sábado, 30 de julho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO SOBRE NABOT DE JESRAEL (ML 14, 770)



"E terei -diz -uma horta cheia de hortaliças". Este era o motivo de toda a sua loucura e furor -procurava uma horta para vis hortaliças. Vocês, ricos, não desejam tanto possuir o que é útil quanto tirar dos outros o que eles possuem. Visam mais espoliar os pobres, do que obter vantagens para vocês mesmos. Consideram-se injuriados, se o pobre possuir algo que vocês julgam digno de ser possuído pelo rico. Creem que tudo pertence ao alheio constitui prejuízo para vocês. Por que os atraem tanto as riquezas da natureza? O mundo foi criado para todos e uns poucos ricos tentam açambarcá-lo todo para si. Reclamam para seu uso não só a posse da terra, como até mesmo o céu, o ar e o mar. Este espaço que vocês encerram em suas amplas possessões, que grande multidão não poderia alimentar!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO DE NABOT DE JEZRAEL (ML 14, 767)




A história de Nabot aconteceu há muito tempo, mas se renova todos os dias. Que rico não ambiciona continuamente o alheio? Que rico não pretende arrebatar do pobre sua pequena posse e invadir a herança dos seus antepassados? Nem é Nabot o único pobre assassinado. Todos os dias se renova seu sacrifício, todos os dias se mata o pobre.
Transtornado pelo medo, o pobre abandona suas terras e emigra em companhia de seus filhos, dom do amor. Segue-o sua mulher chorosa, como se acompanhasse seu marido à sepultura... Até onde pretendem os ricos levar sua cobiça insensata? Por acaso são os únicos habitantes da terra? Por que expulsam de suas posses quem tem uma natureza igual à deles e reivindicam só para si a posse de toda a terra? A terra foi criada indistintamente para todos, ricos e pobres. Por que se arrogam o direito exclusivo do solo? Ninguém é rico por natureza, pois esta gera a todos igualmente pobres. Nascemos nus, sem ouro nem prata. Nus vemos a luz do sol pela primeira vez, necessitados de alimento, roupa e bebida. A terra recebe nus os que dela saíram e ninguém pode levar consigo para o sepulcro todos os seus bens. Um pequeno pedaço de terra é bastante na hora da morte, tanto para o pobre quanto para o rico. E a terra, que não foi suficiente para acalmar a ambição do rico, cobre-o completamente.