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sábado, 13 de agosto de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO SOBRE NABOT DE JESRAEL (ML 14,784)


Por acaso vocês estão orgulhosos do tamanho de seus palácios? Isto deveria ser muito mais motivo de sofrimento, porque, mesmo que pudessem abrigar toda a população, estes palácios os isolam dos clamores dos pobres. Também de nada lhes adianta ouvir os pobres, porque nada fariam. Seus palácios deveriam constituir motivo de vergonha, porque, construindo-os, vocês pretendem aumentar suas riquezas e, sem dúvida, não querem parar.
Vocês revestem suas paredes e despem os homens. O pobre clama nu diante de sua porta e nem sequer olham para ele. É um homem nu que lhes implora e vocês se preocupam com os mármores que revistirão suas paredes. O pobre lhes pede dinheiro e não o obtém. trata-se de um homem à procura de pão, enquanto seus cavalos mastigam freios de ouro. Vocês se comprazem com vestes preciosas, enquanto outros não têm o que comer. Que julgamento severo está preparado para vocês, ó ricos! O povo tem fome e vocês fecham o celeiro. O povo suplica e vocês exibem suas jóias. desgraçado daquele que tem meios de libertar tantas vidas da morte e se recusa a fazê-lo! As pedras de seu anel teriam salvo as vidas de toda uma população.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

SANTO AMBRÓSIO SOBRE O LIVRO DE TOBIAS (ML 14,800)


Assim são, ó ricos, os seus benefícios: quanto menos dão, tanto mais exigem. É esta a humanidade de vocês: espoliam, inclusive quando dizem que estão socorrendo. Até o pobre é utilizado como fonte de seus ganhos. Sujeitam o pobre á usura, obrigando-o a pagar, embora ele não tenha sequer o suficiente para suprir as próprias necessidades. Vocês são verdadeiramente misericordiosos! Libertam o pobre de outro e o prendem a vocês mesmos! Existe algo de mais perverso? O pobre procura remédio e vocês lhe oferecem veneno; pede pão e lhe dão uma espada; suplica a liberdade e lhe proporcionam a escravidão; quer se ver livre de suas correntes e o atam com um laço insolúvel.

sábado, 30 de julho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO SOBRE NABOT DE JESRAEL (ML 14, 770)



"E terei -diz -uma horta cheia de hortaliças". Este era o motivo de toda a sua loucura e furor -procurava uma horta para vis hortaliças. Vocês, ricos, não desejam tanto possuir o que é útil quanto tirar dos outros o que eles possuem. Visam mais espoliar os pobres, do que obter vantagens para vocês mesmos. Consideram-se injuriados, se o pobre possuir algo que vocês julgam digno de ser possuído pelo rico. Creem que tudo pertence ao alheio constitui prejuízo para vocês. Por que os atraem tanto as riquezas da natureza? O mundo foi criado para todos e uns poucos ricos tentam açambarcá-lo todo para si. Reclamam para seu uso não só a posse da terra, como até mesmo o céu, o ar e o mar. Este espaço que vocês encerram em suas amplas possessões, que grande multidão não poderia alimentar!

segunda-feira, 18 de julho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO DE NABOT DE JEZRAEL (ML 14, 767)




A história de Nabot aconteceu há muito tempo, mas se renova todos os dias. Que rico não ambiciona continuamente o alheio? Que rico não pretende arrebatar do pobre sua pequena posse e invadir a herança dos seus antepassados? Nem é Nabot o único pobre assassinado. Todos os dias se renova seu sacrifício, todos os dias se mata o pobre.
Transtornado pelo medo, o pobre abandona suas terras e emigra em companhia de seus filhos, dom do amor. Segue-o sua mulher chorosa, como se acompanhasse seu marido à sepultura... Até onde pretendem os ricos levar sua cobiça insensata? Por acaso são os únicos habitantes da terra? Por que expulsam de suas posses quem tem uma natureza igual à deles e reivindicam só para si a posse de toda a terra? A terra foi criada indistintamente para todos, ricos e pobres. Por que se arrogam o direito exclusivo do solo? Ninguém é rico por natureza, pois esta gera a todos igualmente pobres. Nascemos nus, sem ouro nem prata. Nus vemos a luz do sol pela primeira vez, necessitados de alimento, roupa e bebida. A terra recebe nus os que dela saíram e ninguém pode levar consigo para o sepulcro todos os seus bens. Um pequeno pedaço de terra é bastante na hora da morte, tanto para o pobre quanto para o rico. E a terra, que não foi suficiente para acalmar a ambição do rico, cobre-o completamente.

sábado, 18 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO DE NABOT DE JEZRAEL (ML 14, 775)



