segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tocando piano com os pés

Apoio Mútuo (continuação)

Se o leitor não leu as duas primeiras postagens que são esta e esta, leia antes os dois textos antecedentes, caso contrário ficará mais perdido do que filho da puta no dia dos pais.
Sem mais delongas retornemos ao pensamento de Kropotkin, agora ele aborda o comportamento dos mamíferos:

A associação e a ajuda mútua são a regra entre os mamíferos. Constatamos hábitos sociais mesmo entre os carnívoros, e só temos os felinos (leões, tigres, leopardos etc.) para citar como exemplos de uma divisão cujos membros preferem claramente o isolamento à vida em sociedade e só muito de vez em quando podem ser encontrados em pequenos grupos. Mas, mesmo entre leões, “a caça em conjunto é uma prática muito comum”. As civetas ou gatos-dealgália (Viverridae) e as doninhas (Mustelidae) também podem ser caracterizadas por sua vida isolada, mas é verdade que, durante o último século [19], a doninha comum era mais sociável, uma vez que, nessa época, podia ser vista em grandes grupos na Escócia e no cantão suíço de Unterwalden. Quanto à grande tribo dos caninos, ela é eminentemente sociável, e a associação para a caça pode ser considerada uma característica distintiva de suas numerosas espécies. É bem sabido que os lobos se juntam em alcateias para caçar. Tschudi legou-nos ótima descrição de como eles se dispõem em semicírculo ao redor de uma vaca que está pastando numa vertente de montanha e, surgindo de súbito com latidos altos, fazem com que ela role no abismo. Nos anos 1830, Audubon também viu lobos do Labrador caçando em alcateias. Uma delas seguiu um homem até sua cabana e matou seus cães. Durante invernos severos, as alcateias crescem tanto em número que se tornam um perigo para os assentamentos humanos, como foi o caso na França há cerca de quarenta ou cinquenta anos. Nas estepes russas, os lobos só atacam cavalos em alcateias e, mesmo assim, têm de travar uma luta encarniçada, durante a qual os cavalos (como testemunhou Kohl) às vezes assumem táticas ofensivas e, nesses casos, se não recuam imediatamente, esses inimigos correm o risco de serem cercados e mortos a coices. Os coiotes ou lobos-das-pradarias (Canis latrans) são  conhecidos por reunirem de vinte a trinta indivíduos ao caçar um búfalo ocasionalmente separado de sua manada.

Sinceramente não creio que Darwin estava totalmente errado no que afirmou acerca da seleção natural, mas Kropotkin convenceu-me de que Darwin e Wallace exageraram a importância da seleção natural, evidentemente porque estavam imbuídos da ideologia da sociedade burguesa vitoriana. E afirmo isso com todas as letras uma vez que não existe neutralidade científica. Com isso não quero dizer que a ciência está errada, mas apenas que não se pode fazer da ciência uma nova religião, como Dawkins que se vale da mesma para dizer que Deus não existe.

Kropotkin escreve:

Até os pequenos saguis, cujo doce rosto infantil tanto impressionou Humboldt, abraçam-se e protegem uns aos outros quando chove, enrolando a cauda no pescoço de seus companheiros que tiritam. Várias espécies demonstram a maior solicitude por seus feridos e não abandonam um camarada nessas condições durante uma retirada até se assegurarem de que ele está morto, ou de que são incapazes de fazê-lo voltar à vida. Em suas Oriental Memoirs, James Forbes narra um caso semelhante, em que um bando de macacos reclama a um grupo de caça o cadáver de uma de suas fêmeas com tal insistência que se pode compreender plenamente por que “as testemunhas dessa cena extraordinária resolveram nunca mais atirar em qualquer representante da classe dos macacos”.

Kropotkin nunca disse estar Darwin errado, mas que este exagerou ao falar da seleção natural e não observou outros aspectos da natureza que sobrepujam a seleção natural, no caso o apoio mútuo. O filósofo e geógrafo russo estudou muito e ele mesmo viajou à Manchúria e outros lugares para observar in loco a vida animal.

Sobre Darwin observa Kropotikin:

A ideia que permeia a obra de Darwin é certamente a de competição real por alimento, segurança e possibilidade de deixar prole no interior de cada grupo animal. Ele fala frequentemente de regiões povoadas com vida animal até sua capacidade máxima e, dessa superpopulação, ele infere a necessidade de competição. Mas, quando buscamos em sua obra provas reais dessa competição, devemos confessar que não as consideramos convincentes. No tópico intitulado “A luta pela vida é mais acirrada entre indivíduos e variedades da mesma espécie”, não encontramos nada da riqueza de provas e ilustrações a que estamos acostumados em qualquer dos escritos de Darwin. Sob esse título não há um único exemplo da luta entre indivíduos da mesma espécie; ela é tomada como ponto pacífico. E, para a competição entre espécies animais intimamente aparentadas, ele dá apenas cinco exemplos, dos quais pelo menos um (relacionado a duas espécies de tordos), é comprovadamente duvidoso.

E citando a Wallace continua Kropotkin:

Quanto a Wallace, que cita os mesmos fatos sob um título ligeiramente diferente – “A luta pela vida entre animais e plantas estreitamente aparentados é frequentemente a mais acirrada” –, ele faz a seguinte observação (os itálicos são meus), que fornece uma visão bastante diferente dos fatos citados acima: Em alguns casos, sem dúvida, há uma guerra efetiva entre os dois, com o mais forte matando o mais fraco; mas isso não é, de modo algum, necessário e pode  haver casos em que a espécie fisicamente mais fraca prevaleça por seu poder de se multiplicar mais rapidamente, por sua maior resistência às vicissitudes do clima ou por sua maior astúcia para fugir dos ataques de inimigos comuns.

É interessante notar que Wallace citado pelo autor russo, diz nas entrelinhas que não é regra a sobrevivência dos mais fortes e nem sempre os mais fortes são os mais aptos e aqui os darwinistas sociais ficam sem saída.

O ilustre geógrafo demonstra mais uma vez que não existe, ao menos em proporções gigantescas alardeadas pelos darwinistas, essa "luta pela vida" dentro da própria espécie.

Nesses casos, o que é descrito como competição pode não ser isso de forma alguma. Uma espécie sucumbe não por ser exterminada ou levada pela outra espécie à morte pela fome, e sim por não se adaptar bem às novas condições, como a outra. O termo “luta pela vida” é novamente usado em seu sentido metafórico, e pode não haver outro. Quanto à real competição entre indivíduos da mesma espécie, exemplificada pelo gado da América do Sul durante um período de seca, sua validade é prejudicada pelo fato de ocorrer entre animais domesticados. Os bisões emigram em circunstâncias semelhantes, a fim de evitar a competição. Por mais intensa que seja a luta entre plantas – e isso está amplamente comprovado –, podemos apenas repetir a observação de Wallace de que “as plantas vivem onde podem”, enquanto os animais têm, em grande medida, a possibilidade de escolher onde viver. De modo que perguntamos de novo: “Até que ponto existe realmente competição dentro de cada espécie animal? Em que se baseia essa premissa?”

Continua a escrever Kropotkin:

Os esquilos, por exemplo, quando há escassez de pinhões nas florestas de lariço, deslocam-se para as florestas de pinheiros, e isso implica certos efeitos fisiológicos bem conhecidos sobre eles. Se essa alteração de hábitos não perdurar, porque no ano seguinte os pinhões voltaram a ser abundantes nas sombrias florestas de lariço, evidentemente nenhuma nova variedade desses animais surgirá. Mas, se parte da ampla área ocupada por eles começar a ter seus caracteres físicos alterados – devido, por exemplo, a um clima mais ameno ou a uma seca, que façam aumentar a área das florestas de pinheiros em relação à das florestas de lariços – e se algumas outras condições concorrerem para induzir os esquilos a habitar os limites da região em seca, teremos então uma nova variedade, isto é, uma nova espécie incipiente de esquilos, sem que tenha havido entre eles nada que merecesse ser considerado extermínio. Uma proporção maior e mais bem adaptada da espécie nova sobreviveria a cada ano e os elos intermediários morreriam ao longo do tempo, sem que tivessem sido levados a isso pela fome causada por competidores malthusianos.

