sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Por que doravante votarei nulo?




Apesar de ter lido vários textos de anarquistas contra o sufrágio universal, contra o voto, mesmo contra o voto crítico, mesmo tendo conhecimento de textos e mais textos, mesmo assim votei - o coração tem razões que a própria razão desconhece, escreveu Pascal - pois parece-me que só aprendemos a partir de nossas experiencialidades, com nossos próprios erros.

No 1º turno votei nos candidatos do PSOL e no 2º turno optei pelo "voto crítico", pelo "voto tático" com medo de eleger Aécio pois em minha ingenuidade pensei que a situação do Brasil poderia piorar e ante isso eu votei na senhora Dilma Roussef, ainda escrevi textos sobre o voto crítico bem como  textos apoiando a presidente, aquiaqui, aqui e aqui.

Eu não votei na Dilma porque pensei que o Brasil iria ter avanços mas votei para não ter retrocessos e enganei-me da forma mais estúpida possível, mais estúpida porque já tinha sido alertado por textos anarquistas. Por estes dias Dilma anunciou Joaquim Levy como ministro da fazenda, um sujeito neoliberal que não tem um pingo sequer de socialismo. A Dilma enganou seus eleitores, tudo o que disse em sua campanha eleitoreira foi desmentido  com o anúncio de um ministro da fazenda à direita, isso para não falar na indicação da Kátia Abreu para ministra da agricultura. O PT criticou tanto o PSDB para no fim fazer o mesmo que o PSDB, só por isto, o PT se mostra mais desonesto que o PSDB. O bom disso é que a máscara do PT caiu, se o partido da estrela vermelha conseguia se disfarçar como esquerda, agora o disfarce foi desfeito e todos sabem de que lado está o PT. Até a revista liberal The Economist elogiou a escolha da senhora Roussef e mais ainda a revista afirmou que a política econômica do PT é uma imitação da política do PSDB, além de toda a canalhice, o PT é também um partido plagiador, se ao menos plagiasse o que é bom...

A esquerda que votou em Dilma está revoltada e sente-se traída pela presidente que mostrou ter aprendido bem as lições de O Príncipe e agora não adianta reclamar, o voto crítico assim como todos os outros votos revelou-se uma fraude, na verdade o voto crítico/tático deveria ser chamado de voto ingênuo.

Guilherme Boulos percebeu que o partido dos trabalhadores não é mais dos trabalhadores, é um partido que está à direita e pouco se importa com os trabalhadores e com os pobres deste país, ademais continuarão com o seu assistencialismo barato e a gente pobre ainda verá na dupla dinâmica Lula e Dilma uma espécie de Cristo no primeiro e uma espécie de virgem Maria na última. O texto de Guilherme Boulos  é um texto irônico mostrando a verdadeira face do PT.

O PT metamorfoseou-se, de esquerda que era tornou-se direita, a sátira de George Orwell cai bem ao PT:

"Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora, olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco".  George Owell in A Revolução dos bichos.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Jesus é um plágio de outros deuses?


O texto a seguir é do Kaio Costa presidente da Sociedade Racionalista, Kaio é ateu portanto insuspeito, não tem interesse em defender o cristianismo. Eu pedi permissão do Kaio para publicar o seu texto. Segue o texto.

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Hórus [1]:

Alegação:

“Nasceu no dia 25 de dezembro de uma mãe virgem, com uma estrela no oriente, foi apresentado por 3 reis, professor aos 12 anos, batizado aos 30, possuía 12 discípulos”.

Refutação:

Hórus não nasceu de uma virgem – ele era filho de Osíris com Ísis. A afirmação de que a mãe de Hórus, Isis, era uma virgem é facilmente refutada com uma pesquisa rápida. A Enciclopédia Mythica mostra que seu nascimento foi totalmente sexual. Depois que seu pai Osíris foi assassinado por Seth, seu corpo foi cortado em pedaços, e Isis ficou com a missão de recuperar seus pedaços. Ela, então, “fecundando-se com corpo de Osíris, deu à luz Hórus nos pântanos de Khemnis no Delta do Nilo.”

Hórus não nasceu dia 25 de dezembro. De acordo com a mitologia egípcia, há três datas para o nascimento de Hórus, e a mais fundamentada é 15 de novembro.

Não há nenhuma referência que Hórus tenha sido batizado, nem Hórus, nem nenhum outro deus egípcio, e Hórus não teve um “ministério”. Ele “se tornou rei” após a assembleia dos “deuses” decidir apoiá-lo contra Seth.

Hórus nunca ensinou nada a ninguém, nem muito menos aos seus 12 anos. Ele permaneceu escondido durante toda sua infância. Somente quando se tornou adulto ele se revelou e lutou contra Seth para vingar seu pai. Hórus só tinha 4 discípulos, e não 12, e estes eram chamados de “Heru-Shemsu”.

