terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Minha leitura de Batman

Quando eu era mais moço eu adorava Hqs (histórias em quadrinhos), não de todos os heróis mas apenas do Batman e Homem-Aranha. Gostava de ler o Batman não porque eu o admirasse como herói, não mesmo. O que me fascinava e ainda fascina é o motivo que levou o Batman a ser quem é, assim como seus adversários.

Batman se tornou o que é, não porque fosse bonzinho, mas para enfrentar seus medos, cuja causa foi o assassinato de seus pais ainda na infância. É uma história da superação. Claro, que de sua vida heróica, muitos se beneficiaram.

Não vejo nas histórias do homem morcego, aquela dicotomia que se vê em outras Hqs, a luta entre bem e o mal, uma luta entre anjos e demônios. O Batman é humano, tem medos, mas enfrenta-os. Sente-se indignado, todavia sabe que seus inimigos são loucos ou psicopatas.

Dois personagens em especial me chamam a atenção: Duas Caras e o Espantalho. O primeiro é o ex-promotor Harvey Dent que teve seu rosto desfigurado por um criminoso, há várias versões de como isso aconteceu. Uma delas diz que aconteceu quando estava acusando um réu e quando ele chegou perto do réu, esse jogou um vidro de ácido que trazia às escondidas, no rosto do promotor. Outra versão é que um dia, ele conversava com o Coringa, e este lhe disse: "Um dia você vai mostrar o seu lado criminoso Harvey". No dia seguinte, o Coringa foge da prisão e Batman e o promotor vão ao seu encalço. O coringa arma uma cilada e joga gasolina em Harvey, este tem o seu rosto queimado e vai para o hospital. Ao ver que sua face está deformada, ocorre nele uma transformação interna. Sua personalidade se fragmenta e ele passa a decidir todas as coisas, como poupar ou matar alguém por meio de uma moeda que tem duas caras, uma das quais está marcada. Se a moeda cai na face marcada o indíviduo vítima de Harvey Dent é morto, se cai na face saudável ele o poupa. Será que Harvey já tinha tendências psicopáticas em menor grau ou será que ele perdeu a razão ao se ver desfigurado? Por que sentiu-se fragmentado, foi ter visto duas faces num mesmo rosto, isto é, uma parte saudável e outra deformada? Se isso acontecesse conosco será que saberíamos enfrentar tal situação? O ódio de Harvey tem razão de ser? Por que usa a moeda para decidir o que quer? Que valor tem essa moeda? Penso que o ex-promotor está dividido, já não é um ser íntegro e então depende de um objeto para poder fazer suas decisões. Numa história do Batman em desenho animado me recordo que enquanto Dent tirava a sorte com sua moeda, Batman jogou no mesmo momento dezenas de outras moedas, o que fez com que Dent procurasse desesperado sua moeda no chão para saber o que deveria fazer. O último é o famigerado Espantalho que gosta de assustar as pessoas, sente prazer em ver as pessoas se apavorando, mas tudo isso tem uma razão de ser. Jonathan Crane (o Espantalho) quando adolescente era muito magro e fraco, e ele era motivo de chacotas de seus colegas, esse garoto vivia sob o signo do medo porque apanhava de seus colegas que eram bem mais fortes que ele. Isso foi gerando um ódio gigantesco que o levou a cursar psicologia ou psiquiatria segundo alguns e estudar fobias e meios de aterrorizar as pessoas. Se quando garoto ele tivesse sido respeitado, ele teria se tornado o monstro que se tornou? Fica aí a pergunta.

O que me encanta no Batman é que tudo isso é humano e ninguém está livre disso, e nós como sociedade podemos criar esses monstros ou nós, enquanto indivíduos podemos ser vítimas da sociedade e nos metamorfosearmos num serial killer, num bandido cínico. Como dizia Terêncio: "Sou homem e nada do que é humano me é estranho".

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Profetas comediantes

Vou contar um "causo" como dizem os sertanejos. Quem conhece a minha trajetória sabe que fui entregador de jornais por 14 anos, sim, durante 14 anos eu acordava de madrugada para entregar assinaturas de um jornal da região onde eu moro. Comecei a entregar jornal quando eu tinha 19 anos incompletos e quando saí desse trabalho desumano estava com 32 anos!!!! Praticamente um desperdício. Entregava os jornais de bicicleta fizesse tempo bom ou não, o jornal tinha que ser entregue mesmo que caísse o dilúvio bíblico! Bom, mas não é desse assunto desinteressante que desejo falar.
Como mero entregador de jornais aprendi bastante na escola da vida, aprendi porque sempre fui dado mais a ouvir do que falar, porque sou uma pessoa observadora e porque fiz amizade com vários porteiros e zeladores, amizades que conservo até a presente data e que pretendo levá-las até o túmulo. Bom, graças à essas amizades ganhei muitos livros de presente, porque eu pedia aos porteiros e zeladores que guardassem os livros que os moradores se desfaziam. Mas isso também não interessa. Como se ninguém soubesse que parte de minha vida gira ao redor de livros.

Um porteiro conhecido meu, para quem eu entregava os jornais, era um protestante neo-pentecostal, boa pessoa, mas ingênua, todavia nunca se mostrou fanático comigo, e me respeitava porque eu tinha uma certa cultura. Num certo dia, ele me contou um caso risível, parecia história da carochinha, mas afirmou ser a mais pura verdade e teria jurado se sua fé o permitisse.

