquistas a palavra  pátria é uma abstração desprovida de sentido. O que é a pátria? A terra onde nasceste, o teu povo? Se é a terra onde nasceste não diz lá muita coisa, pois se nasceste ali foi por mero acidente. E o teu povo? É o povo que fala tua língua? Que assiste aos jogos da seleção brasileira?

A escola e a sociedade através dos militares querem inculcar nos jovens o valor da pátria. Mas vejamos o que é a pátria. Pátria é uma coisa abstrata sem fundamentos no mundo real. Como posso amar uma pátria na qual crianças morrem de fome, idosos morrem nos corredores dos hospitais. Onde o povo continua sofrendo e comendo as migalhas da burguesia.

A pátria é um conceito criado com a finalidade de ludibriar os inocentes e fazer com que um homem do povo se solidarize com um rico, que um trabalhador se solidarize com seu patrão e assim por diante.

Pátria evoca a ideia de nacionalismo, ufanismo. E essas ideias podem ser úteis as classes dominantes da sociedade para culpar os estrangeiros pelas crises econômicas, e pelas necessidades do povo.O nacionalismo pode gerar o ódio e o ódio pode servir de arma para a classe dominante fazer com que o povo deseje a guerra contra um suposto inimigo. O nacionalismo cega as pessoas de forma tal que elas não conseguem ver em outros povos senão inimigos: alemães, italianos, franceses, iraquianos, etc... Os povos de outros países são tão sofredores quanto meu povo, mas os povos todos estão alienados. O operário não consegue ver o operário do outro país, o camponês não se identifica com o camponês de país tal e assim por diante. Mas esses homens de línguas diferentes, de tradições e culturas diferentes tem muito mais em comum entre si  do que um trabalhador e seu patrão brasileiros, por exemplo. Mas o conceito de pátria foi inventado para que o pobre norte-americano não enxergasse no pobre iraquiano o seu semelhante, mas o seu inimigo, quando na verdade o inimigo de quaisquer soldados são seus patrões, seus generais, seus governos que os mandam defender uma coisa que eles nem sabem ao certo o que é.

Por que defender a pátria? A pátria que não dá ao pobre a mesma oportunidade que dá ao rico? A pátria que dá péssimas escolas para o proletariado, enquanto a burguesia tem escolas de ponta? A pátria que não permite que sem-terras não possam sequer utilizar terras improdutivas? A pátria que manda a polícia bater em professores que fazem greves? Que pátria é essa?

Se os homens do povo percebessem que pátria é uma abstração, certamente que não fariam guerras, pelo menos não contra seus iguais. mas contra a burguesia que os explora 24 por dia sem cessar.

Patrão é o sujeito que se acha amo e que pode fazer o que bem tende se acha acima do bem e do mal. Patrões gostam de humilhar seus empregados. Mas não é preciso ser patrão para explorar seus subordinados, ser gerente ou coisa que o valha, ser um funcionário público que tenha cargo de chefia é quanto basta para que uma pessoa se mostre arrogante com seus subordinados. E se mostram assim porque  são desiguais, porque são superiores, não por mérito ou pela natureza, mas pela cobiça. Ora, não pode haver igualdade onde há patrões e empregados, chefes e subordinados. Onde há quem mande e quem obedeça, necessariamente há autoridade e supressão da liberdade. E é por isso que nós anarquistas temos por lema "nem pátria nem patrão".

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Definição de anarquismo

‎"Os primeiros que foram chamados anarquistas, o foram como insulto no curso das revoluções inglesa e francesa dos séculos 17 e 18, para dar a entender que queriam a anarquia, quer dizer, o caos ou a confusão. Mas desde os anos 1840, foram anarquistas os que aceitaram este nome como símbolo para mostrar que queriam anarquia, quer dizer, a ausência de governo. Tanto em grego como em inglês e português, a palavra tem os dois sentidos; os que não são anarquistas, sustentam que ambos vêm a dar no mesmo, mas os anarquistas fazem questão de assinalar a diferença. Há mais de um século, são anarquistas os que creem não apenas que a ausência de governo não significa forçosamente caos e confusão, senão que uma sociedade sem governo será realmente melhor que a atual".

Nicolas Walter

sábado, 1 de outubro de 2011

Anarquia

Escrevi um post sobre anarquia no início do ano, onde eu criticava o anarquismo sem dó nem piedade, até o dia em que comecei a ler a literatura anarquista de Bakunin, Proudhom e Kropótkin entre outros. E minha ideia sobre o anarquismo mudou muito, não sei todavia dizer se eu sou ou não um anarquista, até porque saí do PCB e me filiei ao PSOL, não porque eu acredite nalgum partido mas porque um amigo me insistiu muito, mas isso não vem ao caso.

Desde que comecei a ler a literatura anarquista tenho me identificados com alguns pontos e rejeitado outros. Mas afinal o que é o anarquismo? Anarquismo - segundo os próprios anarquistas - é a doutrina que prega a liberdade contra todo e qualquer tipo de autoridade, visando dar autonomia a todos os seres humanos, ou seja, é a doutrina que ensina a igualdade, a liberdade e ajuda mútua. O anarquismo não se considera nem de direita nem de esquerda, porque não é um partido político, mas uma forma organizada e também uma forma de vida. O anarquismo é totalmente contra o capitalismo e contra toda e qualquer forma de autoridade que descambará na tirania.

O anarquismo por assim dizer não é a filosofia do operário, do proletariado, de uma classe, mas de toda a humanidade e sua luta está no campo das ideias, os anarquistas não lutam contra a exploração econômica como os marxistas, mas contra toda e quaisquer formas de exploração sejam econômicas, sociais, raciais, políticas e religiosas. Os anarquistas tem por objetivo destruir toda autoridade e construir uma sociedade onde não haja líderes, chefes e todos possam se associar livremente a um grupo de pessoas e também sair livremente desse grupo de pessoas, os anarquistas querem uma sociedade de ajuda mútua, onde todos podem falar e ser ouvidos. Como bem se vê, os anarquistas vão ainda mais longe do que o marxismo e não prescindem do Estado. Viva a anarquia! Por uma sociedade livre!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Jean Meslier o ateu que se fingiu de padre



Jean Meslier foi um ateu que se fingiu de padre durante toda a sua vida, ou seja, toda sua vida não passa de uma farsa, de um engano, de falsidade ideológica, coisa típica do ateísmo uma vez que deus não existe, também não existe moral, portanto que mal há em ludibriar as pessoas?

Os ateus o celebram como um herói, um filósofo, mas não era nem uma coisa nem outra, antes era um oportunista que vivia às expensas da "Santa Madre Igreja", Meslier não acreditava nem no cristianismo nem em seu próprio ateísmo, pois se fosse coerente teria abandonado à Igreja e buscaria outro ofício que não o de um padre.

Os ateus dizem que são pessoas morais, éticas, enfim boas, posto que a bondade e a moralidade não dependem da fé ou de deus. Sinceramente não acredito numa ética ateia, pois como disse Dostoiévsky disse: "Se deus não existe, então tudo é permitido" (no entanto podem haver ateus bons, bons porque receberam educação religiosa e está foi assimilada em seus espíritos).

Jean Meslier via Jesus como louco, mas mesmo assim rezava o "santo sacrifício da missa" e administrava os sacramentos, no final o louco era ele que rezava e não acreditava em orações e administrava sacramentos nos quais não cria.

Mesmo esses que odeiam a figura do divino nazareno sempre fica alguma coisas do cristianismo em suas almas, Meslier por exemplo, era comunista antes de Marx, era contra a propriedade privada. Ao elogiar o cristianismo primitivo, quer queira quer não, ele enaltece a figura de Jesus o verdadeiro pai do comunismo.
Em sua filosofia o ateu que representava muito bem o papel de padre, se mostra incoerente em sua filosofia e também em sua vida. Odeia Jesus, o chama de louco, mas admira os mosteiros e o  cristianismo primitivo; É padre e não acredita em Deus; E revolucionário mas vive como reacionário.

Infelizmente não posso admirar um hipócrita, pois quando é que se pode confiar num hipócrita? Se fingiu ser uma coisa que não era pode se fingir de outra para granjear privilégios.

Fico  por aqui mas deixo uma pergunta aos ateus: onde está vossa moralidade, vossa ética?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Discurso da subserviência

Decidi não mais discutir com as pessoas que não tem o mesmo grau de cultura que eu, decidi não mais debater com aqueles que argumentam aos berros e que pensam mais com o coração do que com o cérebro.

No meio professoral tenho ouvido certos discursos calados mas ao mesmo tempo enojado e respondo de forma acrítica e com um sorriso amarelo de decepção.

Ontem mesmo ouvi um desses discursos, no qual uma professora dizia que as serventes, inspetoras, atendentes e professores não devem reclamar de seus serviços porque quando prestaram concurso sabiam bem quais eram suas atribuições. Prestaram concurso sabendo do que se trata, então não devem reclamar do trabalho x e nem do salário, que mudem de emprego ou que prestem concurso para outra área.

O que a professora em questão ignora (e não só ela, mas ela representa aqui todas as pessoas que pensam da mesma forma que ela) é que uma pessoa quando busca um emprego concursado, busca estabilidade, por medo do desemprego, por medo da instabilidade, por medo de não ter crédito na praça entre outros. Claro que os concursados leram o edital e sabem quais são suas atribuições, isso não quer dizer que concordem com ela. Tá - pode alguém perguntar - então por que cargas d'água fizeram o concurso? Não tinham outra escolha? Não, não tinham outra escolha, porque no sistema capitalista a burguesia diz que você pode escolher seu emprego e seu patrão, mas isso não é a verdade, de sã consciência jamais alguém escolheria um patrão ou um emprego. Ora, a burguesia detêm os meios de produção, o trabalhador só vende sua força de trabalho, ele apenas submete-se àquelas atribuições porque precisa do emprego para sobreviver, ele não tem escolhas, ele não negocia com o patrão as atribuições de seu encargo nem o salário, é pegar ou largar. Não se pode dizer que existe liberdade em escolher ficar num emprego estável ou num emprego instável; Não se pode dizer que existe escolha entre ficar empregado ou suportar o desemprego e seus fantasmas. Não se pode falar de escolhas entre um proprietário e um desapropriado. A conversa entre patrão e empregado é: Ou faz isso ou rua -  e ainda continua ironicamente - a opção é sua. No caso dos professores concursados, principalmente daqueles que estão em estágio probatório a situação não é diferente, eles não escolheram suas atribuições, elas não foram negociadas no gabinete dalgum secretário da educação, foi algo imposto, vindo de cima, não discutido, não debatido, os professores apenas aceitaram tal e qual um dogma, aliás até os dogmas da religião cristã são debatidos antes de serem formulados.

