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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Reflexões ecológicas - O Capitalismo e o meio natural... Para onde nos encaminha o sistema vigente ou a 'desordem' estabelecida...

Já me referi ao discurso dos Aristotélicos sobre o planeta como sistema fechado e recursos necessariamente finitos ou limitados. E também ao genial J S Mill e a doutrina da economia estacionária.

Decerto que o liberalismo econômico partilha do mesmo otimismo presente no positivismo\cientificismo, e que segundo A C Grayling, não passa de resíduo secularizado do Cristianismo. O que por sinal devemos ao iluminista francês Condorcet.

Condorcet porém, ao contrário de Malthus, não parece lá se ter impressionado muito com a finitude do mundo... Dando largas a imaginação e a fantasia. Para ele o progresso seria linear, continuo e infinito. 

Temo portanto que bilhões de pessoas com aspirações ambiciosas ilimitadas não estejam em sintonia com a finitude dos recursos naturais. Pois aspirações sem controle ou regulação, aspirações demasiado amplas e livres, convertem-se bastante fácil em explotação descontrolada.

E enfim, a explotação descontrolada - resultante do excesso de população e da disputa pelo espaço com um meio natural quase sempre incapaz de defender-se, conduziu-nos a beira do abismo ou da sexta extinção em massa, a qual será antrópica ou provocada pelo único animal que ousa fazer alarde de sua racionalidade.

Estamos falando portanto no suicídio da espécie, uma vez que a meta posta pelo capitalismo: O máximo possível de acúmulo, por parte de uma multidão de seres humano, num cenário de livre disputa ou concorrência, é absolutamente irracional, inda que os meios sejam perfeitamente racionais. O fim ou a meta continua sendo clamorosamente irracional num sistema fechado e finito. 

Nada de catastrofista e muito menos de utópico - Pois sucedeu-se já, se bem que em escala menor, na América, entre os Maias, os quais para erguer e decorar suas soberbas pirâmides escalonadas, esgotaram seu entorno > A cal dependia das fogueiras, as quais dependiam das madeiras, as quais dependiam da floresta, assim as plantações... Eliminadas as florestas cessaram as chuvas e, consequentemente a produção de alimentos, advindo a fome, as epidemias, as guerras e o fim desta tão avançada civilização.

Sucede, no entanto que os Maias não tinham a mínima ideia sobre o ciclo da água ou sobre a dinâmica da natureza, sendo portanto incapazes de prever, planejar e evitar. Nós no entanto estamos a par até mesmo da extensão e do peso da terra... Sendo perfeitamente capazes de prever as consequências de nossas ações.

Está nossa realidade posta de modo bastante claro: Um sistema individualista, materialista e irracionalista (Pelo que temos reproduzido aqui dois aspectos do protestantismo: O individualismo e o irracionalismo.) está conduzindo a espécie humana a extinção. 

Ao estimular a multiplicação da espécie que satura já o planeta e a satisfação das ambições desmesuradas de cada representante seu, protestantismo e capitalismo decretam a destruição do mundo natural i é a eliminação da fauna e da flora, das matas, florestas, bosques e daqueles que os povoam. 

A tendência levada a cabo pelo economicismo é cobrir o espaço como um todo i é todo solo do planeta com uma camada artificial composta por cimento e pedra, alumínio e vidro, plástico e borracha. A qual partindo do centro de cada cidade se vai estendendo, até conectar-se no que chamamos de megalópoles ou conurbações. A acelerar-se um tal ritmo em mais alguns milênios não mais restará palmo descoberto de terra em nosso planeta, ficando ele completamente encerrado numa capa fabricada por nós.

A bem da verdade, antes que tal designío seja consumado, teríamos também nós encontrado a morte certa em meio aos resíduos de nossa atividade ou dessa poluição que contamina águas, terra e ar, envenenando e, no devido tempo, matando. Pois como haveremos de respirar um ar empesteado por CO2... beber água misturada com mercúrio... ou pisar uma terra encharcada por nossos próprios dejetos... É de fato uma perspectiva terrível.

Porém os conspiracionistas não se abalam e as aspirações do liberalismo econômico se apresentam irredutíveis e inconciliáveis. 

Cada qual julgue esta dada situação a partir de seus princípios e valores e, eu, tenho os meus muito bem pontuados, oriundos já da Filosofia socrático\aristotélica, já do Evangelho de Cristo (Não dessa 'coisa' chamada bíblia.), já do Cristianismo antigo, histórico, apostólico... e coordenados pela razão, na qual com toda segurança confio.

E meu juízo é um juízo negativo e condenatório.

Não vejo como a crença em que Deus se fez carne ou assumiu nossa condição. De que Deus tenha querido encarnar-se neste mundo natural e material. De que Deus tenha santificado este mísero grão de pó com a intensidade de sua presença e que estejamos a depreda-lo. 