Passo à história que me foi contada e a narrarei de acordo com o que minha memória tiver registrado: "Fernando tem um irmão na minha igreja que é profeta, ele é ungido mesmo! Ele já profetizou cada uma, que você nem faz idéia e tudo o que ele fala se realiza. Ele é pobre, não tem vaidades. Mas sabe como é, aparece uns irmãos que tem inveja e querem imitá-lo.
Uma vez um irmão da igreja foi visitá-lo, disse que Deus o tinha enviado para profetizar na vida do irmão profeta e disse: 'Irmão, fulano de tal, Deus me mandou aqui para te dizer que em breve Deus vai encher tua geladeira de comida, vai encher tua geladeira de fartura'. Ao que o irmão profeta respondeu: 'Tem mais alguma coisa para dizer irmão?' Não, disse o outro. 'Olha irmão - disse o irmão profeta porreta - como Deus vai encher minha geladeira de fartura se nem geladeira eu tenho?' O irmão era um profeta mentiroso que ficou com a cara no chão."

A história que me foi contada é essa aí que você acabou de ler. Como isso me foi contado há muito tempo tive que adaptar as palavras, mas nem por isso o fato perdeu sua qualidade e jocosidade. É isso, fim de papo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Curiosidades etimológicas e algumas expressões interessantes

A língua portuguesa falada no Brasil não é rica, mas riquíssima, pois agregou a si, não só a riqueza européia, mas a indígena e a africana dentre outras culturas.
Deixo aqui alguns exemplos da origem das palavras.

Qual é a origem e o significado da palavra cadáver?
Cadáver se origina do latim, é a abreviação da palavra:
Caro datum vermibus, isto é, carne dada aos vermes --> caro datum vermibus.

Qual é a origem da palavra sincero/sincera?
A origem desta palavra nos remete à Roma Antiga e para essa palavra temos duas versões para sua origem.

1ª) Muitos escultores vendiam sua estátuas num determinado local. Esses escultores as vezes faziam profundos talhos nas estátuas, alguns escultores desonestos para disfarçar o defeito da peça, recheavam o defeito com cera. Os escultores honestos anunciavam alto e bom som: sine cera, isto é, sem cera. Querendo com isso indicar que sua obra não tinha cera para esconder os defeitos;
2ª) Muitos artesãos usavam cera para fazer seus vasos - segundo Malba Tahan - às vezes a cera era tão pura que dava para ver o interior do vaso e o que tinha em seu interior. Então, o dono vaidoso dizia sine cera, isto é, sem cera. Parece que nem tem cera! Diziam isso por causa da transparência.

Gari, esse é um dos nomes que se dá a pessoa que recolhe os lixos de nossas cidades que também é vulgarmente conhecida como lixeira. Mas de onde veio esse nome?

"O empresário Aleixo Gary assinou contrato em 11 de outubro de 1876 com o Ministério Imperial para organizar o serviço de limpeza da cidade do Rio de Janeiro. O serviço incluía remoção de lixo das casas e praias e posterior transporte para a Ilha de Sapucaia, onde hoje fica o bairro Caju.
Ele permaneceu no cargo até o vencimento do contrato, em1891. Em seu lugar, entrou o primo Luciano Gary. A empresa foi extinta um ano depois, sendo criada a Superintendência de Limpeza Pública e Particular da Cidade, cujos serviços deixavam a desejar". [1]

Corcovado, essa palavra tem sua origem no latim: Cor quo vado, Coração aonde vou?
É bem possível que o Corcovado tenha origem nessa frase latina. Mas se não tiver ao menos valeu a curiosidade.

Talvez o(a) amável leitor(a) já tenha ouvido essa expressão: "Fulano de tal é um larápio". Sabe o(a) leitor(a) que larápio é ladrão. Mas por que significa ladrão? De acordo com os pesquisadores, havia um pretor chamado Lucius Antonius Rufus Appius, o pretor era uma espécie de juiz entre os romanos. Esse pretor era corrupto, vendia suas sentenças a quem melhor as pagasse. Assim assinava suas sentenças/mercadorias: L.A.R. Appíus donde se originou o neologismo larápio que se aplica aos ladrões.

Algumas expressões interessantes

À BEÇA
Significando em grande quantidade, a origem desta expressão é atribuída à profusão de argumentos utilizados pelo jurista sergipano Gumercindo Bessa ao enfrentar Rui Barbosa (1849-1923) em famosa disputa pela independência do então território do Acre, que seria incorporado ao Estado do Amazonas. Quem primeiro utilizou a expressão foi Francisco de Paula Rodrigues Alves (1848-1919), presidente do Brasil de 1902 a 1906, depois reeleito, mas sem poder assumir por motivos de saúde, admirado da eloqüência de um cidadão ao expor suas idéias: "O senhor tem argumentos a bessa". Com o tempo, o sobrenome famoso perdeu a inicial maiúscula a os dois ‘esses’ foram substituídos pela letra ‘cê’.

A EMENDA SAIU PIOR DO QUE O SONETO
Querendo uma avaliação, certo candidato a escritor apresentou soneto de sua lavra ao poeta português Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) pedindo-lhe que marcasse com cruzes os erros encontrados. O escritor leu tudo, mas não marcou cruz nenhuma, alegando que elas seriam tantas que a emenda ficaria ainda pior do que o soneto. A autoridade do mestre era incontestável. Bocage levou essa forma poética a tal perfeição que fazia o que bem queria com um soneto, tornando-se muito popular, principalmente em improvisos satíricos e espirituosos, pelos quais é conhecido.

AO DEUS DARÁ
Esta famosa frase serviu originalmente de resposta de quem não queria dar esmolas. Homens duros de coração respondiam aos mendigos que lhe estendiam a mão: Deus dará. Eles não. Quem dependia da caridade pública ficava em má situação, ao Deus dará. A expressão cristalizou-se de tal forma que, no século XVII, um negociante português que vivia no Recife, de tanto proferir a frase, passou a tê-la acrescentada ao próprio nome. Ficou conhecido como Manuel Álvares Deus Dará. Seu filho, Simão Álvares Deus Dará, foi provedor-mor da fazenda do Brasil.