Eu não aceito minhas condições de trabalho porque eu não as escolhi, mas premido pelas necessidades neste mundo no qual vigora a lei do mais forte tive que me submeter para sobreviver ou era devorado pelo desemprego ou por um subemprego, mas isso acontece porque o povo é individualista e fatalista. Crê que existe uma ordem estabelecida e que desde que o mundo é mundo as coisas são como devem ser.  Muitos funcionários públicos que assim pensam sequer refletem que amanhã eles mesmos podem ser vítimas dos desmandos de certos governos e prefeitos. Mas as ideologias dominantes são sempre as das classes dominantes como ensinou Marx. E é tão difícil vencer essas ideologias, pois derrubá-las equivale a destruir toda uma cosmovisão, requer que as pessoas pensem e a maioria delas não está disposta a pensar sobre capitalismo, ideologias e ideias afins. Enquanto levam suas vidinhas medíocres com seus carros parcelados em 60 vezes, com suas casas financiadas em ou 40 anos, enquanto podem viajar nas férias e comer alguma coisa diferente das classes mais empobrecidas, está tudo bem. O modo de vida que a burguesia reproduziu neles, os leva a pensar assim. Fazer o quê? Estudar filosofia, levar a filosofia a ágora. Mas eu não tinha dito no início do texto que não discuto mais com pessoas que não tem o mesmo nível cultural que eu? Sim, eu disse, mas tenho que vencer isso e imitar a Sócrates que a ninguém desprezava e fez até que um escravo pudesse participar da filosofia. Bom, é isso.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O ócio enobrece o homem

Caro(a) leitor(a) se estou escrevendo agora é porque me restou um tempo (na verdade não me restou, eu deveria estar dormindo para acordar, cedo, mas deixa estar, isso não vem ao caso) e tempo é algo precioso, não estou dizendo com isso que tempo é dinheiro como afirmam os ingleses e norte-americanos. Tempo é vida, e uma vida sem tempo não é vida é robotização.

Sinto que desde que comecei a trabalhar em dois cargos como professor, que minha qualidade intelectual caiu muito, pois não tenho mais o mesmo ritmo de leitura que tinha nos anos anteriores. Não tenho um tempo para mim, não tenho tempo de ir ao cinema, não tenho tempo para estar comigo mesmo, e se tivesse namorando, não sei como encontraria tempo para a mulher amada, sim, até para amar é preciso tempo, pois ninguém ama aquele(a) que não conhece.

Para escrever é preciso ter tempo e para escrever bem é preciso bem ler e como ler bem sem tempo? É triste não? Tive que fazer uma escolha, ou melhorava minha renda a fim de melhorar minha vida ou me dedicaria ao estudo e seria um indigente ou algo parecido. Optei por ter melhores condições de vida e com isso perdi muito no terreno intelectual, já não poso ler o tanto quanto quero, já não posso conversar e debater com os amigos sobre filosofia e literatura, restando-me apenas tempo para exercer meu ofício de professor.

Quem trabalha demais não tem tempo para pensar e aí outros acabam pensando por aqueles que não dispõem de tempo para pensar.

É do ócio que nasce a arte, a filosofia, a pesquisa, enfim todas as coisas que o homem cria para seu próprio bem.

sábado, 17 de setembro de 2011

Ô categoria desunida

Se existe uma categoria desunida, e existe, essa é a dos professores. Os professores são uns exímios reclamões mas péssimos reivindicadores. Reclamam de tudo: do salário, dos alunos, das péssimas condições de trabalho, das cobranças da direção, coordenadores, etc...Mas quando alguém pretende desfraldar a bandeira da luta, aí não aparece nenhum professor, dizem eles: "estou no probatório", "tenho contas para pagar", "tenho família", etc... Ótimas desculpas para justificar a covardia, mas alguém disse mui sabiamente: "Todo vício tenta se justificar". E os rappers da Facção Central numa de suas músicas cantam: "O que adianta sermos milhões se não somos um?". De fato, a categoria dos professores conta com milhares de professores por todo o território nacional, somos milhares de milhares mas não somos um, somos divididos e por isso, sofremos merecidamente, os desmandos dos governos: federal, estaduais e municipais.

A mim como professor não me interessa ouvir discursos do quanto sofremos e tenho ouvido isso quase que diariamente nas salas dos professores, sei que sou mal remunerado para exercer ofício tão estressante, sei que sou muito cobrado, que tenho prazos, que tenho que documentar tudo bonitinho e burocraticamente e o pior que tenho que suportar adolescentes malcriados sem poder fazer nada.

Eu mesmo já tomei minha decisão, se os professores não se juntarem, pretendo num futuro próximo mudar de profissão, trabalhar menos e ganhar mais e não mais entrar em salas de aulas nas quais tenho que me submeter aos desmandos para receber um salário indigno de um mestre.

Os professores que se pretendem como seres autônomos não fazem greves, nem paralisações, são individualistas me dão vergonha. Não, os professores não são emancipados, nem autônomos, ao contrário são mesquinhos e por isso, fazem toda a categoria sofrer. Não estou dizendo com isso que todos os professores são maus profissionais, não. Há muitos bons professores, mas estão presos a esse modo de produção capitalista: ter duas ou três jornadas de trabalho para não perder a renda e o status quo, isto é, seu poder de compra. E isso é vergonhoso, deixar de lutar. Por serem individualistas e a maioria da categoria é individualista,  todos os professores são explorados sem dó nem piedade. Mas de uma coisa os professores sabem muito bem: Que a UNIÃO faz:


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Por uma aula de 15 minutos

Minhas aulas expositivas não duram mais do que 15 minutos e é o quanto eu preciso para passar o conteúdo para meus alunos. Não preciso de 20 minutos, nem de 30 e muito menos de 40 ou 50 minutos. Já foi provado que as mente dos alunos só conseguem se concentrar durante 15 minutos, no máximo, 20.

Mas o  modelo de nossas aulas continuam os mesmos algumas década atrás. Professores que sofrem de verborragia, alunos que bagunçam por conta das aulas serem chatas e o que se torna chato ninguém quer aprender.

Se as aulas duram 45 minutos ou 50 e se o professor não muda de assunto, os alunos se dispersam e vão procurar fazer outra coisa mais interessante como dormir ou atacar papéizinhos nos colegas.

Falei-me paras meus alunos da EJA  que 15 minutos é quanto preciso para dar melhor das aulas. Não é quantidade de estudo que faz o aluno aprender mas a qualidade do assunto.

domingo, 4 de setembro de 2011

O anarquismo de Émile Henry



Émile Henry foi um anarquista e terrorista francês (1872-1894) que acreditava no espontaneísmo e em atos terroristas espalhados por indivíduos.
Émile Henry disse que se tornou terrorista porque após o atentado promovido por  August Vaillant.os anarquistas foram perseguidos indistintamente e de acordo com suas palavras:

"Eu acabara de voltar a Paris na época do caso Vallant e fora testemunha da terrível repressão que se seguiu à explosão no palácio Bourbon. Vi as medidas draconianas que o governo decidiu tomar contra os anarquistas. Havia espiões, buscas e prisões por toda parte. Um grupo de indivíduos detidos indiscriminadamente, arrancados de seus lares e jogados nas prisões. Ninguém se preocupou em saber o que aconteceria às suas esposas e filhos enquanto esses camaradas permanecessem confinados. O anarquista já não era mais considerado um ser humano, mas uma besta selvagem que devia ser caçada sem tréguas enquanto a imprensa burguesa, escrava da autoridade, exigia em altas vozes que todos eles fossem eliminados. Ao mesmo tempo, panfletos e papéis libertários eram confiscados e aboliu-se o direito de reunião. Pior do que isso: quando parecia aconselhável livrar-se de um camarada, um informante deixava no seu quarto um pacote que, segundo ele, continha tanino; no dia seguinte procedia-se a uma busca com um mandado de busca datado do dia anterior e encontrava-se uma caixa com um pó suspeito...".

Li ainda há pouco a defesa na íntegra de Émile Henry das razões que o levaram a cometer o atentado ao Hotel Terminus. Em seu discurso afirmou que mulheres trabalham muito nas indústrias para garantir um pedação de pão, são pálidas e podem considerar-se como mulheres de sorte caso não precisem se prostituir. Que a burguesia mata indistintamente crianças de fome todos os dias. Assim como eles matam inocentes, assim como eles perseguem e matam homens justos sem discriminar, ele se achava no pleno direito de matar os inimigos dos pobres, porque dentro da burguesia não há inocentes sejam homens, mulheres e mesmo crianças.

Émile Henry disse que tinha se tornado revolucionário apenas cerca de três anos e foi levado a isso observando a sociedade hipócrita e exploradora do homem e que nesse tempo tinha se tornado materialista e ateu. Ponto importante este, porque muitos ateus dizem que o ateísmo liberta o homem, que o ateísmo não produz fanáticos, que os ateus tem ética, etc... Permito-me fazer esta digressão porque os ateus adoram acusar os cristãos de serem fanáticos, loucos, assassinos e outras coisas mais. É evidente que se os ateus lerem isso dirão: "Mas ele era anarquista". Nem todo ateu é anarquista - dirá meu opositor - ao que replico nem todo cristão é fanático e não foi um anarquista cristão como Tolstói que fez atentados mas um homem descrente de tudo.

Falemos agora dos erros de Émile Henry:
1º Não existe revolução individualista, espontaneísta e organizada. Não é com bombas feitas por particulares que se destruirá o regime capitalista, pelo contrário fortalecerá esse mesmo regime, pois todo terrorismo é condenável por se matar inocentes e esses fatos contribuirão para que as classes médias A e B se unirão a burguesia;

2º Dizer que crianças e mulheres de burgueses são tão culpados quantos os burgueses é uma estupidez que nem merece comentários;

3º  O anarquista supracitado disse que estava com ódio, então seu motivo não foi a justiça e sim a vingança, não foi transformar a sociedade. Pois quem deseja transformar a sociedade não vive de pequenos atentados e sem ligações com outras pessoas ou grupos.

Enfim Émile Henry teve a morte que mereceu, (embora eu seja contra a pena capital) plantou, colheu. Viveu uma vida inútil e sem significado, não fez nada de bom, não transformou a sociedade. Seus atos não resultaram em nenhuma mudança para melhor.

Condeno e rechaço esse tipo de anarquia voluntariosa e sem princípios, pois ser sem governo não significa ser sem ética. Sou a favor da defesa, sempre. Jamais ferir civis, coisa que esses anarquistas estúpidos não fizeram e em vez de prestarem serviço à anarquia, prestaram um "belo" serviço à burguesia.

sábado, 3 de setembro de 2011

Coisas que a televisão não mostra


Doutrina do Choque Econômico é um documentário muito interessante, tendo se inspirado no livro de Naomi Klein ativista política e pesquisadora. Neste documentário ela demonstra que a tese de que o livre-mercado não pode existir sem violência e sem opressão; O capitalismo é amplamente refutado e desmentido, vale a pena assistir.

domingo, 28 de agosto de 2011

Considerações sobre o filme O planeta dos macacos: a origem


Não, não sou crítico de cinema todavia gosto de assistir aos filmes com um olhar filosófico e o filme "Planeta dos macacos" é um filme que me permite tecer algumas considerações filosóficas.
O filme fala de um cientista obececado por descobrir um remédio contra o mal de alzheimer, uma vez que seu pai é vítima dessa doença. Ele cria um remédio que supostamente cura o cérebro e aumenta a inteligência e essas drogas são testadas em chimpanzés, chimpanzés que são caçados nalgum lugar do continente africano e que servem apenas como cobaias.