Creio que Kropotkin demonstrou muito bem que a evolução se sai melhor com a cooperação do que pela "luta cruel pela existência". Da mesma forma o proletariado só conseguirá sobreviver se se unirem contra seus exploradores. O darwinismo social é uma mentira grosseira que tem por fim justificar a miséria de milhões  e a riqueza de uma pequena casta privilegiada. Essa ideologia quer inculcar na cabeça dos trabalhadores que se eles forem econômicos chegarão a ser o que são seus patrões hoje.

Caso o amigo leitor tenha gostado de minhas postagens recomendo que leia o e-book Ajuda Mútua. Porque o que fiz foi um resumão e só peguei citações que falavam do mundo animal, mas nesse mesmo livro Kropotkin abordou o apoio mútuo entre os "selvagens e bárbaros" e se não me engano sobre a cooperação na Idade Média.

Sem mais, só posso agradecer a paciência  e a compreensão do leitor.

Ajuda Mútua

Como avisei ao leitor, dividi o meu artigo em partes para que não me estendesse demais numa única postagem. Pois sei como é chato ficar lendo textos enormes numa tela de computador. Mas nem sempre o blogueiro que lhe fala consegue ser suscinto, isso não por culpa do mesmo, mas devido ao assunto abordado. Mas retomemos o fio da meada. Ainda falando sobre as formigas Kropotkin escreve:

Mesmo que não conhecêssemos quaisquer outros fatos da vida animal além dos relacionados às formigas e às térmites, já poderíamos concluir com segurança que a ajuda mútua (que leva à confiança mútua, a primeira condição da coragem) e a iniciativa individual (a primeira condição do progresso intelectual) são dois fatores infinitamente mais importantes para a evolução do reino animal do que a luta de todos contra todos. Na verdade, a formiga prospera sem ter quaisquer das características “protetoras” indispensáveis aos animais que vivem isoladamente. Sua cor a torna visível aos inimigos e os imponentes ninhos de muitas espécies chamam a atenção entre os arbustos e no meio das florestas. Ela não é protegida por uma carapaça dura e seu aparato de ataque, a ferroada, embora perigosa quando dada às centenas na pele de um animal, não tem grande valor para a defesa individual; além disso, seus os ovos e larvas são iguarias para grande número de habitantes das florestas. Apesar disso, considerando-se seu grande número, as formigas não são muito destruídas pelos pássaros, nem mesmo pelos seus predadores, e são temidas por insetos mais fortes. Quando esvaziou uma sacola cheia de formigas num arbusto, Forel viu que “os grilos fugiram, deixando suas tocas. Pág 27

Como bem demonstrou Kropotkin  nas linhas acima as formigas não tem nenhuma proteção natural "concedidas" aos animais solitários, além disso elas são bem visíveis devido sua cor. Então o que torna as formigas fortes é a sua união, o trabalho em grupo, a camaradagem, "virtudes" essas que lhe foram essenciais para que chegassem até o presente dia.

Agora o sábio russo passa às aves:

Mas uma das observações mais conclusivas a esse respeito foi a de Sieverstsov ao estudar a fauna das estepes russas. Certa vez, quando observava uma águia-de-cauda-branca (albicilla) – uma espécie totalmente gregária – depois de meia hora no ar, desenhando grandes círculos em silêncio, ele de repente ouviu seu grito agudo. Outra águia respondeu e se aproximou, seguida por uma terceira, uma quarta e assim por diante, até que nove ou dez se juntaram e logo se dispersaram. À tarde, Sievertsov voltou ao mesmo lugar e, escondido em meio às ondulações da estepe, aproximou-se e descobriu que elas tinham se reunido em torno do cadáver de um cavalo. Como é de regra, as mais velhas, que já haviam comido refeição, estavam pousadas nos montes de feno das proximidades e vigiavam, enquanto as mais novas continuavam o repasto, rodeadas por um bando de corvos. A partir dessa observação e de outras semelhantes, Sievertsov concluiu que as águias-de-cauda-branca combinam a caça: quando todas chegam a uma grande altitude, e se estiverem em dez, têm condições de examinar uma área de pelo menos 40 quilômetros quadrados; assim que uma descobre algo, as outras são avisadas. É claro que é questionável dizer que, com um simples grito instintivo, ou mesmo com seus movimentos, uma águia é capaz de dar esse aviso; mas, nesse caso, houve prova indiscutível de aviso mútuo, já que as dez se juntaram antes de descer até a presa; e, posteriormente, Sievertsov teve oportunidades de observar que essa espécie sempre se juntava para devorar um cadáver e que alguns membros do grupo (primeiro os mais jovens) sempre vigiam enquanto os outros comem. A águia-de-cauda-branca – caçadora excelente e ousada – é, na verdade, um pássaro totalmente gregário e, segundo Brehm, quando mantida em cativeiro, logo estabelece um vínculo com seus tratadores. pág 31

Parece que os darwinistas sociais não encontram sustento para suas elucubrações em meio à natureza. Como poderão então defender o neoliberalismo? Pois defendem com base na "crueldade da natureza" que é "uma lei". Não compensaria as águias o ser egoístas? Não. Porque hoje acham um cadáver para se alimentar, da próxima vez talvez não achem, daí é melhor se associar, quem achar divide entre os parceiros.

Ainda demonstrando a ajuda mútua entre os pássaros escreve o grande geógrafo:

Mas certamente as associações de pesca dos pelicanos merecem atenção, tendo em vista a ordem e a inteligência extraordinárias desses pássaros desajeitados. Eles sempre pescam em bandos numerosos e, depois de escolherem uma baía apropriada, formam um amplo semicírculo virado para a praia, em direção da qual vão mergulhando e pegando todos os peixes da área abrangida pelo semicírculo. Em rios estreitos e canais, chegam a se dividir em dois semicírculos, voando em direção um do outro, exatamente como dois grupos de homens avançam arrastando duas redes longas para, ao se encontrarem, capturarem todos os peixes presos entre as duas redes. Quando a noite chega, eles voam para seu local de descanso – sempre o mesmo para cada bando – e ninguém jamais os viu lutando pela posse de um local, seja a baía ou o lugar de repouso. Na América do Sul, eles se juntam em bandos de quarenta a cinquenta, parte dos quais dorme enquanto alguns vigiam e outros ainda vão pescar. Págs 32 e 33

E sobre os pardais escreve:

E, por fim, eu estaria cometendo uma injustiça para com os muito caluniados pardais domésticos se não mencionasse a generosidade com que cada um divide a comida que encontra com todos os membros da sociedade à qual pertence. O fato era conhecido dos gregos e foi transmitido à posteridade quando um orador certa vez exclamou algo mais ou menos assim: “Enquanto eu estava conversando com você, um pardal veio dizer a outros que um escravo deixou cair um saco de milho no chão, e então todos eles foram para o local comer os grãos”. Além disso, é animador encontrar uma observação antiga confirmada num livrinho recente de Gurney, segundo o qual não há dúvida de que os pardais domésticos sempre informam os outros de onde há alguma comida para roubar: “Quando o grão foi debulhado, nunca muito longe do quintal, os pardais logo ficam de papo cheio”. É verdade que esses pássaros são extremamente ciosos quando se trata de manter seus domínios livres da invasão de estranhos; no Jardim de Luxemburgo, eles lutam cruelmente contra todos outros pardais que tentam desfrutar do local e de seus visitantes; mas, dentro de suas próprias comunidades, praticam a ajuda mútua o tempo todo, mesmo que, de vez em quando, haja desavenças até mesmo entre os melhores amigos.

Herbert Spencer morreu em 1903 e o livro Ajuda Mútua, Um Fator de Evolução foi publicado pela 1ª vez em 1902, eu não sei se o pretenso filósofo teve o ensejo de ler a obra em que Kropotkin demonstra que sua "filosofia" está alicerçada em ilusões.