Quem quiser conhecer mais expressões interessantes, pode encontrar no link ao lado: http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/vempalavras2

Nota: [1]
http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/meio-ambiente-reciclagem/dia-do-gari.php

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Outro selo de qualidade


Este é o primeiro selo de qualidade que o Diário de um bobo da corte recebeu, mas tinha me esquecido de pegar. Quem me deu este selo, foram o blogueiros Ravick Bittencourt e Diego Marques do blog Os amorais: http://www.osamorais.com.br/


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sexta-Feira 13 e uma gigantesca sorte

Quem me conhece pessoalmente sabe que eu sou um rato de sebos, brechós, bazares beneficentes (é beneficentes e não beneficientes, ok?) e de ferro-velhos (bom, não sei o plural de ferro-velho, ainda).
Pois é, ontem sexta-feira 13, estava eu passeando pelos sebos e bazares beneficentes de São Vicente, quando num dos bazares pergunto se eles tinham livros, me trouxeram uma caixa, dentro da caixa encontrei um livro do padre filósofo francês Sertillanges, De Maquiavel aos nossos Dias de Jean-Jacques Chevallier e o Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano de quase 1000 páginas de capa dura e bem conservado, que numa livraria está custando cerca de R$ 120,00.
Querem saber quanto paguei pelos três livros R$ 5,00. O preço do Abbagnano foi R$ 3,00. Muita sorte? Creio que não, eu estava no lugar certo e na hora certa e no dia certo, sexta-feira 13. Acreditem se quiser. E eu ia comprar esse livro na livraria em maio ou junho!!!!!

Lamarck o injustiçado!








Sempre tive em mente que Lamarck foi o verdadeiro pai da Teoria da Evolução, pois foi o primeiro a sistematizar suas hipóteses num livro. Verdade seja dita, que Lamarck não é muito querido nos meios evolucionistas, não tanto por suas idéias, mas porque era teísta, e Darwin era agnóstico, mas não era um inimigo da religião, mas é muito mais fácil transformar Darwin num ateu. A seleção natural também dá oportunidade para distorcer o pensamento de Darwin, pois há gente querendo explicar a economia e o racismo através da seleção natural.

Quem pensava que o velho Lamarck estava morto, enterrado e esquecido para todo sempre se enganou redondamente. Um artigo do jornalista científico Marcelo Leite trouxe à tona o pensamento lamarckiano.

Extraí do texto do jornalista Marcelo Leite estes textos:

"A homenagem que se pode fazer a um cientista consiste em aplicar suas ideias para fazer a ciência avançar. Larry Feig, da Universidade Tufts de Boston, prestou portanto um grande tributo a Lamarck com seu artigo no periódico "The Journal of Neuroscience" de quarta-feira passada, mostrando que o pensamento de Lamarck está vivo. Em camundongos. (...)
Feig (...) provou que o ambiente em que vivem fêmeas na adolescência -duas a quatro semanas após o nascimento, no caso- afeta não só a própria capacidade de formar memórias (aprender), como também a de seus filhotes. Independentemente do ambiente que a prole enfrentar, na adolescência ou em qualquer tempo. O grupo de Boston estava interessado na persistência de efeitos benéficos da exposição a ambientes enriquecidos. No caso, gaiolas maiores que as convencionais e cheias de brinquedos, como rodinhas para correr. Já se sabia que isso melhora o desempenho dos camundongos em testes padronizados, como labirintos.
O que não se sabia é que favorece também os filhotes das mães estimuladas. Só das mães, não dos pais. E se trata de algo hereditário, pois o benefício não desapareceu quando fetos de mães estimuladas foram gestados por barrigas de aluguel não estimuladas.
A vantagem não se manifestou, além disso, quando filhotes de mães sem gaiola de luxo foram paridos por mães privilegiadas. E ficou restrita à primeira geração, sumindo nas subsequentes. O ambiente rico não pode tudo, mas o estímulo às roedoras, por outro lado, mostrou-se tão robusto que foi capaz até de reverter a "burrice" induzida em camundongos geneticamente modificados para atrapalhar sua formação de memórias".

Fonte: http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/arch2009-02-08_2009-02-14.html#2009_02-09_11_05_19-129493890-0
Para quem quiser se inteirar mais sobre Lamarck, pode acessar o link ao lado da revista Ciência Hoje --> http://cienciahoje.uol.com.br/52486
Leitor comenta artigo “O gigante Lamarck”, de Marcelo Leite:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=61699

Viva Lamarck!!!!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Tenho vergonha de ser professor

Aos leitores que acompanham este blog, certamente leram meus artigos sobre os professores e num deles falo sobre os OFAS ou ACTS (professores contratados).
Ontem o Jornal Nacional veiculou uma reportagem na qual mostrou que 1500 professores tiraram zero na prova do governo. http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL996255-10406,00-PROFESSORES+TIRAM+ZERO+EM+AVALIACAO+EM+SAO+PAULO.html

Fiquei extremamente desgostoso e envergonhado. Desgostoso porque fui bem na prova e envergonhado por saber que pascácios rematados continuarão a lecionar aquilo que não sabem. Isso só vem a demonstrar como é péssimo o ensino público, não só em São Paulo mas em todo o Brasil.

Essas anomalias da natureza continuarão infectando os nossos jovens com os "vírus da imbecilidade", e temo que nossos alunos saiam da escola mais idiotas do que quando nela adentraram.

Esses professores de merda, não tenho outro adjetivo para caracterizá-los, ainda reclamam do salário. Não ensinam, não sabem nada e ainda acham que ganham pouco. O lugar desses professores deveria ser nas ruas, varrendo e limpando as mesmas, mas duvido de que tenham competência e habilidade para tal serviço.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Batman e o Dr. Fredric Wertham

Para quem pensava que o pior inimigo do Batman era o Coringa está redondamente enganado(a). O Coringa perto do Dr. Fredric Wertham não passa de um moleque arteiro. Doutor Fredric Wertham, odiava o Batman mais do que todos os seus inimigos juntos somados e multiplicados.

