sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Liberta São Vicente


O PSOL de Praia Grande (Partido Socialismo e Liberdade) participou da primeira manifestação "Liberta São Vicente", no dia 22 de janeiro, aniversário da cidade, cerca de duzentas pessoas dos mais variados segmentos da sociedade vicentina participaram desse ato contra a corrupção em São Vicente. A vila mais antiga do Brasil há 16 anos está nas mãos do PSB e não houve nenhuma melhora significativa para a população, principalmente para aquela parte da população geralmente esquecida e marginalizada: as pessoas de baixa renda.
Aqui em São Vicente estiveram presentes os companheiros professor Odair Bento Filho, Jasper Bastos Lopes, Franz Josef Hildinger (que não tem nenhum partido mas luta pelas causas sociais) e este blogueiro que vos "bloga".
Aqui encontramos os companheiros de São Vicente também, mas eu milito por Praia Grande, porque abriram uma exceção para um anarquista militar.




quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Um cenário de terror



Imagine o leitor uma montanha de lixo, agora imagine pessoas paupérrimas: crianças, adolescentes e adultos envelhecidos antes do tempo. Não é o cenário perfeito para um filme de terror? Não é uma paisagem perfeita para os contos fantásticos de Edgar Allan Poe?
Há mais ou menos uma década vi o que era viver abaixo da linha da pobreza. Não foi trabalho de campo de geografia nem de sociologia. Fui com meu irmão (irmão de consideração mas nem por isso menos irmão, irmão que a natureza não quis me dar) para o lixão à cata de livros em meio aos catadores de papéis. Fomos para comprar livros, sim livros bons também param no lixo. E o que vimos lá? Coisas que olhos não viram - parafraseando São Paulo apóstolo -que os ouvidos não ouviram, que os narizes não cheiraram e que a mente não imaginou.

Fomos para comprar livros e compramos, perguntamos aos catadores quanto lhes pagavam por quilo e não acreditamos ou melhor não quisemos acreditar no que ouvimos: 2 centavos, o quilo. Sim, leitor os catadores de lixo reciclável, ganhavam 00,2 R$. Para ganhar R$ 2,00 por dia precisavam catar 100 quilos de lixo! Eles estavam muito além da exploração e nem sei que nome Marx daria a esse tipo de hiperexploração econômica, seria talvez mais-valia hiperinflacionária? O mais espantoso de tudo é que se você oferecesse para alguns deles que lhe trouxessem livros de 200 ou 300 gramas ou mais 0,20 centavos ainda ficavam agradecidos com a generosidade! E se desse R$ 1,00 você se torna um deus! Mas isso não seria bom negócio para os donos do lixão, pois pessoas dispostas a pagar mais se tornariam concorrentes e logo incômodas para aquele imundo sistema.

No lixão de São Vicente, no Sambaiatuba, hoje desativado, vi crianças trabalhando, pessoas com ferros que mais pareciam lanças para catar papéis, sem quaisquer proteção para os pés, cabeça ou braços. Poderiam se cortar com vidros, pregos enferrujados, se contaminar com líquidos puterfatos ou quaisquer outros materiais. Não eram escravos pois não tinham uma senzala onde descansar nem tinham comida mesmo da pior qualidade lhes esperando, estavam numa condição pior do que as dos escravos do século XIX. Eram pessoas sem esperança, sem identidade, sem futuro, viviam por viver. Com a desativação do lixão não sei o que foi feito delas. O lixão foi destivado para preservar o meio ambiente de São Vicente, mas de que adianta preservar o meio ambiente se se trata o outro como um objeto?

Ver coisas como essas creio eu, superam e muito os romances saídos da imaginação, o que eu vi gostaria que fosse um pesadelo, ou pura imaginação mas era real, tão real quanto você que me lê. É por isso que sonho com um mundo melhor porque o mundo real é um pesadelo sem fim.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Big-Bang e a fé







A respeito do Bing-bang há dois grupos igualmente desinformados:  O dos fanáticos religiosos e o de certos ateus, para os quais a Teoria do Big-bang é incompatível com a ideia de deus*.

Pensam ambos os grupos que a teoria do Big-bang explica a origem do universo. Uns pensam que é uma teoria ateia e blasfema por negar a ação direta de deus na natureza, outros pensam que é uma teoria ateística por prescindir da existência de um deus.