Ainda acerca das aves fala-nos Kropotkin:

Por várias centenas de metros praia adentro, vêem-se gaivotas e andorinhas-domar voando e enchendo os olhos como flocos de neve num dia de inverno. Milhares tarambolas e cortiçóis (galinhas-anãs) correm pela praia em busca de comida, cantando e simplesmente fruindo a vida. Mais além, em quase toda onda, há um pato se embalando, enquanto no alto do céu voam bandos de patos de Casarki. Vida exuberante fervilha por todo lado. E lá estão os ladrões – os mais fortes e astuciosos, aqueles com ”uma organização perfeita para o roubo”. Irados e ameaçadores, fazem ouvir seus gritos famintos, enquanto esperam, por horas a fio, uma oportunidade para arrancar uma criatura desprotegida dessa massa de seres vivos. No entanto, logo que um deles se aproxima, sua presença é denunciada por dezenas de sentinelas voluntárias, e centenas de gaivotas e andorinhas-do-mar se põem a caçá-lo. Enlouquecido pela fome, ele logo abandona suas precauções costumeiras e subitamente se arroja contra a presa desejada. Atacado por todos os lados, é obrigado a recuar mais uma vez. Por puro desespero, ele ataca novamente os patos selvagens que, inteligentes e sociáveis, organizamse rapidamente em bando e, se o inimigo é um pigargo [espécie de águia marinha], fogem voando; se é um falcão, mergulham no lago; caso seja um milhafre, levantam uma nuvem de bolhas de água e desnorteiam o assaltante. E, enquanto a vida continua fervilhando no lago, o ladrão foge voando e gritando de raiva, à procura de carniça ou de um pássaro jovem ou de um rato do campo ainda não acostumados a obedecer a tempo os avisos de seus companheiros. Diante de toda aquela exuberância, o ladrão bem armado é obrigado a se contentar com as partes desprezadas dessa vida fervilhante.

Até aqui nada a favor das mirabolantes filosofias dos darwinistas sociais que fazem mal uso de Darwin para promover suas absurdas iseias, o que vem a provar que não conhecem nem a teorioa da Evolução nem a filosofia, mas apenas o seu egoísmo estampado em suas ideologias baratas! Poucos pesquisadores nos mostram a solidariedade e amizade entre os animais, o que vemos pelos documentários é "a luta pela vida" e a sobrevivência dos mais fortes" justamente para inculcar na cabeça das pessoas que o capitalismo é um sistema natural, ou seja derivado da natureza, e quem luta contra esse sistema luta contra a própria natureza. Mas o pensador russo desmente os individualistas:

E quão falsa é, portanto, a visão daqueles que falam do mundo animal resumindo-o a leões e hienas rasgando, com os dentes ensanguentados, a carne de suas presas! A partir dessa visão, pode-se também imaginar que a totalidade da vida humana não passa de uma sucessão de massacres.

Apoio Mútuo uma outra forma de como a evolução funciona

Como tenho visto tanto no mundo virtual como no mundo real pessoas defendendo o darwinismo social, decidi que era hora de saber quais eram os mecanismos pelos quais funciona a evolução e também entender os conceitos de Darwin. Decidi ler então a obra de Kropoktin: Ajuda Mútua: Um Fator de Evolução.

Kropotkin tinha as mesmas inquietações que muitas pessoas tem hoje acerca do darwinismo e por isso decidiu elemesmo pesquisar, viajar e colher informações para desmascarar não o darwinismo mas o darwinismo social.


Kropotikin escreveu:

Quando a guerra atual começou, envolvendo praticamente toda a Europa numa terrível batalha e quando – naquelas partes da Bélgica e da França que foram invadidas pelos alemães – essa batalha assumiu uma escala nunca vista de destruição em massa da vida de civis e de pilhagem dos meios de subsistência da população em geral, “a luta pela vida” tornou-se a explicação favorita daqueles que tentaram achar uma desculpa para esses horrores. Um protesto contra tal abuso da terminologia de Darwin apareceu então numa carta publicada pelo Times. Essa carta dizia que tal explicação era “pouco mais que uma aplicação à filosofia e à política de ideias inspiradas em grosseiros mal-entendidos da teoria darwinista (de “luta pela vida” e “vontade de poder”, “sobrevivência dos mais aptos” e “super-homem”, etc.)”; mas que havia uma obra em inglês “que interpreta o progresso biológico e social em termos não do exercício da força bruta e da astúcia, mas de cooperação”.

Por isso, mais tarde, quando as relações entre o darwinismo e a sociologia me chamaram a atenção, não pude concordar com nenhuma das obras e panfletos escritos sobre esse tema tão importante. Todos eles tentavam provar que os seres humanos, devido à superioridade de sua inteligência e de seus conhecimentos, podiam mitigar entre si a dureza da luta pela vida. Mas, ao mesmo tempo, todos eles concordavam que a luta pelos meios de subsistência, a luta de todo animal contra seus semelhantes, e de cada ser humano contra todos os outros, era uma “lei da Natureza”. Eu não podia aceitar esse ponto de vista, porque estava convencido de que admitir uma implacável guerra interna pela vida no seio de cada espécie – e ver nessa guerra uma condição de progresso – era admitir algo que não só não havia ainda sido provado, como também não fora confirmado pela observação direta.

Infelizmente o darwinismo surgiu como desculpa para a eugenia, nazismo e como suporte para o capitalismo. Mesmo sendo hipóteses totalmente desacreditada ainda tem gente que cita o darwinismo social como se fosse um fato mais que provado.

Kropotkin queria desmascarar essa teoria anti-humanista das guerras e do individualismo e creio que o conseguiu de modo brilhante.

Vejamos então o que demonstra o ilustre pensador:

No que se refere aos besouros, temos casos comprovados de ajuda mútua entre os besouros-cavadores (Necrophorus), que necessitam de matéria orgânica em decomposição não muito adiantada para depositar seus ovos, pois é dela que suas larvas se alimentam. Por isso, esses animais enterram os cadáveres de todas as espécies de pequenos animais que encontram em suas perambulações. Em geral, levam uma vida isolada; mas, quando um deles descobre o corpo de um rato ou de um pássaro que não tem condições de enterrar sozinho, a solução é chamar quatro, seis ou dez outros para um esforço conjunto. Quando necessário, transportam o cadáver para um solo macio adequado e o enterram de forma muito “estudada”, sem disputas sobre qual deles terá o privilégio de depositar os ovos nesse cadáver. E, quando Gleditsch amarrou um pássaro morto a uma cruz feita com dois gravetos, ou suspendeu um sapo numa estaca enfiada no chão, os besourinhos combinaram suas inteligências da mesma maneira fraterna para superar esse artifício humano. A mesma combinação de esforços foi notada entre os besouros rola-bosta. Pág 25

Pois é, se não tivessem se associado já teriam perecido há muito tempo. O que será que diriam os darwinistas sociais acerca desse respeito, que os insetos "quebraram a lei da natureza?".

O ilustre pensador anarquista escreve:

Quanto ao grande caranguejo das Molucas (Limulus), impressionou-me (em 1882, no Aquário de Brighton) a extensão da ajuda mútua que esses animais desajeitados são capazes de dar a um semelhante em caso de necessidade. Um deles tinha virado de costas num canto do tanque e sua pesada carapaça em forma de panela o impedia de voltar à sua posição normal, ainda mais porque havia nesse lugar uma barra de ferro que dificultava as coisas. Seus camaradas vieram resgatá-lo e, durante uma hora, observei o empenho que faziam para ajudar o companheiro. Eles vieram imediatamente, empurraram o amigo por baixo e, depois de muito esforço, conseguiram virá-lo para cima; mas a barra de ferro os impedia de realizar o resgate e o caranguejo voltava a cair de costas. Depois de muitas tentativas, um dos ajudantes foi ao fundo do tanque e trouxe dois outros companheiros que, descansados, deram início ao mesmo processo de empurrar e levantar seu camarada impotente.
Desde então, não pude deixar de aceitar a citação que li da observação do dr. Erasmus Darwin, segundo a qual, “durante a época de muda, o caranguejo comum que ainda não passou por ela e continua com sua carapaça monta guarda para impedir que inimigos marinhos ataquem indivíduos que estão desprotegidos no meio do processo”. Págs 25 e 26

Os darwinistas sociais ou são ignorantes ou mal-intencionados; se são ignorantes devemos alertá-los. Caso sejam mal-intencionados devemos desmascará-los e mostrar a todos como são falaciosos seus argumentos.