Você que me lê, pode até me perguntar: "Onde eu consigo um gibi do Batman no qual ele enfrenta o Dr. Wertham? A resposta é: Não consegue. Porque o doutor Wertham não é um personagem criado por Bob Kane, a não ser que tenha sido criado por Deus, para nos fazer rir. Fredric Wertham existiu de verdade, embora o Batman seja fruto da imaginação de Bob Kane, ele (o homem morcego) foi perseguido como um ser real.

No remoto ano de 1955 o doutor Fredric Wertham escreveu o livro A Sedução do Inocente, um livro de "psicologia social", onde o autor persegue pessoas e personagens inocentes.

Adivinhe porque o doutor Wertham lutou contra "as imoralidades" do Batman e de outros super-heróis. Porque ele era protestante puritano, daqueles que desembarcaram do Mayflower nos EUA e se vestiam de preto, e não podiam cantar, dançar, sorrir e que no domingo ficavam o dia inteiro a ouvir sermões sobre o diabo e o inferno. E as moças que demonstrassem alegria naquelas tristes épocas, eram acusadas de bruxaria e mortas sumariamente sem quaisquer julgamentos!!!! Saudades da inquisição, ao menos a Igreja Papista tinha um tribunal e os julgamentos obedeciam a um processo.

Graças ao livro as autoridades responsáveis "pela moral e bons costumes" resolveu criar um código de ética das histórias em quadrinho:


1 - Divórcio não deve ser tratado humoristicamente, nem ser representado como algo desejável.
2 - Relações sexuais ilícitas não devem ser retratadas e anormalidades sexuais são inaceitáveis.
3 - Todas as situações que tratem da unidade familiar devem ter como principal objetivo a proteção das crianças e da vida familiar. Em caso algum a quebra do código de moral deve ser representada como recompensadora.
4 - Estupro nunca deve ser mostrado ou sugerido. Sedução não deve ser mostrada.
5 - Perversão sexual ou qualquer alusão ao desvio é estritamente proibida. [1]

Na época em que o homossexualismo era tido como uma perversão, anomalia e pecado, o doutor Fredric Wertham acusou o Batman de ser homossexual (o homossexualismo não é pecado nem perversão, mas uma opção, mas naquelas épocas...). Para Wertham:

"Todo pré-adolescente tem um período que despreza as meninas. Algumas revistas em quadrinhos fixam essa atitude e ainda criam a idéia de que garotas só servem para apanhar ou seduzir. É sugerida uma atitude homoerótica da forma que a masculinidade é apresentada. As mulheres sempre são bruxas ou violentas. As mulheres sempre são desenhadas num tom pouco erótico. Já os heróis sempre estão em tons agressivamente eróticos. O musculoso super-tipo é enfatizado com o objetivo de criar estímulo e curiosidade sexual no leitor". [2]

Wertham lembra certos pastores protestantes que vêem o mal em tudo. Wertham é um tipo de pastor Josué Yrion mais sofisticado que vê o mal em tudo, exceto nele mesmo. Por falar em Josué Yrion, deixo alguns links dos vídeos desse aborto da natureza que é Josué Yrion:

http://www.youtube.com/watch?v=_Wud5vSIQ0I
http://www.youtube.com/watch?v=gfN_7Xfkz5A&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=4M3QIBHjKc0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=nBR2FIlnSVY&feature=related

Caro(a) leitor(a) perdoe-me a digressão, pois não podia perder a oportunidade de traçar uma rápida comparação entre o doutor Fredric Wertham e o asqueroso pastor Josué Yrion que fanatiza as mentes incautas.

Mas retornando ao doutor Wertham, ele acreditava que não só os gibis do Batman eram nocivos, mas de muitos outros super-heróis, mas seu alvo preferido era o Batman. Acerca desse herói escreveu:

"Algumas vezes, Batman está de cama por causa de algum ferimento. Robin aparece sentado ao seu lado. Eles levam uma vida idílica. São Bruce Wayne e Dick Grayson. Bruce é descrito como milionário bon vivant e Dick como seu pupilo. Eles moram numa mansão suntuosa com lindas flores em vasos enormes. Têm um mordomo, Alfred. Batman aparece algumas vezes de roupão. Parece um paraíso, um sonho de consumo de dois homossexuais que vivem juntos. Às vezes aparecem num sofá. Bruce reclinado e Dick ao seu lado sem paletó e de camisa aberta". [3]

Mas coisas como essas só eram vistas pelo puritaníssimo doutor, assim como a mente pervertida de Josué Yrion vê sexo e perversão onde tais coisas não existem. São verdadeiros espíritos de porcos.
A partir dos anos 50 a "moralite aguda" atacou a nação ianque e graças ao código de ética muitas carreiras foram destruídas e muitas empresas foram à bancarrota.
Após esse quiproquó, Batman e Robin tiveram que se adaptar aos novos tempos, e para que não desconfiassem que eram homossexuais foram criadas as personagens Batwoman e Batgirl. A Batgirl era sobrinha da Batwoman, e era a companheira/namorada de Robin e a Batwoman faria par com o Batman.

E por que o doutor foi levado à sério? Foi levado à sério porque não lhe faltavam credenciais. "Era o psiquiatra-chefe do maior hospital psiquiátrico de Nova York, o Bellevue. Na década de 20, recém-formado, correspondera-se com ninguém menos que Sigmund Freud, pai da psicanálise". [4]

Mas afinal por que odiava tanto o Batman, por que o acusava de homossexualismo? Porque o doutor Wertham, sim, o doutor Wertham teve casos homossexuais na adolescência. Era um reprimido. Ele projetou no Batman todo o ódio que tinha de seus pensamentos e sentimentos homossexuais. Ele se odiava a si mesmo no Batman, a figura de Bruce Wayne e Dick Grayson o perturbava sobremaneira. Não era ao Batman que combatia mas suas tendências homoeróticas.
Falei de projeção que é um termo da psicologia, e aqui alguém pode me indagar: O que é projeção? Projeção em psicologia analítica é o ato de transferir para outrem os seus vícios, defeitos ou algo que não aceita, e foi isso que o doutor Fredric Wertham fez, transferiu para o Batman o homossexualismo que não aceitava em si. Para ficar mais claro, é o famoso bode expiatório.

