sexta-feira, 17 de março de 2017

Programa de restauração das fontes da cultura III

Eis-nos chegados aos sistemas naturalistas, pós liberalismo econômico:

  • Comunismo
  • Positivismo
  • Fascismo
  • Nazismo

    Mais:

    Socialismos materialistas e irreligiosos
    Anarquismo socialista

Todos pontuando os defeitos do Capitalismo, fazendo-lhe oposição e aspirando substituí-lo ou sucede-lo. No primeiro caso temos quatro sistemas totalitários em maior ou menor grau e no segundo sistemas politicamente liberais ou democráticos, ou melhor policráticos e ao menos quanto a este tema, o da organização política, estamos decididamente com o segundo grupo, i é com Bakhunin, Kropotkin, Poulantzas e alguns outros teóricos da democracia direta, que é a saída inversa para a democracia indireta ou representativa e saída pela superação não pela negação.

Aqui nossas diferenças são apenas quanto as fontes e os métodos, pois nós, com Sócrates, Platão e Aristóteles partimos da essencialidade Ética, encarando o socialismo como manifestação ou expressão de uma justiça cósmica e consciência universal, eterna, imutável... E acreditamos na via institucional ou das reformas políticas, sem no entanto repudiar a doutrina da guerra justa. Todavia encaramos com máxima cautela a 'mística da violência' e preferimos, sem duvida, o método da desobediência civil. Pelo simples fato do sistema capitalista ser vulnerável a inação ou a paralisação do elemento produtor. O que no entanto exige introjeção e expansão de consciência, alias tarefa precípua a que não se pode fugir impunemente.

O homem deve ser educado para o socialismo no âmbito da cultura. Introjetar princípios e valores socialistas neste homem e revolucionar sua mente, e revoluciona-lo internamente, e alterar seus paradigmas é categoricamente imperativo. E arma alguma tem ou terá poder suficiente para produzir tal consciência. Sem a qual todas as Revoluções revertem quando cessa a coerção externa ou física. Tornando aquele homem a ser cooptado pela ideologia capitalista.

Que dizer agora sobre os totalitarismos?

Todos tem calcanhares aquileus ou pés de barro: Ali o ateísmo que conduz sempre e necessariamente ao relativismo, ali o cientificismo sem consciência, mais adiante o autoritarismo e reducionismo cultural e mais além a superstição abjeta e hedionda do racismo...

Aqui o homem é convertido em fração do partido, ali em cobaia, acolá em membro de uma pátria abstrata e por fim em lixo... E esmagado sem maiores contemplações em nome de tais realidades superiores quais sejam o partido, a ciência, o estado ou a raça; o homem racional e livre desaparece e com ele, ainda aqui e mais uma vez, nossa herança grega!

Organização política - não necessariamente partidária - é bom, ciência é excelente, cultura é vital... desde que cada um destes elementos seja vivificado por uma consciência Ética que reporte a dignidade humana, ao bem, ao amor, a justiça. Dispersos e isoladamente elevados acima do homem tornam-se igualmente daninhos e degeneram.

Sem a ideia de um Sumo Legislador cujas leis sejam racionalmente acessíveis ou de uma Revelação divina jamais saímos disto.

E ficam os naturalismos em continua luta, a semelhança das seitas protestantes que os precederam, ampliando a confusão reinante, alimentando o ceticismo e não poucas vezes fortalecendo a resistência do Capitalismo e demais formas de individualismo, bem como a alienação fundamentalista.

Eles são, me perdoem a crua expressão, como larvas a alimentarem-se de carne podre. Pois quando aparecem em cena o protestantismo e capitalismo já corromperam por completo a sociedade e a cultura, e capitalismo é necessariamente materialismo e por fim ateísmo, então não saímos disto. E tampouco encontraremos qualquer adjutório ou apoio nas doutrinas transcendentes, descarnadas e supersticiosas alimentadas pelos fundamentalismos de matriz semítica... Protestantismo Ortodoxo e islamismo aspiram cremar o cadáver e espalhar suas cinzas pela terra... Situação dramática!

Sem maiores evasivas direi que precisamos de algo que esteja situado entre o ateísmo e o materialismo a um lado e a religiosidade mística ou descarnada a outro. Como uma crença que incorpore a imanência, valorizando-a. Pelo que chegamos ao deísmo ou a religião natural dos antigos gregos e dos iluministas franceses ou ao Catolicismo antigo fundamentado nos Santos Evangelhos e na tradição. Talvez aqui possamos encontrar um critério Ético que seja saudável. Penso que ao menos devamos ouvir a um Sócrates e a um Platão ou a um Jesus Cristo e escutar-lhes as propostas.



Por que jaz o Ocidente prostrado face ao islã e correndo risco iminente de ser absorvido por ele?

Por que chegamos a semelhante estado de coisas, tão deplorável e tão arriscado?

Por que nos encontramos acuados e ameaçados?

Elemento houve em nosso passado que desagregou-nos e desde então esta desagregação não cessou de progredir e de avolumar-se.

E a melhor forma de conquistar um Império qualquer é dividi-lo.

"Divide e impera.", tal a divisa de César.

Quando a Europa era Una pela Cultura ou quando era inspirada pelos valores comuns instilados pelo Cristianismo antigo, soube resistir ao islã como um só homem, conte-lo e faze-lo recuar.

Passado os áureos dias de Lepanto, desde o século XIX, o islã tem retomado sua expansão as custas de uma civilização superficial envenenada pela confusão e pelo ceticismo.

Quem ensinou-nos a ser céticos e a duvidar de tudo???

Foulcault e os pós modernos, Kant antes deles e antes de Kant, Hume. Foram eles que demoliram as certezas pelas quais bem se vive e se ousa morrer. Foram eles que assassinaram a Verdade que regula as vidas. Foram eles que removeram o espírito que anima as consciências. Mas eles são produtos do protestantismo ou do ambiente protestante.

Lutero foi quem abriu a primeira brecha em nossa cultura fazendo com que o homem duvidasse da Igreja, até chegar a duvidar da Ética proposta pelo Evangelho. Quando este homem chegou a acalentar duvidas sobre o Cristo, teve de buscar outras fontes para sua Ética e não podia deixar de chegar aos confins do relativismo e do subjetivismo. Ou de precipitar-se no legalismo de religiões menos evoluídas... Abandonou o Evangelho que inspira para ser comandado por patrões, líderes, partidos, etc

Após o triunfo do ceticismo religioso por meio da reforma protestante o espírito do homem não mais achou repouso, fatigou-se, extenuou-se, dissipou-se... A ponto de negar a realidade percebida pelos sentidos! Tal o abismo em que veio a precipitar-se.

Não nos congregamos mais como irmãos e membros da mesma cultura com o objetivo de dar combate ao inimigo comum e insidioso.

Porque a fé que nos unia pela produção da cultura foi abatida.

Mas o protestantismo nos trouxe a Bíblia!

Nós trouxe os mitos e fábulas dos antigos judeus que face a ciência não podemos suportar e, consequentemente decepção e ceticismo!