Exemplos de ajuda mútua entre as térmites, as formigas e as abelhas são tão conhecidos do leitor leigo, principalmente por meio das obras de Romanes, L. Büchner e John Lubbock, que posso limitar meus comentários a umas poucas alusões. Considerando um formigueiro, observamos não só que todo o trabalho realizado – criação da prole, busca de alimento, construção, cuidados com os pulgões, etc. – segue os princípios da ajuda mútua voluntária, como também devemos reconhecer, como Forel, que a característica básica da vida de muitas espécies de formigas é o fato e a obrigação de cada uma delas de compartilhar sua comida, já engolida e parcialmente digerida, com todos os membros da comunidade que a peçam. Duas formigas que pertencem a espécies ou a formigueiros hostis se evitam ao se encontrarem por acaso; mas, se elas pertencem ao mesmo formigueiro ou à mesma colônia, aproximamse, comunicam-se trocando alguns movimentos de antenas e, “se uma delas está com fome ou sede, em particular se a outra estiver bem alimentada [...], imediatamente pede comida”. O indivíduo a quem a solicitação é feita nunca recusa; abre suas mandíbulas, adota uma posição apropriada e regurgita uma gota de fluido transparente, que é lambida pela formiga faminta. O regurgitamento de comida para doação é um aspecto tão marcante na vida das formigas (em liberdade), e ocorre tão frequentemente – tanto para alimentar camaradas famintos quanto as larvas – que, para Forel, seu tubo digestivo consiste em duas partes diferentes, uma das quais, a posterior, é para o uso específico do indivíduo, e a outra, a anterior, é principalmente para o uso da comunidade. Se uma formiga bem alimentada for egoísta a ponto de recusar alimento a um camarada, será tratada como um inimigo, ou ainda pior. Se a recusa for feita durante uma luta com outra espécie, a fúria das companheiras recai sobre a avarenta com maior ímpeto do que contra os próprios inimigos. E, se uma formiga não se recusar a alimentar outra pertencente a uma espécie inimiga, será tratada como amiga pelos parentes desta. Tudo isso é confirmado pela observação mais precisa e por experimentos decisivos.

Parece que no mundo dos insetos não reina "a luta pela sobrevivência" nem tampouco "a sobrevivência dos mais aptos" como nos querem fazer crer os darwinistas sociais que nada entendem nem de biologia, nem de filosofia e tampouco de economia.
Ainda sobre as formigas escreve Kropotkin:

Nessa imensa divisão do reino animal, que engloba mais de mil espécies e é tão numerosa que os brasileiros dizem que o Brasil pertence às formigas, e não aos homens, não existe competição entre os membros do mesmo formigueiro ou da mesma colônia. Por mais terríveis que sejam as guerras entre espécies diferentes, e quaisquer que sejam as atrocidades cometidas nessas circunstâncias, a ajuda mútua dentro da comunidade, a abnegação mútua tornada hábito e, muito frequentemente, o autossacrifício pelo bem comum são a regra. As formigas e as térmites renunciaram à “guerra hobbesiana” e passam muito bem, obrigado. Pág 27

Para não cansar o leitor, vou dividir este artigo, assim tenho a certeza de não ser cansativo e de ser lido pelo amigo leitor.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A religião da bola

O comercial do banco Itaú é muito bem feito e muito bonito, mostra dois meninos, um judeu e outro palestino. O menino judeu está jogando bola quando sem intenção, acaba derrubando o produto de um feirante palestino. O menino judeu cabisbaixo, olha triste para sua camisa da seleção brasileira e o menino palestino faz o mesmo em seguida devolve a bola para o garoto judeu. Os judeus e palestinos saúdam-se amigavelmente com um aceno de mão e os meninos começam a jogar e o banco Itaú arremata: "Porque nós acreditamos que o nosso futebol pode unir as pessoas".



A Verdade





Como o nosso futebol une as pessoas não?



Existem ateus para todas as religiões, exceto para o capitalismo e o futebol!

O futebol acaba por se tornar uma religião cujo deus é a bola, ou melhor, cujo deus é o símbolo do time do torcedor. Por essa religião se compram badulaques (roupas e utensílios do time) e se mata não em nome de Cristo ou de Allah, mas do Palmeiras, do São Paulo ou do Corinthians e essa religião nem oferece um consolo além-túmulo.

E o banco Itaú diz que nosso futebol une as pessoas... Não duvido que o banco tenha dito a verdade, mas de uma forma irônica: "Nosso futebol une as pessoas no hospital, no cemitério...".

Dizem que a finalidade do futebol não é dar educação, nem ajudar as pessoas que passam necessidades, nem ajudar o país a se desenvolver, a finalidade única é divertir, noutras palavras, fugir da realidade. Podem os ateus falarem o que quiserem das religiões, mas não podem negar que muitas delas trouxeram progressos e quem diz o contrário, de duas, uma: ou mente ou é ignorante. Agora digam-me o que o futebol trouxe de bom para o mundo? O quê? Nada né? Um esporte que não educa, que não disciplina, que não tem por finalidade ajudar, não serve para nada, apenas para deixar as pessoas mais burras do que são.

Outra questão se põe: Quem ganha com o futebol?

Os bancos, as grandes indústrias como as de cervejaria e da telefonia celular, entre outras.



Então o futebol televisivo só serve mesmo para fazer propaganda dessas grandes empresas. Além de estar exposto à voz horrível do Galvão Bueno com seus chavões mais que batidos e aos comentadores (como se futebol fosse ciência, e os torcedores fossem burros que precisam de alguém que lhes diga o que é e o que não é) está exposto a uma enorme quantidade de propaganda. Um verdadeiro mercado.

Também o comércio simples ganha com isso, pois nessa época veem-se camisas vendidas por lojas e camelôs, cornetas, bandeiras, etc... As lojas de tintas também faturam pois há quem gaste seu dinheiro para pintar ruas e calçadas, uma paródia do Corpus Christi ou a lembrança dos antepassados da caverna que pintavam os animais que iam caçar, sabe-se lá o que significa isso.

A quem interessa o futebol? Aos políticos mais do que ninguém, pois os olhos de todos estão voltados para o Dunga e não para a Câmara dos deputados ou para a Assembleia Legislativa. Engraçado nessa época não se veem desgraças, mortes, estupros, enfim crimes hediondos que a TV gosta de passar.

Felizmente, nunca gostei de futebol e não é hoje do alto de meus 34 anos que vou começar a gostar dessa futilidade. Podem me chamar de recalcado, mas felizmente me conheço muito bem e não tenho esse tipo de problema para ser resolvido.

Recalcado na visão de alguns, na verdade realista e por isso com os pés no chão e não escravo da ideologia burguesa, ou seja, sou livre.

Uma Verdade Inconveniente

domingo, 20 de junho de 2010

Espiritismo e Socialismo

De ontem para hoje li o livrinho (na expressão máxima da palavra) Socialismo e Espiritismo de Leon Denis. Quando comprei a obra pensei que se tratava de uma defesa do socialismo feita pelo sr. Leon Denis, em casa pude folhear o livro e vi umas críticas ao marxismo assim como vi de relance uma suposta defesa a outros tipos de socialismos não marxistas, relutei em ler a obra, porque estava dedicando parte de meu tempo a leitura de revistas de divulgação científica e revistas de filosofia. Mas ontem tomei ânimo e comecei a ler o livro e terminei hoje à tarde. E agora passarei as considerações sobre o socialismo do sr. Leon Denis.

Escreve o autor espírita:

"Nasci na classe operária e nela não conheci senão lutas e privações. Meu pai era canteiro, depois se tornou pequeno empreiteiro, mas o trabalho faltava muitas vezes e era preciso mudar de profissão. Eu mesmo, depois de ter recebido uma instrução muito sumária, me iniciei como pequeno empregado de comércio e o labor manual não me é estranho. Já aos doze anos eu
descolava flans de cobre na Casa da Moeda de Bordeaux e meus dedos de criança, sob o atrito do metal, muitas vezes se tingiam de sangue. Aos dezesseis anos, em uma fábrica de faianças em Tours, eu carregava o cesto nos dias em que se fazia o desenfornamento das peças. Aos vinte anos, em uma manufatura de couros, eu carregava peles nas horas de aperto ou manobrava la marguerite, grosso instrumento de madeira que serve para amaciar os couros. Obrigado, durante o dia, a ganhar o meu pão e o dos meus velhos pais, eu consagrava muitas noites aos estudos, a fim de completar minha ligeira bagagem de conhecimento, e daí data o enfraquecimento prematuro de minha visão".