A teoria do Big-Bang foi postulada por um sacerdote, isso mesmo por um presbítero católico apostólico romano, o padre George Lemaître. É evidente que o nome não foi dado pelo padre, mas por um êmulo seu: Fred Hoyle com o intuito de desmerecer a teoria, uma vez que este renomado cientista (diga-se de passagem, materialista e ateu)  morreu crendo na Teoria do universo estacionário, isto é, que certas propriedades do tempo e do espaço são imutáveis, mesmo após ficar suficientemente demonstrado que a Teoria de Lemaître correspondia aos fatos.

A propósito do Big-bang sabe-se que não foi grande, por partir de um ponto minúsculo e que tampouco houve explosão e sim expansão do universo. Expansão e não necessariamente uma produção.

Vibraram os ateus recentemente com o novo livro de Hawking e também com sua declaração de que a Teoria do Big-bang era capaz de explicar o surgimento do Universo sem a necessidade de recorrer à criação divina. [1]

Mas de acordo com Alexandre Zabot: "Em primeiro lugar, não há motivo para espanto, ele sempre afirmou isso. O único aspecto que parece ter mudado em sua opinião é que antigamente Hawking parecia ser mais  condescendente com a religião, agora ele é mais duro.
Sempre que tem a oportunidade, manifesta enfaticamente seu ateísmo". [2]

Muitos ateus apelando ao argumento 'ad autoritatem' dizem Hawking é ateu e complementam com o 'magister dixit': deus não existe.

Assim fazem da autoridade científica uma outro deus ou uma espécie de demiurgo...

Deus não pode ser objeto da ciência pois não é um fenômeno. A ciência lida apenas com experiências, com pesquisas, com testes, ora nem tudo o que existe pode ser testado. Se deus fosse testável, verificável, experimentável ou passível de ser captado pelos sentidos seria material, logo composto,  por isso limitado; inexistente enfim; uma vez que a ideia de deus exclui composição, materialidade e limitação.

Por outro lado os religiosos carecendo de conhecimentos científicos e históricos rejeitam a Teoria do Big-bang apegando-se aos mitos hebraicos como se se tratassem de fatos científicos.

Ora, a Teoria do Big-bang é uma teoria sobre a evolução do universo e não sobre a criação do mesmo.

Os cientistas não sabem o que veio antes do Big-bang ou como o universo surgiu. Se alguém metido a cientista opina sobre o que houve antes do Big-bang não está fazendo ciência mas metafísica, metafísica que faz o papel de antimetafisica ou de metafisica invertida.

O Big-bang não exclui - nem inclui - deus, quem exclui deus são os interessados em que ele não exista, como quem inclui, muitas vezes, tem em vista outros tipos de interesse.

Aliás, os ateus tem verdadeiro pavor de teístas que estudam e que adquiriram algum conhecimento científico, pois, pensam eles, é a ciência uma espécie de mãe ou filha do ateísmo.

E de certo até acaba sendo pois - devido as circunstâncias do tempo presente -  aqueles que se fazem apóstolos do ateísmo eram religiosos de orientação fideista, logo desprovidos quaisquer conhecimentos científicos. No momento em que tais pessoas entram contato com a literatura científica, ficam deslumbradas passando imediatamente ao extremo oposto, aderindo a metafísica cientificista, e negando que fé e ciência possam caminhar juntas.

Cumpre observar ainda que o protestantismo biblicista (fundamentalista) é o padrão religioso que mais produz ateus uma vez que rejeita o padrão científico em sua totalidade acatando apenas a interpretação literal da Bíblia.

Um cristão pode aceitar a Teoria do Big-bang sem deixar de se-lo ou pondo sua fé em risco?

Não só pode como deve - e com orgulho - aceita-la uma vez que foi proposta por um clérigo, que por sinal jamais foi excomungado ou posto fora da igreja. Ter medo da ciência ou da verdade é pura desonestidade, neste ponto até ateus são desonestos como é o caso do supracitado Fred Hoyle que como vimos repudiou mesmo depois de verificada a Teoria do Big-Bang.

Alguém poderia questionar: Acaso a ciência não é materialista? Como um cristão pode conciliar a existência da dimensão espiritual com o materialismo?

De fato é a ciência metodologicamente falando materialista, esboçando no entanto um tipo de materialismo bem distinto do materialismo filosófico que é uma elaboração metafisica, mas, já que tocamos no assunto vamos até o fim, explicando que é materialismo filosófico e que é materialismo metodológico.