Nos trouxe o livre exame, individualista a subjetivo com que se destrói a mensagem do Evangelho possibilitando a construção de diferentes e múltiplos Cristos!

Nos trouxe, vitorioso e triunfante aquele pessimismo agostiniano que nem mesmo o talento e gênio de um Montaigne ou de um Hervetius haviam conseguido injetar na sociedade papista como um todo.

Pela judaização, pelo livre examinismo e pelo agostinianismo, com sua teoria sobre a corrupção absoluta da natureza o protestantismo instilou o veneno do ceticismo nas veias da cultura européia. E no entanto este homem, europeu, asiático, americano ou africano, anseia por verdades sobre as quais apoiar suas ações... Assim se o ocidente nega-as, o islã oferece-as; e arrasta multidões de homens, inclusive de homens sábios e prudentes como um Roger Garaudy!
Natural que num cenário de pessimismo epistemológico, por detrás do qual avista-se o pessimismo antropológico de Mani, as pessoas flertem com o islã ou com qualquer outra coisa...

O islã é certamente falso. Mas sabe afirmar-se obstinadamente como verdadeiro! E nosso homem confuso, ansioso, angustiado, aflito, desiludido... deixa enganar-se pela aparência da verdade. E prefere a aparência da verdade a negação da verdade ou a dúvida metafísica e invencível enunciada por aqueles que sobreviveram ao triunfo efêmero da variedade das seitas protestantes.

Pois foi a variedade e a disputa que alimentou o ceticismo!

Foi o Biblismo, foi o livre examinismo, foi o agostinianismo... Tal a matriz de nossos males, de nossa crise, de nosso abalo! Tal a porta de entrada da nova ordem naturalista e dos posteriores conflitos - O protestantismo! A reforma!

Foi ela que restabeleceu a doutrina dos antigos sofistas em detrimento da via indicada por Sócrates e enfim por Platão e Aristóteles.
Foi ela que desfez a mentalidade racional e racionalista de nossas ancestrais, até certo ponto incorporada pela escolástica latina!

A reforma foi nosso desvio de rota! Foi o primeiro passo que nos conduziu a esta via dolorosa e val de lágrimas da cultura. Foi ela que engendrou a crise! Foi ela que corrompeu as fontes da cultura!

Então sabemos até onde devemos retrocedes e recuar!

Temos de revisar, de retroceder, de recuar, antes que o abismo nos engula.

Não temo dizer e declarar que precisamos nos reconciliar com o passado. Com as fontes e raízes da nossa cultura. 

Alias a própria igreja romana precisa recuperar-se, precisa lavar-se e purificar-se da poluição protestante com sua RCC... Precisa superar seu tradicionalismo formalista amancebado com o capitalismo... Precisa construir uma teologia da libertação fundamentada na tradição dos antigos padres, etc Precisa recuperar sua identidade e sua consciência. Ou ser substituída inexoravelmente pelo Catolicismo Ortodoxo... 

Com ou sem as igrejas romana e anglicana precisamos resgatar o nosso passado ante protestante. Nosso passado de unidade e fé. Nosso passado de Ética e amor. Nosso passado de Evangelho e tradição. Temos de retornar até ele para fazer frente ao islã. Richard Dawkins reconheceu-o honestamente. Não saímos desta crise funesta sem cristianismo e sem cristianismo Católico, porque nela fomos postos e iniciados pelo pseudo Cristianismo protestante com seus delírios individualistas, subjetivistas e relativistas...

Precisamos resgatar a preciosa noção de Verdade que conduz a Unidade e leva a ação.

Temos de nos reconciliar socialmente com o Catolicismo ou no mínimo com o Socratismo, matriz de nossa cultura. Desprovida de seus alicerces e fundamentos a cultura vem abaixo como uma residência sujos alicerces foram removidos. O alicerce de todas cultura é a religião, ou, subsequentemente a Filosofia. Comte iludiu a humanidade fazendo-a crer que a ciência era capaz de substituir a Filosofia, e isto pelo simples fato que esta raramente e com suma dificuldade consegue substituir a religião. Infiéis ao absoluto como serão os homens fiéis ao relativo e ao subjetivo??? Mas a percepção??? A percepção comum as pessoas sãs (Alf Ross). Bravata, pura Bravata pois após a razão ou a negação da razão tudo acaba cedendo... Ademais Hume a semelhança de Protagoras (Alf Ross) já teceu cerrada crítica aos sentidos e a razão, asseverando que não há certeza alguma e que o conhecimento científico é tão aparente, ilusório e enganador quanto os conhecimentos religioso e metafísico.

Kant por mais ginástica mental que tenha feito morreu a praia e reconheceu que os sentidos sempre distorcem a realidade. Ciência só é exteriormente ou externamente válida porque produz resultados vantajosos, o que tampouco torna-a verdadeira... A realidade permanece sempre oculta por trás do véu e o homem ignorando a 'essência' de um simples alfinete, em seu estado de ignorância invencível e absoluta. Nada sabemos quanto ao que se acha para além do fenômeno e jamais deixamos de pertencer ao império da ignorância.

Sem fé, sem razão e sem percepção; eis o homem contemporâneo nu e cru... Morre junto com a noção de divindade e miseravelmente perece dentro de si tendo suas habilidades negadas! Que resta a este homem: NADA, NADA, NADA... A reta final e o ponto de chegada de tudo isto é o nihilismo. O fim de toda esta escolástica irracional, anti sensorial e anti humanista. Nada resta ao homem, apenas um nada absoluto no lugar do absoluto. Não há Deus, mas também não se pode dizer que há homem, que há universo... Pois este ser infeliz chega a duvidar da própria existência e da existência do universo, chega as fronteiras da loucura, a insanidade! E os clamores da razão que nele habita e que não pode calar atormentam-no como Tântalo. E ele sofre por ter negado a si mesmo e profanado sua condição!

É este homem pós moderno ou kantiano, ou cético pior do que uma jabuticabeira. Esta corresponde a seu fim produzindo jabuticabas. Os sentidos jamais atingem seu fim, que seria informar o homem sobre a realidade externa a si. Antes pelo contrário desinformam-no na medida em que alteram a realidade e produzem realidades diferentes e antagônicas inclusive. E a jabuticabeira atingindo seu fim atinge-o inconscientemente, enquanto, oh desgraça suprema, o homo sapiens ou melhor non sapiens tem consciência de sua frustração, enfim de que é um ser desajustado ou inepto!

Para que consciência então???

Não era melhor permanecer na inconsciência de tão deplorável estado?

De tão calamitosa realidade, a saber, de que desconhecemos ou ignoramos a realidade?

Tolo o que dá ouvidos ao falastrão A Comte apegando-se a ilusão da ciência como uma náufrago apega-se a uma tábua em meio a vastidão do mar imenso... Apenas para prolongar-lhe a agonia! Protágoras, Hume e outros já mandaram ao fundo o batel de I Kant seu mestre. Fez água e afundou-se. Tudo quanto resta após Nietzsche e Foulcault são interpretações ou leituras. Que se constrói com interpretações ou leituras em termos de Cultura ou Sociedade? NADA, NADA, NADA...