Poderia acrescentar ainda que malbaratar milhões de espécies viva, de animais e vegetais - Enquanto resultados de um processo evolutivo que toca centenas de milhões ou mesmo um bilhão de anos é uma atrocidade. Dada a singularidade, a utilidade e provável beleza de muitos destes seres.

Consiste por um lado em destruir as expressões ou manifestações da mente divina e por outro em extinguir um espaço visitado e santificado por aquele que chamou-as a existência por meio da Evolução. Autêntico sacrilégio.

Tendo em vista que cada ser existente é um projeto da mente divina e que nosso Deus assumiu uma condição material neste mundo é grave dever nosso respeitar essa mãe natureza e respeita-la como se um santuário fosse. Ao invés, de guiados pela cobiça converte-la numa imunda carcaça - Fazendo o papel nojento de vermes pululando sobre ela...

Ademais um ser não merece respeito apenas por ser racional ou livre, ou mesmo inteligente e sim porque o ser racional é capaz de perceber a totalidade das coisas, avaliar as conexões e atribuir-lhe importância segundo a posição que ocupa no conjunto. Posto que tais seres formam uma cadeia ou teia na qual estamos inseridos e a qual pertencemos.

Ainda utilitária ou pragmaticamente, tendo em vista a função voltada para o conjunto, tais seres precisam ser respeitados e nossa continuidade enquanto espécie depende sim dessa atitude ética que é o respeito. Assim aqueles que explotam ao máximo essa mesma natureza, ultrapassando os limites da prudência e visando apenas o lucro sórdido ou o vil metal, prestam um deserviço a espécie e colocam-na em risco.

É uma profanação absurda, decorrente de nossa miséria e insaciedade interior. De fato apenas o Sagrado ou o plano espiritual é capaz de satisfazer plenamente nossas aspirações, de saciar nossa sede, de preencher nosso interior, de completar nosso ser e de conduzir-nos a uma sóbria serenidade ou temperança. Somente a partir de um tal estado de espírito é que nossa consciência assoma as alturas para que foi posta, impondo equilíbrio e moderação em nosso trato com o mundo externo ou com as coisas.

Tentar substituir a fonte do ser enquanto posse do ser jamais deu ou dará certo. Nem poderia a posse de todo este universo limitado substituir a posse do ilimitado e infinito porque aspiramos ou suprir nossa vacuidade interior. O materialismo associado ao ateísmo será sempre incapaz de aliviar nossa inquietude, inquietude que nos dispersa entre os objetos materiais com a ânsia de acumular.

Todo esse burburinho em torno da acumulação ilimitada, ainda que potencializado ou mesmo ativado pela cultura, parte em última análise de nossa condição, de nosso interior ou de nós mesmos e acaba sendo alimentado pelo ateísmo, pelo materialismo, pela negação da espiritualidade, pelo fetichismo, pela ignorância e pela miséria... Tudo isso estimula nosso apetite insaciável pelo mundo e se opõe a vida média.

Deve assim o Cristão, por o dedo no fundo da chaga purulenta e condenar a totalidade deste movimento em cada uma de suas expressões.

Não podemos aceitar, batizar e abençoar um sistema como esse: Que por tirar proveito do ateísmo e da irreligiosidade, promove-os sorrateiramente por meio da mídia - Objetivando, como já foi dito, estimular ainda mais o consumo. Nobre leitor, desculpa a rude franqueza mas é o consumismo irrefletido, num mundo finito, muito mais perigoso do que o comunismo ou que o fantasma do comunismo e, é esse consumismo vulgar e grosseiro, esse desejo pelo supérfluo, esse gosto pelo excedente que está a destruir o planeta.

Não me contentando em declarar com Henry George, que o delírio em torno do consumo, e, em seguida, o excesso é que produz a carência, o desequilíbrio, a desigualdade, a injustiça e a miséria; direi que esse delírio está já a fazer buracos no mundo como vermes fazem furos num queijo.

Então não mais podemos aceitar esse estado de coisas engendrado pelo capitalismo e tributário, em última análise, do individualismo protestante.

Seremos nesse caso comunistas ou bolchevistas, como afirma essa corja de pastores protestantes 'made in EUA'... 

Julgue o leitor sensível e inteligente as nossas palavras: Precisamos transcender o individualismo, precisamos vencer o ateísmo, precisamos questionar o materialismo e seu papel, precisamos refletir sobre o consumismo e a necessidade, precisamos nos reencontrar, precisamos analisar sem preconceitos o nosso passado e as nossas tradições, precisamos cultivar uma ética não especista ou holística em torno do respeito. E avalie se semelhante pauta faz parte da ideologia comunista e quais possam ser suas fontes.

É honesto desafio que faço a cada um de vocês.

Pois sequer estamos nós em tempos de socialismo ou de malthusionismo puro porém de ecologia e ecologismo.