- Resta declarar, quanto ao século XIX, que há muita coisa boa: Maine de Biran, Damiron, Jouffroy, Victor Cousin, Mme De Stael, e muita coisa excelente: F A Trendelemburg, Franz Brentano, R Eucken, Dilthey, Nartorp, Brochard, Windelband, H Rickert, Deat, Zeller, Mauss, Simmel, Weber, L Bloy, Pe Thiago Sinibaldi, o próprio Lênin (Nos domínios da gnoseologia cf "Materialismo e empiro criticismo"),etc a par de muita porcaria, como os já citados Fichte, Schelling, Feuerbach, Stirner, Nietzsche, Mach, Avenarius, Guyau, etc O século seguinte (XX) escolheu e valorizou o que havia de pior e mergulhou de cabeça no irracionalismo, digo, no absurdo nihilista.
Tivemos ainda alguma coisa boa - M Buber, M Scheler, Berdiaeff, Maritain, Sciacca, Mondolfo, Mounier, K Jaspers, G Marcel, Dawson, Butterfield, Voeglin, etc Todavia, de modo geral, predominou a herança irracionalista ou anti metafísica alardeada por Kant e o kantismo conheceu o status de dogma. Após Kant reinaram Marinetti, Gattari, Deleuze, Foulcault, Barthés, Lyotard, Baudrillard, todos herdeiros de F Nietzsche, para o qual há apenas discurso, jamais verdade. E a Filosofia, que a partir dos positivistas tornara-se analítica, converteu-se agora em exercício de hermenêutica ou em Semiótica ou semiologia com Pierce e Saussure. A busca agora é pelo significado, não pela realidade concreta ou pela verdade. Após a fé, razão e percepção foram postas de lado, restando apenas o nada ou o vácuo absoluto. O pós modernismo ou o irracionalismo retirou-nos tudo e não ofereceu coisa alguma em troca, pois ele sequer ousa afirmar-se como verdade, a exemplo de seu irmão gêmeo, o ceticismo.
- Dentre os principais teóricos irracionalistas temos:
Jacobi, Goethe, Fichte, Schelling, Stirner, Nietzsche, Wallas, MacDougall, Bergson, Heiddeger, Sartre... além dos pós modernistas acima citados, os quais em sua maioria são céticos. Os demais tomaram por critério o sentimento, a vontade, o ego, o inconsciente, a intuição, além é claro da fé, critério como vimos já adotado por Montaigne.
- Firmado nos EUA o pós modernismo tratou logo de forjar um vocabulário próprio: Lugar de fala, apropriação cultural, etc invadindo é claro as esferas da História e da Sociologia e arrebatando a esquerda fanfarram ou carnavalesca, especialmente no Brasil, onde até os Comunistas abandonaram o sóbrio realismo gnoseológico de Lênin e aderiram a moda. Claro que os pivôs ou as pontas de lança desta corrente espúria foram os anarquistas, os quais do plano político - Onde tinham alguma razão de ser - passaram ao Filosófico ou gnoseológico, criando - A partir de Fayerabend - o anarquismo epistemológico ou gnoseológico. Segundo esta corrente ideológica ou metafísica todos estavam errados desde Descartes, inclusive Comte, e Marx e sobretudo o velho Aristóteles... Nada de Método experiencial, de Lógica ou de Dialética, pois o conhecimento dispensa quaisquer métodos.
- Ao refugo acima esta ligado o relativismo, seja epistemológico ou cultural, e os pós modernistas fazem grande bulha a respeito disto. Quanto ao primeiro sentido querem dizer que tudo é verdade, pelo que não existe verdade ou erro que se lhe oponha. Se as verdades são todas relativas não pode haver qualquer verdade absoluta... Assim pensam eles. E sendo tudo mera produção subjetiva da consciência nada há de objetivo. Forjamos nossas experiências, como forjamos nossa lógica e produzimos o que chamamos de conhecimento objetivo, projetando-o nos objetos. Tudo no entanto é produto nosso - Da imaginação, da fantasia, do inconsciente, do ego... E vivemos apenas de ilusões ou aparências.
No plano da cultura isto significa que o próprio conceito de progresso ou evolução histórica, social e cultural é falacioso. A contrapartida é simples: Não há cultura melhor ou pior, superior ou inferior, mais ou menos evoluída... Todas são absolutamente iguais, dos Bosquimanos e Ianomamis a Grécia antiga ou a França do século XVII, passando pela Suméria, pela Índia e pela China antigas. Nada é melhor ou mais valioso e se você ousar discordar deles gritarão dizendo que és racista, posto que confundem maliciosamente o conceito de cultura com o de raça ou etnia. No momento seguinte, caso o amigo leitor ouse afirmar que entre a cultura do antigo israel e a cultura assirio/babilônica vai um abismo ou que a cultura clássica produzida na hélade é superior a qualquer coisa produzida na floresta herciniana de então, classificar-lhe-ão como fascista... E por força de rotular seus opositores, os dogmatizadores do pós modernismo vão espalhando o terror aqui e ali. Se você discorda quanto a teoria monstruosa e grotesca do relativismo cultural eles te impõem o ferrete de racista ou fascista... E com que sanha.
- Aos poucos tais aberrações, já dizia R Barthés, vão destruindo um projeto educativo multi secular e impregnando nossa vida cultural, desde o nível superior ao fundamental, posto que penetram o currículo e impõem a versão do igualitarismo cultural absoluto ou do relativismo cultural. No Brasil a moda consiste não em apresentar nossos diversos núcleos de cultura como uma amalgama - muitas vezes sincrética - de elementos indígenas, africanos e europeus, de informar objetivamente sobre as culturas ameríndia e africana. Não nos opomos ao estudo da cultura indígena pré cabralina ou da História africana. É benefício conhecer a pluralidade das culturas justamente para poder julgar livremente seu processo formativo, ao invés de repetir-se automaticamente dogmas pós modernistas... Não somos contra a presença destes estudos e culturas no currículo, mas sim contra a forma - relativista - como tais conteúdos são apresentados. Temos o direito de discordar e de assumir uma perspectiva evolutiva ou progressivista, avaliando as diversas culturas a partir de determinados critérios e julgando que umas são mais avançadas ou melhores do que outras. Importa saber onde surgiram a Filosofia ou a Ciência ou onde foram concebidas e produzidas determinadas regras em torno das artes ou ainda determinada normatividade Ética... Onde o teatro veio a luz ou o direito foi sistematizado... Se tudo isto é irrelevante ou deve ser desconsiderado admito nada ter compreendido em termos de História... O próprio comunismo e mesmo o anarquismo surgiram num contesto histórico e social bem definido, não em outro...