Os homens que lançaram os fundamentos de nossa Sociedade, lançaram-nos porque acreditavam numa verdade, fosse religiosa ou metafísica e foi a verdade que levou-os a atuar buscando criar ou transformar a realidade. Negado o acesso a realidade por meio da verdade fica o homem entorpecido e paralisado. Para criar é necessário saber e saber de fato... A ignorância nada cria, abismasse e fechasse em si mesma. Nega o mundo, nega a sociedade, nega o homem, nega a dor, nega o sofrimento e por isso é incensada pelo liberalismo econômico. Ademais aquele que não chega a solução final como o jovem Werther, aliena-se consumindo... e alimentando o Mercado. Esse homem não se posiciona, não contesta, não faz nada e permanece sempre em mórbida contemplação de si mesmo, em estado de inércia, babando diante de sua estupidez.

Não será agente da civilização, não será atuante face ao islã... Pois não se arriscará e tampouco morrera pelo que é ilusório ou aparente. O que crê ou julga saber algo tem motivos para resistir, o que nega a realidade tenderá a acomodar-se... e a fazer concessões. Mas nós precisamos de lutadores e combatentes. De pessoas que vivam e morram pela cultura ancestral. Por isso temos de retomar o espírito que produziu esta cultura, por isso temos de nos reportar aos pensadores gregos ou aos padres da igreja em busca de salutar inspiração.

Temos de destroçar este cipoal de naturalismos e cortar o górdio do ceticismo, e só podemos faze-lo retrocedendo ao estádio anterior ao protestantismo i é a fé Católica, a lei de Cristo, a voz do Evangelho, a luz da tradição... Não ao Catolicismo ocidental desfigurado pelo agostinianismo maniqueista, mas ao Catolicismo antigo, legítimo, Ortodoxo que afirma e reconhece as capacidades do homem, seja sua racionalidade ou sua livre vontade e capacidade para o bem e a virtude.

Somente por via do Catolicismo ou do deísmo (talvez) atingiremos os ideais gregos da liberdade e da justiça ou seja da democracia e do socialismo superando as ilusões do totalitarismo e do individualismo, os quais não fazem parte da nossa cultura.





quinta-feira, 16 de março de 2017

Programa de restauração das fontes da cultura II

A proposta islâmica da Umma


Agora não é por ódio a civilização Yankee e a idolatria do Capital que abraçaremos algo quiçá ainda mais execrável e odioso quanto a proposta islâmica, a qual pode ser definida como uma arabização em termos universais.

Lá é Washington que se converte em capital, centro e polo e um império mundial; aqui é Meca... E continuamos equidistantes de Jerusalém e Atenas, Roma e Alexandria... E talvez ainda mais distantes porque o islamismo, mais do que o calvinismo, faz-se legatário e herdeiro dos mesmos delírios judaicos anti pagãos, iconoclásticos e transcendentes.

Certamente que os muçulmanos são hábeis em citar os crimes dos EUA como o extermínio dos peles vermelhas e a KKK. Nós não pertencemos a esse ocidente traidor e traído e não compactuamos com os crimes desta SIFILIZAÇÃO protestante/capitalista... Sejamos justos no entanto e perguntemos aos maravilhosos sunitas, wahabitas, hambalitas, salafitas sobre quem EXTERMINOU mais de UM MILHÃO DE ARMÊNIOS, meio milhão de GREGOS propontídeos, e mais meio milhão de ASSÍRIOS, todos cristãos Ortodoxos, em 1914??? Também podemos conversar sobre a escravidão ainda vigente em diversas sociedades islâmicas e divinamente imposta em nome do abençoado Corão.... ou sobre a castração de mulheres e meninas... E QUESTIONAR SE TUDO ISTO É MESMO MUITO BONITO E BELO!

É roto falando do mal vestido, assim o islamismo falando sobre os crimes do Cristianismo, em especial do C protestante ou N americano... E com o trave nos olhos vão soprando o cisco do olho alheio...

Mas as Cruzadas! MAS A JIHAD iniciada pelo califa Omar em 643??? E jamais contida até as batalhas de Poitiers e Tallas, as quais salvaram a Europa Ocidental e a China da arabização...

Quem é que atacou primeiro em Mutta, Kadissya, etc, etc, etc Quem iniciou a guerra, a expansão, a conquista, a rapina, o ataque, a agressão, a pirataria, o morticínio, a conversão forçada, etc EM NOME DE DEUS E saiu berrando aos quatro ventos com o alfange em mãos: CONVERTE OU MORRE??? O cristianismo???

Cruzadas foram uma reação e reação necessária, guerra defensiva e portanto justa face as aspirações imperialistas e universalizantes do islã com seu ideal de Umma.

E não fossem elas, mais Poities e Lepanto, TODAS SEM EXCEÇÃO laboradas com sacrifício e esforço pela igreja romana e não pelo protestantismo hipócrita, NEM O TIO LUTERO teria surgido ou o tio Calvino pois todos estaríamos falando árabe e recitando a shahada com o rosto voltado para a Kibla de Meca e nossas mulheres cobertas com burkas e shadores! Se somos filhos da liberdade e damos continuidade a nossa herança grega e combatemos os preconceitos estúpidos e tolos de judaismo antigo e vindicamos os direitos das mulheres, das crianças, dos homossexuais, dos trabalhadores, dos animais, etc é porque lá nas cruzadas e nas guerras de defesa, nossos ancestrais souberam resistir heroicamente combater, e morrer, e tombar por nós para que não tombássemos como um todo face a sharia e não fossemos arabizados.

E não me venhas tu falar no islã liberal da mutazzila, conquistado em parte pela cultura greco romana e 'obscurecido', 'desfigurado', e 'poluído' porque esse 'islã' impuro ou compósito e desarabizado foi prostrado de morte pelos imames Achari e Gazalli, sucedendo a rígida ortodoxia sunita triunfante com seu ideal de fidelidade irrestrita ao Corão e portanto de irracionalismo e fideísmo crasso.

Nada mais sintomático do que vocês discursarem sobre a existência de 'alguns' muçulmanos liberais e emancipados no OCIDENTE, em Paris, N York, Londres, etc Devo perguntar-lhes sobre o porque de não estarem, espalhando o liberalismo em seus países de origem estre os irmãos? Por que raios não estão a instruir seus pares em Islamabad, Riad, Kandahar, Cairo, etc???  Preciso responder que seriam tratados como heréticos, apóstatas, pecadores, etc e submetidos a murtad???

Lamento por tantos quantos alimentam-se de ódio e rancor mas tudo quanto o islã tem a oferecer ao Ocidente, no lugar dos EUA, é a sharia e não vejo como e porque a sharia seria superior ou melhor, ou menos cruel e danosa do que o capitalismo enterrando as mulheres 'adulteras' ou simplesmente acusadas de adultério até o umbigo e lapidando-as sem misericórdia.

Por ângulo algum vejo que a proposta do islã seja melhor ou superior que a dos fundamentalismo bíblicos. É tudo a mesma treva pestilenciosa.