O Planeta dos Macacos mostra-nos os chimpanzés servindo de cobaia e aí a gente pergunta: Por que eles servem de cobaia? Eles - disse um dos personagens - não são gente, sabia? Que direito tem os homens de fazer de outras espécies de ponte para uma vida melhor?

Outro fator importante no filme é que este mostra  que o interesse dos capitalistas não é ajudar a quem quer seja mas lucrar em cima de novas drogas, seria isso uma forma de cutucar as indústrias farmacêuticas?

Já no começo do filme a droga é testada em chimpanzés e uma das chimpanzés tem sua inteligência aumentada, o cientista tenta convencer os empresários a investir em sua ideia  e fazer com que a droga possa ser testada em humanos. ele quer demonstrar como a droga funcionou no cérebro da "macaca olhos brilhantes", mãe de César. Quando a chimpanzé foi retirada da cela a mesma reagiu de forma muito agressiva, destruindo tudo o que via pela frente até chegar no auditório onde estavam os empresários, até que um segurança a mata com tiros.

Depois disso o projeto do cientista é descartado, o sr, Jacobs deseja que todos os animais sejam sacrificados. Um dos ajudantes do cientista, encontra um bebê chimpanzé na cela da macaca de "olhos brilhantes" e aí ele descobriu que o remédio não tinha alterado o cérebro da macaca mas que ela estava protegendo o seu filhote. Seu ajudante o convence a salvar a vida de César. Com o tempo ele notou que César recebeu as mutações genéticas de sua mãe, por isso tinha uma inteligência avançada.

O pai do cientista sofria do mal de alzheimer e o cientista sofria com isso, por isso ele queria que a droga fosse testada em humanos, não por humanitarismo, mas porque seu pai sofria dessa terrível doença. Depois de ver os progressos de César, ele decide roubar a droga da empresa e aplicar-lhe em seu pai que tem uma melhora repentina. Após algum tempo a doença volta muito mais agressiva e ele deseja criar um vírus mais potente e conversa com Jacobs o megaempresário e o persuade a ajudá-lo com equipamentos, capital e tudo o que for necessário para continuar as pesquisas.

Certo dia, o pai do cientista já num estádio avançado do mal de alzheimer, vê o carro do vizinho aberto e pensa que é seu carro e bate o carro na parte dianteira e traseira e inicia-se uma discussão, césar vê tudo pela janela de seu quarto e fica revoltado e ataca o vizinho com grande ferocidade, depois disso o serviço de controle animal o recolhe e vai para um abrigo de primatas que sofrem muitos maus-tratos. A princípio César gostaria de voltar para sua casa, mas o cientista que o criou não consegue com o passar do tempo, César se sente traído e fica solidário aos outros macacos e se torna um líder. consegue fugir e vai até sua antiga casa e rouba uma variação da droga mais forte que deixa os macacos ainda mais inteligentes e aplica essa droga primeiro em si mesmo e depois em seus colegas.Após isso, ele lidera uma rebelião até conseguir voltar para a floresta.

O que nos ensina o filme? Que nós seres humanos usamos e abusamos dos animais para fazer nossas experiências como se eles fossem objetos e não animais que sofrem e tem sentimentos; Que muitos cientistas não tem ética, para conseguir seus objetivos persuadem seus patrocinadores a investir, suscitando-lhes o desejo de um lucro sem precedentes; Que os capitalistas não tem escrúpulos, pois se é para ganhar ainda mais dinheiro eles permitem pesquisas até não controladas, pois ficam cegos pelos lucros; Que os homens podem ser responsáveis por sua própria extinção, mas não necessariamente por fabricação de novos remédios, mas pela destruição do meio ambiente, por meio das guerras, etc... E que se o ser humano sumir da face da Terra como sugere o filme por causa da nova droga que funciona bem em macacos, mas péssimo em humanos, que não será o fim da Terra e que outra espécie poderá nos substituir, no filme quem substitui os humanos são os chimpanzés.

Enfim é um filme para fazer pensar, rico em reflexões, feliz de quem souber aproveitá-lo.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ama e faze o que queres

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Hoje à tarde tive um desentendimento no facebook com uma madame que não aceita ser questionada, ela estava fazendo campanha contra uma comunidade supostamente pedófila, em primeiro lugar a parabenizei, a iniciativa da madame que posa de filósofa, depois eu perguntei como ela sabia daquilo e foi o quanto bastou para pesquisar meu perfil e fazer um ataque ad hominem, supondo de modo velado que eu sou pedófilo, pois a dondoca disse: "Sei porque acabo de ser informada. E você, 32 anos, solteiro, parece que trabalha com crianças. Tem filhos? A propósito, àquela máxima de Sto. Agostinho (Ama e fazes o que queres) que postaste em teu face, está bem furada, não? Desde quando "fazer o que quer?" O amor não justifica tudo. Há Amor e amor, sabemos".

Eu perguntei se aquela comunidade era mesmo pedófila, se foi provada ser de autoria de grupos pedófilos. Aí ela ficou irritada e descontou sua raiva em mim, e insinuou que sou pedófilo como se depreende do texto acima. Mas não é de sua leviandade que pretendo falar mas de sua ignorância no que tange à filosofia.

Acerca da frase de Santo Agostinho ela disse: "A propósito, àquela máxima de Sto. Agostinho (Ama e fazes o que queres) que postaste em teu face, está bem furada, não? Desde quando "fazer o que quer?" O amor não justifica tudo. Há Amor e amor, sabemos".
Bem percebe-se que essa senhora não entende nada de filosofia, nem de retórica e muito menos de cristianismo e por não entender fala besteira, e essa é a desgraça dos ignorantes falar com ares doutorais de coisas que doutoralmente ignoram.
A "iluminada" pensa que Agostinho de Hipona disse que quem ama pode fazer o que bem entender e que o amor não justifica tudo. E quem disse que Santo Agostinho disse que o amor justifica tudo?

Ora, o que Santo Agostinho quer dizer com "Ama e faze o que queres", foi apenas que  as pessoas que amam não prejudicam quem quer que seja, pois quem prejudica quem quer que seja não ama, pois quem ama faz somente o bem, posto que amar é o querer bem dou outro.

Mas a "filósofa" continuou com sua logorréia: "Há amor e amor. Há quem de um tiro e diga que foi "por amor".
Quem ama não faz o mal, mas tão somente o bem, pois o amor é o bem querer do outro, se a pessoa diz amar e faz o mal, então é porque não ama. Se a pessoa só faz o bem porque ama, então a pessoa pode viver sem limites, posto que ama, logo, inevitavelmente fará o bem. Acreditar que alguém possa matar por amor é o mesmo que acreditar que alguém presta socorro a alguém por puro ódio. Exemplo: "Eu o não deixei morrer no incêndio porque eu o odeio", ou "presto ajuda humanitária porque odeio essa gente, odeio e por isso lhes faço o bem".

Infelizmente, as pessoas não param para pensar naquilo que foi falado e ainda tem a coragem de fazer política. Triste, não?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Gangue da Matriz

Rapper critica deputados que aumentaram seus próprios salários e agora pode ser processado por ter falado cantado a verdade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Comunismo, uma defesa


Gosto quando Marx fala, na "Introdução à Crítica do Direito de Hegel", que a teorias se convertem numa força material quando se apoderam das massas. Também Trotsky diz que não podemos ignorar o poder das ideias, mesmo que não possuam um “aparato” por trás (o que verificou na prática, haja vista a disseminação das posições da Oposição de Esquerda apesar da perseguição da colossal máquina de calúnia e extermínio da burocracia stalinista). Seja como for, para sair do mundo dos devaneios e adentrar a vida concreta, as ideias são operadas por indivíduos, em dada época histórica e sob dadas circunstâncias materiais.

Assim, é idealismo, hegelianamente falando, imaginar que a ideia se concretizará perfeitamente no mundo dos homens, isto é, que não haverá mediações entre o projetado e o aplicado. Isso não é dizer que as ideias (quaisquer que sejam) são utópicas, delirantes, e que na realidade nada sai como planejado; e sim entender que a ideia se concretiza num amplo processo dialético, portanto contraditório e, podemos mesmo dizer, sequer se concretiza, e sim está-se-concretizando. A vida, que é o campo de aplicação das ideias, é um eterno devir.

É muito belo dizer, por exemplo, que ao ser agredidos devemos oferecer a outra face e que devemos nos amar uns aos outros, dado que somos provenientes do mesmo Pai Eterno; mas disso vieram os massacres dos cruzados, a Inquisição e o fundamentalismo cristão. É belo dizer, como fez Adam Smith, que a busca individual por lucro leva ao bem-estar coletivo; mas disso vieram a exploração capitalista, a acumulação e a opressão. É belo bradar por “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, mas não se pode esquecer que isso descambou na guilhotina e, posteriormente, na ditadura de Napoleão.

O inferno está cheio de boas intenções, como diz o ditado.

Desde que o socialismo, enquanto instrumento organizado e científico da luta de classes, começou a ganhar corpo, enfrentou forte resistência dos grupos dominantes. Falamos "luta de classes", afinal, não por mero simbolismo. Essa luta tem vários instrumentos: da aniquilação física à calúnia, passando pela censura e todas as demais ferramentas postas à disposição da classe de exploradores. Nada obstante, isso não impediu o formidável ascenso da classe trabalhadora que, após a Comuna de Paris, "tomou o céu de assalto" na Rússia.

A Rússia, todavia, era um país semifeudal recém-saído do czarismo. A tomada de poder era a parte fácil; a tarefa que se desenhava no horizonte era o desenvolvimento material do país, o que seria impossível sem o socorro do proletariado dos países desenvolvidos. A revolução russa, pois, era, como a consideravam os bolcheviques, o estopim da revolução mundial, não um fim em si.

Mas tal ajuda não veio. E mais de uma dezena de nações capitalistas invadiu o País dos Sovietes para fazer soçobrar a revolução, reforçando a contrarrevolução interna. Não conseguiram, mas se pode imaginar a devastação física, humana, econômica e moral do país.

Mesmo devastada e isolada, a Rússia precisava tentar se erguer. Mas qual seria a consequência desse atraso para o socialismo nascente?