Apesar disto os profetas do pós modernismo amam viver entre nós, em meio a nossa Civilização tóxica (A qual afetam odiar) e mais particularmente ainda amam pontificar nas cátedras da Sorbonna ou de Oxford, receber comendas, medalhas, menções honrosas, 'honoris causa', etc Caso aconselhe-mo-los a trocar o terno ou o paletó por uma tanga e banquetear-se com larvas no meio da floresta, viram a tromba e recebem tal conselho como tipo de insulto. Eles que vivem publicando as glórias das culturas tribais sejam africanas ou ameríndias... Mas viver estas culturas e assumi-las verdadeiramente não querem, e vivem longe da 'praxis'... Limitam-se a forjar um discurso pomposo destinado a agradar a opinião pública. Caso acreditassem no que ensinam teriam abandonado a muito o padrão cultural que tanto criticam e se exilado nos desertos, campos e florestas, distantes das grandes metrópoles... Não é o que se observa ou vê. De minha parte tendo e desconfiar daqueles que não vivem seus próprios ensinamentos...
Como T S Elliot e Eric Voeglin, dentre outros, deploro não apenas o anarquismo epistemológico quanto o relativismo cultural, elementos pertencentes a mesma salada ou sopa pós modernista e indigesta.
- Não temos pensamento atual mas quase que total ausência de pesamento. Por isso estamos em crise e a merce de tantos fundamentalismo religiosos. Ao destruírem nossa confiança na percepção e na razão os pós modernistas desarmaram-nos face aos sectarismos e extremismos religiosos. Abriram um alçapão e os homens caíram no abismo da fé cega. Urge reabilitar imediatamente a razão e a percepção, assim a boa Filosofia, com metafísica e a uma Ciência que não seja cientificista.
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segunda-feira, 2 de março de 2020
Nótulas sobre o pensamento atual
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domingo, 8 de janeiro de 2017
Optando por um padrão de cultura
Em tempos de relativismo cultural falar em padrão de cultura, ao menos mais os mais ignorantes e toscos pode até parecer absurdo.
Demasiado conhecido por nós é o roteiro da superstição relativista - da Religião, a Filosofia e desta a Ética e a Cultura.
No âmbito da cultura o pregação relativista assevera que todas as culturas são iguais ou que possuem o mesmíssimo valor. Tanto a do aborígene australiano quando a Chinesa, tanto a dos halacalufes da terra do fogo quanto a russa, tanto a dos pigmeus africanos quanto a helênica, tanto as mais primitivas quanto a greco romana ou clássica.
Para os relativista trata-se de dogma sagrado e indiscutível e você não pode questionar, do contrário começam a berra: Nazista, nazista, nazista... Sem saber ou fingindo ignorar que os nazistas adotavam um critério étnico, afirmando antes de tudo e acima de tudo a suposta superioridade racial do povo germânico. Os nazistas são racistas, nós culturalistas. Pois a etnia é algo dado pela natureza e que não se pode mudar mas a cultura assimilável.
Assim para os nazistas a única solução viável é oprimir e exterminar as raças que consideram inferiores violando os direitos essenciais da pessoa humana.
Já para nós a solução é educativa e se dá na averiguação das fontes da cultura, na recuperação da parte mais nobre e elevada de nossa identidade, no resgate de um sentido, na reflexão e diálogo sobre os valores, etc
Não se trata de eliminar as culturas que se tem em conta de inferiores ou os aspectos primitivos e retrógrados de uma cultura e menos ainda de negar a quem quer que seja o direito de identificar-se com elas, mas apena e tão somente de demonstrar a desigualdade em termos de valores, de afirmar um ideal de cultura superior e de advertir a sociedade sobre a conveniência de adotar um padrão de cultura superior, voltado para a afirmação da Ética da pessoa.
Portanto já deixamos bem claro que a notação valorativa da cultura esta diretamente relacionada com a Ética ou os princípios e valores da idealidade. Assim teremos em conta de superior a matriz cultural que promova mais intensamente a pessoa humana e sua dignidade.
Não, nós não negamos o fundamento basilar da antropologia segundo o qual tudo quanto o homem produza seja cultura. O que nós questionamos é que toda a produção cultural humana, especialmente em termos de cultura imaterial, seja absolutamente igual.
Claro que esta temática nos leva de chofre ao complicadíssimo problema da cultura ocidental contemporânea e por consequência aos temas do Capitalismo e do Americanismo.
De fato a afirmação cada vez mais pronunciada do Capitalismo - e do processo de desumanização das sociedades ocidentais contemporâneas - e a expansão do americanismo com sua banalização de todos os aspectos da vida tem levado muitos críticos, até mesmo parte dos que pertencem a esquerda rosa ou moderada, a repudiar nossa civilização ou cultura como um todo i é em bloco, e consequentemente a afirmar a superioridade (de par com o relativismo rsrsrsrsrsrs) das culturas mais primitivas como a indígena, pelo simples fato de não serem tão desumanas, devastadoras e cruéis.