O islã sunita ortodoxo e salafita será o fim da cultura, do pensamento científico, da racionalidade, da liberdade, da democracia, dos direitos humanos e a cristalização de todos os preconceitos a que combatemos. Será o fim de nossa herança greco romana e a morte do humanismo.

Continua

quarta-feira, 15 de março de 2017

Programa de restauração das fontes da cultura

Este programa é antes de tudo um programa cultural, que diz respeito as fontes ou raízes de nossa cultura.

Opo-mo-lo:

  1. Ao relativismo cultural
  2. Ao americanismo ou civilização protestante
  3. A Umma ou ideal islâmico de arabização mundial
  4. Aos esforços estéreis das culturas de morte ou sistemas naturalistas. 

A falácia do relativismo cultural


Acreditamos firmemente que todos os homens sejam genericamente iguais tendo em vista os apanágios:

  • Da sensação
  • Da percepção
  • Da inteligência
  • Da racionalidade
  • Da livre vontade

No entanto como o desenvolvimento de tais apanágios depende sempre de algum estímulo fornecido por agentes externos e portanto do tempo, do espaço, do meio, etc

Ao menos quanto a dimensão social em que se dá a produção da cultura, a condição do meio é bastante relevante.

Por isso que as culturas não são iguais. Nem sob o aspecto material e tampouco sob o aspecto imaterial.

De modo que toda produção humana sendo cultura tem valor, mas o valor dessa produção não é nem pode se idêntico. Pois a cultura não se esgota em si mesma e o homem não produz cultura pro produzi-la, mas para relacionar-se com o mundo externo e dialogar com ele.

Temos o critério de cultura ou do valor da cultura na realidade externa do mundo.

Evidentemente que aqueles que repudiam a realidade externa do mundo ou sua intelegibilidade, como os kantianos, pós modernos e relativistas, e subjetivistas... descartam este critério, adquirindo esta questão uma conotação filosófica.

Em que nós vamos pelo realismo, pelo objetivismo, pelo senso comum... ou seja pelo caminho oposto ao dos modernos e pós modernos, na direção do estagirita.

O que nos leva a encarar a função da cultura como uma espécie de dialogo ou tentativa de compreender o mundo externo, de adaptar-se a ele ou de transforma-lo; mas sempre tomando por padrão a realidade.

Culturas que deslindam a realidade tornariam a vida do homem mais fácil ou melhor.

Culturas que conseguem fazer com que este homem consiga compreender a si mesmo, sua origem, o meio em que vive, sua história, etc merecem ser consideradas como superiores.

Nós opinamos que neste sentido nenhuma foi melhor sucedida do que a cultura greco romana com seus ideais de: Sociedade democrática, direito natural, orientação racional para a vida, bem comum, ideal estético, etc E que esta cultura foi enriquecida ainda mais pena contribuição do Cristianismo ou Catolicismo antigo com seus ideais de liberdade pessoal e ética; isto a ponto de formar um complexo harmonioso, perfeito e capaz de desenvolver-se organicamente a partir da idade média... Conhecendo de fato certa evolução até a França do século XVIII ou mesmo dos séculos XIX e XX.

É A ESTA NOSSA HERANÇA CLÁSSICA - e não ao capitalismo, ao protestantismo OU A QUALQUER COISA SURGIDA DEPOIS e em oposição aqueles ideais - QUE NOS REPORTAMOS SEMPRE QUANDO NOS REFERIMOS A NOSSA CULTURA OU A CULTURA PROPRIAMENTE OCIDENTAL. 

Portanto se outros tomam por cultura ocidental ou por nossa cultura qualquer outra coisa produzida na Inglaterra moderna, não estamos falando a mesma lingua. E estamos na contra cultura e em oposição marcada a essa cultura oficial ou midiática.

NÓS NÃO SOMOS A FAVOR DO OCIDENTE CONTEMPORÂNEO, O QUAL HÁ CERCA DE MEIO MILÊNIO OU QUINHENTOS ANOS TRAIU SUAS PRÓPRIAS RAÍZES ANCESTRAIS DANDO ORIGEM A UMA CRISE EM PRECEDENTES NA HISTÓRIA HUMANA.





Ainda o veneno americanista


Leon Chestov
em suas esquisitas lucubrações achou por bem, a exemplo do velho Tertuliano de Cartago, opor Jerusalém a Atenas, os apóstolos e o Cristo aos filósofos, a Eklesia Cristã a Ágora e ao Areópago, discordo dele e não entrarei no mérito; mas admitida tal oposição ainda haveria mais e maior oposição entre Jerusalém e Atenas e a Berlim ou a Londres modernas e aqui a oposição é por assim dizer drástica e os valores antagônicos.

E sequer transpomos o mar Oceano chegando aos confins de Nova York.

O Ocidente, já o dissemos, sofre e sangra porque vive um conflito de culturas. Na Europa ou mesmo na América latina temos ainda 'vivos' e em atividade diversos elementos de nossa cultura imaterial clássica ou antiga. No entanto lá nos EUA, aqui e mesmo na Europa temos também um novo padrão de cultura produzido no século XVI ela reforma protestante e este sim organicamente relacionado com o modelo de produção capitalista e todo desenrolar subsequente. E essa cultura contemporânea não é racional, não é coerente e não é realista mas a um tempo idealista a outro materialista, amorfa, híbrida, contraditória... É uma cultura de paradoxos e extremos.

Essa cultura levada adiante pelas necessidades globais do mercado sob a forma de imperialismo cultural, sobrepôs-se e busca sobrepor-se ainda mais a antiga de modo a elimina-la. E temos aqui um conflito de morte entre o economicismo do tempo presente (que é materialista) e o ideal humanista legado por toda antiguidade.

É em suas fontes uma cultura inumana e anti humana, pelo simples fato de remontar em última analise ao maniqueismo agostiniano, assumido dogmaticamente por Lutero e Calvino. É cultura que desconfia do homem e que o tem por essencialmente corrupto e degenerado. É cultura que encara o homem como um coitadinho ou miserável. É cultura que nega sua liberdade e questiona sua racionalidade... E a partir daí não se constrói nada mas substitui-se esse ser indesejável pelo TER.

O protestantismo não nos deu a liberdade. Foram suas seitas e divisões ou seu defeito de estrutura, que impediram uma a outra de assumir o controle efetivo da sociedade, substituindo o papismo e criando uma sociedade Bíblia (ideal ainda hoje buscado por muitos protestantes ortodoxos sob a forma da teocracia). Hábil em questionar e fragilizar a igreja antiga, para nossa suprema felicidade, o protestantismo não foi capaz de tomar o lugar dela na direção da Sociedade. Não é que não o quisesse, - Calvino queimou Servet a lenha verde e Benedict Karpzov queimou bruxas como queimamos palha, - apenas não pode faze-lo. Uma vez que criticou a igreja anterior ou velha foi também ele submetido a crítica (e com ele o ídolo Bíblia) pelos pósteros, vitimizando-se até o dia de hoje... Do contrário a Sociedade Ocidental teria revertido ao século IX a C - Segundo o modelo do antigo Israel e algo bem próximo do islã sunita ou salafita - pois a maior parte dos primitivos protestantes odiavam tudo quanto cheirasse a paganismo e estavam determinados a erradicar nossa herança clássica.