O autor do Batman, Bob Kane nunca afirmou nem sequer insinuou que o Batman fosse gay, e mesmo que fosse, a rosca é dele, e ele dá para quiser, até mesmo para o Coringa, e tenho dito.

Bibliografia:
Notas: 1,2,3: http://www.omelete.com.br/quad/100002628/Batman_e_a__i_Seducao_do_inocente__i_.aspx
4: http://super.abril.com.br/superarquivo/2004/conteudo_333012.shtml

Selo de qualidade


O Diário de Um bobo da corte acaba de ganhar um selo de qualidade do meu querido amigo Ravick, um dos donos do blog Os amorais: http://www.osamorais.com.br/

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Professores

Me formei em estudos sociais em 2007 e só no último trimestre de 2008 é que exerci a minha profissão/vocação. Nesses três meses fiquei como eventual, mas tive aulas atribuídas por um mês e meio. E nesse tempo pude ver como era o ensino de geografia na escola pública.

Pedi o caderno a um dos alunos de cada classe que peguei, para saber o que o professor estava passando e acreditem se quiser, o professor titular que então estava de licença prêmio, estava lecionando a extinta matéria de Educação Moral e Cívica, símbolos nacionais e seus respectivos significados, e as mesmíssimas lições para as 7ªs, 8ªs e 1ºs anos.

Por causa da ética não pude dizer nada, mas que deu vontade, ah isso deu. Então tive a dura tarefa de recomeçar do zero e ensinar a cada turma o que eles deveriam aprender de fato e procurei fazer uma aula interessante, não sei se foi. O certo é que comentaram comigo que o pessoal do colegial reclamou a minha falta, mas eu não podia voltar porque a licença do professor já tinha acabado e por isso retomou suas turmas.

No fim do ano passado os professores OFAS (contratados) do estado de São Paulo tiveram que fazer uma prova sobre a proposta curricular e os cadernos bimestrais. Eu prestei para a história e geografia e passei com 68 pontos em geografia e 47 em história. Passei também graças à gentileza de minha ex-coordenadora mas não ex-amiga Izabel Tademos, uma pessoa incrível e que é toda pela educação e ama o que faz.

O objetivo da prova era que o governo acabasse com esse negócio de pontuação de OFAS por tempo e que os OFAS ficassem nos cargos de professores por mérito e não por tempo. Eu tive uma boa colocação entre os candidatos, mesmo minha pontuação sendo praticamente zero.

Soube que a APEOESP quis a anulação da prova, porque isso vai contra os direitos do professor (claro a APEOESP está defendendo o pão deles de cada dia, sem professor associado e desempregado é um troco à menos), de OFAS que estão aí (des)ensinando há 20, 30 anos.

E esses OFAS que estão no sugando o estado há duas ou três décadas são os que reclamaram da prova e evidentemente foram mal na mesma. Esses OFAS nunca passaram num concurso público e duvido muito que passariam num concurso para gari ou margarida. Ano passado até greve fizeram para o cancelamento da prova. Depois conseguiram uma liminar para anular a prova, mas o governo conseguiu derrubar a liminar. Ouvi um boato de que a APEOESP entrou com um mandado de segurança para anular a prova, pois segundo a APEOESP isso vai contra os direitos do professor. A APEOESP defende o professor, essa classe tão perseguida pelo governo e martirizada pelos alunos!!! Isso chega a causar um dó novelesco.
Está na cara de que esses OFAS não estudaram para a prova e que foram mal, mas que culpa tenho eu, se esses professores são incompetentes e que não fazem jus nem ao título de professor e nem ao salário que recebem? A mesma prova que prestei foi a mesma que eles prestaram, isto é, em se tratando da proposta curricular, pois cada qual prestou para sua disciplina.

Esses professores que fazem de tudo para anular essa prova, adoram avaliar alunos, mais ainda tem verdadeiro orgasmo em reprovar alunos. Como quem gosta de avaliar não gosta de ser avaliado? Como quem gosta de reprovar não gosta de pensar nem na possibilidade de ser reprovado? Sem contar que esses professores só prestam para falar mal de alunos. Parece que essa é a única competência que conhecem e a única habilidade que tem.

O governo quer melhorar o ensino, o governo pretende dar educação de qualidade e afastar os péssimos profissionais, e eles que nada sabem ainda acham ruim e criticam o governo. Eu acho muito engraçado quando essa gente aparvalhada faz greve por melhores salários, quando muitos alunos sabem muito mais do que eles.

RIDENDO CASTIGAT MORES!

Professores e Educação

Quando eu era adolescente tive graves problemas com a aprendizagem de matemática, e cheguei a ser reprovado três vezes no Ensino Fundamental II. Meus colegas de então me chamavam de burro e eu mesmo cheguei à esta conclusão.
O mais irônico de tudo é que eu sempre quis aprender matemática e eu não era um aluno bagunceiro ou encrenqueiro pelo contrário, era tímido ao extremo.
No colegial (ensino médio) tive outros tantos problemas não só com a matemática, mas também com a física e a química, para piorar a questão, meu querido papai me chamava de burro, ou melhor fazia sutis insinuações de que eu era um fracasso e que nunca eu seria um alguém na vida. Bom, eu prestava atenção nas aulas, perguntava aos professores acerca das questões, um deles, professor de física disse-me: "Se não entendeu, foda-se!". Abandonei a escola com 18 anos e fiquei traumatizado e me tornei um pobre entregador de jornais por cerca de 14 anos.

