quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Mitos em torno da afirmação das liberdades da Sociedade Moderna

O objetivo deste artigo é analisar diversas hipóteses produzidas enquanto tentativas de compreender a afirmação ou ressurgimento das Liberdades no contesto das Sociedades moderna e contemporânea. A parte deste tema investigaremos também a gênese dos pensamentos irreligioso e laico.

Para tanto iniciaremos nossa abordagem apresentando as hipóteses ou teorias mais sugestivas:


  • Segundo diversos autores protestantes e liberais, os reformadores promoveram CONSCIENTEMENTE a retomada das liberdades merecendo serem tidos em conta de pioneiros nos campos dos liberalismos religioso, intelectual, político e pessoal.
  • Por outro lado, certo número de escritores papistas, tem atribuído aos mesmos reformadores o propósito CONSCIENTE de fragilizar a instituição Cristã e promover a incredulidade.
  • Outro grupo de teóricos tem buscado estabelecer relações mais amplas ou menos amplas entre a reforma protestante e as revoluções modernas. Alguns limitam-se a postular uma similaridade em termos de método, enquanto outros avançam sugerindo certas afinidades ideológicas.
  • Laurent, acompanhando Voltaire; sustenta que sem Reforma Protestante não haveria Revolução Francesa. Esclarece no entanto que esta jamais seria realizada pelos protestantes e sugere que o papel do protestantismo ou da disputa religiosa neste contesto foi produzir uma cultura religiosamente indiferente ou incrédula matriz da grande Revolução.
  • Van Loon e certo número de autores 'insuspeitos' sugerem que a Liberdade surgiu como um nicho ou espaço neutro devido a disputa travada entre a Igreja antiga e as novas facções, em torno do poder.
  • Inúmeras foram as ilações sugeridas em termos do livre exame, de sua secularização e da afirmação do relativismo, do subjetivismo e da incredulidade.

Cada uma dessas teses ou hipóteses é por si só muito interessante.

Estabelecer um estudo sistemático, minucioso e sobretudo comparativo auxiliara o estudioso a conhecer e reconhecer a complexidade do processo histórico e predisporá o mesmo a evitar tanto as generalizações infundadas quanto as fórmulas ocas usadas pelos panfletários com fins proselitistas.

1 - No que diz respeito as liberdades políticas é sempre bom frisar que cento e trinta anos antes da Reforma protestante o Bispo Genebrino, Adhemar Fabri publicou uma carta em que pela primeira vez, no contexto europeu, as liberdades políticas (forma republicana) são oficialmente reconhecidas.

Já a congregação da primeira assembléia cantonal ou landsgemeinde - de Uri - remonta a 1231. Quando não havia sombra de protestantismo na Europa. A bem da verdade os cantões papistas como Schwyz, Uri, Zug, Appenzell interior, Unterwalden é que conservaram as formas democráticas até o tempo do Sonderbund, quando foram atacados e  submetidos pelos cantões protestantes. Desde então, sob pressão dos cantões urbanos e protestantes, foram paulatinamente abrindo mão de suas liberdades democráticas, de suas tradições ancestrais e consequentemente as assembleias cantonais.

Segundo Van Paasen, João Calvino foi responsável por converter a República de Genebra no primeiro campo de concentração moderno. Stefan Zweig da-se por satisfeito com registrar que Calvino transformou a República dos genebrinos numa teocracia ou seja num regime totalitário de inspiração religiosa.

Donde concluímos que a na Suíça a reforma protestante foi responsável pela abolição das antigas liberdades políticas.

Quanto a Inglaterra, é sempre bom lembrar que a Carta Magna de direitos civis remonta igualmente a Idade Média papista, quando ainda não havia sombra de protestantismo e que o protestantismo foi implantado com o apoio do absolutismo sob Eduardo VI, o rei menino.

2 - A respeito da liberdade de consciência convém registrar jamais ter sido ela CONSCIENTEMENTE defendida por qualquer reformador!

Nem por Lutero, nem por Calvino, nem por Zwinglio ou por qualquer um outro.

Lutero amaldiçoou em diversas ocasiões aqueles que interpretavam as escrituras de maneira oposta a sua. Apelou repetidamente ao podre do braço secular com o intuito de intimidar os dissidentes, decretando que houvesse um só sermão apenas! Por fim, a semelhança de Maomé, mandou exterminar os desgraçados anabatistas.