Importa saber que suas aspirações falharam ou estouraram como uma bolha de sabão e que ele perdeu a direção espiritual da Europa em menos de um ou dois séculos. Por volta do século XVII já a Inglaterra achava-se apinhada de deístas a exemplo de Tolland ou Cherbury e na França pontificava Pierre Bayle. Foi Nietzsche que ao contemplar o presente da Europa no século XIX, encarou-o a semelhança do fórum romano, juncado por ruínas, apresentando Lutero como responsável por semelhante estado de coisas... E assomavam entre tais ruínas as colunas truncadas e capitéis da escolástica...

Foi algo poderoso para destruir, mas não para construir qualquer coisa de espiritual porque espiritualmente falando ceticismo, religioso ou metafísico, é sempre sinal de desespero. O protestantismo saiu de cena, mas não sua cultura envenenada pelo ceticismo e infensa as capacidades cognitivas do homem vindicadas pela Filosofia Clássica. Kant será sempre o filosofo portátil de Lutero ou seu padrinho filosófico e Aristóteles o guia daqueles que acreditam piamente nas mesmas capacidades e que os sentidos existem para informar o homem sobre a realidade externa que o envolve e não para engana-lo, distorcendo-a.

Se há engano há corrupção e se a corrupção não saímos de Lutero e de seu pretenso paulinismo. Mesmo porque tanto Paulo quanto Pedro admitem expressamente a capacidade cognitiva do homem, inclusive para os elementos da fé. Lutero reporta a Agostinho e Agostinho a Mani... Perdoem-me mas é História das ideias que vai as fontes. Conteste quem quiser mas Agostinho, Lutero e Kant abrem as portas da Acadêmia a Mani... E o homem fica sempre e eternamente fadado a ignorância.

Fica ignorante para que reine a fé e a fé cega.

De todo impotente para controlar as mentalidades ou melhor para dirigi-las é claro que o protestantismo falha ainda mais em termos de ética no sentido de inspirar ação política ou social. Alias pelo dogma da fé somente ele se refugia nas nuvens ou no além e entrega por completo o domínio da Sociedade a política absolutista dos príncipes ou a 'polícia'. Jesus é Salvador espiritual para o além e não legislador ético para o tempo presente, isto em termos de princípios e valores. O que os chineses pagãos concedem a Confúcio, os nipônicos a Sidarta, os maometanos ao filho de Ahmina e os hebreus a Moisés, Lutero e seus protestantes recusam-se conceder a Jesus Cristo! Ficando completamente despojado de sua autoridade Ética, reguladora de todas as atividades humanas. E deixa a Cristandade de buscar inspiração para a vida nos Santos Evangelhos.

Estabelecendo-se uma nova ordem naturalista tanto na produção de bens ou economia quando na ordem política; assim capitalismo e absolutismo e depois formalismo democrático. Não é que a economia sequer o tivesse revindicado antes, a nova religião luterânica é que abdicou oficialmente de inspirar tais setores da vida humana secularizando-os de maneira absoluta, até engendrar o 'espírito' do materialismo. E nos acostumamos, por convivência com essa cultura apóstata, a crer que o Cristianismo não diz respeito ao mundo material e que nada tem a ver com este mundo, passando como uma fórmula fetichista de redenção mágica, quando no passado foi lei e lei a ponto de provocar a queda de um império como o romano, o que não se consegue com orações!

Por outro lado se o protestantismo não era capaz de assumir a direção espiritual e ética da Europa tampouco permitia que a igreja romana torna-se a assumi-la no passado enfrentando dos déspotas e banqueiros e não mais haveria de surgir Ambrósio que ousasse enfrentar o tirano Teodósio ou Antonio de Pádua que impusesse penitência aos banqueiros e avarentos na Europa! Reis e banqueiros podiam trilhar livremente seu caminho de sangre, suor e lágrimas sem que qualquer poder os contivesse, e há quem veja amplos benefícios nisto. Foi grande, não o negamos, o benefício de não mais se poder matar em nome do Cristo, profanando-o. No entanto não havia e nem parece haver quem contenha a fúria assassina dos banqueiros e governantes, e a fome é uma expressão dela que ainda nos passa desapercebidamente no século XXI, sem que hajam milhões de monges dispostos a mitiga-la, como dizia o anglicano Cobett.

Após a revolução protestante uma igreja romana fragilizada e ameaçada pelos poderes seculares, converte-se em capachos dos reis por trezentos anos, sem que disto adviesse qualquer benefício concreto. Por toda Europa temos um Cristianismo socialmente morto e eticamente irrelevante, em que pesem as vozes proféticas de um Hugh Latimer, de um Thomas Morus, de um Thomazzo Campanella, de um William Laud, de um Mably, de um Morelly e enfim de um Lammenais, o qual no exato instante em que a nova ordem capitalista impõe-se politicamente na Inglaterra, faz-se porta voz do Catolicismo social na França e assim Wietling na Alemanha.

No entanto por trezentos anos ou seja por três séculos este gigante espiritual esteve prostrado e arruinado após a rebelião luterana.

Diante deste vácuo ou vazio espiritual provocado e alimentado pelo protestantismo haveis de estranhar que os naturalismos tenham assomado e assumido a direção espiritual da Europa a partir do Capitalismo???

Graças a total inépcia do protestantismo e a fragilização da igreja romana, diversas e sucessivas culturas de morte afirmaram-se por toda Europa, renovando inclusive os erros letais do paganismo antigo como o autoritarismo, o nacionalismo, o racismo e o odinismo; a estatolatria enfim. Foi o caminho ou direção tomada por muitos com o intuito, as vezes honesto, de contra atacar o liberalismo econômico e posteriormente o americanismo abjetos. Atacaram os inimigos certos mas com armas erradas porque não souberam empunhar as armas afiadas da cultura.

Já explicamos em diversas ocasiões como a civilização americanista ou yankee com sua KKK, seu destino manifesto, extermínio de peles vermelhas, etc, etc, etc é produto da crença protestante calvinista transplantada ao Novo Mundo. Destruída a cultura indígena e sem qualquer concorrência por parte de uma cultura humanista mais antiga - como no caso do velho mundo - pode o calvinismo engendrar um novo padrão de cultura anti humanista em conexão com o modelo capitalista de produção, com a democracia meramente formal e até mesmo, posteriormente, com o darwinismo social.

A cultura protestante norte americana é herdeira e legatária dos delírios judaicos iconoclásticos, anti 'pagãos' e consequentemente anti humanistas e anti imanentes. Daí seu completo repúdio a tudo quanto precede a reforma protestante com seu ideal vetero testamentário de cultura. De Sócrates a Tomas de Aquino tudo quanto havia foi pintado como diabólico... Daí a busca por uma terra incontaminada, pura e vazia de cultura, por uma terra sem sinos, cruzes, catedrais e Bispos, tal o ideal do puritanismo, com sua busca doentia por uma sociedade bíblica nos moldes do antigo Israel...