Até certa medida a crítica parece-nos justa e digna de ser aplaudida. Inegável que após a apostasia Ética do Ocidente - em termos de essencialidade e humanismo - adoção de um padrão materialista e economicista voltado para as necessidades artificiais e desumanas de um mercado, levaram parte da sociedade ocidental a portar-se pior do que os povos primitivos da Ásia, da África e da América. A negação e morte da Ética no Ocidente, alimentada pela ideologia positivista, acarretou um deficit tão grande neste setor da existência que nos tornamos tão grosseiros e brutais quanto nossos antepassados trogloditas. Assim os primitivos conservaram algum sentido rudimentar de ética enquanto o 'Homo economicus' perderam-na por completo e se tornaram de tal modo insensíveis que colocaram em risco sua própria existência bem como a de todo planeta.
Aplicada a civilização sobreposta que temos, a crítica é válida, bem como a veemência da revolta, pois basta dizer que as necessidades artificiais de consumo impostas pelo sistema estão a acabar com a fauna, a flora e com o próprio ambiente, ou seja, com o ar, a terra e as águas tornando tudo empesteado e insalubre. Se estamos já no antropoceno e a extinção de milhares de espécies de vegetais e animais bem como o envenenamento do ar, das águas e do solo é resultado da ação antrópica, somos os pivôs da catástrofe.
É um sistema suicida e o pior é que há pessoas decididas a mante-lo ou a oculta-lo tanto recorrendo a mentira como negando cinicamente os fatos.
Diante disto como condenar a reação extremista concentrada do outro lado ou do lado vermelho???
Agora o que direi a tantos quantos odeiam este sistema e detestam a esta cultura de morte é que não corresponde as autênticas fontes de nossa civilização.
Efetivamente nem o Capitalismo nem o Americanismo fazem parte efetiva de nossa cultura.
Então o que?
O que temos, ainda agora, é uma sobreposição anômala de culturas distintas e excludentes, assim os elementos - cada vez mais frágeis - de nossa autêntica cultura 'Ocidental', greco romana e Católica (não confundam o termo Católico com romano ou papista, e menos ainda e claro com protestante!), socrática, humanista, personalista, solidarista, justicionista, socialista, trabalhista, essencialista e sobretudo Ética e a estrutura da anti cultura protestante, individualista, capitalista e americanista elaborada a partir do século XVII. São elementos ou estruturas que jamais se fundem ou confundem levando ao conflito, a dissolução, a fragmentação, a perca das forças e a crise!
Evidentemente que nem todos estão plenamente conscientes deste conflito uma vez que não estudam o sentido ou espírito se suas próprias crenças (assim os Católicos alienados) e menos ainda as fontes mais remotas da cultura européia, em termos de princípios, de valores e enfim de Ética.
Não os fundamentos da nossa cultura não se encontram em N York, em Washington e nem mesmo em Londres, Genebra ou Wittemberg mas ao Sul, na Hélade de Sócrates, Platão e Aristóteles, na Jerusalém de Jesus, Tiago e João, na Roma de Paulo, Papiniano, Modestino e Ulpiano e por fim naquela brilhante síntese elaborada por Aquino e em seguida pelos já citados: Vitória, Soto, Bañez, Las Casas, Morus, Erasmo, Campanella, Suarez, Mariana, Bellarmino, Mably, Morelly, Lammenais... Tal o embrião do que deveria ser nossa cultura não fossem os contatos com o islã, a reforma protestante, o capitalismo, o comunismo, o anarco individualismo, o fascismo, o nazismo e todas essas aberrações monstruosas.
Mesmo porque um desvio puxa outro, o homem vai se afastando mais e mais de sua meta ideal e caindo de abismo em abismo.
É o que vem acontecendo conosco a cerca de 500 anos e eu que posso ser até reacionário (por buscar novos valores nas Idades Média e Antiga) mas que de modo algum sou conservador ou solidário para com esta nova estrutura desumana e anti humana enquistada na Civilização européia não perderei meu precioso tempo tentando justificar as cagadas do capitalismo e do americanismo, os quais tenho em conta de lixo ideológico enquanto negação sistemática de nossas raízes voltadas para o SER e não para o TER.
Tudo quando desejo explicitar que considero esta síntese cultural elaborada pelos fins da I Média ou pela nova escolástica espanhola a partir de elementos cristãos católicos, gregos e romanos como padrão de excelência justamente devido aos princípios e valores assumidos por ela.
Assim a política natural (vide artg precedente), a soberania popular, a perspectiva democrática, a afirmação do bem comum, a noção de justiça social, a relação trabalho/valor, o reconhecimento da liberdade pessoal (segundo Fustel de Coulanges ignorado pelos próprios gregos), sacralização da vida e sua dignidade, etc Lamento mas como historiador e educador não posso, sob pretexto de condenar ou combater o capitalismo, negar ou minimizar estes elementos tradicionalmente presentes na Cultura européia pelo simples fato de que o capitalismo consolidou-se repudiando-os!!!
Por isso considero vital o resgate de tais princípios e valores e um retorno crítico as fontes de nossa identidade e cultura, justamente com o objetivo de dar combate ao capitalismo. Claro que você sempre poderá partir de Marx, Lênin, Sorel ou Bakhunin numa perspectiva mais radical e iconoclástica. Mas também pode e eu posso - como Francisco Giner de Los Rios - partir de Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca, Jesus, Basílio, Patrício, Aquino, Francisco de Assis, Vitória, Suarez, Mably, Lammenais, etc e elaborar um crítica não menos contundente. Agora eu tenho uma vantagem porque estou apelando - e buscando resgatar - as fontes tradicionais de nossa cultura, quiçá ainda presentes no imaginário coletivo dos povos...
E embora eu reconheça - especialmente face aos estragos feitos pelo capitalismo - que diversas culturas primitivas possuam elementos éticos dignos de aplauso e apreço, em nenhuma delas deparo com uma síntese tão bem feita como a que se me apresenta na Europa ante protestante e pré capitalista. Por isso que eu a assumo e identifico-me com ela embora não observe os críticos da anti civilização capitalista integrarem-se as sociedades ou culturas que tanto louvam e fazerem-se ianomamis ou jurunas, pigmeus, bosquimanos, halacalufes ou aborígenes como seria de se esperar por força de coerência. Criticam - e a crítica é até certo ponto válida e necessária - nosso modo de vida e valores 'in totum' mas quando ficam doentes não desprezam uma penicilina e quando viajam não recorrem a lombo de burro ou troncos de madeira...