"Além disso, os Anabatistas separam-se de igrejas e estabelecem um ministério e congregação próprios, que é também contrário à ordem de Deus. De tudo isso, se torna claro que as autoridades seculares estão compelidas a infligir punições corporais nos ofensores. Também quando é um caso de apenas defender alguns princípios espirituais, como o batismo de crianças, pecado original e separação desnecessária, e então, nós concluímos que os sectários teimosos devem ser postos à morte.  LUTERO in Janssen, X, 222-223; panfleto de 1536).

Melanchton, seu secretário, inclusive, assinou diversas sentenças de morte contra eles!

Lutero ficava satisfeito com a expulsão dos católicos. Melanchthon era favorável à imposição de penas corporais contra eles [. . .]" (Janssen, V, 290)

Calvino mandou supliciar Servet a fogo lento por ter cometido o 'crime' de negar que a doutrina da Trindade estivesse contida na Bíblia. Já seu púpilo Th Beza, descreveu a liberdade de consciência como sendo uma 'doutrina diabólica' e justificando exaustivamente a necessidade que exterminar todos os dissidentes religiosos.

A defesa mais habilidosa de perseguição durante o século 17 veio do presbiteriano escocês Samuel Rutherford (A Free Disputation Against Pretended Liberty Of Conscience, 1649).” (Chadwick, 403)

Outro inimigo declarado da liberdade de consciência foi o também calvinista Thomas Edwards, autor da Gangraena.

Já U Zwinglio decretou uma Fatwa contra todos os anabatistas de Zurich fazendo com que os infelizes fossem atirados aos rios com grades amarradas a seus corpos.Além disto “...chegou a declarar que o massacre dos bispos era necessário ao estabelecimento de um Evangelho puro. . . Em 4 de maio de 1528, ele escreveu: ‘Os bispos não desistirão de sua fraude... até um segundo Elias aparecer para fazer chover espadas sobre eles. . . É mais sábio arrancar for a um olho cego do que deixar o corpo todo corromper-se.’” (Janssen, V, 180; Zwingli's Works, VII, 174-184)

Além de a semelhança de um segundo Maomé morrer com a espada nas mãos no campo de batalha de Kappel, após ter invadido com suas hordas os cantões Católicos.

Se alguém ainda abriga o preconceito tradicional que os primeiros protestantes eram mais liberais, ele deve ser desenganado. Salvo por algumas palavras esplêndidas de Lutero, confinadas aos primeiros anos, quando ele era impotente, não há quase nada a ser encontrado entre os principais reformadores a favor da liberdade de consciência. Assim que eles detinham o poder de perseguir, eles perseguiam.” (Smith, Preserved (S), The Social Background of the Reformation, Pg. 177 - New York: Collier Books, 1962)

Por onde se concluí que jamais pretenderam sancionar a liberdade de consciência!

3 - Igualmente absurda a tese segundo a qual os reformadores protestantes fossem incrédulos ou pretendessem favorecer a incredulidade, quando - assinala com razão Laurent - colocavam a fé cega acima de tudo.

Ninguém mais crente do que aquele que é capaz de excluir a razão - Lutero - e apresenta-la como uma doida varrida.

Ninguém mais crente do que aqueles que excluem a liberdade e a colaboração humanas tudo atribuindo magicamente a graça (monergismo) a ponto de construírem dogmas monstruosos como a predestinação.

Nada mais crente do que acreditar na veracidade da Bíblia - digo antigo testamento - de capa a capa com todas as lendas e mitos judaicos.

Em tudo foi o protestantismo um excesso ou abuso: do livro, da graça, da fé... em tudo uma hipertrofia... uma apoteose da credulidade.

Neste sentido ousamos proclamar em alto e bom som a excelência do espírito Católico ou mesmo da igreja romana cuja teologia sempre reconheceu as capacidades da razão e da liberdade!

Buscando tudo atribuir diretamente a deus, o protestantismo estava mesmo destinado a converter-se em paladino do criacionismo.

Nem se pode imaginar nada mais oposto a incredulidade.



4 - Neste caso qual seria o elemento comum existente entre protestantismo, Revolução Francesa e por extensão a Revolução russa?

O único elemento comum entre a Revolução Protestante e as revoluções subsequentes encontra-se no nível da forma ou do método.

Uma vez que os reformadores foram os primeiros homens modernos a atacar violentamente - em termos físicos e materiais - seus adversários, no caso a igreja romana ou os Bispos Católicos, recorrendo a autoridade secular, as armas e a guerra aberta.