Materialismo filosófico é uma ideologia ou visão de mundo, pois implica crer que o universo sendo composto apenas de elementos materiais sempre existiu ou que surgiu do nada; já o Materialismo metodológico diz respeito apenas ao campo e aos métodos da ciência. A metodologia é materialista porque a ciência estuda apenas aquilo que pode ser percebido por nossos sentidos ou seja matéria, isto porém não implica em ateísmo ou em materialismo filosófico, mesmo porque embora todos os cientistas empreguem obrigatoriamente o materialismo metodológico, parte deles, ao menos é deísta e panteísta ou mesmo religiosa. Theodosius Dobzhansky um dos pais do neodarwinismo foi uma prova viva de que a ciência não exclui a fé. Dobzhansky rezava todas as noites pois era cristão ortodoxo.

Para tanto basta admitir que a realidade é mais ampla do que nossa capacidade sensorial ou seja que embora tudo quanto percebamos seja confiável e real, não somos capazes de perceber tudo, ficando alguma coisa para além de nossa percepção. Implica isto num certo tipo de concepção filosófica e não na experiência enquanto tal.

Voltando a Hawking e ao seu livro Alexandre Zabot escreve: "...por puro desconhecimento de conceitos básicos de teologia e filosofia que Hawking afirmou em seu último livro, The grand design [O projeto grandioso], que "dado que existe uma lei como a da gravidade, o Universo pôde criar-se e se cria a partir do nada. (...) A criação espontânea é a razão porque há algo em lugar do nada, de porque existe o Universo e porque existimos. (...) Não é necessário invocar a Deus para acender o pavio e colocar o Universo em marcha". Nessa afirmação, fica evidente que o físico britânico desconhece o sentido cristão de criação ex nihilo. Se já existia algo, a gravidade, então não ocorreu uma criação realmente. Houve uma transformação, uma evolução a partir de algo preexistente". [3]

Notas:
* Com isso quero indicar que deus não é um nome próprio, mas um substantivo comum, por isso me dou ao luxo de escrever deus com letra minúscula, isso nada tem a ver com fé ou falta da mesma.

As notas 1,2 e 3 são de autoria de Alexandre Zabot que é físico e astrônomo e tem uma coluna na revista O Mensageiro de Santo Antônio.
Fonte: O Mensageiro de Santo Antônio, março de 2011, páginas 34-35



segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Capitalismo, competição e suicídio




Quem acompanha meu blog sabe que eu gosto de ler jornais e revistas velhas, outro dia (ano passado) estava fazendo uma faxina em minha biblioteca e encontrei um artigo que eu tinha copiado à mão da revista Exame. O artigo trata do suicídio cometido por um grande empresário que tinha tudo para ser feliz. Paro, por aqui e deixarei o(a) leitor(a) com o artigo e suas reflexões que espero que sejam as mesmas que as minhas.

                                Uma Pressão Mortal

"Na madrugada de 13 de março passado (1997) o executivo americano John E. Curtis, CEO da Lubys, amior rede de cafeteria dos Estados Unidos, se suicidou. Ele fora promovido ao cargo máximo da companhia havia apenas dois meses. No dia em que se suicidou, Curtis teria a primeira reunião, no cargo, de CEO, com o corpo de diretores da empresa. Em vez de ir para a reunião, entrou num motel de 32 dólares a diária e se esfaqueou repetidas vezes, no pulso esquerdo, abdômen e pescocço.
Curtis, 49 anos, era casado com a namorada dos tempos da universidade, tinha três filhos bem encaminhados e uma situação financeira tão confortável quanto 18 anos de carreira ascendente numa próspera empresa podem proporcionar. Religioso, assessorava as finanças da igreja, além de frequentá-la sempre na companhia da família.
Sim, seres humanos bem posicionados profissional e financeiramente também acabam com a própria vida. Convencionou-se, sabe-se lá quando que para cumprir o seu papel o executivo tem que ser um homem forte, além de corajoso, ousado, firme, seguro. Sem essas qualidades o sucesso, teoricamente, não pode ser alcançado. E sucesso é o tipo de coisa que todos nós buscamos, diz, em São Paulo, o psicanalista Luciano Colella. Qual é a característica principal da função do executivo? A competição, continua Colella. A sociedade favorece a imagem do sucesso em forma de competição. E cobra isso do executivo".

Nota: O texto não está na íntegra.
Fonte: REVISTA EXAME, 21 de maio de 1997, páginas 96-97.