Esse solo impoluto, em termos de cultura, foi a America do Norte. E ali a cultura puritana, calvinista, individualista, anti humanista e 'biblica' pode nascer, e medrar, e florescer até ser encampada pelo materialismo economicista, sem que todavia sua simples presença e resíduos culturais desaparecessem por completo. Por fim, em meados do século XIX/XX protestantismo, capitalismo e democracia formal converteram-se num só organismo, estabelecendo laços de solidariedade.

Agora, isto é após a segunda grande guerra em especial, esta cultura essencialmente maligna, despenha-se sobre todo mundo visando coopta-lo e estabelecer um império mundial ou global, não apenas econômico mas também religioso, político e cultural. Os EUA aspiram converter-se em novo polo mundial de civilização, a semelhança do Império romano ou da cultura helenística... Quando na verdade sua cultura é a negação de toda nossa herança helenística e romana e a afirmação a um lado do ideal semítico e descarnado de divindade e cultura e a outro do ideal materialista e economicista com seu reducionismo e pobreza infinitos.

Continua -

Sócrates, a qualidade democrática e a produção de consciência

Antes de tudo devemos dizer que nossa democracia não é a democracia grega. Sempre oportuno dizer e repetir isto. Os gregos não conheciam o 'dogma' anglo saxão da representatividade e por isso representavam a si mesmos. Seu sistema era direto e não indireto...

Portanto entre nossa democracia, a democracia moderna, forjada na Inglaterra, já contaminada e envenenada pelo liberalismo econômico, vai uma larga diferença.

Lá a traição só era capaz em caso de 'loucura' rsrsrsrsrsrs Aqui a traição é ameaça ou perigo onipresente. Basta que algum milionário 'molhe as mãos' dos supostos representantes para que eles sem mais, atraiçoem o bom povo. Locke teve o bom senso de declarar que em tais casos era defeso ao povo rebelar-se, pegar armas e dissolver o Parlamento infiel, no entanto, este aspecto de sua doutrina parece ter caído no mais profundo esquecimento...

Segundo a concepção mais moderna de democracia o povo deve deixar-se atraiçoar pacifica e ordeiramente como uma ovelha se deixa tosquiar ou uma rês é conduzida ao matadouro; sempre em nome da autoridade... Aqui dos supostos representantes, ali de um só e mais além das massas; mas, se vai contra o interesse do bem comum, é sempre DITADURA - de um, de alguns ou de muitos.

Temos assim ditaduras de indivíduos, de classes e de massas, mas á tudo farinha do mesmo saco podre e infecto.

Curioso Sócrates ser apresentando como adversário da democracia em algumas publicações.

Nada mais equivocado.

Era Sócrates aristocrata?

Em que sentido?

Afinal há várias formas de aristocracia. Assim se há aristocracia de terras, que é oligarquia, há aristocracia de sangue, que é timocracia, e há aristocracia de grana, que é plutocracia. Mas também há uma aristocracia, e no passado era situação ou realidade consumada, da informação, do saber ou da consciência em oposição as massas iletradas, incultas, acríticas e fanatizadas.

As massas acríticas e sem consciência eram uma realidade impactante nas Sociedades antigas em que o letramento e o esclarecimento apenas havia começado ou dado os primeiros passos.

Imaginem o volume de pessoas completamente analfabetas e iletradas nas antigas cidades gregas...

Imaginem o volume de pessoas sem instrução espalhadas pelos campos ou pela realidade agrária da Helade...

Imaginem o volume e densidade das 'massas'...

E como democracia vive de consciência, era uma realidade ingrata.

Supunha o 'plano grego' todo um esforço educativo tendo em vista eliminar ou reduzir ao máximo as 'massas' transformando-as em povo consciente e agente de sua própria História. Era um plano grandioso encarado pelo ponto de vista educativo, e que demandava um esforço gigantesco. No entanto tal qual hoje, chocava-se tal plano formativo com as exigências da produção de bens ou da economia. Por isso mesmo que os gregos, como nós, deram os pés pelas mãos e estabeleceram a igualdade política entes que houvesse igualdade de consciência ou qualidade democrática... O que suscitou as críticas de Sócrates.

Sócrates não negava ou criticava a teoria democrática em si mesma e sim a realidade de uma democracia sem qualidade, i é, franqueada a todos sem exigir determinadas condições.

Nossa realidade não é menos ingrata.

Pois franqueamos o voto as massas analfabetas, cujo acesso a informação e aos saberes de caráter mais elaborado é tanto mais restrito, alegando que possuíam certo índice de consciência social, vivência, experiencialidade, etc, etc, etc, o que em alguns casos não deixa de ser verdade. Mas é manifesto e evidente que o demos um tiro no pé (da democracia), resultando desta 'democracia' de massas incultas e acríticas a sinistra bancada evangélica e após o golpe de 2016 - de que essa sinistra bancada foi a 'alma' - a reversão da própria democracia.

Isto sem falarmos das sucessivas tentativas por parte desta bancada, dominada pelo pensamento teocrático, de sabotar nossas instituições, restringindo os direitos, liberdades e garantias ao máximo; e de obter privilégios. Temos, e isto é inegável, o nosso califado ou estado pentecostal, em formação, com decorrências políticas e sociais que já se fazem sentir, e sua consolidação se deve, ao menos em parte ao voto dos analfabetos e da gente simples e sem consciência.

Karl Sagan já nos havia advertido a todos, democracia não vai bem com massas incultas ou ignorância, revertendo facilmente em teocracia seja aqui no Brasil ou em Istambul. Por isso que não se pode falar em democracia num país muçulmano, em que as pessoas, em que as massas são apenas ensinadas a ler ou a soletrar RECITANDO O CORÃO... E em que as mulheres são relegadas a ignorância mais abjeta. Onde prolifera e predomina a falta de informação, o analfabetismo, a superstição, o fundamentalismo religioso, etc a ordem democrática se torna impossível e inviável, pois falta-lhe espírito, alma ou consciência. E degenera... Saindo a emenda pior do que o soneto.

Nada mais trágico do que o poder entregue as massas incultas, acríticas e manipuláveis. Se há massas, precisam ser contidas ou controladas para que não causem maiores danos ou demassificadas... O que nos remete a um projeto educativo, essencial em termos de cultura democrática. Democracia demanda povo e qualidade e a formação de um povo consciente demanda sempre maior ou menos medida de instrução.

O que Sócrates queria era exatamente isto: Que os cidadãos se fizessem dignos da democracia por meio do letramento, do conhecimento, do saber, da reflexão, etc  Não aspirava acabar com a democracia mas injetar-lhe qualidade. Por isso que criticava essa democracia inconsequente e danosa, que vai bem com massas e ignorância.

Embora Sócrates reconhecesse que todos os homens eram iguais pela capacidade da razão e pela livre vontade, não pensava que esta igualdade genérica, por si só, fosse capaz de tornar todos os homens politicamente iguais. Para que se tornassem politicamente iguais era necessário partir dessa igualdade genérica, desenvolver suas potencialidades e adquirir determinadas aptidões ou qualidades, as quais tornavam o homem digno da cidadania.