Historicamente a Reforma protestante constitui um marco. Pois foi nela que pela primeira vez uma categoria ou grupo de cidadãos (no caso os burgueses e citadinos) pegaram em armas com o objetivo de alterar as instituições sociais. Neste sentido, puramente externo ou formal, a Reforma é mãe de todas as revoluções modernas.


É por esse motivo que pastor algum tem o direito de condenar as Revoluções Francesa, Russa, Mexicana ou quaisquer outras manifestações sociais de violência porque sua querida reforma deu-se exatamente nos mesmos termos ou seja enquanto uma irrupção de violência sem precedentes!

Não foi ao redor de uma mesa apreciando finos licores e petiscos que a reforma foi decidida, mas em campos de batalha como Kappel... ao fragor das armas! 


E nem se pode negar que ainda no berço a maravilhosa reforma tombou no vício da igreja romana e no erro do islã, impondo o novo Evangelho a ferro e fogo!

Neste sentido negativo foi revolução e matriz de todas as revoluções subsequentes!

A filosofia ensinou-nos que todas as questões podiam e deviam ser resolvidas racionalmente. O Cristianismo antigo que quase todas as questões podiam e deviam ser resolvidas pacificamente.

A reforma além de ter sacrificado a razão e a liberdade, sacrificou também o dom da paz.



5 - Tudo quanto podemos dizer a respeito das liberdades modernas é que foram produto da rivalidade e luta travadas entre a igreja antiga e a igreja nova.

Assim o que Voltaire e Laurent declaram a respeito de Lutero e Calvino, dizendo que sem eles a Revolução Francesa teria sido impossível, podemos dizer igualmente a respeito do papado:

Caso o papado não tivesse resistido e feito oposição a reforma protestante revolução alguma teria sido possível.

A bem da verdade os nichos de incredulidade, laicismo e liberdade, surgiram apenas onde as forças das duas comunhões anularam-se uma a outra ou onde as diversas seitas protestantes estavam em luta pelo poder.

São dois os fatores que devemos levar em conta ao analisar a questão do surgimento das liberdades modernas:

  1. A fragilização da até então onipotente igreja romana
  2. A impossibilidade de qualquer seita protestante assumir seu lugar ou substituí-la numa dimensão continental

A bem da verdade o que os reformadores pretendiam não eram fragilizar a igreja romana, mas destruí-la por completo e ocupar seu espaço.

Concretizada tal aspiração teríamos a Bíblia no lugar o papa e uma inquisição bíblia implantada em larga escala a semelhança do que ocorreu na Genebra de Calvino, a nova Jerusalém dos reformados.

Eis o modelo de 'sociedade' ou república que os protestantes esperavam poder implantar na Europa como um todo, algo bem mais rigoroso e intransigente do que o modelo papista!

Em que pese o juízo de Laurent, tanto Montaigne quanto Rabelais não tardaram a perceber porque sendas pretendia a reforma guiar os povos, pelo que o último aproximou-se decididamente da igreja romana, cujos ensinamentos Montaigne jamais questionou.

Moralmente falando a reforma, com seu puritanismo de duvidoso talhe, tinha diante de si um modelo bem mais rígido, quase monacal ou ascético.

Cumpre indagar que espaço estaria reservado a liberdade num cenário destes???....

Não é da reforma que surgem nossas liberdades e sim da frustração do projeto social delineado pelos reformadores. Os quais não tiveram folego suficiente para ocupar como desejavam os espaços deixados pela igreja antiga.

Temiam sobremodo que as massas fizessem a eles o mesmo que eles haviam feito aos Bispos e rejeitassem de imediato qualquer tipo de instituição ou culto religioso. Pelo que tiveram de limitar ou nivelar suas pretensões.

Em suma a reforma jamais esteva altura da tarefa a que se propôs: substituir a igreja antiga ou por-se no lugar dela.

Assim em poucas gerações, aqueles que haviam trocado de religião, concluíram que bem podiam passar sem qualquer uma.

Ao fim de dois séculos ou século e meio parte dos protestantes chegou a conclusão de que a nova igreja era tão inutil quanto a antiga.

Já no plano político não tinha a igreja nova como suster suas pretensões autocráticas. Por mais que lhe sobrasse vontade não tinha poder para tanto.