O fato de alguém nascer numa família de proletariados não faz dele um proletariado, tampouco o fato do sr. Denis ter sido operário não faz dele um amigo dos trabalhadores. Friedrich Engels era filho de um industriário e Marx era de uma família de classe média, seu pai era advogado, as posições sócio-econômicas dos ilustres pensadores não determinaram que deveriam ser burgueses, ambos tomaram a defesa dos explorados contra os exploradores. O sr. Leon Denis, que foi operário tornou-se um aliado da burguesia, mesmo porque era membro da franco-maçonaria.

Leon Denis após falar de como fôra operário se põe a fazer explanaçãoes do espiritismo, de como foi ajudado pelo "lado de lá", de como teve o dom da mediunidade e coisas do gênero. O autor espírita fala contra o materialismo dos comunistas mas não refuta e contrapõe "as leis do universo", leis essas que ele não definiu, mas parecem ser mágicas.

"O que se chama de “luta de classes” não existe senão no papel".

Interessante, a luta de classes existe somente no papel, na verdade os operários são amigos dos patrões e vice-versa. Os patrões querem seus empregados como a filhos, os patrões nunca exploraram os empregados. Mas não nos enganemos a luta de classes existe e não foi apenas um termo criado por Marx, mas uma constatação da realidade pura e simples.

"Todo trabalhador econômico pode se tornar patrão".

Ora se todo trabalhador econômico pode se tornar patrão, os que não se tornam é porque são dissipadores. Quem acredita nessa ideologia de bosta quinta categoria? O líder espírita metido a sociólogo não demonstrou como um trabalhador pode conseguir se tornar patrão, isto é, burguês. Quem acredita nisso acredita em qualquer coisa. Essa frase idiota me remete a uma lembrança de quando eu ainda era entregador de jornais. Tive um colega de trabalho, já falecido, que se chamava Durval, já um senhor de idade, pertencente à Assembleia de Deus, homem de pouca instrução. O pobrezinho, sempre denfendia o patrão quando eu propunha fazer greve ou simplesmente falava mal dos parasitas, ele dizia: "O patrão tem tudo porque trabalhou duro", "você pode comprar sua casa própria em alguns anos se economizar uns R$ 5,00 por dia, se não conseguir é porque você é um gastador" e outras pérolas do gênero. O salário que eu recebia como entregador de jornais oficialmente era de um salário mínimo, mas sempre descontavam os jornais que entregávamos e que os assinantes alegavam não ter recebido e cada entregador via R$ 70,00, R$ 50,00, R$ 40,00 descontado por mês.

Leon Denis critica a escola laica que não ensina "as leis do universo" e que deixa a juventude sem fé e sem aquele alicerce que é a moral, segundo ele, essa escola é fruto da escola congregacionista da Igreja Romana, dita Católica, escola essa que ensinava dogmas ultrapassados e que de certo modo seu ensino foi o responsável pela situação de então na França.

"O problema social é, sobretudo, um problema moral, dissemos. O homem será desgraçado enquanto for mau".

É encantador como Leon Denis explica o problema social, é de uma candura sem limites. ele bem que poderia ter sido romancista, faria um enorme sucesso. De acordo com o sociólogo arrivista, o problema social está ligado ao problema moral. Nossa, que gênio!!!! E Marx nem se deu conta disso, teve que escrever tantos livros para explicar o porquê da exploração do homem pelo homem. Convençamos, o ladrão que é errado roubar, convençamos a prostituta a abandonar sua vida de "vícios" e quando todos se tornarem bons mesmo sem saúde, mesmo sem segurança, mesmo sem educação, a sociedade se transformará num passe de mágica: ABRACADABRA!!!

Edgar Quinet via corretamente quando escrevia: “Como não se aperceber de que o problema religioso envolve o problema político e econômico e toda a solução deste último não tem senão valor de uma hipótese há tanto tempo que ainda não se resolveu o primeiro”.

Que maravilha, então todosos problemas sócio-econômicos decorrem do problema religioso, caso se resolva esse problema tudo se resolve. E como resolver o problema religiosos? Adotando o espiritismo. Tão simples não? Aposto que Engels deve estar se revirando no túmulo.

Com efeito, é preciso lembrar que é em sua fé religiosa que as comunidades cristãs do oriente e do ocidente e, na América, as Sociedades dos Quakers, dos Chacres, etc., encontraram as regras de disciplina, o princípio da associação e de devotamento que assegura o bem-estar, a prosperidade dessas instituições e de seus aderentes.

Realmente os EUA que é uma nação religiosa encontrou bem-estar sim, dizimando os indígenas e os búfalos na corrida para o oeste e tudo isso em nome de Deus!!! E hoje em dia os pobres tem a chance de tirar o pé da lama, é só alistar-se nas forças armadas, os jovens vão para as guerras inventadas por seus insanos presidentes, os que morrem realmente deixam sua vida de miséria, mas os que sobrevivem, ficam num estado ainda pior.

Destas considerações resulta que a reforma social, para ser mais segura e mais prática, deveria começar pela reforma do homem em si mesmo. Se cada um se impusesse uma disciplina intelectual, uma regra capaz de asfixiar, de destruir um fundo de egoísmo e brutalidade que nos foram legados pelas idades, toda a bagagem mórbida que trazemos ao nascer e que é a herança de nossas vidas passadas, e isso de modo a fazer renascer em nós um homem novo, a evolução do meio social seria rápida.

Novamente o "iluminado" fala de reforma interior, mas como falar de reforma interna a quem passa fome, a quem é explorado e não tem acesso à educação? Acaso esqueceu o escritor que o homem é também um animal e precisa satisfazer suas necessidades básicas? E que é o modo de produção capitalista que condiciona o ser humano a ser o que é? O teólogo espírita supõe que os seres humanos são anjos e que podem mudar suas atitudes independente dos condicionamentos a que estão expostos.


O estado social não sendo, em seu conjunto, senão o resultado dos valores individuais, importa antes de tudo obstinar-nos nessa luta contra nossos defeitos, nossas paixões, nossos interesses
egoístas. Enquanto não tivermos vencido o ódio, a inveja, a ignorância, não se poderá estabelecer a paz, a fraternidade, a justiça entre os homens; e a solução dos problemas sociais permanecerá
incerta e precária.


Novamente Leão Denis apela à reforma íntima, como se os problemas sociais pudessem ser resolvidos apenas com a vontade de cada um em ser melhor. Ideologia burguesa, para ludibriar os incautos.


Na realidade, o Estatismo enfraquece o poder das Nações, sua livre expansão e sua afirmação diante do mundo.

Aqui, nosso cientista político demonstra como o estatização é obra má. Não é preciso ser um gênio para perceber que a privatização é um mal, e que o governo FHC foi o que mais prejudicou o Brasil com sua mania de privatizar tudo. Pena que Leon Denis não entendia nada de política nem de economia. Pena que não pôde ver o estrago que fez o capitalismo no mundo, mas se alma é imortal (eu creio que é), então hoje ele sabe...

Não se poderia sonhar com a possibilidade de estender a aplicação a nações inteiras, a milhões de homens nos quais as variedades de caracteres e de temperamentos fariam laboriosos e
sábios os estúpidos, os preguiçosos, os imprevidentes e os debochados. Em todos os casos, não será através do crime e pelo sangue que se poderá fundar um regime de fraternidade, de
solidariedade e de amor!


Para Leon Denis, o comunismo é irrealizável porque não se pode aplicar essa lei geral a nações inteiras onde há temperamentos de todos os tipos. Ele não admite que um preguiçoso, um debochado possa se tornar um trabalhador, um sábio.

Quanto à Alemanha, não temos elogios para as idéias que há mais de um século nos vêm deste lado. Seja seu militarismo brutal e devastador ou o materialismo grosseiro de Buchner e Moleschott, ou ainda aquelas mais refinadas, porém não menos egoístas, de Nietzsche e,sobretudo, o socialismo de Karl Marx, homem ácido e odioso, cujo objetivo principal é a guerra de classes, tudo isso desprovido de generosidade e de grandeza e não leva senão à investida, ao esmagamento de uns pelos outros.

