sábado, 10 de outubro de 2015

Como afirmar o evolucionismo perante seus alunos! II

Continuação

3 - Caso seu aluno diga: Acaso o senhor já observou a evolução acontecer?

Poderá responder-lhe da seguinte maneira:

Sabe quanto tempo é necessário para a formação de uma Ilha no Delta de um rio (como o Nilo, o Tigre, o Eufrates, o Prata ou o Amazonas)?

Quatro, cinco, seis mil anos ou até mais tempo.

De fato não podemos acompanhar o desenvolvimento da vida de uma Baleia ou de um Elefante, animais que via de regra vivem mais tempo do que nós.

Nem por isso deixamos de saber quanto tempo vivem tais seres. Porque aquilo que observamos é completado pelas observações das gerações seguintes.

É verdade que geração alguma de seres humanos dedicou-se a observar e relatar o crescimento das sequoias gigantes, abetos, pinheiros, carvalhos, oliveiras... sujo desenvolvimento dura séculos ou mesmo milênios.

Basta no entanto que contemos os anéis de seus troncos para que obtenhamos a resposta...

Humano algum poderia ter assistido a deposição salina no fundo dos Oceanos ao cabo de centenas de milhões de anos... No entanto como o sal continua sendo depositado até hoje em um ritmo mais ou menos regular a cada ano, podemos mensurar o total da deposição e dividir esse total pelo tamanho de uma faixa anual...obtendo um resultado matematicamente exato.

Percebe como os processos que envolvem a natureza ultrapassam o limite da vida humana?

Mas que apesar disto podemos quase sempre mensurar tais transformações em termos anuais e, consequentemente calcular a duração do processo 'in totum'?

Não podemos ver o que acontece em centenas de milhões de anos. Mas podemos ver o que acontece em um, dois, dez ou mesmo cem anos. A partir dai podemos pesar, medir, contar e conhecer com relativa exatidão a extensão do fenômeno.

É natural que nós, os seres humanos, tenhamos dificuldade em lidar com tais cifras numéricas, especialmente quando dizem respeito ao tempo.

O fato de não ter podido observar o curso do processo evolutivo não me impede de perceber que o processo evolutivo interliga e relaciona centenas de fatos que por si só permaneceriam isolados, imprimindo-lhes um sentido. Este sentido posso percebe-lo perfeitamente.

E você por acaso viu sua Bíblia - ou livro religioso - ser escrito ou seu deus produzir o mundo em seis dias?

4 - Caso o aluno seja sincero e responda que não viu mas que alguém lhe disse ou que esta escrito, poderá responder-lhe:

Neste caso estamos empatados pois também me disseram - e pessoas muito conceituadas  (poderá citar Dobikhaszy, Mayr, Jay Gould, etc) que os seres vivos evoluem, o que também esta registrado em nossos livros de ciência e biologia.

5 - Se o aluno rebater:

Acontece que a Bíblia é sagrada.

Poderá replicar: Sagrada para você mas não para os outros, para todos ou para mim.

Alias o fato de ser sagrada não a transforma em livro de Física, Química, Biologia, História, Geografia ou Sociologia.

6 - Se o aluno disser:

Sua evolução não foi testada!

Poderá responder:

Tampouco sua criação.

7 - Caso o aluno pergunte:

O senhor já viu um macaco se transformar em homem?

Talvez seja conveniente replicar:

E você já viu a divindade modelar um bonequinho de barro e soprar-lhe nas ventas?

(Perceba o professor que em termos de ver ou testemunhar poderá reverter a Bíblia e a Criação todo e qualquer argumento emitido contra a evolução!)

De minha parte não julgo o macaco menos honroso do que o barro ou o lodo; isto pelo simples fato do macaco além de ser vivo, ser animal e mamífero estando consequentemente muito mais próximo de nós do que um pedaço de barro.

Nem vejo como possa ser vergonhoso (para o homem, que é um animal) este laço de parentesco absolutamente natural.

8 - Se o aluno atalhar:

Não consigo perceber qualquer semelhança entre o homem e o macaco.