Todos podiam certamente decidir sobre as mesmas coisas, desde que TIVESSEM CONHECIMENTO DE CAUSA. Assim aqueles que aspirassem discutir e deliberar sobre as leis deviam estudar e conhecer as leis... Aqueles que aspirassem discutir e deliberar sobre estratégia militar deveriam estudar estratégia militar... Aqueles que aspirassem discutir e deliberar sobre economia deveriam estudar economia... E sucessivamente.

Para legislar com propriedade sobre um determinado tema é sempre necessário conhece-lo, sob pena de tomar as piores decisões, ainda que sejam comuns ou democráticas. Uma democracia mal provida de conhecimentos pode ser sim bastante catastrófica.

Tais as linhas gerais da crítica socrática.

Agora que pensar sobre ela?

O mínimo que se pode dizer é que se os cidadãos não se podem - nem mesmo hoje em 2017 - especializar nos diversos campos do conhecimento a respeito dos quais são chamados a pronunciar-se e a deliberar, é absolutamente necessário que o processo deliberativo ou decisório numa democracia direta ou semi direta seja precedido de amplo debate ou discussão (amplo = demorado) entre os especialistas em cada área. O que não exclui, antes exige, por parte do cidadão comum, ao menos um letramento geral ou uma Educação de qualidade, que inclua por exemplo os conteúdos de Psicologia - ainda ausente no currículo de nossas Escolas - Sociologia e Filosofia (incluidos a bem pouco tempo).

Trata-se de um esforço continuo e colossal em termos educativos e mesmo assim insuficiente.

Platonicamente ou socraticamente falando: Se não cabe a aristocracia do saber o exercício do exclusivo do poder e se não podemos falar numa aristocracia 'aberta' para a democracia ou melhor para os elementos que queiram fazer-se dignos dela, é imperativamente necessário que esta aristocracia do saber seja ouvida pela sociedade democrática dirigindo o debate ou a discussão que precede a deliberação.

Por outro lado esta mesma aristocracia intelectual, já crítica, já reflexiva e já digna de em certo sentido dirigir o processo democrático; não pode deixar de ser aberta pelo esforço educativo, cujo objetivo primacial é inserir mais e mais homens e mulheres, de modo consciente, no processo decisório. É ela, a elite intelectual, que deve levar adiante o processo de desmassificação por meio da formação das consciências. E o ponto de partida de todo este processo é simples: o letramento, o acesso aos conteúdos essenciais já apontados, o estímulo a criticidade, etc

Supondo que o Estado ou um determinado estado obstinadamente comprometido com as exigências estabelecidas pelo Mercado ou pelo capitalismo, fiel ao dogma da representatividade, embasado na ignorância das massas ou na alienação, etc que fazer?

Neste sentido a praxis anarquista da libre associação, do apoio mútuo, da auto gestão, etc assume um caráter de necessidade. Ou substituíra ou completará a iniciativa do Poder público. Exemplo prático é a organização das Escolas de rua, mantidas por educadores comprometidos, em quaisquer espaços públicos.

Só assim responderemos dignamente as críticas do grande filósofo no sentido de produzirmos não uma Sociedade democrática, abstrata ou metafisicamente falando, mas uma Sociedade capaz de democracia ou digna dela, em que a maior parte ou totalidade dos cidadãos, após amplo debate possa deliberar sobre este ou aquele assunto, e legislar com propriedade excluindo a representação, sempre precária de um parlamento.

Tais as possibilidades que se nos apresentam:

  • Permaneceremos atrelados ao dogma da democracia formal, burguesa ou liberal ad infinitum, e este será o 'fim da história' como quer o sr Fukuiama.
    Não. Este será o fim inglório da democracia e de suas esperanças, substituída pela 'ordem' teocrática imposta pelas massas incultas e manipuladas.
  • Apostaremos no totalitarismo - ditador, tirano, déspota, líder ou messias Salvador. Mas a loteria da História demonstra com absoluta propriedade que para cada D Pedro II a centos ou milhares de Hitlers, Stalines ou Bushes, psicopatas degenerados dispostos a sangrar o gênero humano. Com o saldo de milhões e milhões de almas sacrificadas... Ao menos no plano da política ou da sociologia, a crença hindu/budista segundo a qual 'Ninguém deve esperar qualquer salvador além de si mesmo ou fora de si mesmo.' converte-se na mais prístina verdade. O povo não deve esperar absolutamente nada de quem quer que seja, mas tornar-se agente de sua emancipação.
  • Ultrapassaremos o modelo democrático formal ou burguês restabelecendo o modelo democrático grego, i é, direto; passando antes - provavelmente - pelo modelo romano, semi direito, dos plebiscitos ou referendos, fase já atingida por diversos países europeus. O que no, entanto, como acabamos de dizer, não nos deve iludir e conduzir a um comodismo análogo ao dos antigos atenienses, mas predispor-nos a um heroico esforço formativo, a que chamamos desmassificação.

E nós somos por esta última. Embora conscientes do 'defeito' apontado por Sócrates e da necessidade de formar os cidadãos para a ordem democrática e de forma-los por meio de uma educação de máxima qualidade. A qual o permita compreender a si mesmo, a evolução biológica dos seres vivos, a organização social, o desenrolar do processo histórico, a produção de bens, a formação da mente e da personalidade... levando a posicionar-se diante do universo, assumindo valores que estimulem e possibilitem a convivência, além da afirmação do bem comum.

Implica este ideal, já por ser político e mais ainda por ser educativo e formativo, questionar o espaço dado pela sociedade capitalista a dimensão econômica da existência, e restringi-la se necessário for. Implica este ideal de democracia chocar-se com o espírito do economicismo, em nome do que cognominamos humanismo.

Precisamos dar mais espaço ao político e educacional tendo em vista a expansão da consciência e a afirmação de um padrão de qualidade?

Os espaços atualmente ocupados pela produção econômica, pela educação e pela cidadania precisam ser discutidos?

Temos uma péssima política?

A quem ou que isto se deve?

Somos preparados efetivamente para o exercício da cidadania?

Todas as crianças e jovens estão na escola?

A que ou a quem favorecem a ignorância, a alienação e o desprezível espírito de submissão cultivado por tantos?

A que acomodamos nosso espírito democrático?

Fomos bem sucedidos em produzir uma consciência democrática em nosso pais?

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A todos estes questionamentos o liberal economicista responderá imutavelmente com sua shahada: Não é o melhor dos sistemas mas é o que temos?

Com pastores da prosperidade e bancadas fundamentalistas assaltando o estado 'laico' e buscando interferir ativamente nas vidas das pessoas?

Com a afirmação irracional, caprichosa e arbitrária de preconceitos estúpidos como a homofobia, o adultismo, o especismo, etc???

Com um mar de corrupção e venalidade que nos submerge até o pescoço, que nos sufoca e que compromete inclusive a reputação das instituições?

Com uma execrável justiça ideológica e partidarista capaz de profanar a legalidade???