Além de não ter conhecido política e economia também ignorou a filosofia, uma vez que atacou Nietzsche e Marx e atacou-os sem ter lido suas obras, puro exemplo de desonestidade.
No que tange Marx ser odioso e ácido vejamos o que disse um agente da polícia que foi à sua casa na Inglaterra:

"Marx vive num dos bairros piores e, portanto, dos mais baratos de Londres. Ocupa dois aposentos. O que dá para a rua é a sala, sendo o dos fundos o quarto. No meio da sala há uma mesa grande e antiga, coberta de manuscritos, livros e jornais, bem como brinquedos, utensílios de costura de sua esposa... Mas nada disso causa o menos constrangimento a Marx nem a sua esposa. Eles recebem a visita com muita amabilidade, oferecendo-lhe o que houver para oferecer. Aos poucos toma forma uma conversa inteligente e interessante, que compensa todas as deficiências domésticas...Como marido e pai, apesar de seu temperamento instável e inquieto, era o mais doce e meigo dos homens". [1]

Antes de Karl Marx o socialismo era profundamente simpático; graças a ele, é hoje execrado. A luta de classes é uma tática perniciosa que desviava do Socialismo aqueles que seriam seus melhores elementos, sem lhe conceder a mínima força.

Socialismo sem luta de classes, é piada? Karl Marx é odiado porque conseguiu desmascarar a burguesia. Porque ousou dizer: "O rei está nu".

É preciso também confessar que muitos dentre eles, na hora atual, adotariam voluntariamente a senha: detestar e possuir. A massa cega procura acima de tudo o dinheiro e seus prazeres; ela não tem outro deus que não seja o lucro e outra regra que não seja o apetite.

São as massas sofredoras que detestam seus semelhantes e amam o dinheiro e seus prazeres ou são os burgueses que nunca se saciam com seus lucros advindos da exploração do homem pelo homem? Não será a burguesia que não tem outro deus a não ser o lucro? Pois que motivos tem a burguesia para pagar um justo salário a seus trabalhadores? Nenhum, por isso não paga. Motivos tem para pagar salários de fome, pois a burguesia tem fome e sede de lucros.

Entre os “burgueses”, muitos trabalham tanto quanto os operários. O homem que possui um capital e que o faz produzir, pode parecer desocupado, entretanto ele presta serviço ao seu país, pois que seu capital, frutificando, permite-lhe empreender obras novas. Se eles fracassam, a perda não atinge senão ele e não a coletividade.

Pode ser que no mundo dos espíritos a burguesia possa trabalhar tanto quanto os operários, mas isso não acontece no mundo real. O homem que multiplica seu capital ajuda o seu país? Como assim? Multiplicando as dores e as misérias? Se um burguês vai à falência é só ele quem perde e não a coletividade? E a crise financeira iniciada nos EUA não começou por culpa da burguesia? eles não lucraram sozinhos? Mas as perdas tiveram que ser socializadas!


O povo viu aumentar seu bem-estar físico, porém não é mais feliz: tornou-se mais exigente, mais descontente, menos consciencioso. E, entretanto, para mudar tudo isto, bastaria inculcarem todos o amor pelo trabalho e a confiança na vida, que não são mais, em realidade, que a elevação lenta e gradual para a luz, a perfeição.

Realmente o povo devia ser mais feliz quando trabalhava dezesseis horas por dia em condições subumanas, quando não tinha direitos. Fico impressionado com o sr. Leon Denis, como ele filosofava!!!
Para que os males da sociedade sejam sanados basta inculcar o amor ao trabalho e a confiança na vida. Que encantador!!! É a velha história das forças reacionárias: "O trabalho dignifica o homem". Mas faz-se mister inverter o enunciado: "É o homem que dignifica o trabalho".

O que é o verdadeiro socialismo para o sr Leon Denis? Vejamos:


O Socialismo não é, pois, em realidade, senão a aproximaçãodos fluidos de uma mesma natureza, sua fusão e sua harmonia na vida humana e segundo o grau atingido ao curso de existências
percorridas. O conhecimento das leis espirituais é, pois, indispensável para estabelecer a verdadeira natureza do ser e sua possível adaptação aos diferentes meios sociais. É preciso que cada ser, possuindo uma força irradiante, um poder atrativo, o transfira, por via de vibrações, àqueles nos quais o mesmo fluido circula mais fracamente. Isto seria o verdadeiro comunismo. O objetivo essencial é obter uma correlação direta entre os pontos de vista moral, fluídico e material.


Interessante visão de socialismo e de comunismo para um hospício e não para pessoas sérias. Em todo o seu livro não encontrei sequer um pingo de socialismo, isso só demonstra como o seu autor de duas uma: ou era hipócrita ou louco.

Um pouquinho de neoplatonismo:

Somos não apenas irmãos por nossa origem comum e nossas finalidades, sendo todos filhos de Deus e destinados a junto a Ele nos reunirmos, mas ainda porque somos chamados em virtude da
lei da necessidade a percorrer juntos a rota imensa que conduz a Ele, Nele nos reencontrar, nos reconhecer, para trabalhar e sofrer juntos a fim de que nosso caráter se corrija e nossas qualidades se desenvolvam ao sopro purificador e regenerador da adversidade.


Agora o sr Leon Denis "refuta" o socialismo de forma cabal:

Entre as doutrinas sociais correntes, esta é uma das mais contestadas. Não há igualdade na natureza e, igualmente, não o há na Humanidade.

Segue-se então que os ensinamentos de Jesus de amar o próximo como a si mesmo, é um ensinamento falso. Pois para amar alguém como a mim mesmo, preciso considerá-lo igual ou ao menos semelhante. Como pode o então o sr. Leon Denis amar e admirar a Jesus e seus ensinamentos?
Segue-se ainda que o capitalismo está certíssimo pois na natureza não há nada igual se não há nada igual, querer o igualitarismo é contra a natureza, em outras palavras, o socialismo é antinatural, logo quem tinha razão era Herbert Spencer com o seu darwinismo social.

Conclusão: Ao ler o livro supracitado pude compreender o que Marx quis dizer com a sentença: "A religião é o ópio do povo".

Eu poderia tecer mais comentários sobre o livro de leon Denis, mas creio que já me estendi mais do que devia e peço perdão ao leitor por tão longo artigo, mas foi necessário.

NOTA:
[1] GADOTTI, Moacir. Transformar o Mundo. FTD, São Paulo, 1991.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

HOMENAGEM AO MESTRE

 

Somente agora consegui assimilar sua perda. Você é daqueles, prova viva que é possível ser inteligente mesmo em tempos de escassez de vida intelectual.

Gosto de vê-lo assim, intrépido, arrogante, crítico, assim então o retratei...

Grande falta, e a mediocridade avança, você se vai, Paulo Coelho fica e Geisi (grafado errado propositalmente) Rio-Arruda, uma universitária analfabeta funcional terá biografia lançada...
Não entendeu?? Leia aqui...

terça-feira, 15 de junho de 2010

A copa do imundo




Fernando - pode alguém perguntar-me - o título da postagem não está errada? Você quis dizer A Copa do mundo, não?

Caro leitor o título da postagem é esse aí mesmo, esse que está aí em cima.

Mas por que A copa do imundo?

Copa do imundo, porque é a copa do imundo sistema capitalista que aliena as pessoas. Que faz brotar o "patriotismo" ex nihilo, isto é, a partir do nada.


Durante este período da copa do imundo, veem-se pessoas aparentemente felizes, sem problemas, não mais são noticiadas desgraças na mídia venal, tudo toma ares edênicos e o mundo é pintado com cores tênues.


Todos falam do Brasil, quero dizer, da seleção que não representa o Brasil de forma alguma, visto que os jogadores são todos venais, não há um deles que seja verdadeiramente patriota. Quantos deles jogaram e jogam em times do exterior, acaso o exterior faz parte do Brasil? Que merda de patriotismo é esse que hoje o sujeito joga num time brasileiro e amanhã joga na Itália, Espanha, Portugal etc...?


As massas durante esse período se abstém de lutar por seus direitos porque pensam ser a coisa mais importante torcer por um time, no caso a seleção, que os "representa".