Fiquei muitos anos sem estudar, mas um rapaz que eu achava ser meu amigo, me insistiu para que eu voltasse a estudar. Expliquei para ele que isso era pura perda de tempo, visto que eu tinha dificuldades enormes com a matemática e as disciplinas associadas. Ele me disse que a escola onde ele estava era muito boa, que os professores sabiam ensinar. Pois bem, o rapaz convenceu-me a voltar a estudar.

De fato, naquela escola tive ótimos professores, e um deles não vou me esquecer nunca, exceto em caso de doenças mentais degenerativas, é óbvio. Claudio, esse era o nome do professor de física. Um homenzarrão, mas o que tinha de alto tinha de bondade. Era todo coração.
Recordo-me como se fosse hoje do primeiro dia de aula que meus colegas e eu tivemos com ele. Disse-lhe que eu não aprenderia física, que eu era extremamente burro, e que ele conseguiria um milagre se fizesse que eu conseguisse entender física. Ele limitou-se a sorrir.

Jamais vi aulas como às dele. Didáticas, divertidas e claras. Os quarenta alunos que éramos, entedemos física. Estávamos felizes! Ele se preocupava com os alunos, tirava dúvidas, dava atenção à todos e se preciso fosse explicaria um milhão de vezes a mesma matéria.

Depois que me formei no colegial, vi que o problema não era comigo, mas com a professora que tive no ginásio (ensino fundamental II). Ela nunca me deu atenção, nunca se preocupou comigo, nunca criou estratégias para me ensinar. Não se importou se eu tinha ou não problemas com a aprendizagem. Essa professora se preocupava apenas com os que já sabiam, se devotava apenas àqueles que tinham facilidade. Ora, ora isso é que é ser uma grande professora, se dedicar aos que sabem! É como os médicos que abandonam os doentes para visitar os sãos. Cabe aqui as palavras de Jesus: "Os sãos não precisam de médicos, mas os doentes". E assim era aquela professora que na verdade nunca foi minha professora e que nunca me ensinou nada, aliás ensinou sim, ensinou-me a odiar a matemática. Coisa essa que tive que desaprender a odiar ao conhecer os bons professores.

Hoje eu vejo como essa professora era incompetente e o quanto me prejudicou por não saber lecionar, por não conseguir se nivelar ao aluno, por não ter empatia. É indigna do título de professora, é indigna de estar em sala de aula, não faz jus ao salário que recebe ou recebia da Prefeitura de São Vicente.

Tenho lido revistas de Educação, e tenho visto propostas interessantíssimas de professores de matemática, li numa dessas revistas que um professor tinha problemas com uns alunos que eram péssimos em matemática e ficavam desenhando em suas aulas. O que o professor fez? Censurou os alunos? Não. Aproveitou a oportunidade e conversou com eles sobre a possibilidade deles criarem um herói relacionado à matemática. Os alunos gostaram e se não me falha a memória fizeram 8 edições desse herói da matemática. O gibi girava em torno de problemas matemáticos e que ele tinha que resolver. Ora, como eram esses alunos que bolavam as estórias, ficaram estimulados a estudar a matemática e a gostar da mesma. O resultado foi que esses alunos avessos à matemática se tornaram os melhores da classe. Pois é, que diferença faz um professor de verdade!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Apologia de Galileu


________________ Retrato de Tomás de Campanella


Acabei de ler o livro Apologia de Galileu de Tomás de Campanella, escritor e filósofo que nasceu na Itália em 1568 e morreu em 1639. Mas antes de falarmos do livro falemos um pouco de seu autor.


Tomás Campanella, cujo nome verdadeiro era Giovani Domenico Campanella, com a idade de 15 anos entrou para um mosteiro dominicano. Foi acusado de heresia e passou 27 anos no cárcere. Sua obra prinipal é A Cidade do Sol, onde Campanella expõe em forma de diálogo sua concepção de governo. É uma sociedade teocrática, uma república de filósofos e também comunista.


Dadas as breves informações conversemos o (a) leitor(a) e eu sobre a Apologia de Galileu. Nesse livro, ele segue o método escolástico, um método que para quem nunca leu pode ser maçante. Mas é um método interessante, porque dialético. Primeiro contrapõe as teses de Galileu contra as Sagradas Escrituras (Bíblia) e os Santos Padres (Padres da Igreja, teólogos e escritores eclesiásticos que desenvolveram a teologia cristã e nem sempre eram padres e bispos - o período que abrange sua época é do século I até o século VII). Depois defende Galileu com a mesma Bíblia e os mesmos santos padres.