Com os direitos e garantias do trabalho sendo imolados no altar de Mamon pelo próprio Parlamento???

Se nos devemos contentar com isso, com esse lixo, melhor vestir uma camisa de força e pedir refúgio num hospício.

Nada mais indigno e abjeto do que pedir ao cidadão que se conforme com tudo isto e bata palmas. É apenas aqui, que os totalitário, até eles, mostram um pouco mais de sanidade e dignidade do que os 'tarados' liberais...

Não, não se pode pedir ao ser racional e libre, ao ser consciente e ético, ao ser instruído e civilizado que se conforme com tão baixo padrão de moralidade política.

Neste caso qual caminho a ser seguido?

A democracia representativa foi criada com o objetivo de suprir a uma formação educacional, ética e cidadã que o liberal, julga ser impossível e tão utópica quanto os delírios do comunismo.

Para o liberal não se deve dispender assim tanto tempo em educação e formação política em detrimento das necessidades econômicas que ele julga serem básicas.

É questão de vontade.

A democracia não deve obter mais qualidade e tornar-se direta ou semi direta e nem a sociedade deve ser desmassificada e posta a salvo da ameaça teocrática APENAS PARA QUE O CAPITALISMO POSSA PERMANECER FUNCIONANDO E COM O MESMO RITMO DE SEMPRE.

É devido a imposição das falsas necessidades ditadas pelo Mercado que a democracia perde sua qualidade e que nosso projeto de democratização i é a retomada de nossa herança greco romana, é declarado impossível, inviável ou utópico. Pois para que as pessoas estejam mais presentes nas escolas, nas bibliotecas, nos museus, nos debates, nas decisões ou na politica enfim deverão estar menos presentes nas fábricas... E também deverão fruir de uma condição de vida melhor. O que nos conduz ainda mais uma vez a eliminação ou drástica redução, da alienação, da ignorância e portanto da miséria.

Compreendem por que a causa do fundamentalismo religioso ou da teocracia e do capitalismo é a mesma e que o patrão e o pastor são sempre aliados? Posto que ambos vivem de ignorância e miséria, e aspiram perpetuar a direção: FÁBRICA - IGREJA e vice versa??? Compreendem que o patrão e os políticos traidores e venais precisam do pastor para injetar o veneno da submissão nos cérebros dos trabalhadores? Compreender porque tanto o pastor quanto o patrão temem a escola, o esforço educativo, o esclarecimento e o exercício da cidadania? Como o pastor poderia vender falsas, esperanças, falsa libertação e falsos milagres caso não houvesse uma situação de angústia generalizada produzida pelo patrão? A causa da Bíblia e do auto forno é a mesma...

No entanto a mesma educação que leva o cidadão a questionar os mitos do antigo testamento e a autoridade do pastor, mina pela base a suposta autoridade do patrão.

Por isso ambos se sentem ameaçados pelo esclarecimento, e lá existe uma solidariedade oculta entre as necessidades do mercado e o projeto teocrático da bancada bíblica, o anseio de humilhar, oprimir, domesticar e colonizar o homem por meio de normas e regras arbitrárias tornando-o dócil; o eterno anseio de controlar e o desejo de escraviza-lo por meio da ignorância convertendo-o numa boa ovelhinha, num bom empregado ou num 'homem de bem' sempre submisso a ordem iníqua em que esta inserido.

Por isso é uma e mesma a causa da democracia direta, do mundo do trabalho ou seja do socialismo e da liberdade religiosa; e não se separam, formam uma unidade. Tanto a exploração econômica ou a miséria quanto o fundamentalismo religioso tornam a democracia, mesmo indireta e parlamentar impossível, desestabiliza-na e tornam-na mais indesejável que a tirania; justamente porque não passa ela mesma de uma ditadura de massas e aristocratas do dinheiro ou plutocratas. Ditadura de massas porque as massas não tendo consciência são manipuladas por eles, governando os milionários em nome das massas que oprimem, exploram e enganam... E ficando o cidadão consciente sempre a ver navios... Quando não a seduzido pela falsa esperança da ditadura individual ou pela fé num redentor secular. Sedução que é igualmente fruto da angústia e do desespero, face a precariedade de uma democracia apenas aparente, que o capitalismo impede de tornar-se real...

Temos uma democracia de conta gotas, de medida, controlada por um elemento externo e não político. Mas se não é soberana não é democracia, se é submissa não é democracia...

Urgem retornar a Sócrates. Compreender os defeitos estruturais da democracia antiga e da nova para buscar sanea-los. Ocultar ou disfarçar o estado precário e a condição abjeta de nossa democracia não a salvará. Manter a eterna ilusão de uma democracia de massas iletradas e incultas sempre no acesso do fanatismo religioso e do fundamentalismo não a salvará. Compactuar com a ignorância e alienação não a salvará. Fazer o jogo sujo e sórdido do mercado não a salvará.

Democracia se faz com esforços educativos e formativos que levem a formação de consciência bem como a produção de espírito e cultura. Democracia deve ser sinônimo de desmassificação. Democracia deve considerar sim preparo, capacidade, habilidades, competências, etc Democracia deve discutir, dialogar, debater e antes de tudo ouvir atentamente os intelectuais ou peritos, que tem conhecimento sobre determinada causa. Nossa democracia não pode conformar-se com os limites que lhe foram impostos no século XVII mas ampliar-se, aprofundar-se, alargar-se, ultrapassar-se, superar-se... O que implica chocar-se com a desordem institucionalizada do capitalismo, a grande responsável por seu fracasso.

Democracia precisa de tempo e de espaço para acontecer e isto não lhe foi dado, ainda não lhe foi dado, lhe tem sido sonegado... Em detrimento de sua qualidade.

Democracia precisa de pessoas capazes, mas elas não tem sido capacitadas desde os tempos de Sócrates. Pelo que tombamos num comodismo prejudicial e nefasto. Não estamos a formar cidadãos mas escravos, servos, elementos submissos, gente de bem, pessoas sem iniciativa e criatividade; isto é excelente para patrões e pastores, pois vivem de gado; mas não para a excelência democrática.

Sócrates tinha razão em criticar o comodismo e as ilusões de seus pares a respeito de uma democracia mágica, abstrata e metafísica, que dispensasse efetivo preparo. Ele apontou as asperezas do caminho e incomodou muita gente. Incomodou os falsos democratas com seus dogmas estúpidos, estruturas obsoletas e formas anquilosadas; eles precisavam e precisam ser incomodados. Sagan também os incomodou e fez bem. Democracia é feita mesmo para isso: para incomodar e não para acomodar as consciências e agradar.

Nosso projeto começa agora, quando terminará não o sabemos e sequer precisamos sabe-lo. Somos semeadores que um futuro que não viveremos e que não veremos. O amor ao próximo e os sentimentos de fraternidade e alteridade exigem que preparemos um futuro melhor ou menos dramático para os que virão. Não assistiremos o reflorescer da democracia direta no Ocidente ou em nosso pais, mas folgamos em ter dado os primeiros impulsos! Somos os semeadores do amanhã!