Dou um exemplo de como os jogadores são brasileiros e amam seus irmãos brasileiros, o Robinho que está na seleção, atual jogador do Santos, não quis visitar crianças com paralisia cerebral, porque a entidade que cuida dessas crianças é uma entidade espírita. Mas tantos as crianças como os espíritas que delas cuidam são brasileiros e o craque se negou a visitá-los. E isso não é questão de patriotismo, mas de humanidade!!!


Tem aqueloutro o Kaká que tirava a camisa com dizeres religiosos, fazendo proselitismo num lugar laico. Parece-me que o Kaká também não é patriota, mas "cidadão do céu" e este só considera seus irmãos os que partilham da mesma fé.


Todos falam do "Brasil" subtenda-se do falso Brasil, do Brasil idealizado pelos meios de (des)informação. Ninguém fala do Brasil verdadeiro nesse período: corrupção, politicagem, pedofilia, turismo sexual, greves, abuso de poder por policiais, racismo, etc...


As redes de televisão e destaco aqui a Globo, faz as massas acreditarem que nesse período "ricos e pobres são irmãos", "que somos uma nação verde-amarela" e coisas do gênero.


Esta é a imunda tática da Rede Globo & cia, tática que aprenderem bem com os militares na época da "ditabranda" como afirmou a Folha de São Paulo. Sim, os militares se valeram da copa do mundo para alienar o povo brasileiro, para suscitar um falso patriotismo, um patriotismo carnavalesco. Eles (os militares) queriam dizer aos brasileiros: "vejam como o nosso futebol é o melhor do mundo, nós podemos nos orgulhar disso!!!". Aquela velha história de Brasil país do futebol, e infelizmente somos o país do futebol, porque não somos o país da educação, não somos o país da saúde e nem da segurança.


Mas na época em que o Brasil pode trazer o título do hexa quem importa com questões sem importância como: educação, saúde e segurança?


É por isso que a esquerda do Brasil parafraseava Marx dizendo: "O futebol é o ópio do povo".



domingo, 13 de junho de 2010

Amor incondicional

Num mundo onde se prega a barbárie do capitalismo selvagem, a lei do mais forte, fiquei chocado com um vídeo que tenho assistido diversas vezes. Trata-se de uma avó que leva seu neto que sofre de paralisia cerebral à fisioterapia. Incrível ver a desumanidade das pessoas, são motoristas de ônibus que não páram, e quando param essa senhora que já é de idade, tem que carregar o neto no colo e pegar a cadeira de rodas.

Ninguém mais se importa com o outro, já não existe a alteridade.

O vídeo é lindo porque mostra um amor incondicional de uma avó por seu neto, uma verdadeira heroína!!!!!

Vale a pena assistir.



sábado, 12 de junho de 2010

Fareinheit 9/11


Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 01) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 02) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 03) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 04) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 05) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 06) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 07) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 08) Video



Disclose.tv - Fahrenheit 9-11 (pt 09) Video

Jogo de game educativo

Não pensem que o Diário de um Bobo da Corte trata apenas de filosofia, política, ciências, etc... Às vezes tratamos também da diversão, do lúdico, mas do lúdico que além de entreter é educativo também.

Se você tem filho criança ou adolescente, mande ele jogar esse jogo que é chutar o presidenciável José Serra, mas que o chute o ais longe possível da presidência da República.



Os créditos devo ao Ravick e ao blog da polícia civil.

Um sincero agradecimento

Venho por meio desta postagem agradecer ao sr. deputado Gérson Peres porque fui citado no blog Hupomnemata como um blog da esquerda. E graças à isso vou ser lido por mais pessoas, então o meu muito obrigado ao sr. deputado Gérson Peres por apoiar a esquerda ainda que involuntariamente.

Vi a notícia no blog do Ravick e do Diego, Os Amorais, que sempre acompanho pelas postagens e tirinhas inteligentes. Só houve um erro do blogueiro Hupomnemata Os Amorais não são da esquerda.

Momento distração:

"Eu sempre soube que no fundo, no fundo o Ravick sempre foi vermelho". Brincadeirinha Ravick

sexta-feira, 11 de junho de 2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O darwinismo social

Outro dia num debate no Orkut, entrei num fórum de debates contra o comunismo, e provei sobejamente que o socialismo é a melhor via para a maioria das pessoas que é pobre. Alguns elementos atacaram-me com ad hominem e chavões mais que batidos: "Cuba é um lixo", "Já estive em Cuba e vi...", e outras coisas do gênero. Num dado momento um participante do debate para justificar o capitalismo saiu-se com essa: "A evolução das espécies continua...", (claro que outros se juntaram para cantar o mantra) querendo dar a entender que a seleção natural é a responsável pela pobreza de uma multidão sem fim e pela riqueza de uns poucos privilegiados. Percebi então que a ostra que soltou essa pérola nada conhece da Teoria da Evolução, mas conhece as palavras: "evolução das espécies", e que fez dessas palavras uma espécie de abracadabra para "refutar" o socialismo/comunismo. Então mostrei ao inepto o vídeo em que o cientista e neodarwinista Richard Dawkins fala que como cientista ele é darwinista, mas é antidarwinista no sentido de querer viver numa sociedade injusta:

Mas o sujeito é tão idiota que ficou a repetir seu chavão: "A evolução das espécies continua...". Sim e daí? A política e a economia ganharam ares de biologia evolutiva? Segundo meus contendores "os mais fracos devem ser subjugados, essa é a lei da evolução!", "que apenas os mais aptos sobrevivem". Se os capitalistas concordam com isso, então devem ir até às últimas consequências desse postulado. Caso sejam assaltados à mão armada não devem procurar a polícia, visto que é a lei do mais forte que deve imperar. Procurar a polícia é tentar quebrar a lei inflexível da natureza ditada por Deus. O assaltante é o mais forte, por isso ele tem o direito de tomar à força aquilo que pertence ao outro. Caso tenham parentes que foram assassinados não devem se revoltar, pois "a evolução das espécies continua..." e os mais fracos devem desaparecer. Então não se deve procurar justiça, porque na seleção natural não existe justiça, visto que é cega e implacável. Caso tenham esposas e filhas que foram violentadas, tampouco devem se indignar, mas conformar-se com a "sábia lei da evolução" e qualquer revolta é "antinatural". Eu poderia citar exemplos aos montes, mas deixo estes acima, bem sei que o leitor que me acompanha é inteligente e poderá formular outras alternativas inviáveis para os darwinistas sociais. Acontece que os darwinistas sociais que "explicam" a miséria com a adulteração do pensamento deDarwin, não levam seu raciocínio até o fim, o que demonstra que são hipócritas, pois procuram a polícia quando precisam, muitos deles são pobres e recorrem aos hospitais públicos e outros ganham a aposentadoria da previdência social. Não existe darwinista social coerente assim como não existe Papai Noel e Coelhinho da Páscoa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os animais e sua inteligência




Já escrevi e pus vídeos sobre a inteligência animal: A inteligência dos animais e Analfabetismo científico, pois são assuntos que muito me interessam. Visto que nós humanos somos parentes de todos os animais (e plantas e demais seres vivos).

Hoje penso que o homem só poderá se conhecer melhor se conhecer o comportamento dos outros animais, pois guardamos ainda que de modo tênue nossas forças atávicas.

No último domingo enquanto eu ia à São Paulo para assistir a missa ortodoxa da Igreja Copta, e antes que alguém me pergunte, respondo antecipadamente, eu sou cristão ortodoxo sim, Dobzhansky também era e nem por isso deixou de ser menos darwinista. Mas como eu estava dizendo, enquanto estava na van que se dirigia à São Paulo, aproveitei o tempo para ler um artigo da revista National Geographic Brasil de março de 2008. (Eu gosto de ler revistas antigas e dai?)

E a revista forneceu-me dados interessantes que comprovam que os animais são sem sombra de dúvida inteligentes, como já postulava Charles Darwin em meados do século XIX.

O senso comum há muito sabe que os animais tem inteligência e sentimentos conforme a revista: "Bem, qualquer pessoa que já teve ou tem algum animal de estimação discordaria. Reconhecemos o amor no olhar de nossos cães e, é óbvio para nós, que eles tem pensamentos e emoções" (pág 36).