Implica reconhecer que nosso modelo cultural ou civilizacional possui aspectos ou pontos positivos e negativos e que o ponto negativo mais saliente é a ideologia Capitalista. Agora não podemos confundir com o Capitalismo uma Sociedade que é milhares de anos anterior a ele e que por muito tempo subsistiu sem ele. É o quanto basta para demonstrar que o Capitalismo esta presente na Sociedade ou na cultura européia mas que não é a Sociedade e a cultura européia. Sim ele também produziu cultura, uma vez que esta ai há quase meio milênio. Mas não conseguiu eliminar toda cultura precedente, de que ainda há copiosos resíduos na civilização européia.
Sim, em termos de cultura sou eurocêntrico convicto e assumido, não desse eurocentrismo fajuto, fingido e hipócrita que assumiu os valores perversos do americanismo e conciliou-se com a ditadura do Capital. O americanismo corresponde a outros valores e sua matriz é a reforma protestante enquanto modelo radical de ruptura com o passado. O eurocentrismo humanista, fundamentado em nossa herança greco romana bem como no legado do Cristianismo primitivo é por natureza inconciliável com a visão americanista ou capitalista de mundo. Basta dizer que os ideais do mundo helênico giravam em torno do bem, do belo e da verdade enquanto que o ideal yankee jamais ultrapassa o vil metal ou o lucro.
A questão específica da Inglaterra será analisada no próximo artigo.
Demasiado conhecido por nós é o roteiro da superstição relativista - da Religião, a Filosofia e desta a Ética e a Cultura.
No âmbito da cultura o pregação relativista assevera que todas as culturas são iguais ou que possuem o mesmíssimo valor. Tanto a do aborígene australiano quando a Chinesa, tanto a dos halacalufes da terra do fogo quanto a russa, tanto a dos pigmeus africanos quanto a helênica, tanto as mais primitivas quanto a greco romana ou clássica.
Para os relativista trata-se de dogma sagrado e indiscutível e você não pode questionar, do contrário começam a berra: Nazista, nazista, nazista... Sem saber ou fingindo ignorar que os nazistas adotavam um critério étnico, afirmando antes de tudo e acima de tudo a suposta superioridade racial do povo germânico. Os nazistas são racistas, nós culturalistas. Pois a etnia é algo dado pela natureza e que não se pode mudar mas a cultura assimilável.
Assim para os nazistas a única solução viável é oprimir e exterminar as raças que consideram inferiores violando os direitos essenciais da pessoa humana.
Já para nós a solução é educativa e se dá na averiguação das fontes da cultura, na recuperação da parte mais nobre e elevada de nossa identidade, no resgate de um sentido, na reflexão e diálogo sobre os valores, etc
Não se trata de eliminar as culturas que se tem em conta de inferiores ou os aspectos primitivos e retrógrados de uma cultura e menos ainda de negar a quem quer que seja o direito de identificar-se com elas, mas apena e tão somente de demonstrar a desigualdade em termos de valores, de afirmar um ideal de cultura superior e de advertir a sociedade sobre a conveniência de adotar um padrão de cultura superior, voltado para a afirmação da Ética da pessoa.
Portanto já deixamos bem claro que a notação valorativa da cultura esta diretamente relacionada com a Ética ou os princípios e valores da idealidade. Assim teremos em conta de superior a matriz cultural que promova mais intensamente a pessoa humana e sua dignidade.
Não, nós não negamos o fundamento basilar da antropologia segundo o qual tudo quanto o homem produza seja cultura. O que nós questionamos é que toda a produção cultural humana, especialmente em termos de cultura imaterial, seja absolutamente igual.
Claro que esta temática nos leva de chofre ao complicadíssimo problema da cultura ocidental contemporânea e por consequência aos temas do Capitalismo e do Americanismo.
De fato a afirmação cada vez mais pronunciada do Capitalismo - e do processo de desumanização das sociedades ocidentais contemporâneas - e a expansão do americanismo com sua banalização de todos os aspectos da vida tem levado muitos críticos, até mesmo parte dos que pertencem a esquerda rosa ou moderada, a repudiar nossa civilização ou cultura como um todo i é em bloco, e consequentemente a afirmar a superioridade (de par com o relativismo rsrsrsrsrsrs) das culturas mais primitivas como a indígena, pelo simples fato de não serem tão desumanas, devastadoras e cruéis.
Até certa medida a crítica parece-nos justa e digna de ser aplaudida. Inegável que após a apostasia Ética do Ocidente - em termos de essencialidade e humanismo - adoção de um padrão materialista e economicista voltado para as necessidades artificiais e desumanas de um mercado, levaram parte da sociedade ocidental a portar-se pior do que os povos primitivos da Ásia, da África e da América. A negação e morte da Ética no Ocidente, alimentada pela ideologia positivista, acarretou um deficit tão grande neste setor da existência que nos tornamos tão grosseiros e brutais quanto nossos antepassados trogloditas. Assim os primitivos conservaram algum sentido rudimentar de ética enquanto o 'Homo economicus' perderam-na por completo e se tornaram de tal modo insensíveis que colocaram em risco sua própria existência bem como a de todo planeta.
Aplicada a civilização sobreposta que temos, a crítica é válida, bem como a veemência da revolta, pois basta dizer que as necessidades artificiais de consumo impostas pelo sistema estão a acabar com a fauna, a flora e com o próprio ambiente, ou seja, com o ar, a terra e as águas tornando tudo empesteado e insalubre. Se estamos já no antropoceno e a extinção de milhares de espécies de vegetais e animais bem como o envenenamento do ar, das águas e do solo é resultado da ação antrópica, somos os pivôs da catástrofe.