Quem responde é Leon Trotsky:

"É possível que, em virtude de um determinado alinhamento de forças nacionais e internacionais, o proletariado conquiste o poder em um país atrasado como a Rússia. Porém, o mesmo alinhamento de forças demonstra de antemão que, sem uma vitória mais ou menos rápida do proletariado nos países adiantados, o governo russo não sobreviverá. O regime soviético abandonado a sua própria sorte degenerará ou cairá. Mais precisamente, degenerará e depois cairá".

O país isolado, atrasado, fechado em si mesmo, optando teratologicamente pelo "socialismo em um só país" (sic) inevitavelmente falharia na missão de construir o socialismo. Permitiu o nascimento de uma casta burocrática que usurpou o poder dos sovietes. E transformou a ditadura do proletariado na ditadura do partido e, em verdade, na ditadura do secretário-geral.

Em tal cenário, Trotsky nos dá duas variantes hipotéticas: ou a classe trabalhadora faz novo levante para derrubar a burocracia e salvar o socialismo, ou a burocracia, ela própria, restaurará o capitalismo. Afinal, não se contentará, cedo ou tarde, em ser a mera detentora dos meios de produção; vai querer ser proprietária. Infelizmente, foi essa última opção a vitoriosa e pode-se verificar o acerto do prognóstico facilmente: os "novos-ricos" russos de hoje são todos oriundos da "nomenklatura"...

Feita essa breve digressão histórica, há que se perguntar se a causa da falência da URSS, se os crimes do stalinismo, se a degeneração do partido bolchevique, podem ser atribuídos a um defeito intrínseco ao marxismo ou ao leninismo.

Uma das maiores defesas jamais feitas ao marxismo e ao leninismo está no opúsculo de Trotsky, "Stalinismo e bolchevismo". Primeiro, vem uma verdadeira profissão de fé:

"O marxismo encontrou sua expressão histórica mais elevada no bolchevismo. Sob a bandeira bolchevique se realizou a primeira vitória do proletariado e se instaurou o primeiro estado operário".

Como negar o acerto dessas palavras? É possível que venha a surgir um método melhor. Seria antidialético pensar o leninismo (ou bolchevismo) como uma forma "perfeita", "acabada". Também o leninismo deve ser superado. Mas não há ainda, penso eu, ferramenta melhor de práxis revolucionária.

Teria a URSS degenerado por causa do leninismo? Trotsky prossegue:

"Apresentar o processo de degeneração do estado soviético como a evolução do bolchevismo puro é ignorar a realidade social (...)"

Há que se considerar, na degeneração do Partido e do Estado (que inclusive em dado momento passaram a se confundir) todas as variáveis levantadas na digressão histórica acima. A melhor ferramenta pode, em dadas condições, se estragar, e isso não é decorrência da ferramenta senão das condições. Ainda Trotsky:

"O partido que se apodera do estado pode, por certo, exercer sua influência sobre o desenvolvimento da sociedade com um poder que antes lhe era inacessível, porém, em troca, se decuplica a influência que os demais elementos da sociedade exercem sobre ele. "

O partido não está acima nem além da sociedade na qual se insere. As ideias, eu disse acima, precisam de meios materiais, inseridos em um contexto histórico. O atraso, a guerra, a fome: é evidente que o Partido não ficaria imune a isso. A existência determina a consciência, nos ensinou Marx.

Deduzir o stalinismo do bolchevismo é o mesmo que deduzir a contrarrevolução da revolução. O stalinismo é, conclui Trotsky, a "negação termidoriana" do bolchevismo. Não são iguais.

Vejo os companheiros Domingos e Fernando, de forma legítima, eis que sincera, expondo as críticas que lhes fizeram abandonar os quadros do Partido Comunista Brasileiro. Não posso palpitar, por se tratar de opiniões pessoais, nem posso, em respeito ao leninismo (já que sou membro do Partido), dizer aqui se concordo ou não com o teor dessas críticas. Mas penso -e já não me refiro ao PCB em especial, e sim a qualquer agrupamento humano que tenha por escopo a transformação revolucionária da sociedade- que não há partido, coletivo ou organização "prontos" ou "acabados", como o próprio leninismo, conforme falei acima, não é "pronto" ou "acabado". Antes é uma construção diária, dialética, coletiva. Árdua, sem dúvida. Enfrentar tais contradições é o preço que se paga por se engajar, efetivamente, na luta revolucionária.

Naturalmente, há outras formas de militância. Mas penso -como Trotsky- não serem superiores ao leninismo e, em todo caso, nenhuma outra forma de atuação está isenta de obstáculos. Idiossincrasias de toda sorte pululam ao nosso redor e temos, como bons psicológos, que lidar com esses egos.

Pode-se acrescentar ferramentas ao leninismo, naturalmente. Por exemplo, vejo como importante considerarmos o aspecto moral; não a moral burguesa, conservadora e calcada em séculos de obscurantismo religioso, mas a moral humana, a postura ética que os homens devemos ter uns com os outros. É nesse sentido que considero o comunismo também uma filosofia de vida: é preciso que nos despojemos de toda a "carga" acumulada, do egoísmo, do individualismo, do pessismismo, da angústia. O comunista é vibrante e apaixonado pela vida e, mesmo que pareça ridículo, é guiado por sentimentos de amor (como disse Che Guevara, essa outra figura complexa).

Devemos fomentar ao máximo, também, o espírito crítico que é próprio do marxismo. Joguemos fora os manuais; à lata de lixo da História para com os "guias geniais" e "grandes timoneiros" do stalinismo. O comunista, além de ético e vibrante pela vida, é desafiador, inquieto, ousado, rebelde, lírico. Caso contrário, não se é revolucionário, e de comunista só terá o nome.

(E deter meramente um "nome" não é grande coisa; o PCdoB não é de hoje é um partido institucional burguês; o PCCh explora a classe trabalhadora chinesa; o PT, então, de "dos trabalhadores" não tem nada).

Não é o rótulo que importa, e sim a ação. "Imagem não é nada", não diz o comercial de refrigerantes?

Seria uma grande honra militar no mesmo Partido com os companheiros Domingos e Fernando. Mas respeito sua decisão, assim como eles, sabendo que pertenço a esse mesmo Partido do qual saíram, me respeitam convidando-me para integrar a equipe do blog.

Não precisamos, contudo, estar na mesma organização para que militemos juntos. Quem quer que lute contra a opressão, a exploração, o obscurantismo, o pensamento binário, quem quer, enfim, que lute pela emancipação do homem- é meu companheiro de barricadas, esteja onde estiver.

Com saudações comunistas do,

Joycemar Tejo

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Desconstrução de um discurso demagógico



O vereador Dario Bueno conhecido como Burro iniciou uma polêmica desrespeitosa à categoria dos professores. O que vou fazer aqui é a desconstrução do discurso demagógico desse senhor. 

Dario Burro começa falando que os municípios tem que investir 25% de sua receita na educação e segundo o vereador diz que em Jacareí isso representa R$ 75.000.000. Dario Burro fala ainda que educação "não é só município, é estado na esfera pública, federal". Burro ainda fala que vai discursar sobre o público porque foi escolhido como representante para zelar pelo patrimônio, como se fez entender. 

"Se você tem uma noção básica de economia, você entende que todo investimento espera um retorno e esse retorno na educação eu não vejo, porque há mais de vinte anos, a Constituição obriga a destinar 25% da receita própria e a prioridade da educação pela Constituição, é erradicar o analfabetismo e ainda não foi erradicado por mais de vinte anos com todo esse investimento, isso é preocupante. E quando você vai  conversar isso com os professores e isso ficou bem claro com o uso da tribuna  do professor Roberto Mendes que professor só fala em salário, isso me incomoda".

O Burro começa sua fala pela economia que todo investimento tem que ter retorno e ele não vê retorno no dinheiro investido na educação. Mas aí  surge a pergunta: Esses 25% chegam às escolas? Esses 25% da receita chegam às mãos dos professores? Por acaso não vemos denúncias e mais denúncias  de desvios de verbas públicas? Por que há mais de vinte anos o analfabetismo não foi erradicado do Brasil se o investimento é assim tão bom, segundo Dario Bueno? Simples, porque a verba não chega nem às escolas nem às mãos dos professores, se chegasse muita coisa mudaria. Professor só fala em salário diz o vereador polêmico de Jacareí. Professor só fala em salário, vereador não fala em salário, vereador aumenta o próprio salário. Se nós pudéssemos aumentar nossos próprios salários, evidentemente que não falaríamos em salários. Dario Burro é favorável ao aumento de salário dos vereadores, mas não da forma como foi feita e aí acabou por votar contra. Ele é favorável ao aumento de salário dos vereadores, mas não é favorável que professores discutam salário e plano de carreira, pois é, dois pesos e duas medidas. Dario Burro que diz ter noções de economia fica incomodado ao saber que "professores só falam em salário", ele não sabe que segundo Marx - O modo de produção da vida material determina o caráter geral do processo social, político e intelectual da vida. E que Não é a consciência dos homens que determina a sua existência mas, ao contrário, sua existência social determina sua consciência. Ora, os professores que tem sua vida determinada, digo, condicionada pelo econômico, são obrigados a trabalhar em duas ou três escolas e isso se reflete em suas vidas porque suas aulas perdem muita qualidade, quando não perdem toda a qualidade. Quando os professores ganharem bem e forem devidamente capacitados, então os professores darão melhores aulas porque terão tempo de preparar suas aulas, mas o vereador não sabe nada disso.


"O problema está no comprometimento no projeto de nação do professor e isso não percebo, porque se isso fosse legítimo não teríamos mais analfabetos no Brasil". 

É muito fácil culpar os professores pelo analfabetismo quando os legisladores nada fazem em prol da educação. Ora, pode existir o maior comprometimento do mundo com a educação, mas se não existem condições de trabalho, ambiente saudável, salário digno, não vai haver mudança nenhuma.


Agora o que mais acho engraçado na fala do vereador do DEM é o fato do mesmo citar Paulo Freire para justificar suas críticas aos professores. 

O vereador fala que Paulo Freire conseguiu alfabetizar num projeto experimental em 1962 trezentos adultos em quarenta e cinco dias sem cartilha, num método super-eficiente, partindo de seus conhecimentos prévios.

Ok, mas em que contexto Paulo Freire fez isso? Quem eram seus alunos? Como fez isso? Primeiro, o método Paulo Freire é para adultos e não para crianças. 

O Dario Burro após isso desfia terços de indignação afirmando que as pessoas entram analfabetas e saem analfabetas da escola, e toca de novo no econômico. Ele não entende como podem haver analfabetos com tantos investimentos. Primeiro, nem todo professor é alfabetizador, logo são os alfabetizadores é que devem alfabetizar as crianças. Mas como as crianças podem ser alfabetizadas com salas superlotadas, crianças que desrespeitam o professor, crianças com inclusão e falta de material didático? E não é só, os professores são cobrados pelas seducs da vida, por seus superiores imediatos, e há professores que são obrigados até a falsear dados. Eu mesmo gostaria de saber se esse vereador que já foi professor conseguiria  alfabetizar não trezentas, mas quarenta crianças em quarenta e cinco dias, com as atuais condições da escola. 