Mas o senso comum não basta para que um fato seja reconhecido como científico, se bem que o senso comum pode ser um caminho para a ciência.

Falemos um pouco desses animais fantásticos. O papagaio-cinza-africano Alex contava distinguia cores, formas e tamanhos; tinha entendimento básico do conceito abstrato de zero.

O Bonobo - O jovem Kanzi começou a desenvolver sua habilidade lingüística por conta própria - enquanto observava os cientistas que treinavam sua mãe. Hoje com 27 anos, o bonobo "conversa" usando mais de 360 símbolos em seu tabuleiro e entende milhares de palavras faladas. Ele forma sentenças e produz ferramentas de pedra - modificando sua técnica de acordo com a dureza da rocha. E toca piano (já fez improvisações com o músico Peter Gabriel). "Se convivermos com os bonobos por 15 gerações", diz William Fields, "os bonobos vão ficar menos bonobos, e os seres humanos, menos seres humanos. No fim das contas, não há tanta diferença assim entre nós." Fields está analisando as vocalizações de Kanzi: "É possível que esteja falando em inglês, só que num ritmo rápido e num tom agudo demais para que possamos entender".

O Golfinho - Imitadores magistrais, dotados de excelente memória e boa compreensão de vocabulário e sintaxe, os golfinhos são ágeis em termos cognitivos e comportamentais. De acordo com Louis Herman, "eles possuem grande cérebro generalista, como o nosso. E podem manipular seu mundo para obter o que querem."

Rato Inteligente - Não vá logo gritando que nojo. Os ratos são surpreendentemente inteligentes e, de fato, bem parecidos conosco. Eles dão risada quando alguém faz cócegas neles. São sociáveis, apreciam o sexo e até anseiam por ele. Também conhecem seus próprios limites intelectuais, o que se chama metacognição, um traço que, acreditava-se ser limitado aos primatas. Em testes de áudio em que ratos foram recompensados pelas respostas corretas, não ganharam nada pelas incorretas e receberam uma pequena recompensa por admitir "não sei", optaram pelas guloseimas mais certas (porém em menor quantidade) de "eu não sei" quando não estavam muito confiantes sobre sua resposta. Nada mal para as criaturas fétidas dos esgotos.

Saguis inteligentes - Quando jovens, os saguis-comuns aprendem o que comer observando os mais velhos e, como os grandes primatas, podem imitar as ações - uma das formas mais complexas de aprendizado. (Eles têm até uma noção de "permanência de objeto": sabem que algo que não enxergam continua existindo.) Mas, segundo Friederike Range, a dificuldade de manter a concentração por período longo talvez impeça os primatas de desenvolver comportamentos mais complexos.

O Polvo - Dotados de cérebro volumoso e tentáculos ágeis, os polvos são conhecidos por fechar suas tocas com pedras e se divertirem lançando jatos d'água em alvos de plástico (a primeira brincadeira de um invertebrado que se conhece) e nos pesquisadores. E podem também exprimir emoções básicas por meio de mudanças de cor, diz Roland Anderson, do aquário de Seattle.

Abelhas - As abelhas melíferas há muito surpreendem os cientistas com seus comportamentos sociais (fazer uma dança para dar indicações de como chegar a uma fonte de alimento, trabalhar em sintonia com milhares de companheiras de colméia, assumir tarefas especializadas tanto dentro quanto fora da colméia). Sua memória complexa também é notável: as abelhas são capazes de aprender e memorizar caminhos locais, pontos de referência e a época em que várias plantas diferentes florescem - permitindo assim que visitem o mesmo local no dia seguinte, na mesma hora, o que aprimora sua eficiência em juntar suprimentos.

Para Darwin o ser humano é produto da evolução não apenas o seu corpo mas também a sua inteligência. Por isso se o homem quiser compreender sua inteligência, seu comportamento terá que recorrer a Teoria da Evolução. A revista National Geographic Brasil edição de março de 2008 na página encontramos o texto que se segue: "O revolucionário Charles Darwin, que tentou explicar como se desenvolveu a inteligência humana, estendeu sua teoria da evolução ao cérebro humano: tal como o restante de nossa fisiologia, também também a inteligência deve ter evoluído de organismos mais simples, uma vez que todos animais enfrentam os mesmos desafios gerais associados à vida. Eles precisam acasalar-se, encontrar alimento, orientar-se na mata, no mar ou no céu - tarefas que, argumentou Darwin, dependem da capacidade de resolver problemas e pensar por meio de categorias".

Mas no início do século XX, os cientistas não mais levaram à sério essa proposição de Darwin, para eles os animais outra coisa não eram do que máquinas sem sentimentos e sem inteligência. Erro crasso! Mas a ciência caminha através de erros e acertos, ela não é dogmática como a religião que acha que não deve revisar nada. Mas voltando ao tema, sem a proposição de Darwin os cientistas não tinham como explicar o surgimento da inteligência humana, ficaram num dilema e tiveram que recorrer novamente à Darwin.

Não preciso dizer que essas descobertas sobre a inteligência e emoção nos animais desagradam aos fundamentalistas que acham que são "o último biscoito do pacote" né? Mas fatos são fatos e contra fatos - já diziam os positivistas - não há argumentos.

Sei que nesta postagem me estendi muito e não quero ser desagradável ao leitor sempre generoso que acompanha este blog, mas não posso deixar de compartilhar uma curiosidade, com o amigo leitor que aborda o sentimento nos animais, para ser mais preciso a depressão que levou muitos animais ao suicídio. O blog Arquivos do Insólito traz uma matéria feita pelo jornal O Globo realizada em agosto de 1979 sobre essa coisa inaudita que é o suicídio entre os animais, quem quiser ler o artigo, pode clicar aqui e depois julgar sobre a matéria.

Agora deixo o leitor na companhia de sua curiosidade epistemológica e das perguntas que surgiram durante a leitura deste texto. Eu vou mas que fique a minha mensagem de amor e respeito por nossos irmãos os animais.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Retirada dos símbolos religiosos

Recebi a mensagem que segue abaixo de minha querida amiga e ex-professora Vera Lúcia Avim, como achei a mensagem forte e inteligente, decidi socializá-la com aqueles que pensam como eu. Ei-la:


“Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas…Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião.A Cruz deve ser retirada!Aliás, nunca gostei de ver a Cruz em Tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são barganhadas, vendidas e compradas;

Não quero mais ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte; Não quero ver, também, a Cruz em delegacias, cadeias e quarteis, onde os pequenos são constrangidos e torturados;Não quero ver, muito menos, a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento;É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa das desgraças; das misérias e sofrimentos dos pequenos; dos pobres e dos menos favorecidos”. Frade Demetrius dos Santos Silva São Paulo/SP – 27.02.2010.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Israel contra-ataca frota terrorista

Direto da DBC de São Vicente - Israel contra-ataca frota terrorista.

No último domingo, Israel estado sionista, atacou uma frota terrorista (leia-se frota de ajuda humanitária) que estava carregado de armas (leia-se mantimentos) para os palestinos. O "Santo Estado, do povo eleito", atacou a frota terrorista (leia-se frota de voluntários) em águas internacionais segundo a mídia, mas para os israelenses são águas israelenses, afinal de conta foi deus quem lhes deu o domínio de toda aquela região: seja do mar, do ar ou da terra.

Os "bravos" soldados israelenses com metralhadoras, pistolas e granadas enfrentaram os "terroristas fortemente armados" com armas "altamente letais": barras de ferro, estilingue, bolinhas de gude e cadeiras.

Ante a "agressividade" dos "malvados terroristas" que feriram uns soldados eles na defensiva foram obrigados a matar "dezesseis elementos de alta periculosidade e ferir mais trinta meliantes" que procuravam "subverter a ordem estabelecida", ajudando palestinos que passam por privações. Mas ajudar palestinos é um crime hediondo, visto que são descendentes do povo filisteu que os antigos judeus já haviam expulsado de Canaã por ordem de seu general, o sheik Jeová, Javé, Iahweh enfim o Tetragramaton dos Exércitos.






Fico "feliz" porque o Estado de Israel acabou com a tentativa dos terroristas de dar pão a quem tem fome e cuidados a quem precisa. Para Israel caridade é sinônimo de terrorismo e filantropia é sinônimo de antissemitismo. Curioso não?