É um sistema suicida e o pior é que há pessoas decididas a mante-lo ou a oculta-lo tanto recorrendo a mentira como negando cinicamente os fatos.
Diante disto como condenar a reação extremista concentrada do outro lado ou do lado vermelho???
Agora o que direi a tantos quantos odeiam este sistema e detestam a esta cultura de morte é que não corresponde as autênticas fontes de nossa civilização.
Efetivamente nem o Capitalismo nem o Americanismo fazem parte efetiva de nossa cultura.
Então o que?
O que temos, ainda agora, é uma sobreposição anômala de culturas distintas e excludentes, assim os elementos - cada vez mais frágeis - de nossa autêntica cultura 'Ocidental', greco romana e Católica (não confundam o termo Católico com romano ou papista, e menos ainda e claro com protestante!), socrática, humanista, personalista, solidarista, justicionista, socialista, trabalhista, essencialista e sobretudo Ética e a estrutura da anti cultura protestante, individualista, capitalista e americanista elaborada a partir do século XVII. São elementos ou estruturas que jamais se fundem ou confundem levando ao conflito, a dissolução, a fragmentação, a perca das forças e a crise!
Evidentemente que nem todos estão plenamente conscientes deste conflito uma vez que não estudam o sentido ou espírito se suas próprias crenças (assim os Católicos alienados) e menos ainda as fontes mais remotas da cultura européia, em termos de princípios, de valores e enfim de Ética.
Não os fundamentos da nossa cultura não se encontram em N York, em Washington e nem mesmo em Londres, Genebra ou Wittemberg mas ao Sul, na Hélade de Sócrates, Platão e Aristóteles, na Jerusalém de Jesus, Tiago e João, na Roma de Paulo, Papiniano, Modestino e Ulpiano e por fim naquela brilhante síntese elaborada por Aquino e em seguida pelos já citados: Vitória, Soto, Bañez, Las Casas, Morus, Erasmo, Campanella, Suarez, Mariana, Bellarmino, Mably, Morelly, Lammenais... Tal o embrião do que deveria ser nossa cultura não fossem os contatos com o islã, a reforma protestante, o capitalismo, o comunismo, o anarco individualismo, o fascismo, o nazismo e todas essas aberrações monstruosas.
Mesmo porque um desvio puxa outro, o homem vai se afastando mais e mais de sua meta ideal e caindo de abismo em abismo.
É o que vem acontecendo conosco a cerca de 500 anos e eu que posso ser até reacionário (por buscar novos valores nas Idades Média e Antiga) mas que de modo algum sou conservador ou solidário para com esta nova estrutura desumana e anti humana enquistada na Civilização européia não perderei meu precioso tempo tentando justificar as cagadas do capitalismo e do americanismo, os quais tenho em conta de lixo ideológico enquanto negação sistemática de nossas raízes voltadas para o SER e não para o TER.
Tudo quando desejo explicitar que considero esta síntese cultural elaborada pelos fins da I Média ou pela nova escolástica espanhola a partir de elementos cristãos católicos, gregos e romanos como padrão de excelência justamente devido aos princípios e valores assumidos por ela.
Assim a política natural (vide artg precedente), a soberania popular, a perspectiva democrática, a afirmação do bem comum, a noção de justiça social, a relação trabalho/valor, o reconhecimento da liberdade pessoal (segundo Fustel de Coulanges ignorado pelos próprios gregos), sacralização da vida e sua dignidade, etc Lamento mas como historiador e educador não posso, sob pretexto de condenar ou combater o capitalismo, negar ou minimizar estes elementos tradicionalmente presentes na Cultura européia pelo simples fato de que o capitalismo consolidou-se repudiando-os!!!
Por isso considero vital o resgate de tais princípios e valores e um retorno crítico as fontes de nossa identidade e cultura, justamente com o objetivo de dar combate ao capitalismo. Claro que você sempre poderá partir de Marx, Lênin, Sorel ou Bakhunin numa perspectiva mais radical e iconoclástica. Mas também pode e eu posso - como Francisco Giner de Los Rios - partir de Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca, Jesus, Basílio, Patrício, Aquino, Francisco de Assis, Vitória, Suarez, Mably, Lammenais, etc e elaborar um crítica não menos contundente. Agora eu tenho uma vantagem porque estou apelando - e buscando resgatar - as fontes tradicionais de nossa cultura, quiçá ainda presentes no imaginário coletivo dos povos...
E embora eu reconheça - especialmente face aos estragos feitos pelo capitalismo - que diversas culturas primitivas possuam elementos éticos dignos de aplauso e apreço, em nenhuma delas deparo com uma síntese tão bem feita como a que se me apresenta na Europa ante protestante e pré capitalista. Por isso que eu a assumo e identifico-me com ela embora não observe os críticos da anti civilização capitalista integrarem-se as sociedades ou culturas que tanto louvam e fazerem-se ianomamis ou jurunas, pigmeus, bosquimanos, halacalufes ou aborígenes como seria de se esperar por força de coerência. Criticam - e a crítica é até certo ponto válida e necessária - nosso modo de vida e valores 'in totum' mas quando ficam doentes não desprezam uma penicilina e quando viajam não recorrem a lombo de burro ou troncos de madeira...
Implica reconhecer que nosso modelo cultural ou civilizacional possui aspectos ou pontos positivos e negativos e que o ponto negativo mais saliente é a ideologia Capitalista. Agora não podemos confundir com o Capitalismo uma Sociedade que é milhares de anos anterior a ele e que por muito tempo subsistiu sem ele. É o quanto basta para demonstrar que o Capitalismo esta presente na Sociedade ou na cultura européia mas que não é a Sociedade e a cultura européia. Sim ele também produziu cultura, uma vez que esta ai há quase meio milênio. Mas não conseguiu eliminar toda cultura precedente, de que ainda há copiosos resíduos na civilização européia.