Ele mostra que o problema de Galileu foi desmentir Ptolomeu e Aristóteles, principalmente o último que era a base de toda a vida eclesiástica até então. Tomás de Camapanella demonstra que Aristóteles quando falou do céu e da astronomia, falou daquilo que ouviu e não daquilo que observou ao passo que Galileu fala daquilo que observou e não daquilo que ouviu. Campanella ainda diz que Aristóteles deixa a questão em aberto para quem souber mais acerca dessas questões, as celestes, é claro. O autor ainda afirma que mesmo um santo pode errar em matéria de ciências e demonstra o erro dos santos padres em questões geográficas e astronômicas.
Nesse livro, Campanella parece não demonstrar muito respeito pelo estagirita. Mas na verdade o que o autor pretende é que os homens sejam livres para examinar o mundo observável independente da Igreja e dos filósofos antigos. Ele demonstra que o homem é ser curioso e investigativo e que nossos conhecimentos não são nem perfeitos nem completos. E investigar o mundo -segundo Campanella - e o universo não é heresia uma vez que não atinge os dogmas da Igreja. E mesmo que daí surgisse um erro referente às ciências em nada afetaria os ensinamentos da Igreja. Ao ler este livro, Campanella me lembrou Os MNI - Magistérios Não Interferentes - ou seja a ciência tem o seu campo e a igreja o seu, mas ambos os setores devem dialogar. O Autor da Apologia de Galileu era um homem muito avançado para sua época.
Fico imaginando que bela defesa da Teoria da Evolução não faria Campanella se vivesse na época de Darwin!
Deixo uns breves textos interessantes do livro Apologia de Galileu referente à ciência e ao papel da Igreja. Estou certo de que o (a) amigo (a) leitor (a) vai gostar.
Ei-los:
"Portanto afirmamos corretamente que sem ciência nem mesmo um santo pode julgar corretamente".
"Contra aqueles que combatem as ordens religiosas cap 11
Se alguém - afirma Sto. Tomás - ignorando a matemática, escrevesse contra os matemáticos, ou não sendo um perito em filosofia, contra os filósofos, quem não zombaria disso mesmo que, ao zombar, pudesse incorrer ele na zombaria?".
"Ó deuses imortais - diz Terêncio - nada mais injusto que um ignorante, que não reconhece nada de correto senão aquilo que lhe agrada".
"Nem o santo Moisés, nem o Senhor Jesus nos revelaram a física e a astronomia, mas Deus entregou o mundo à indagação dos homens a fim de que seu intelecto contemplasse , através das coisas criadas, os mistérios de Deus. Eles, ao invés, ensinaram a viver bem e as doutrinas sobrenaturais, para as quais não era suficiente a nossa natureza".
"Os modernos - diz Platão - não são inferiores aos antigos, a não ser pela inveja e pela veneração dos mortos".
De fato, jamais se lê no Evangelho que Cristo discutisse assuntos de física e de astronomia, mas assuntos morais e promessas de vida eterna, cujo caminho nos abriu através do exemplo, da doutrina e do sacrifício supremo. De resto isso teria sido supérfluo. Se, de fato, desde o princípio, Deus entregou o mundo às discussões dos homens a fim de que, por meio das coisas criadas, se esforçasse e o conhecessem e, a fim de que pudéssemos fazê-lo, infundiu-nos uma mente racional e abriu-lhe, como se fossem janelas, cinco sentidos como vias para a indagação, como ensina o apóstolo Pedro de acordo com São Clemente, pelas quais contemplasse o mundo, imagem de Deus, e admirasse aquilo que este encerra e buscasse o seu artífice, Deus. O que também o próprio Crisóstomo explica no comentário ao salmo 147 e em outros lugares, visto que não fomos privados do que é natural por causa do pecado original, como todos os teólogos confirmam, portanto seria supérfluo se aquele que veio para nos redimir dos nossos pecados nos ensinasse também o que devemos e podemos aprender por nós mesmos. por isso nem ordenou aos apóstolos ensinar essas coisas mas batizar e ensinar o que ele mesmo havia feito e ensinado e de comprová-lo com os milagres e martírio. Portanto Bernardo, no sermão sobre Pedro e Paulo, diz: os apóstolos não me ensinaram a arte da pesca ou a de fabricar tendas ou coisas do gênero; não me ensinaram a ler Platão nem a desfazer as artimanhas de Aristóteles, etc., mas me ensinaram a viver. Igualmente, São Clemente, no livro I dos Reconhecimentos introduz Barnabé, que interrogado por um filósofo romano sobre porque o pernilongo foi dotado pela natureza de seis pernas, enquanto o elefante tão grande apenas de quatro respondeu que tinha recebido nos mandamentos de Cristo o ensinamento sobre o reino dos céus e não sobre as coisas da natureza, que podem ser investigadas naturalmente. Os apóstolos nem mesmo rejeitaram a filosofia, dado que Cristo antes elogia os fariseus que prediziam pela observação do céu a chuva e a estiagem, embora os condene por não terem, do mesmo modo, conhecido a partir das Sagradas Escrituras o tempo do advento do Messias, como lamenta também Jeremias".
"Toda seita ou religião que proíbe aos seus seguidores a investigação das coisas naturais deve ser julgada suspeita de falsidade, visto que a verdade não contradiz a verdade... nem o livro da sabedoria de Deus Criador [a natureza] contradiz o livro da sabedoria de Deus revelador; quem teme ser contradito pelos dados da natureza está consciente da própria falsidade".


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O ateísmo religioso não é nenhuma novidade

O ateísmo religioso não é nenhuma novidade, e só vem a provar que o ser humano é um ser eminentemente religioso e que precisa de símbolos e arquétipos para viver. Em meu último artigo demonstrei o quanto são crentes e religiosos os que a si mesmos se cognominam ateus.

O filósofo Auguste Comte era ateu confesso mas era simultaneamente religioso pois escreveu o Catecismo Positivista. Auguste Comte foi o criador da Religião da Humanidade.

A Igreja Positivista tem dogmas, culto e até sacramentos (uma paródia infeliz do catolicismo romano tridentino), isso prova que o homem jamais conseguirá suprimir a religião, pois do seu sistema fará uma religião.

Para quem quem quiser se informar mais sobre a Igreja Positivista, deixo aqui dois links:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o_da_Humanidade
http://www.igrejapositivistabrasil.org.br/

Agora é só esperar a nova igreja atéia, a definição do cânon bíblico, dos sacramentos, da hierarquia e depois seus cismas e heresias.

Ateus religiosos

De uns tempos para cá, virou modismo no mundo virtual fazer proselitismo ateísta. O comportamento daqueles que negam a existência de um Ser Supremo é igual ao dos fundamentalistas fanáticos. Esses ateus fanáticos vivem em função do ateísmo, fazendo propaganda de sua fé, sim fé. Fé porque eles dizem que Deus não existem, mas não podem provar nem pela lógica, nem pela ciência. Então, eles crêem piamente na inexistência de Deus. Por isso os ateus tem fé, pelo simples fato de não poderem provar a inexistência de Deus. Eles afirmam a inexistência do Ser Supremo, a prova do ônus cabe ao afirmante.