O nascimento de Hórus não foi anunciado por nenhuma estrela e não havia três reis magos presentes no nascimento.

Mithra [2]:

Alegação:

“Nasceu no dia 25 de dezembro, fazia milagres, possuía 12 discípulos, morreu e ressuscitou após 3 dias.”

Refutação:

Mithra nasceu do cruzamento do deus Ahura-Masda com uma pedra, e não de uma virgem. Foi sincretizado pelos soldados romanos vindos do oriente com o deus “Sol Invictus”, surgindo a religião chamada “Mistérios de Mitra”.

Os mitras não deixaram textos, só imagens. Mithra não ressuscitou, mas sim sacrificou uma espécie de “touro sagrado” dentro de uma caverna. As histórias sobre Mithra contam que ele teve apenas um ou dois discípulos. Todavia, há uma gravura em pedra que ilustra Mithra matando o touro com 12 espectadores assistindo.

Dionísio [3]:

Alegação:

“Nasceu no dia 25 de dezembro, fazia milagres, era rei dos reis, o Alpha e o Omega e ressuscitou”.

Refutação:

Esse, realmente, me fez pensar se a pessoa que criou essa imagem realmente estava falando sério. Acho que ele procurou no Google pelo nome “Dionísio”, pegou a primeira imagem que apareceu e colou. Ali não é Dionísio deus grego, e sim Dionísio O Areopagita, um cristão discípulo de Paulo.

Seu nascimento era celebrado em 6 de janeiro e não 25 de dezembro.

Dionísio, a divindade Greco-romana, que também era conhecido em Roma como Baco, o deus do vinho, era representado por um jovem nu, o que difere totalmente da foto postada, que é de um ancião de barba e vestido até na cabeça.

Outro erro grotesco: Como Dionísio poderia ser reconhecido como “o rei dos reis”? Onde fica Zeus nessa história? Ele estava abaixo de Zeus, de Hera, de Apollo e etc. Nem de longe era “o rei dos reis”.

Como ele poderia ser o alpha e o ômega se ele foi criado por Zeus? Como é que ele poderia ser o primeiro e o último se existiam vários na frente dele, inclusive Zeus, que era o maior de todos?

Na mitologia greco-romana, os deuses são imortais. Como ele ressucitou, se era imortal e nunca poderia morrer? Além do que nunca foi dito que algum deus grego tenha se tornado humano propriamente alguma vez.

Attis[4]:

Alegação:

“Nasceu de uma mãe virgem, crucificado e ressuscitou ao terceiro dia.”

Refutação:

Pra inicio de conversa: Attis não era um homem, era uma mulher.

Segundo, não há notícia de que a mãe de Attis era virgem. A fecundação da mãe dela se deu depois que o deus Agdistis, que tinha nascido com os dois órgãos sexuais, cortou o órgão masculino jogou na terra e caiu em uma amendoeira e, depois que os frutos dessa amendoeira ficaram maduros, Nana, que era filha do deus-rio Sangarius, pegou uma amêndoa e deitou no seu seio. Então ficou grávida de Attis. Logo ela nasceu de uma reprodução sexuada.

Attis nunca foi crucificada. Ela era também uma deusa frígia da vegetação, e em sua auto-mutilação, morte e ressurreição, ela representa os frutos da terra, a qual morre no inverno para só reviver novamente na primavera. Ou seja ela se mutilava, suicidava e ressurgia.

Krishna [5]:

Alegação:

“Nasceu de uma mãe virgem com uma estrela no oriente. Fazia milagres e ressuscitou.”

Refutação:

Essa divindade não nasceu de mãe virgem. A mãe de Krishna teve vários outros filhos e filhas antes dele, portanto não era uma virgem. Krishna era da família real de Mathura e o oitavo filho da princesa Devaki e do marido Vasudeva, um nobre da corte.

Não há nenhum relato de tal estrela.

Krishna foi morto quando um caçador o atingiu no pé com uma flecha envenenada. Ele não ressuscitou.

Sobre os milagres, é óbvio que todos os deuses da imagem (e todos os deuses do mundo), em suas histórias, faziam milagres. Qual seria o objetivo de um deus se ele não fizesse milagres? Ser presidente de um país?

Conclusão:

Jesus, o homem humano, se existiu ou não, não cabe a este post. A intenção aqui não foi validar a existência ou não de Jesus, mas sim de mostrar que essa imagem – e de onde ela foi tirada – é falsa.

Referências:

[1] Hórus:
http://www.pantheon.org/articles/h/horus.html
www.reshafim.org.il/ad/egypt/osiris.htm#horus
http://tektonics.org/copycat/osy.html
http://www.thenazareneway.com/index_egyptain_book_dead.htm
The Eye of Horus – THURSTON, Carol.