O vereador diz que os professores que se colocam no mesmo nível de Paulo Freire. Qual é o problema dessa afirmação do vereador? É que ele generaliza. Há professores maus, sim e não são poucos, mas não ser poucos não é o mesmo que dizer os professores, como se toda a categoria fosse culpada pelo que faz um certo número de professores. 

Em seguida ele diz que os professores não alfabetizam nem politicamente nem por meio da leitura e da escrita. Mais uma vez acusação sem solução. Será que esse vereador ignora que professor tem prazos para entregar notas, trabalhos, projetos e relatórios, que muitos professores fazem cursos de especialização e trabalham em mais de uma unidade escolar?

Burro em sua fala diz que os professores dizem que os políticos querem um povo estúpido e ele disse que esse é um discurso desbotado. Mas se é assim por que os os vereadores não elaboram projetos de leis que beneficiem os professores e a escola? Por que os prefeitos não constroem mais e melhores escolas? É evidente que os políticos querem um povo burro porque somente assim vão perpetuar seu poder indefinidamente.

Mais uma vez Burro compara Paulo Freire aos professores, como se todos os professores fossem alfabetizadores. Fico me perguntando se Paulo Freire tivesse diários de classe, semanários, relatórios, conselho de classe, deliberação 11, HTPC entre outras coisas do ramo, se ele conseguiria alfabetizar esses adultos. Realmente, não sei, mas imagino que não.

Nós estamos atrasados como nação, não é por culpa só dos professores, mas dos políticos que se promovem em cima das misérias do povo.

Todo professor diz: "vote nulo?" Todo? Bem se vê o vereador confunde o singular com o plural, e aí não sei se confunde propositadamente ou se por ignorância; se por ignorância precisa de aulas de gramática e lógica. Uma coisa é um professor e outra coisa, todos.

Mas quando um vereador não quer trabalhar, ele vai para o Twitter, facebook e falar a primeira idiotice que se lhe assoma à cabeça. E para não ser cobrado pelo povo se faz necessário se achar um bode expiatório, nesse caso, os professores fazem esse papel;



sábado, 13 de agosto de 2011

Burro ataca professores

Não, não foi um burro que atacou os professores, foi o vereador Burro, mais precisamente o vereador Dario Bueno mais conhecido como Burro. Mas quem é o Burro? Burro é um vereador de Jacareí, que foi professor por 4 anos e não concluiu a graduação, ou seja, ele ensinava sem ter diploma. Nada contra aqueles que lecionam sem terem concluído a graduação, mas no caso do vereador isso é uma incoerência pois fala que os professores são inúteis e não ensinam. O que ele ensinou nos 4 anos em que foi professor? Tudo bem, críticas aos professores são bem-vindas, desde que estejam bem fundamentadas, desde que o autor da crítica apresente soluções, coisas que o vereador não fez. O que o Burro fez em quatros anos como professor, professor não formado? Revolucionou a educação? Se como professor não mudou a educação, se fez o que fizeram os outros professores, então não tem porque criticar a categoria. E conhecendo a realidade da educação porque não luta pelos professores e por melhores escolas? Simples, porque é mais fácil criticar. E criticar uma categoria do modo como fez no facebook é tanto melhor porque ganhou notoriedade nacional, ficou famoso, sem precisar ser um cientista, médico, filósofo, escritor, etc...

Veja a polêmica do vereador Burro:



O vereador pensa que está acima do bem e do mal para falar o que bem entender, ele usa  seu cargo para se promover e ludibriar seu eleitorado com um discurso falacioso.
Esse senhor, disse que a maioria dos biólogos queria ser oceanógrafo, mas como não conseguiu foi fazer biologia. Disse que os professores são frustrados, que foram rejeitados pelo mercado de trabalho e aí descontam suas frustrações nos educandos. E o Burro, por que não concluiu a graduação? Se ele gosta tanto da escola e dos educandos por que ele não volta para a sala de aula? Por que ele não mostra o método do ensino/aprendizagem já que é tão "sábio"? Professores não gostam de trabalhar diz o vereador. Verdade, nenhum professor gosta de trabalhar, num ambiente sem condições: salas mal-iluminadas, o velho quadro negro, salas superlotadas, cobranças dos superiores imediatos, das SEDUCs, dos pais dos alunos, alunos mal educados e violentos, falta de material adequado entre outras coisas. Eu sou professor e não gosto de trabalhar nessas condições, acontece que sou obrigado a trabalhar nessas condições e ainda sou obrigado a fazer milagres como São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis.

O vereador sim, gosta de trabalhar, e seu trabalho é caluniar e difamar os professores. Gostaria de perguntar para o vereador se a função do legislativo é elaborar leis ou se é, fazer discursos demagógicos para se promover e enganar seu eleitorado. Burro gosta tanto de trabalhar que deixou de ser professor. Ele sabe que professor ganha pouco, ele sabe que não é fácil estar numa sala de aula e mesmo assim, traiu aquela que foi sua categoria. De acordo com sua fala: "O professor é um profissional frustrado que descarrega a frustração nos estudantes. O professor gostaria de ser Engenheiro, não consegue e vai dar aula de Matemática; outro queria ser Advogado, não consegue e vai dar aula de Português; outro queria ser Médico e vai dar aula de Biologia". Seguindo a lógica de seu pensamento, Burro é também um frustrado, e duplamente frustrado, fez letras porque queria ser advogado e o vereador não conseguiu ser nem advogado nem professor.


O discurso demagógico do vereador não para: "Eu vejo que é muito grave a falta de resultado na educação, existem recursos, esses recursos são aplicados, a gente tem uma estrutura e o professor não produz", disse. "Eu não aceito jovens chegando ao sétimo ano sem saber escrever corretamente". Será que ele nunca ouviu falar de uma coisa chamada progressão continuada? Ele fala como se os professores fossem os responsáveis pela implantação da progressão continuada. 


Falei bastante por hoje, e para não cansar o leitor paro o post por aqui para continuar mais adiante.  Para finalizar: Felizmente a maioria do povo não é burra para aceitar resignada as palavras demagógicas do Burro.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A moda agora é Wikileaks





Recebi um documento sujo de um partido ainda mais sujo o PCB.
Esse documento é secreto, feito apenas para circular entre os militontos do PCB. Então, eu vou imitar o Julian Assange criador do Wikileaks que é um site de denúncias e que vaza informações. Só resta saber se eu ficarei tão famoso quanto o "pai" do wikileaks.


Partido Comunista Brasileiro – PCB


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Estamos anexando e segue também no corpo do email a Nota de Esclarecimento do CC sobre os fatos ocorridos em SP.

Pedimos a todos os camaradas do partido queeste documento é reservado a TOD@S @S MILITANTES DO PCB NO ESTADO, portanto não repassar externamente.







COMITÊ CENTRAL







NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE A CRISE POR QUE PASSOU O PCB EM SÃO PAULO



(Comitê Central do PCB)





(reservada aos militantes do PCB)



“Diante desse cenário, acho que a decisão mais acertada é a de provocarmos ainda mais os caras, obrigando-os a tomar uma decisão que alguns não querem: a de nos expulsar. Precisamos fazer com que eles nos expulsem, até para nossa legitimidade junto aos militantes que ainda vacilam e acham que existe espaço de disputa no interior do Partido; a saída é cairmos fora. Não podemos mais esperar... só faz sentido estarmos na reunião do CC, se fosse para sair de lá com a legenda”. (troca de mensagens entre o grupo que rompeu com o PCB em SP; o texto, de março de 2011, publicado ao final desta nota, é de um ex-membro do CC que saiu do Partido encabeçando um manifesto)



Esta nota de esclarecimento, dirigida aos militantes do PCB, se faz necessária em função da manipulação que vem sendo promovida por um pequeno grupo de ex-militantes do Partido em SP, em torno da expulsão do seu líder, o ex-membro do Comitê Central (CC) do PCB, Igor Grabois.



O Partido é uma união voluntária. Suas portas estão abertas, para entrada e saída. Mas o Partido tem regras e uma ética! Não é um Partido de tendências, mas centralizado. O que caracteriza os membros deste grupo como fracionistas é terem saído do Partido pela porta dos fundos, atacando publicamente sua imagem pela internet, tentando envenenar militantes e amigos, numa verdadeira campanha orquestrada contra o PCB. Poderiam ter saído pela porta da frente, despedindo-se com dignidade e franqueza, colocando as divergências no âmbito da política num nível elevado de debate, como já fizeram na história do PCB pessoas e grupos de pessoas. Muitos destes até hoje são amigos do nosso Partido.

Igor ingressou no PCB, no RJ, no final dos anos 80, quando se inicia a ofensiva dos liquidacionistas para acabar com o Partido, que culminou no racha de janeiro de 1992. Após um afastamento da militância e uma positiva autocrítica por não ter participado da luta em defesa do Partido, é readmitido no PCB logo em seguida. Quando jovem, havia militado no PCdoB, de onde foi expulso, segundo ele, por injustas acusações de “atitudes desagregadoras e formação de grupo”.

Com menos de três anos de volta ao PCB, ele já integrava o Comitê Central do Partido e logo a Executiva Nacional (antigo nome da atual CPN). Em 1996, foi candidato a Vice-Prefeito do Rio de Janeiro, em chapa própria do PCB, sendo o coordenador da campanha no Estado. Nunca apresentou qualquer divergência na construção desta linha política, até o XIV Congresso do PCB (outubro de 2009), quando, pela primeira vez em 15 anos, não foi reconduzido à CPN, por uma decisão consensual do CC. Em verdade, as atitudes que o levaram à expulsão não têm nada a ver com divergências. Estas são saudáveis, sobretudo se tratadas com lealdade, nas fronteiras do Partido, e desde que não firam questões de princípio. No PCB, não existe “delito de opinião”.



Os problemas criados pelo ex-camarada até o XIV Congresso nunca foram ligados ao descumprimento da linha do Partido. Até porque concordava integralmente com ela. Todos os vários problemas que criou, de início no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, são ligados à sua irresistível necessidade de formar grupos em torno de si. Comporta-se atavicamente como um predestinado a dirigir a classe operária, talvez por algum sentimento de hereditariedade, como se fosse portador de sangue mais vermelho que os demais comunistas.