E acrescenta: "Lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens. E direi à minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos". O avarento se sente arruinado pela abundância das colheitas, ao considerar o baixo preço dos alimentos. A fecundidade é um bem para todos, mas a má colheita só é vantajosa para o avarento. Sente maior prazer com o preço elevado do que com a abundância de produtos e prefere que só ele tenha algo para vender a todos. Observe-o. Teme a superabundância de trigo que, transbordando dos celeiros, vá parar nas mãos dos pobres, dando oportunidade aos necessitados de adquirir algum bem. O rico reclama apenas para si o produto das terras, não porque deseje usá-lo, mas para negá-lo aos outros.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 196)




Julgaram os filósofos pagãos como forma de justiça que o bem público pertencia ao público e o bem privado ao cidadão particular. Isto, sem dúvida, não está de conformidade com a natureza, porque esta deu a todos todas as coisas em comum. Deus dispôs a criação de tal forma que tudo constituísse alimento comum para todos e a terra pertencesse a todos em comum. A natureza engendrou, pois, o direito comum e a usurpação fez o direito privado. A este propósito dizem que, na opinião dos estóicos, tudo o que a terra produz foi criado para uso do homem e que os homens foram criados por causa dos homens, para que pudessem ajudar-se uns aos outros.
De onde tiraram esta doutrina, senão de nossa Escritura? Pois Moisés escreve que Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra". E Davi diz: "Sob seus pés tudo colocaste: ovelhas e bois, todos eles, e as feras do campo também; as aves do céu e os peixes do oceano que percorrem as sendas dos mares". Logo, aprenderam de nós que todas as coisas estão sujeitas ao homem e, por isso, julgam que foram criadas por causa do homem.

terça-feira, 14 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO - COMENTÁRIO DO EVANGELHO DE SÃO LUCAS (ML 15, 1819)





"Olhai - diz - as aves do céu". É muito bom e conveniente que consideremos com fé este exemplo, porque as aves do céu, que não tem de se preocupar com o cultivo e a fecundidade dos campos, recebem da providência divina seu farto sustento, que nunca lhes falta, isto nos demonstra, sem dúvida, como a avareza é a causa de nossa indigência. Assim, pois, existem em abundância para as aves os alimentos naturais porque, havendo recebido indistintamente os frutos para o próprio sustento, não sabem exige nenhum tipo de propriedade particular. Nós perdemos o comum, quando reivindicamos o próprio. Não existe o próprio, onde nada é eterno nem as riquezas são certas, quando o futuro é incerto. Por que então você aprecia suas riquezas, quando Deus lhe destinou o sustento comum como para os animais? As aves do céu não reclamam nada em particular para si. não conhecem a escassez de alimentos, porque não têm inveja uma das outras.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 66-67)



Suponhamos que algumas pessoas possam não temer estas penas ou as saibam burlar. Por acaso é coisa digna tirar algo de outro? Tal vício é próprio de servos e familiar aos de condição ínfima. É de tal forma contrária à natureza, que mais parece que a miséria é causa dele, do que a persuasão da própria natureza. Os furtos ocultos são próprios dos escravos e a rapinagem pública, dos ricos.
O que pode haver de mais contrário à natureza do que despojar o outro em sua própria vantagem? O afeto natural nos inclina a estarmos atentos, suportarmos doenças e aceitarmos trabalhos em lugar de outros e só proclama digno de glória aquele que trabalha pelo bem-estar de todos, mesmo à custa de perigo para si próprio. Cada um de nós deve considerar mais honroso o fato de haver salvo sua pátria do perigo, do que haver salvo a si mesmo, bem como considerar mais elevado, o fato de servi-la do que acabar a vida tranquilamente em ócio e em deleites.

domingo, 12 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO - SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 160)




Daqui se deduz que o homem, que foi criado para ser obedecido pela natureza, não pode prejudicar outro homem e se lhe fizer algum mal, estará agindo contra a natureza. Desta ação não obterá tantas vantagens quanto prejuízos. Pois que pior castigo pode existir, do que a aguilhoada interior da consciência?...
Assim, pois, fica claro que todos devemos considerar e admitir que cada indivíduo é tão útil quanto toda a comunidade e nada havemos de considerar útil senão o que é benéfico a todos. Como pode ser útil para um só, o que é inútil para todos? Não me parece, sem dúvida, que o que é inútil para todos possa ser útil para alguém em particular. Pois se a lei da natureza uma para todos, se o bem comum é um, estamos obrigados, pela lei da natureza, a consultar a todos. Logo, não é correto que aquele que, conforme a lei da natureza, deve olhar pelos demais, em vez disso os prejudique, contrariando tal lei.

sábado, 11 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO - SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 158)