[2] Mithra:
http://www.newadvent.org/cathen/10402a.htm
www.pantheon.org/articles/m/mithra.html
http://www.tektonics.org/copycat/mithra.html

[3] Dionísio:
Representação do deus grego Dionísio:http://2.bp.blogspot.com/-xKYdR8GKLSc/T7G4DHx-XMI/AAAAAAAAAlo/bZ-WAWTjajI/s400/mg-deusdionivinhpraz.jpg
http://www.pantheon.org/articles/d/dionysus.html
http://www.greekmythology.com/Other_Gods/Dionysus/dionysus.html

[4] Attis:
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/42255/Attis&usg=ALkJrhjKjMdHIHA-47Z-kk6TSns_aajh8g
http://www.tektonics.org/copycat/attis.html

[5] Krishna:
http://www.pantheon.org/articles/k/krishna.html
http://hinduism.about.com/od/lordkrishna/a/krishna.htm

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Não divulgue erros.
Kaio Costa – Presidente da Sociedade Racionalista.

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P.S.: Originalmente publicado aqui ==> http://consciencia.blog.br/2013/12/kaio-costa-refutacao-a-imagem-que-faz-associacoes-falsas-entre-jesus-e-outras-divindades.html

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Considerações sobre o Estado





O Estado não poucas vezes constitui um dilema - O Estado sustenta a opressão e o capitalismo de Estado, mas sua implosão poderia provocar o surgimento de um novo mundo, o mundo gerido por industriários e empresários cujo poder seria mais tirânico do que o do Estado.

Margareth Thatcher - de infeliz memória - quando foi 1ª ministra do Reino Unido praticamente aboliu o salário mínimo de modo que os patrões poderiam pagar um salário mais baixo que o mínimo exigido por lei, já que o Estado não se intrometeria nos "acordos", entre o contratado e o contratante. Uma vez que esses "contratos" eram impostos o trabalhador tinha duas opções receber muito pouco ou não receber coisa alguma.


Neste ponto não deveria haver uma pressão social para que o Estado interfira na economia, uma vez que os mais pobres não tem como defender seus direitos? Penso aqui na teoria da jaula que Chomsky tomou emprestado de operários brasileiros, expandir a jaula para que o bicho feroz que é o patronato não devore os trabalhadores. Pois é, o Leviatã não é 100% mau mas também não é a maravilha que os adoradores hegelianos de esquerda ensinam.

Evidentemente gostaria que não dependêssemos do Estado, que não houvesse burocracia e que não houvesse essa representatividade burguesa, mas para isso é preciso sim organizar e educar o povo para sua emancipação mas não só em nível nacional mas em todo o mundo, pois toda e qualquer revolução ou evolução da sociedade, se for localizada está fadada a desaparecer porque a reação é internacional.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Anarquismo roteiro da libertação social




Hoje à tarde acabei de ler o livro de Edgard Leuenroth, Anarquismo roteiro da libertação social  que é uma antologia de textos libertários que versam sobre a história do anarquismo, história da imprensa anarquista, dos congressos anarquistas, que explicam o que é o anarquismo e como agem os anarquistas e também versa sobre a educação libertária. A maior parte dos textos é do próprio Leuenroth, mas também há textos de Gigi Damiani, Malatesta, José Oiticica entre outros.

O livro tem uma linguagem de fácil assimilação mas nem por isso deixa de ser profundo, de todos os livros sobre o anarquismo que li este foi o melhor, o autor e organizador da obra refutou o marxismo e suas pretensões historicistas, explicou exaustivamente que todos os problemas derivam do Estado e da propriedade privada, e que são esses entes que sustentam o capitalismo.

Edgar Leuenroth insiste por todo o livro que os anarquistas se associam livremente e praticam o apoio mútuo, sem coação, sem leis, apenas baseados na camaradagem e, o melhor o autor não faz discurso sobre o funcionamento da sociedade anárquica mas demonstra cabalmente através de fatos históricos vários episódios de anarquistas e de pessoas comum que se associaram livremente e aboliram o dinheiro e entre eles reinava a harmonia, esses fatos vieram a desmontar a tese marxista-leninista de que precisa haver uma ditadura do proletariado, a tomada do governo para se chegar ao comunismo. Leuenroth desmonta essa falácia apenas demonstrando fatos e nada mais.

Este livro é simples e não tem grandes pretensões, é a melhor iniciação ao anarquismo e é obra de brasileiro, é uma aula de filosofia, de história e de sociologia para se entender o que é de fato o anarquismo, este livro não deixa nenhuma dúvida sobre o assunto e sua linguagem além de didática é uma linguagem serena e acolhedora. Se você se interessou pelo livro pode comprá-lo mas se não puder e/ou quiser comprá-lo pode baixá-lo gratuitamente aqui. Se este texto excitou sua curiosidade a  ponto de levá-lo(a) a baixar a ler o livro dou-me por satisfeito. Quanto a mim, posso dizer que este livro me esclareceu muito.