Muitos desses fatos não eram do conhecimento da maioria dos militantes do Partido e alguns até de membros do CC, em função da conciliação por parte da CPN, que passou todos esses anos criticando-o internamente, mas sempre passando a mão na cabeça, na esperança de recuperá-lo. Durante sua permanência no Rio de Janeiro, criou um grupo paralelo de jovens, que tinham informações privilegiadas do CC e intervenções políticas articuladas.Em São Paulo, após alguns meses de adaptação, começou a se articular com vistas à formação de um grupo. Tendo conquistado a confiança da direção regional, passou a concentrar importantes tarefas. Precisava parecer insubstituível, o que mais trabalhava, a “vítima” das direções “burocráticas” e dos “intelectuais” que o assoberbavam de trabalho partidário, mas não faziam nada. Quem o ouvisse falar sobre o PCB em São Paulo e no Rio de Janeiro, tinha a impressão de que o Partido só começou a existir em SP depois de sua chegada e que deixara de existir no RJ, com sua partida!



Numa recente carta ao CC, que tornou pública, revela com clareza o seu principal mito, dizendo textualmente:



“Os mais antigos se lembram do que era o PCB em São Paulo, antes do XIII Congresso. Era um grande ausente de toda a política. Havia alguma atuação partidária apenas em Santos. Praticamente tudo que existe foi a partir do XIII Congresso. O partido em São Paulo começou a aparecer, pelo menos para o movimento operário mais combativo, a partir do XIII congresso”.



Ou seja, o PCB só começa a existir em SP quando o predestinado chega a Santos, vindo do RJ. Na verdade, PCB já estava organizado em diversas cidades e dirigia alguns sindicatos importantes. O que fez o PCB passar a ter visibilidade nacional foi o resultado de um processo de mudanças, graças à luta de muitos camaradas e que culmina no XIII Congresso, em 2005, o marco da virada política do Partido.



O grupo do Igor fez do XIV Congresso um marco a partir do qual criaria condições para o “assalto ao poder” no PCB. Jogou tudo para formar uma delegação expressiva de seus adeptos em São Paulo, para “ganhar” a direção do Partido no Estado e talvez o próprio Congresso ou, no mínimo, fazer do CR em SP um bunkerpara “ganhar” o XV Congresso, em 2013. Nos meses anteriores ao Congresso, não compareceu a qualquer das reuniões da CPN, para se dedicar a montar uma delegação do grupo e, ao mesmo tempo, não se comprometer com qualquer decisão da CPN, da qual era membro. Precisava se passar como divergente, até para justificar o veneno que destilava contra a direção do Partido.



Num partido em que não cabem grupos e tendências organizadas, como o nosso, foi escandalosa a atuação no XIV Congresso de parte expressiva dos delegados de SP afinados com seu líder, aliás, basicamente os mesmos que, no mês passado, saíram em grupo do Partido, de forma espalhafatosa e desrespeitosa. Era um partido paralelo agindo num Congresso em que os delegados eram plenos, ou seja, se manifestavam livremente, sem articulação de qualquer natureza. No debate, convenciam e se convenciam. Num partido leninista, um grupo organizado é uma deslealdade. Enquanto o grupo vem organizado, os demais delegados vão apenas com suas convicções, dúvidas e questionamentos.



O grupo já tinha combinado suas convicções antes, em reuniões paralelas. Tinha direção, divisão de tarefas, discurso articulado e se reunia sem disfarce até na calçada do local do evento, entre uma sessão e outra, para fazer balanço e combinar novas ações, sob o comando de Grabois. Orientava seus discípulos a abordarem delegados de outros Estados, tentando jogá-los contra a direção do Partido.



Imediatamente após o encerramento do Congresso, deu-se no mesmo local a primeira reunião do novo CC, onde surgiram graves denúncias ao ex-camarada expulso, na sua presença, pela flagrante organização de grupo. Pela primeira vez nos últimos 15 anos, o mesmo não foi eleito para a Comissão Política Nacional (CPN), em razão de seu comportamento. Após esta reunião do CC o grupo, uma vez desvelado, passa a agir de forma aberta, sem dissimulações. Para quem queria “ganhar” o Congresso, foi amargo o sabor da derrota. O predestinado não podia imaginar uma CPN sem a sua presença; era preciso enfrentá-la.

Na primeira reunião do novo Comitê Regional (CR) de SP pós Congresso, Igor manobra a eleição de uma Comissão Política Regional (CPR) “puro sangue”, composta por militantes, na maioria, ligados ao seu grupo, excluindo os quadros mais importantes e destacados do PCB em SP, desde antes da resistência aos liquidacionistas de 1992. Valeu-se de uma maioria estreita e eventual e de um envenenamento nos bastidores do Congresso.



Mais uma vez, o núcleo dirigente nacional do Partido conciliou, tentando resolver a crise através de gestos de confiança em falsas autocríticas. A CPN lança-o candidato a Governador de São Paulo, dando-lhe grande protagonismo, num gesto conciliador para tentar repactuar a composição da direção do Partido em SP, a fim de restaurar a unidade. Hoje, vemos que foi mais um grave erro.



Lamentavelmente, a campanha a Governador em SP se transformou em mais um instrumento de luta interna, com coordenação exclusiva a cargo dos membros do seu grupo, muitos dos quais bem remunerados. Boicotaram as candidaturas próprias a Presidente e Vice, escondendo-as nos programas eleitorais até o limite em que o Secretariado do CC adotouprovidências. A alegação era “estética”, “poluição visual”. A campanha nacional do PCB praticamente não existiu, na maioria das cidades paulistas sob controle do grupo.



O grupo se aproveitou de mais esta conciliação da direção do Partido e da grande exposição na mídia para alavancar-se em SP, fazendo uma campanha que tinha como objetivo principal não o crescimento do PCB, mas o fortalecimento do grupo. Passadas as eleições – onde tiveram uma votação pífia, abaixo de suas expectativas – os membros do grupo rompem novamente uma “trégua” e voltam a atacar a CPN do CC, acusando-a agora de “trair a linha política do XIV Congresso”, de “conciliar com os reformistas” e de se “aproximar do PT e do PCdoB, com vistas ao apoio ao governo Dilma”. Outra crítica que faziam era à correta relação política que o Partido mantém com o MST e a Consulta Popular, acusados por eles de “reformistas, democrático-populares”.



A partir daí, assumem publicamente uma única divergência e passam a se comportar formalmente como dissidentes. A divergência se limitava a um aspecto da política de alianças, restrito à questão sindical. O XIV Congresso decidiu que o PCB deveria lutar pela recomposição do campo original da Intersindical (PCB, ASS e setores do PSOL), que permanece dividida em duas. Esta decisão obviamente implica em dialogar com os setores do PSOL que não foram para a Conlutas, com vistas à reunificação da Intersindical. Este grupo, desde o XIV Congresso, boicota esta resolução, por ser contra o convívio com sindicalistas ligados ao PSOL na mesma Intersindical, por razões que não tiveram coragem de expor até hoje.



Igor foi, durante quase uma década, o Secretário Sindical Nacional do PCB, época que corresponde a uma perda do espaço político do PCB no âmbito nacional, porque tratava a correta aliança com a ASS de forma equivocada, subalterna, exclusiva, criando obstáculos para o nosso relacionamento com outras forças classistas, engessando nacionalmente o Partido em função de uma aliança concentrada na região de Campinas e que também não levou a resultados orgânicos para o PCB.



Apesar disso, declara numa carta que, fingindo mandar apenas ao CC, espalhou por várias listas de fora do Partido e redes sociais:



“A atuação do partido, ainda que limitada e de pouca repercussão nacional, denunciou a incapacidade do núcleo dirigente do PCB – representado na CPN – de dar respostas às necessidades do movimento operário e de atuação da militância comunista.”

“O crescimento do partido no movimento operário foi o que despertou mais ódio em certos dirigentes. São inúmeros os exemplos de operários que aderiram o partido e foram menosprezados por, simplesmente, não dominarem o jargão pseudomarxista utilizado por dirigentes de gabinete.”

O “crescimento do partido no movimento operário” é produto da sua imaginação, com a chegada de quatro companheiros da área química e que foram tratados como meros sindicalistas, quando poderiam ter se transformado em verdadeiros dirigentes comunistas.

Além destes, o grupo não conta com qualquer operário, a não ser com operários imaginários. O trio que dirige o grupo se auto-intitula “vanguarda operária” sem que nenhum deles, em toda sua vida, tenha batido ponto nem entrado em uma fábrica (ao menos para trabalhar).



O ex-Secretário Sindical negligenciou a atuação sindical do Partido em todo o país, jogando todos seus esforços na formação de uma chapa de oposição num importante sindicato de Campinas, dirigido pelo PSOL, numa visão de conquistar um aparelho, para melhor se posicionar na luta interna que travava no PCB. Apesar de o grupo ter recrutado alguns combativos dirigentes operários (que divergiam do PSOL), estes infelizmente não foram formados para apreender a cultura do PCB e sua linha política, terminando por atuar muito mais como sindicalistas dirigidos pelo grupo, para conquistar um aparelho, do que como membros do partido. Apesar do baluartismo, o grupo não conseguiu sequer reunir o número mínimo para compor a chapa, muito menos a cota de um terço de mulheres previsto no estatuto.



Com o comando da CPR, o grupo começa em SP uma “caça às bruxas”, com dissolução ou abandono de Bases e Comitês Municipais, punições sem processo disciplinar, pressões para militantes abandonarem o Partido e inclusive ameaças físicas. O objetivo assumido era “depurar” o PCB SP dos “intelectuais pequeno-burgueses”.



Em abril de 2010, em Goiânia, no 5º Congresso Nacional da União da Juventude Comunista (UJC), os jovens de São Paulo ligados ao grupo também se comportaram como bancada. Ao invés de privilegiarem a construção da UJC no Estado, conforme decisão congressual, concentravam esforços num movimento chamado “A hora é essa”, sem vínculo orgânico com o Partido.



Diante deste quadro, a CPN, em dezembro de 2010, constatando um processo de desagregação, grupismo, desorganização e paralisação das instâncias partidárias em SP, decide constituir uma comissão composta por todos os membros do CC no Estado (inclusive os dois que já não pertencem mais ao Partido), para buscar unitariamente com o CR a rearticulação das instâncias partidárias, a partir da organização das células, comitês municipais e macro-regiões, e preparar uma Conferência Estadual de Organização. Conforme a decisão, a Comissão não substituía o CR de SP, que continuaria no exercício das suas funções.



Para viabilizar a resolução, a CPN convoca para 14 de fevereiro de 2011 uma reunião entre os membros da Comissão do CC (de SP) e todo o CR de SP, com o objetivo principal de promover um debate franco e aberto sobre a crise por que passava o Partido no Estado. Os dois membros do CC em SP, organizadores do grupo fracionista, fugindo como sempre do debate, boicotam a reunião e tentam inviabilizar o quorum (prática da política burguesa) instando seus membros a também não comparecerem. Além do boicote, não reconhecem a comissão de membros do CC, que os incluía, chamando-a de “intervenção”, fazendo disso um novo “cavalo de batalha”.