Se alguém quiser agradar a todos, procure o que é útil para muitos e não o que é útil apenas para si, segundo o exemplo de São Paulo. Nisto consiste o conformar-se com Cristo: em não desejar o alheio e não prejudicar o outro para favorecer a si mesmo. Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo Deus, fez-se pequeno e tomou a forma de homem, o qual foi enriquecido com a virtude de suas obras. Você se atreveria a despojar aquele a quem Cristo cobriu, a desnudar aquele a quem Cristo vestiu? Pois você faz isto, quando prefere seus interesses ao interesse de outro, mesmo sabendo que o está prejudicando.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO LIVRO SOBRE NABOT DE JEZRAEL (ML 14, 783)




Será para seu próprio benefício o que você der ao necessitado. o que você tira de si, aumenta para você mesmo. Aquele que alimenta o pobre ajuda-se a si mesmo e já recebe a sua paga. A misericórdia é semeada na terra e germina no céu. Planta-se no pobre e se multiplica diante de Deus. "Não digas a teu próximo: Vai embora! passa depois! Amanhã te darei". aquele que sofre quando você diz "amanhã te darei", como poderá suportar que responda "não darei"? Você não está dando ao pobre do que é seu, mas devolvendo a ele o que lhe pertence. Pois o que é comum e foi dado para o uso de todos, você o usurpa somente para si. A terra é de todos, não só dos ricos. Mas são muitos mais os que não desfrutam dela, do que os que o fazem. Pague, pois, um débito, não dê gratuitamente o que não deve."Inclina teu ouvido ao pobre e responde-lhe a saudação com afabilidade".

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Santo Ambrósio - comentário sobre os salmos



Tem compaixão de mim -diz - segundo a tua palavra". A misericórdia é parte da justiça, de modo que, se você quiser dar aos pobres esta misericórdia, isso é justiça, segundo o dito: "Ele distribui aos indigentes com largueza; sua justiça permanece para sempre". Além disso, é injusto que, aquele que é completamente igual a você, não seja ajudado por seu semelhante, sobretudo a partir do momento em que Deus, nosso Senhor, quis que essa terra fosse posse comum de todos os homens e desse seus frutos a todos eles. Mas a avareza dividiu os direitos das posses. Assim pois, é justo que, se você reivindicar algo para si privadamente, do que foi dado em comum ao gênero humano, ao menos reparta algo do que recebeu, com os pobres, a fim de não negar o alimento aos que tem participação no seu direito.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

SANTO AMBRÓSIO SOBRE OS DEVERES DOS MINISTROS (ML 16, 67-68)



Por conseguinte, segundo a vontade de Deus e o vínculo da natureza, devemos auxiliar-nos reciprocamente, competir em boas obras, utilizar todos os nossos préstimos e, para usar as palavras da Bíblia, ajudarmo-nos uns aos outros, seja com nosso apoio, com nosso trabalho, com nosso dinheiro, com nossas boas obras ou de qualquer outro modo, para que, entre nós, seja incrementado o bem da sociedade. Ninguém se afaste destes deveres pelo temor do perigo, mas considere como seu tudo o que é da sociedade, quer seja favorável, quer seja advderso. Moisés não teve medo de enfrentar guerras muito perigosas pelo povo nem tremeu perante o exército de reis poderosíssimos nem se espantou ante a ferocidade dos bárbaros cruéis, mas arriscou sua vida, para devolver a liberdade a seu povo.

sábado, 19 de março de 2011

3ª Entrevista com São Basílio


Já tivemos duas entrevistas com São Basílio Magno e esta é a terceira, mas não a última.

Diário de um Bobo sa Corte: Considera Vossa Beatitude a riqueza uma forma de violência?
São Basílio Magno: Os rios nascem de pequenas fontes, à medida que vão recebendo águas de seus afluentes, vão aumentando pouco a pouco seu caudal. Este pode se tornar tão grande que, com a violência do curso, arrasa tudo que apareça na frente. O mesmo acontece com aqueles que atingem uma escala relativamente alta do poder. Através daqueles que já conseguiram escravizar, adquirem maior força para cometer iniquidades e, por meio dos já oprimidos, escravizam os que ficaram livres, de modo que, para eles, o aumento do poder se transforma em nova arma de maldade. É assim que, os que antes foram prejudicados, não tem outro remédio senão ajudá-los; e colaboram no sentido de prejudicar e maltratar os outros.

Que vizinho, que companheiro, que contratante não éarrastado pela corrente? Não resiste a violência da riqueza. Tudo se inclina à sua tirania, tudo se submete a seu poder, pois cada um se preocupa em não sofrer algo pior do que já sofreu, evitando uma vingança por parte de seus pressores. O rico leva as juntas de bois, ara, semeia e colhe o que não lhe pertence. Se você protesta, rcebe pauladas. Se queixa, é processado por injúria, condenado à servidão ou vai para na cadeia.
Homilia contra os ricos (MG 31,294)