O próprio Dawkins, um cientista evolucionista resolveu fazer metafísica em seu último livro, Deus um Delírio. O problema é que em seu último livro ele quis se valer da ciência para "provar" que Deus não existe, e todos sabem que Deus não é objeto da ciência. Dawkins também foi desonesto ao afirmar que o evolucionismo encaminha ao ateísmo. Foi igualmente desonesto quando afirmou - também em Deus Um Delírio - que os evolucionistas teístas não são sinceros, e que ele preferia os criacionistas.E o próprio Dawkins confessou sua incapacidade de provar a inexistência de Deus no capítulo 4 de seu livro, que diz bem assim: 4. POR QUE QUASE COM CERTEZA DEUS NÃO EXISTE....................................123. Ele poderia ter escrito: Por que com certeza Deus não existe Porque Quase não é certeza e não é prova. De quase para a certeza falta muito.

Se a inexistência de Deus não pode ser provada, então para que estufar o peito e se achar o todo-sapiente, o hiperintelectualizado e afirmar: "Eu sou ateu!", "Deus não existe!" e outras coisas do gênero?

Os ateus pedem para que se prove a existência de Deus, mas quando lhes pedem para que provem o como e porquê da inexistência do Ser Supremo, fogem do assunto, usam falácias e apelam ao Deus Bíblico que não é o Deus dos filósofos. Se não podem provar o que afirmam, no caso a inexistência de Deus, então é evidente que crêem naquilo que não constitui um fato e que não pode ser testado e/ou experimentado, logo o ateus tem fé, ainda que neguem.

Quem mais se preocupa com Deus são aqueles que não deviam se preocupar com ele, ou seja os ateístas. Já participei de várias comunidades de filosofia no Orkut, e o que vi é que a única coisa que interessava os ateus eram os debates religiosos. Não se interessavam por epistemologia, lógica, política, sociologia, economia, etc... Só se interessavam por Deus ou por Jesus. E assim se mostraram tão alienados quanto os fundamentalistas religiosos, cujo universo gira em redor de suas crenças infantis.

Esses missionários ateus que divulgam a palavra da sagrada aniquilação, de um universo e de uma vida sem sentido parecem não ter certeza de seu ateísmo. Parecem que tem dúvidas, e que se questionam, mas precisam provar para si mesmos que são "racionais" e ateus de verdade, e por isso fazem proselitismo, porque o fantasma da fé os perturba.

Se realmente não cressem em Deus como afirmam à torto e à direita não se incomodariam tanto com essas questiúnculas metafísicas. Viveriam como os agnósticos que não sabem ao certo se Deus existe ou não e tampouco estão interessados em saber, porque provavelmente nunca terão como descobrir isso.

Os ateus possuem uma linguagem e um modus operandis dogmático. Um ateu chamado Alfredo Bernacchi escreveu o livro: A BÍBLIA do ateu, um nome bem significativo, um livro sagrado para os ateus, um livro dogmático que não questiona, é o que dá a entender. Ele também escreveu o livro Ateu, graças a Deus, um título tão ridículo que nem preciso comentar. Esse mesmo senhor, também escreveu: "Sinto muito, mas Jesus Cristo não existiu”. Um livro que é risível, e afirmo isso sem ter lido a referida obra, porque Dawkins, em Deus Um Delírio, não nega a existência histórica de Jesus, diz que acadêmicos respeitáveis afirmam sua existência, então é bem provável que tenha existido.pág 109. Os historiadores sérios não negam a existência histórica de Cristo, quem o faz ou é mau intencionado ou ignorante ou ainda as duas coisas.
Ou seja, esse Alfredo Bernacchi é um autor suspeito e tão cego quanto os neo-pentecostais com suas pregações enfadonhas. Outro ateu com ardor missionário é o escritor e o endeusado Michel Onfray com o seu Tratado de Ateologia que não passa de uma reedição barata de Nietzche, Feurbach e Cia. http://www.ouviroevento.pro.br/diversos/resenha_de_Onfray.htm

Os ateus confundem Deus com o Deus judaico, cristão e islâmico que são formas de revelação. Mas, filósofos como Aristóteles não partiram da revelação para aceitar a existência de Deus, mas tão somente da razão humana. O máximo que esses papas ateus podem fazer é escrever suas cartas encíclicas vomitando o seu ódio contra Deus e as religiões. Podem tripudiar sobre o Velho Testamento e sobre o Corão e mesmo sobre passagens ou livros obscuros do Novo Testamento como o Apocalipse, o que não conseguem fazer é provar que Aristóteles estava errado com sua concepção de Motor Imóvel.

Os ateus até querem criar o seu feriado religioso, Dia do Orgulho Ateu que talvez fosse uma espécie de festa de Pentecostes às avessas. A festa de Pentecostes para quem não sabe, é a festa da fundação da Igreja Cristã. Também querem celebrar o Newtal ao invés de celebrar o Natal. http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3466218-EI306,00.html

Os ateístas que tanto odeiam a Deus e as religiões se tornaram tão religiosos quanto qualquer pessoa que tenha sua fé e devoção. ~

Os ateus são religiosos porque:

1) Vivem em função do ateísmo, são alienados só conhecem e falam de assuntos religiosos e da Teoria da Evolução que ingenuamente pensam favorecer o ateísmo. Nada ou quase nada conhecem de antropologia, geografia, direito, literatura, filosofia, psicologia, sociologia entre outras disciplinas. Ignoram as questões sociais (excetuo aqui os ateus marxistas e socialistas);
2)Tem crenças - A inexistência de Deus e a inexistência da imortalidade da alma;
3) Livros Sagrados - A Bíblia do Ateu e o Tratado de Ateologia;
4) Querem ter feriados religiosos.

Qualquer semelhança com a realidade não é mera ficção.