Sim, em termos de cultura sou eurocêntrico convicto e assumido, não desse eurocentrismo fajuto, fingido e hipócrita que assumiu os valores perversos do americanismo e conciliou-se com a ditadura do Capital. O americanismo corresponde a outros valores e sua matriz é a reforma protestante enquanto modelo radical de ruptura com o passado. O eurocentrismo humanista, fundamentado em nossa herança greco romana bem como no legado do Cristianismo primitivo é por natureza inconciliável com a visão americanista ou capitalista de mundo. Basta dizer que os ideais do mundo helênico giravam em torno do bem, do belo e da verdade enquanto que o ideal yankee jamais ultrapassa o vil metal ou o lucro.
A questão específica da Inglaterra será analisada no próximo artigo.
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quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Cultura européia, cultura norte americana e cultura islâmica I
Uma das páginas mais tristes da História, e, a meu ver a ascensão dos relativismos. RelativismosS porque são muitos: relativismo intelectual, que é a matriz de todos os outros; relativismo moral, relativismo religioso, relativismo político, relativismo cultural, etc
Para os relativistas todas as coisas são absolutamente iguais.
Na prática porém os relativistas costumam valorizar as coisas de que gostam e a menosprezar as que detestam. Neste caso adotam por critério o próprio gosto ou a própria vontade. Limitando-se a descartar qualquer solução em termos racionais que conduzi-se a uma verdade objetiva.
No plano da espiritualidade ou da religião costumam os relativistas a pontificar declarando que todas as religiões são absolutamente iguais não havendo fé melhor ou pior. Alguns dentre eles alegam que todas as religiões são igualmente boas e outros que são igualmente perniciosas. Importa que são quase sempre incapazes de distinguir umas das outras...
E basta que alguém assuma um posicionamento crítico face ao protestantismo ou o islã, alegando corresponderem a formas religiosas bastante primitivas e grosseiras para que o relativista classifique nossos juízos como arbitrários e tendenciosos! Afinal onde já se viu afirmar que uma fé seja superior a outra!!!
E no entanto são estes respeitáveis senhores os primeiros a lançar pedras ao papa romano, a bradar contra a inquisição e a mencionar os casos Copérnico e Galileu, sustentando inclusive a 'pia fraude' segundo a qual foram ambos torturados e mortos 'pelos padres'!!! Não poupando críticas a igreja romana!
Agora vá o pobre papista mencionar o extermínio dos camponeses, a bigamia do Landgrave de Hesse, o assassinato de Servet, as aventuras do Barão des Adrets, a KKK, o apartheid, o apoio dos pastores ao genocídio dos peles vermelhas, etc Ou, no caso do islã, a jihad, a djzia, a murtad... Aqui o relativista tapa seus ouvidos e vos deixa falando sozinhos!!!
O mesmo se dá no plano da cultura.
Antes de tudo recusam-se os relativistas a considerar qualquer diferença significativa entre a cultura Norte Americana e a cultura Européia. Querendo dizer que é tudo a mesma coisa e classificando esta uma e mesma coisa como a 'cultura ocidental'. A qual vinculam genericamente ao modo de produção capitalista, COMO SE NADA HOUVESSE ANTERIORMENTE OU O CAPITALISMO TUDO PRODUZISSE EM TERMOS DE CULTURA OCIDENTAL.
Após terem feito isto declaram pomposamente que todas as culturas possuem o mesmo valor, a dos hotentotes, a dos bosquimanos, a dos inuits, a dos alacalufes a dos diaguitos, a dos árabes, a dos aborígenes, a dos tuaregs e a ocidental. E se negais este dogma sacrossanto imposto por eles, cais sob suspeita de fascismo, termo pelo qual foi substituído o rótulo herético!
Não sou fascista, não aprovo esse sistema estatólatra, não comungo desta cultura de morte. No entanto oponho-mo da mesma maneira ao emprego do rótulo 'fascista' a moda de espantalho intelectual! Não é por ser socialista, trabalhista ou esquerdista que vou ser imbecil ignorar a dinâmica da cultura e a notação cultural.
De fato tudo quanto é produzido pelo ser humano é cultura. Jamais, longe de nós a vã pretensão de nega-lo. No entanto nem por isso a cultura deixa de ter uma notação valorativa. Tanto em termos de ética ou promoção humana quanto em termos de padrão científico. Toda cultura possui seu valor, porém nem todas possuem o mesmo e igual valor.
Umas são mais atrasadas, outras mais desenvolvidas. Umas mais ricas e exuberantes, outras mais pobres. Umas mais humanas outras nem tanto...
Umas mais outras menos preconceituosas. Umas mais outras menos libertárias...
Umas realistas outras imaginativas...
Querer que tudo seja exatamente igual nesta massa heterogênea é forçar a realidade.
Nem se diga que faltam-nos critérios para julga-las objetivamente.
Não, não nos faltam.
Basta dizer que uma civilização humanista supõem a afirmação da dignidade humana.
Noção de justiça.
Contato com a realidade.
Respeito a vida.
Princípios que nada tem de relativo.
Sob pena de termos sido hipócritas ao condenar o nazismo, o fascismo, o comunismo e o capitalismo.
Em nome do que condenamos tais sistemas se todos os princípios e valores são de natureza subjetiva?
Por que sacrificamos Hitler, Mussolini, Stalin e nos opomos a Bush se tudo é relativo?
Afirmar o relativismo e o subjetivismo em termos absolutos é justificar todas as ideologias acima e conceder-lhes foros de cidade!
No entanto podemos condena-las todas em nome de algo: a dignidade humana!
Não os direitos do homem não são frutos de pura e simples convenção. Convenções mudam! Nem podemos dizer que foram criados pela democracia ou que devam ser reconhecidos por ela! Pois estão acima dela! Os direitos humanos não carecem de sansão humana que os valide! São a essência da própria natureza humana! Apenas podem ser ampliados na medida em que conhecemos melhor esta essência!
Agora se todas as culturas são iguais por que a cultura 'Ocidental' é sempre apresentada como bastarda ou inferior pelos apóstolos do relativismo???