Na verdade, com medo de serem desmascarados, fugiram da reunião para não se exporem num debate político que revelaria suas mentiras. Não queriam que seus seguidores conhecessem o contraponto a tudo que lhes diziam. Diante disso, a CPN pediu-lhes formalmente esclarecimentos sobre a ausência na reunião e os convocou para uma nova reunião da CPN com os membros do CC que vivem em SP. Novamente os dois não compareceram, fugindo sorrateiramente do debate, sem qualquer justificativa.

Em mais uma tentativa de resolver o problema, incluiu-se um ponto sobre a questão de SP na reunião do Comitê Central convocada para 18 e 20 de março, visando a um novo esforço de restauração da unidade do Partido no Estado. Dos dois dissidentes, só Igor comparece e apresenta um documento que tornou público. Na verdade, não era uma carta de um membro do CC, mas de um grupo ao CC. Neste texto, Igor - que assina sozinho, apesar de ter repercutido a redação antes com seu grupo - tenta formalizar pela primeira vez suas divergências que, como sempre, não extrapolavam a questão sindical.

Nesta reunião, o outro membro do grupo que era do CC não comparece novamente e manda uma mensagem agressiva e desrespeitosa, tentando forçar sua expulsão do Partido. Precisavam de uma “vítima” do “stalinismo”. Igor comparece, declara que não há grupo em SP, mas apenas divergências, e que não concorda com o teor da mensagem mandada pelo membro do CC ausente. Mais uma vez, a direção do Partido concilia com o ex-camarada. Depois de muitas críticas ao comportamento dele e de novas promessas de reconstrução da unidade partidária em SP, celebra-se um acordo político de “repactuação” do PCB no Estado, que tinha como pré-requisito a composição de uma CPR que expressasse a unidade, decisão aprovada por unanimidade.

Dando curso ao acordo, o CC convoca o Comitê Regional de SP para uma reunião na capital do Estado, com a presença do assistente e de outros membros da CPN para discussão das alegadas divergências políticas e eleição da nova CPR. A Comissão de membros do CC em São Paulo, criada em dezembro, deixara de existir, por conta deste acordo de repactuação. Mesmo tendo desaparecido o único pretexto para alegarem que houve uma intervenção em SP, continuaram a difundir esta versão. A reunião se realiza em 16 de abril, com a presença de três membros da CPN (o assistente de SP e os Secretários Geral e de Organização). Igor comparece e, após um amplo debate político no primeiro ponto da pauta, o assistente apresenta um anteprojeto de resolução para precisar o consenso ali obtido. Colocado em votação, o texto é aprovado nos seguintes termos:



a) “Reafirmamos que não há divergências estratégicas entre o CR de São Paulo e o CC do PCB. Qualquer divergência tática, se houver, deverá ser aprofundada e debatida em nossas instâncias e fóruns próprios e até lá se respeita a direção democraticamente eleita em nosso Congresso e o princípio do centralismo democrático.

b) O PCB desautoriza e condena veementemente qualquer versão paralela, caluniosa e com fins escusos que visa instrumentalizar disputas locais e menores acabando por atacar o Partido”.





No segundo item da pauta, como fazia parte da “repactuação”, a mesa propõe a eleição de uma CPR que sinalizasse a unidade do Partido em SP. Apesar de a presença de Igor na CPR ter sido um dos compromissos assumidos por ele na reunião do CC, de março de 2011, ele pede a palavra abrindo mão de compor a CPR, sem expor qualquer motivo plausível, atitude articulada com seu grupo, para simular sua exclusão, não assumir responsabilidades e boicotar a possibilidade de unidade. No entanto, contra o voto dele, o Pleno do CR, com espírito unitário, decide por ampla maioria que ele compusesse o organismo. Infelizmente, o ex-camarada não compareceu a nenhuma das reuniões da CPR de SP, todas elas voltadas para a reconstrução e repactuação do Partido no Estado.



A evidência de que os dois ex-membros do CC tinham medo do debate político e já haviam decidido romper com o PCB é que não ficaram para o debate com o conjunto do Partido. Uma das principais resoluções desta reunião do CR de SP, de 16 de abril, foi a seguinte:



(por determinação do CC, de 18 de março de 2011), “fica deliberada a convocação da militância para uma plenária ampliada com a finalidade de debater politicamente com a direção de São Paulo e o CC a política do Partido e suas táticas, além de propor ativos ou conferências para discussão da questão sindical e outros aspectos táticos de nossa ação política”.

Em 10 de maio, com medo dos debates na Plenária de Militantes convocada pelo CC e o CR-SP, por absoluta falta de argumentos para criticar o CC e a CPN, em 10 de maio de 2011, praticamente todo o grupo, assumindo portanto sua condição de partido paralelo, rompe publicamente com o Partido, espalhando para diversas listas fora do PCB um documento intitulado “Escolhemos ficar do lado de quem luta”.

A esta altura, a CPN já conhecia a articulação em curso, porque um dos destinatários dos emails do grupo passou ao Secretariado Nacional toda a correspondência trocada na época pelos membros do grupo, em especial por sua troika, que incluía os dois ex-membros do CC e outro que acabou sendo expulso do Partido não por divergência, mas por criticar, em baixo nível, o Partido em redes sociais e intimidar com ameaças e truculência camaradas que pensavam diferente. Igor não assina o documento coletivo de rompimento, apesar de ter organizado o grupo e participado da redação. O plano era sair sozinho, com manifesto próprio, imaginando que o CC não o expulsaria.

O texto de rompimento do grupo revela seu caráter de seita. É a peleja dos que lutam contra os que não lutam. A única divergência real que aparece, novamente, é sobre aspectos da tática sindical. As “denúncias” sobre os “desvios de direita” da CPN são ridículas.



Não conseguem esconder a pressa em sair do PCB para fugir do debate na Conferência (com medo de perderem vários camaradas que envenenaram) e para construir o projeto do grupo, que conheceremos em breve. A pressa e o medo são tão grandes que afirmam em documento que estavam saindo naquele dia para preservar “a força e a integridade política” do grupo. E também, certamente, achando que a classe operária e a revolução não podiam esperar!



O medo do debate e principalmente da revelação da verdade levou a que declarassem que não iam permanecer “no interior do PCB, para fazer a disputa interna”. Não tinham argumentos, não sustentariam uma discussão política com o conjunto do Partido. Suas únicas armas foram a mentira, a cizânia e a manipulação.



A falta de argumentação era tão grande que, ao final do texto de rompimento, como um fecho glorioso, os fracionistas apresentam as principais “provas” do “rebaixamento político” da CPN:



“O último exemplo desse rebaixamento está na publicação de um texto escrito por um obscuro sociólogo argentino na página eletrônica do PCB. O texto, de conteúdo anti-semita, resultou em uma representação na Procuradoria Regional Eleitoral movida pela Confederação Israelita do Brasil contra o Partido. O texto mostra o quanto a direção do PCB, especialmente a CPN, perdeu o rumo da política. Maiores informações acesse: http://netjudaica.blogspot.com/2011/04/conib-oferece-representacao-contra-o.html. Outro exemplo dessa perda do rumo político está na publicação de um texto de Altamiro Borges, dirigente nacional do PCdoB, sugerindo que o governo Dilma estaria em disputa.”



É ridículo associar a publicação de um artigo crítico à política econômica do governo Dilma, extraído do jornal Brasil de Fato - onde o autor tem uma coluna fixa como jornalista – a uma aproximação da CPN com o PCdoB e o governo Dilma! Sem comentários!

Mas o mais grave é o primeiro exemplo dado pelos fracionistas para romper com o PCB. Causou perplexidade o grupo se solidarizar com uma organização sionista, reconhecendo nela o direito de criminalizar o PCB como antissemita. Enquanto centenas de militantes, organizações e intelectuais do Brasil e do exterior se manifestam em solidariedade ao PCB, o grupo se solidariza com o sionismo. Já que não conseguiram liquidar o Partido por dentro, agora se associam a uma tentativa de cassar seu registro. Isto não é mais apenas dissidência, mas traição à história do PCB e a toda sua luta pela transformação revolucionária do Brasil.



No início de abril, a CPN convoca o CC para 23 a 25 de junho, em SP, com uma ampla pauta em que os temas principais eram um balanço da conjuntura e a convocação da Conferência Política Nacional. Não havia na pauta original qualquer questão disciplinar sobre SP. Em 7 de junho, Igor manda ao CC e torna público um documento que intitula “A questão do PCB”. Logo em seguida, chega ao Secretariado o conjunto de emails entre o grupo, com troca de mensagens conspirativas, incluindo boatos, táticas e planos da luta contra a direção do Partido, sob a coordenação de Igor, ainda membro do CC, e com interação com ex-camaradas que não eram do CC e outros que nem eram do PCB.



Como os indícios de formação de grupo se transformaram em provas materiais, a CPN então resolve, em 9 de junho, por delegação que tinha do CC, abrir processo de natureza disciplinar em face do camarada Igor e convocá-lo “a exercer seu direito de defesa na reunião do Comitê Central, que já foi devidamente convocada para os dias 23 a 25 de junho”. Em mensagem a ele e a todo o CC, a CPN envia o conjunto dos emails paralelos para que o então membro se defendesse, acrescentando:



“No caso do camarada Igor, surgiu um fato novo que deverá ser também esclarecido em seu depoimento ao CC. No dia 7 desta semana, o camarada mandou em lista exclusiva do CC, como é de seu direito, um documento de sua autoria denominado “A questão do PCB”. Imediatamente, o Secretariado

Nacional do Partido mandou mensagem a todos os membros do CC pedindo que não repassassem o texto para terceiros e lembrando a reunião do CC marcada para este mês e a Conferência Política Nacional.

No entanto, alguns minutos após a divulgação do documento por parte do Igor ao CC, o texto espalhou-se por várias listas, inclusive a da Intersindical.

O esclarecimento deste fato na reunião do CC, como parte do processo disciplinar, não prejudica o necessário debate sobre o conteúdo político do documento apresentado pelo camarada Igor, ou seja, não está em jogo o seu direito e até dever de expor suas opiniões sobre questões do PCB ao CC.

Propomos assim que na reunião do dia 24 coloquemos a discussão política sobre os termos da carta do camarada antes da discussão de natureza disciplinar”.



Mas o líder do grupo foge do debate no Comitê Central do Partido, de que era membro havia 15 anos. Não comparece à reunião, na cidade em que mora (São Paulo), cujo primeiro ponto de pauta era exatamente para que ele enfim apresentasse ao vivo suas divergências, ouvisse a opinião dos seus antigos camaradas e em seguida esclarecesse a respeito de todos os indícios e provas materiais de que organizara e liderava um partido paralelo em SP.



A ausência a esta reunião além de mostrar sua covardia política, revelou seu desrespeito com o conjunto dos membros do Comitê Central, muitos dos quais vieram à reunião com sacrifício, dos lugares mais longínquos. Estava mais do que claro que Grabois preparava sua saída “voluntária” do Partido para o momento seguinte à reunião, sem que tivesse sofrido qualquer punição que manchasse seu “currículo político”, o que lhe daria melhores condições para alegar que saiu do Partido porque divergia e não que fora expulso mais uma vez de um partido, por desagregação e formação de grupo.