Poderá replicar:

Neste caso como consegue perceber qualquer semelhança entre o ser humano e um torrão de barro?

Uma coisa é certa> há mais chances de relação entre as coisas próximas e semelhantes do que entre as distantes e diferentes...

Por outro lado nem poderia eu ter observado qualquer macaco transformar-se em humano pelo simples fato de que o macaco não é ancestral mas colateral (primo) do ser humano. Queremos dizer com isto que descendem ambos de um mesmo ancestral comum, no caso um primata.

Este ancestral como da classe dos primatas não era nem macaco nem homem mas alguma outra coisa.

9 - Caso seu aluno dispare:

Ouvi dizer que a Evolução não passa de uma teoria como a Criação.

Convém responder-lhe:

Seu equivoco consiste a acepção vulgar ou profana da palavra, segundo a qual teoria seria o mesmo que hipótese, opinião ou suspeita. Cientificamente no entanto 'teoria' nada tem a ver com hipótese ou opinião, muito pelo contrário, cientificamente 'teoria' refere-se a um explicação geral que liga ou unifica certo número de fatos isolados comunicando-lhes um 'sentido'.

Órgãos vestigiais, fósseis, especiação regional são alguns dos elementos ou fatos solidamente unidos pela teoria evolucionista.

Já a criação sequer pode ser encarada como hipótese científica e isto por uma razão bem simples: a formulação de qualquer hipótese científica é sempre posterior a investigação da natureza. A narrativa da criação mágica no entanto precede em milênios a codificação do método científica; merecendo ser classificada como uma crença 'a priori' ou seja anterior a qualquer tipo de observação. Propriamente falando a narrativa do Gênesis não passa de um mito ou duma explicação em torno da origem das coisas, tomado de empréstimo - pelos sacerdotes israelitas - a cultura dos antigos Sumérios.

A Criação não pode a título algum ser classificada como 'teoria' hipótese rival da Evolução mas como um mito aprioristicamente construído. Resumindo: A evolução se sustenta porque parte dos fatos ou do material examinado para a explicação, a criação é totalmente furada porque parte do livro ou da narrativa para a realidade, cabendo a esta adaptar-se a narrativa contida no livro... Apesar disto a natureza não se adapta.

10 - Aqui é possível que algum aluno questione:

Não é melhor acreditar no testemunho de Deus no que no testemunho dos homens?

Neste caso poderá seguir este roteiro:

O problema aqui não é Deus.

Jamais o vi dar entrevista na TV dizendo que criou o mundo em seis ou dez dias!

O problema aqui é o livro ou melhor os livros. Pois diversos livros tem a pretensão de corresponder as palavras de um deus, assim os Vedas, os Gatas, a Torá e o Corão, dentre outros.

Conclusão: Os adeptos do criacionismo estão divididos e cada qual apresenta uma narrativa diferente a respeito da tal criação.

Neste caso por que preferir, sem mais, a narrativa escrita pelos antigos israelitas e não qualquer outra?

Quanto ao testemunho de Deus e ao dos homens, penso que cada qual deva ter seu lugar.

11 - Como assim professor?

Uma vez que Deus mesmo concedeu ao homem capacidade suficiente para perceber - através de seus sentidos - e compreender - através da razão - o universo em que vive não vejo porque deveria 'revelar-lhe' qualquer coisa neste sentido.

Parece-me que o ato de revelar esteja posto para as coisas ocultas ou seja inacessíveis aos sentidos e a razão humana.

Neste sentido até posso compreender que o Deus invisível revelasse algo sobre seu Ser ou sua vontade; conhecimentos aos quais nós seres humanos não temos qualquer acesso.

Quanto as questões em torno da origem do universo, da vida e das sociedade humana julgo ter concedido aos mortais a incumbência de investiga-las a partir de suas próprias capacidades, do contrário te-lo-ia constituído inepto para tanto... Apesar disto este homem sente, percebe, reflete e julga.

Concluindo: Que Deus revele-se a si mesmo parece-me possível, agora que aspire passar por professor de cursinho universitário é perfeitamente escuso ou desnecessário.



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