Pois a todo momento dou com habitantes de algum centro urbano pontificando sobre a superioridade da cultura indígena, dos povos da floresta, dos povos do deserto... e é todo um empenho titânico em apresentar a cultura do espírito da mandioca como infinitamente superior a que desenvolveu as vacinas, o soro antiofídico, e outros tantos medicamentos responsáveis por salvar as vidas de tantos seres humanos espalhados pelos desertos e florestas deste mundo. Quase todos tomam captopril, glibenclamida, azitromicina... os quais certamente não adquirem nos desertos e nas florestas!
Gostaria que os críticos da sociedade européia fossem pedir medicamentos e terapias aos hotentotes, alacalufes, pataxós, inuits, etc!
Melhor. Por que os defensores da superioridade nativa continuam vivendo conosco nas grande cidades e utilizando-se da rede mundial de computadores???
Por que ainda não se transferiram para os desertos e florestas e adotaram o modo de vida dos povos a que tanto elogiam???
Mas essas pessoas cospem no prato em que comem.
Sustentam a superioridade da cultura primitiva com o celular nas mãos!
Coerência manda abraços! Seus hipócritas!
Tudo é relativo mas nossos relativistas não conseguem se desprender da tecnologia!
De fato cultura alguma é perfeita. Todas tem seus defeitos.
Assim a européia.
A qual também não faltam virtudes. Afinal foi esta cultura que produziu um Homero, um Anaxágoras, um Parmênides, um Sócrates, um Platão, um Aristóteles, um Zeno, um Hipócrates, um Cícero, um Sêneca, um Quintiliano!
E posteriormente: um Erasmo, um Campanella, um Morus, um Copérnico, um Vesalius, um Da Vinci, um Galileu, um Descartes, um Bacon, um Cervantes, um Camões, um Dante, um Shakespeare, um La fontaine, um La Bruyére, um L Eppe, um L Braile, um Dunant, um Thoureau!
Aos quais ajunto por conta: um Damiron, um Jouffroy, um Maine de Biran, um L Bloy, um Lewis Whyndan, um Chirstopher Dawson, um E Mounier, um Ch Maritain, um H Belloc, um R Jolivet, um J Benda, um Henry George, um Rougemont, um Marcel, um Blondel, um Sciacca, um De Ruggiero...
Que haverá de mais expressivo ou refinado em termos de pensamento do que um Freud, um Marx, um Darwin e um Weber???
Então meus queridos algum valor deve ter esta cultura!
Produziu beleza em termos de poesia! Produziu reflexão filosófica profunda! Produziu um ideal de justiça social imorredouro! Produziu um método científico!
Instituições as quais, em certo sentido, nossas personalidades são tributárias!
Digam o que disserem os contrários mas esta galeria de nomes ilustres impede-me de cair na falácia do relativismo cultural.
Temos problemas?
Temos. E um sério problema no plano da economia, a saber: o modo capitalista de produção!
É nosso calcanhar de Aquiles.
Mas nem por isso o corpo de Aquiles deixava de ser invejável por causa do calcanhar.
Uma coisa é o calcanhar e outra o corpo.
Devendo ser analisadas e avaliadas separadamente: a cultura e o sistema econômico de produção ou melhor quais de nossas fontes e raízes culturais permaneceram viva após o advento do capitalismo.
Assim saberemos o que deve ser mantido e o que de fato deve ser rejeitado e qual é a cultura de morte que se espalha pelo mundo!
Para os relativistas todas as coisas são absolutamente iguais.
Na prática porém os relativistas costumam valorizar as coisas de que gostam e a menosprezar as que detestam. Neste caso adotam por critério o próprio gosto ou a própria vontade. Limitando-se a descartar qualquer solução em termos racionais que conduzi-se a uma verdade objetiva.
No plano da espiritualidade ou da religião costumam os relativistas a pontificar declarando que todas as religiões são absolutamente iguais não havendo fé melhor ou pior. Alguns dentre eles alegam que todas as religiões são igualmente boas e outros que são igualmente perniciosas. Importa que são quase sempre incapazes de distinguir umas das outras...
E basta que alguém assuma um posicionamento crítico face ao protestantismo ou o islã, alegando corresponderem a formas religiosas bastante primitivas e grosseiras para que o relativista classifique nossos juízos como arbitrários e tendenciosos! Afinal onde já se viu afirmar que uma fé seja superior a outra!!!
E no entanto são estes respeitáveis senhores os primeiros a lançar pedras ao papa romano, a bradar contra a inquisição e a mencionar os casos Copérnico e Galileu, sustentando inclusive a 'pia fraude' segundo a qual foram ambos torturados e mortos 'pelos padres'!!! Não poupando críticas a igreja romana!
Agora vá o pobre papista mencionar o extermínio dos camponeses, a bigamia do Landgrave de Hesse, o assassinato de Servet, as aventuras do Barão des Adrets, a KKK, o apartheid, o apoio dos pastores ao genocídio dos peles vermelhas, etc Ou, no caso do islã, a jihad, a djzia, a murtad... Aqui o relativista tapa seus ouvidos e vos deixa falando sozinhos!!!
O mesmo se dá no plano da cultura.
Antes de tudo recusam-se os relativistas a considerar qualquer diferença significativa entre a cultura Norte Americana e a cultura Européia. Querendo dizer que é tudo a mesma coisa e classificando esta uma e mesma coisa como a 'cultura ocidental'. A qual vinculam genericamente ao modo de produção capitalista, COMO SE NADA HOUVESSE ANTERIORMENTE OU O CAPITALISMO TUDO PRODUZISSE EM TERMOS DE CULTURA OCIDENTAL.
Após terem feito isto declaram pomposamente que todas as culturas possuem o mesmo valor, a dos hotentotes, a dos bosquimanos, a dos inuits, a dos alacalufes a dos diaguitos, a dos árabes, a dos aborígenes, a dos tuaregs e a ocidental. E se negais este dogma sacrossanto imposto por eles, cais sob suspeita de fascismo, termo pelo qual foi substituído o rótulo herético!