Uma vez comprovada sua ausência à reunião do CC, iniciou-se um debate, em que usaram da palavra praticamente todos os membros do CC. Nenhum camarada defendeu não punição ao ex-membro da direção; muitos criticaram a CPN por sua renitente conciliação, alguns por só estarem naquele momento tomando conhecimento de graves acontecimentos do passado.



No momento da votação, não houve um voto sequer contrário à punição do líder do grupo. Logo em seguida à decisão, resolveu-se elaborar um comunicado simples, nos seguintes termos:



“O Comitê Central do PCB (Partido Comunista Brasileiro), reunido no dia de hoje, em São Paulo, resolveu expulsar dos quadros partidários o militante Igor Grabois Olimpio, pelas seguintes razões:



- formação de grupo e direção paralela no interior do Partido;

- comportamento desagregador e deletério;

- divulgação de falsas informações, deformações e boatos;

- descumprimento de resoluções partidárias, inclusive congressuais;

- vazamento de documentos reservados ao CC interna e externamente ao Partido;

- recusa a comparecer à reunião do CC para prestar esclarecimentos.



O Comitê Central do PCB assegurou ao ex-militante o pleno direito de defesa e de exposição das divergências políticas que supostamente teria com a direção nacional do Partido, conforme afirmado em documento recentemente divulgado para o público externo, mas sua ausência na reunião de hoje comprova a recusa em debater internamente, nas instâncias partidárias devidas, suas alegadas discordâncias políticas.”



É importante assinalar que, contrariamente ao que alardeou pela internet, este grupo só conseguiu convencer a romper com o PCB trinta e poucos ex-militantes paulistas, mais da metade de Campinas, o que revela sua fragilidade no Estado. Não conseguiram criar qualquer dissidência em qualquer outro Estado. Revelando sua expressão municipal, o grupo publicou recentemente um jornal virtual que tem como matéria central a luta contra a corrupção na Prefeitura de Campinas. Na expectativa da substituição do atual prefeito corrupto por um honesto, restaurando enfim a moralidade na cidade, levantam a bandeira ELEIÇÕES JÁ EM CAMPINAS. Aqui aparece uma divergência real com o PCB, que tem declarado que a corrupção é sistêmica no capitalismo e não se resolve com eleições burguesas.



A Plenária dos Militantes do PCB do Estado de SP, realizada recentemente em 9 de julho, por convocação do CC e do CR de SP, foi totalmente exitosa. Após os informes sobre a Conferência Política Nacional que discutirá a tática do partido, iniciou-se o debate sobre os problemas disciplinares ocorridos em São Paulo, com informes e esclarecimentos. Estiveram presentes delegações das bases da capital e da grande maioria das cidades em que o Partido está organizado, inclusive Campinas, onde o Partido já foi reconstruído recentemente. Num debate fraterno, muitos camaradas relataram o assédio e a pressão dos membros do grupo e criticaram o Comitê Central por ter demorado tanto tempo para adotar medidas.



Não podemos deixar de registrar que a ação deste grupo fracionista se dá exatamente no momento em que o PCB recupera a confiança política dos revolucionários, no Brasil e em muitos países, num processo de reconstrução que, iniciado em 1992 – quando conseguimos resistir à tentativa de liquidação do PCB, mantendo o Partido e sua histórica legenda –, consolidou-se, a rigor, há apenas seis anos, a partir do XIII Congresso, em 2005. A multiplicação de mensagens mentirosas e abjetas via internet tem feito a alegria e a festa de anticomunistas, pseudo-esquerdistas e pequenas organizações, que não se conformam com a reconstrução do PCB e tentam pescar nas águas turvas movidas pelos fracionistas. Este episódio exige uma autocrítica do Comitê Central, sobretudo, da Comissão Política Nacional (CPN) do Partido, para além do erro de ter conciliado e dado um tratamento especial a um ex-militante. Mas as razões principais que propiciaram esse fato – e que precisam ser enfrentadas e superadas - são as debilidades do nosso trabalho de formação política e ideológica, o recrutamento superficial, a falta de um instrumento ágil de comunicação interna e deformações no exercício do centralismo democrático que, para se desenvolver como um caminho de mão dupla, necessita de células vivas, em interação permanente com as direções intermediárias e destas com o Comitê Central. Estas debilidades permitiram que vicejassem os intentos golpistas deste pequeno grupo.



Mas o PCB sai unido e revigorado deste episódio, que certamente servirá de lição. A hora é de fortalecer o Partido nas lutas populares e de iniciarmos os debates da Conferência Política Nacional, cujas teses serão conhecidas em agosto.



PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central - julho de 2011



Observação:

Conheçam em seguida parte dos emails em que o grupo conspirava contra o Partido. O conjunto da correspondência encontra-se em poder de todos os membros do CC. Mantivemos apenas os endereços eletrônicos dos três organizadores do grupo, excluindo os demais ex-camaradas manipulados por esses.





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2 de Março de 2011 - 22:26

IGOR INVENTA PARA O GRUPO QUE OS “INTELECTUAIS” ESTÃO CONSPIRANDO A SUBSTITUIÇÃO DO SECRETÁRIO GERAL DO PARTIDO

De: “Igor grabois"

Para: "Walber Monteiro" Cc: "Renato Nucci Junior" nuccijr1@yahoo.com.br e diversos outros endereços.

Estão contrapondo o Mauro ao Ivan. A consulta (*) está lendo assim. Vamos dar um tempo dos e-mails. É muito mole. Um abraço, Igor.

(*) Consulta Popular

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2 de março de 2011 - 23:13

MEMBRO DO GRUPO CONSULTA SE TORNA PÚBLICA A “NOTÍCIA”.

De: Walber Monteiro walbermonteiro@yahoo.com.br, "Renato Nucci Junior" nuccijr1@yahoo.com.br



Para: “Igor grabois" grabois.igor@gmail.com

Mando ou não em lista pública????? Magrão

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2 de Março de 2011 - 23:23

IGOR, QUE SABIA QUE ERA MENTIRA, RESPONDE À CONSULTA:

De: “Igor grabois" grabois.igor@gmail.com

Para: "Walber Monteiro" Cc: "Renato Nucci Junior" nuccijr1@yahoo.com.br e diversos outros endereços.

Não acho necessário. Estamos ganhando apoio nos movimentos sociais. Este e-mail expõe indivíduos. Não podemos nos igualar aos caras. O movimento social já escolheu lado. Um abraço, Igor

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12 de Março de 2011 - 1:08

RENATO (então membro do CC) EXPÕE SUAS RAZÕES PARA NÃO IR À REUNIÃO DO CC CONVOCADA PARA 18 E 19 DE MARÇO:

De: "Renato Nucci Junior"

Para: "Walber Monteiro" , "Igor grabois" grabois.igor@gmail.com

Magrão e Igor,

Por favor, dada a impossibilidade de participar da reunião(*), transmitam aos camaradas minha opiniões.

Não aguento mais olhar para a cara dos membros da CPN e me dá náusea só de pensar), também acho desnecessário e muito ruim irmos à reunião do CC pelas razões que seguem:

Só faz sentido estarmos na reunião do CC, se fosse para sair de lá com a legenda. Do contrário, só prolongaremos por um prazo indefinido a agonia e angústia da militância, que espera uma solução rápida e uma sinalização clara de nossa parte. Quanto mais demorar a solução da nossa situação, mais a militância que confia em nós ficará cansada e tomará o rumo de casa (ou de outras organizações). O problema é que não conseguiremos isso (a legenda). O máximo que podemos conquistar é um acordo menos ruim, um melhor acomodamento de nossas posições, mas nunca a legenda. E teremos de continuar aguentando esses caras.

Na próxima reunião do CC podemos não ser punidos definitivamente com expulsões e suspensões, o que é péssimo. Péssimo, porque nossa agonia se prolongará, com o risco de acharmos que há ainda há espaço para disputa interna, o que levará muitos militantes que formam nossa base de apoio e sustentação a se afastarem diante de nossa vacilação. Péssimo, tb, porque dada a tradição de conciliação existente no Partido, se não formos punidos ficaremos isolados e submetidos completamente a esses caras. Se não formos punidos, o que justificaremos à militância para segurá-la no Partido? Aguardar até o próximo congresso em 2013?

Diante desse cenário, acho que a decisão mais acertada é a de provocarmos ainda mais os caras, obrigando-os a tomar uma decisão que alguns não querem: a de nos expulsar. Precisamos fazer com que eles nos expulsem, até para nossa legitimidade junto aos militantes que ainda vacilam e acham que existe espaço de disputa no interior do Partido; a saída é cairmos fora. Não podemos mais esperar, 18 de março(**) é nosso limite.

Renato

(*) reunião do grupo.

(**) reunião do CC que ia debater as divergências.



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18 de Março de 2011 14:06

IGOR MANDA PARA O GRUPO OPINAR O DOCUMENTO QUE APRESENTARIA AO CC NO DIA SEGUINTE:

De: "Igor grabois"

Para: "Walber Monteiro Magrão" , "Renato Nucci Junior" nuccijr1@yahoo.com.br e diversos outros endereços.



A mensagem contém anexos1 arquivo (56 KB) texto para o CC.doc

O texto foi parido. Opinem. Igor.

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26 de Abril de 2011 - 15:30



IGOR MANDA PARA O GRUPO, ÀS 15:30, RELATÓRIO DA REUNIÃO DA CPN, ENVIADO RESERVADAMENTE AOS MEMBROS DO COMITÊ CENTRAL, ÀS 08:56

De: "Igor grabois" grabois.igor@gmail.com

Para: "Walber Monteiro Magrão" , "Renato Nucci Junior" nuccijr1@yahoo.com.br e diversos outros endereços.

A mensagem contem anexos.

1 arquivo (276 KB) – “Reunião da CPN – Reservado ao CC”

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27 de Abril de 2011 - 01:07

ALGUMAS HORAS DEPOIS, CHAMANDO A CPN DE “PEQUENA BURGUESIA ESCROTA”, UM DOS MEMBROS DA TROIKA MANDA O DOCUMENTO RESERVADO AO CC PARA LIDERANÇAS DE OUTRA ORGANIZAÇÃO, QUE CERTAMENTE NÃO O SOLICITARAM

De: "Walber Monteiro"

Para: "mane melato" <.................org.br>, "Ana Paula Rosa de Simone" <................com.br>

A mensagem contém anexo 1 arquivo (276 KB) Reunião da CPN – reservado ao CC

Para conhecimento e se colocarem na discussão feita pela pq burguesia escrota. Aliados????? Magrão.















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Partido Comunista Brasileiro

Comite Estadual - SP

(11)3106-8461