Não sou fascista, não aprovo esse sistema estatólatra, não comungo desta cultura de morte. No entanto oponho-mo da mesma maneira ao emprego do rótulo 'fascista' a moda de espantalho intelectual! Não é por ser socialista, trabalhista ou esquerdista que vou ser imbecil ignorar a dinâmica da cultura e a notação cultural.
De fato tudo quanto é produzido pelo ser humano é cultura. Jamais, longe de nós a vã pretensão de nega-lo. No entanto nem por isso a cultura deixa de ter uma notação valorativa. Tanto em termos de ética ou promoção humana quanto em termos de padrão científico. Toda cultura possui seu valor, porém nem todas possuem o mesmo e igual valor.
Umas são mais atrasadas, outras mais desenvolvidas. Umas mais ricas e exuberantes, outras mais pobres. Umas mais humanas outras nem tanto...
Umas mais outras menos preconceituosas. Umas mais outras menos libertárias...
Umas realistas outras imaginativas...
Querer que tudo seja exatamente igual nesta massa heterogênea é forçar a realidade.
Nem se diga que faltam-nos critérios para julga-las objetivamente.
Não, não nos faltam.
Basta dizer que uma civilização humanista supõem a afirmação da dignidade humana.
Noção de justiça.
Contato com a realidade.
Respeito a vida.
Princípios que nada tem de relativo.
Sob pena de termos sido hipócritas ao condenar o nazismo, o fascismo, o comunismo e o capitalismo.
Em nome do que condenamos tais sistemas se todos os princípios e valores são de natureza subjetiva?
Por que sacrificamos Hitler, Mussolini, Stalin e nos opomos a Bush se tudo é relativo?
Afirmar o relativismo e o subjetivismo em termos absolutos é justificar todas as ideologias acima e conceder-lhes foros de cidade!
No entanto podemos condena-las todas em nome de algo: a dignidade humana!
Não os direitos do homem não são frutos de pura e simples convenção. Convenções mudam! Nem podemos dizer que foram criados pela democracia ou que devam ser reconhecidos por ela! Pois estão acima dela! Os direitos humanos não carecem de sansão humana que os valide! São a essência da própria natureza humana! Apenas podem ser ampliados na medida em que conhecemos melhor esta essência!
Agora se todas as culturas são iguais por que a cultura 'Ocidental' é sempre apresentada como bastarda ou inferior pelos apóstolos do relativismo???
Pois a todo momento dou com habitantes de algum centro urbano pontificando sobre a superioridade da cultura indígena, dos povos da floresta, dos povos do deserto... e é todo um empenho titânico em apresentar a cultura do espírito da mandioca como infinitamente superior a que desenvolveu as vacinas, o soro antiofídico, e outros tantos medicamentos responsáveis por salvar as vidas de tantos seres humanos espalhados pelos desertos e florestas deste mundo. Quase todos tomam captopril, glibenclamida, azitromicina... os quais certamente não adquirem nos desertos e nas florestas!
Gostaria que os críticos da sociedade européia fossem pedir medicamentos e terapias aos hotentotes, alacalufes, pataxós, inuits, etc!
Melhor. Por que os defensores da superioridade nativa continuam vivendo conosco nas grande cidades e utilizando-se da rede mundial de computadores???
Por que ainda não se transferiram para os desertos e florestas e adotaram o modo de vida dos povos a que tanto elogiam???
Mas essas pessoas cospem no prato em que comem.
Sustentam a superioridade da cultura primitiva com o celular nas mãos!
Coerência manda abraços! Seus hipócritas!
Tudo é relativo mas nossos relativistas não conseguem se desprender da tecnologia!
De fato cultura alguma é perfeita. Todas tem seus defeitos.
Assim a européia.
A qual também não faltam virtudes. Afinal foi esta cultura que produziu um Homero, um Anaxágoras, um Parmênides, um Sócrates, um Platão, um Aristóteles, um Zeno, um Hipócrates, um Cícero, um Sêneca, um Quintiliano!
E posteriormente: um Erasmo, um Campanella, um Morus, um Copérnico, um Vesalius, um Da Vinci, um Galileu, um Descartes, um Bacon, um Cervantes, um Camões, um Dante, um Shakespeare, um La fontaine, um La Bruyére, um L Eppe, um L Braile, um Dunant, um Thoureau!
Aos quais ajunto por conta: um Damiron, um Jouffroy, um Maine de Biran, um L Bloy, um Lewis Whyndan, um Chirstopher Dawson, um E Mounier, um Ch Maritain, um H Belloc, um R Jolivet, um J Benda, um Henry George, um Rougemont, um Marcel, um Blondel, um Sciacca, um De Ruggiero...
Que haverá de mais expressivo ou refinado em termos de pensamento do que um Freud, um Marx, um Darwin e um Weber???
Então meus queridos algum valor deve ter esta cultura!
Produziu beleza em termos de poesia! Produziu reflexão filosófica profunda! Produziu um ideal de justiça social imorredouro! Produziu um método científico!
Instituições as quais, em certo sentido, nossas personalidades são tributárias!
Digam o que disserem os contrários mas esta galeria de nomes ilustres impede-me de cair na falácia do relativismo cultural.
Temos problemas?
Temos. E um sério problema no plano da economia, a saber: o modo capitalista de produção!
É nosso calcanhar de Aquiles.
Mas nem por isso o corpo de Aquiles deixava de ser invejável por causa do calcanhar.
Uma coisa é o calcanhar e outra o corpo.
Devendo ser analisadas e avaliadas separadamente: a cultura e o sistema econômico de produção ou melhor quais de nossas fontes e raízes culturais permaneceram viva após o advento do capitalismo.
Assim saberemos o que deve ser mantido e o que de fato deve ser rejeitado e qual é a cultura de morte que se espalha pelo mundo!
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