A velha igreja como já dissemos saíra abalada desde o começo. Temia acima de tudo que qualquer rei ou príncipe imitasse os exemplos de Lutero ou Calvino... tendo de conter parte de suas exigências.
Este conflito entre as instituições religiosas modernas e a igreja antiga desgastou ambos os lados. Fazendo com que limitassem mais e mais suas pretensões.

Sem qualquer um dos lados não haveria Revolução Francesa.

A criação de uma sociedade 'Bíblica' em escala continental com a posse dum aparelho inquisitorial, bastaria para amedrontar príncipes e reis e atrasar por séculos a ulterior evolução política do Ocidente.

Assim se devemos a reforma a anulação do poder papal, devemos a igreja romana a anulação do novo poder que pretendia afirmar-se: o poder bíblico.

É a Sociedade moderna produto de duas forças religiosas que anularam-se mutuamente.


6 - E quanto a afirmação da incredulidade, deísmo, materialismo e ateísmo; colaboraram as duas comunhões: romana e protestante na mesma proporção?

Se em termos políticos e sociais podemos analisar com segurança o rumo das coisas e perseguir seus caminhos, o mesmo não se dá a nível de pensamentos e crenças. Aqui estamos diante de um fenômeno tanto mais complexo.

Pois nem todos os que aderiram aos pressupostos laicistas ou secularizantes, do século XVI ao século XX eram necessariamente irreligiosos. Assim se haviam anti clericais virulentos nos países 'católicos' também havia um grupo igualmente forte de 'católicos' modernistas, ou seja, em maior ou menos grau favoráveis a liberdade de consciência e a democracia. Alias este grupo só veio a ser penalizado em meados do século XIX, por Pio IX, o papa reacionário, inspirador do ideário integralista.

Até Pio IX os católicos democráticos, laicistas e ou socialistas sempre haviam feito parte da vida de igreja. A par dos anti clericais virulentos e dos legitimistas, uns e outros faziam parte de um cenário social bastante variado. Isto já nos séculos XVIII e XIX.

Pio IX foi o primeiro papa moderno a romper a barreira estabelecida desde os séculos XVI/XVII e a aspirar por um poder semelhante a dos grande papas da Idade Média. Antes dele os papas e mais ainda os Bispos estavam muito mais preocupados com a pureza da fé. De certo modo ele intensificou ainda mais o conflito existente entre a Igreja e o principado secular, na medida em que nutria pretensões aparentemente teocráticas.

Uma coisa porém é certa: tendo em vista a existência de dogmas muito bem definidos, a igreja romana jamais cogitou em negociar sua fé com quem quer que fosse. Impôs os limites de sua ortodoxia e lanço fora os que não se conformavam com eles. Tal a origem do partido anti clerical!

Implica admitir que a incredulidade jamais foi capaz de infiltrar-se profundamente na corpo da igreja antiga.

Já o mesmo não se dá com o protestantismo.

Em função do princípio do livre exame.

Santificado o princípio do livre exame, que é um princípio meramente formal e portanto vazio, fica impugnada a pretensão de uma verdade objetiva que transcenda os indivíduos.

É verdade que o protestantismo nascente associou ao método do livre exame, a doutrina mágico fetichista da inspiração direta do espírito santo, ainda hoje sustentada pelos pentecostais.

Bastante cedo porém, a diversidade de interpretações e seitas, fez com que os protestantes da Europa substituíssem a tal inspiração mágica do espírito santo pelo princípio natural da razão humana. Desde então ficou o livre examinismo naturalizado...

Convertendo-se a fé cristã em opinião individual.

Ou melhor em inúmeras opiniões uma vez que cada qual tem a sua...

Por volta do século XVIII era tal o número de interpretações que pouquíssimos protestantes cogitavam estar em posse da verdade.

Assim enquanto uns convencionaram que não havia verdade alguma outros convencionaram que todas as opiniões ou interpretações eram verdadeiras e; nem por isso, tais pessoas; sem fé, cogitavam em não ser protestantes. Transformando-se, ao cabo de três ou quatro séculos a igreja do fideísta Lutero num clube de incrédulos, deístas, materialista e até mesmo ateus.

Chegamos forçosamente a conclusão de que o princípio formal do protestantismo ou melhor sua naturalização culminou em tornar a comunidade protestante num repositório de incredulidade e irreligião. Sem que houvesse qualquer ruptura brusca ou mesmo negação do protestantismo devido a continuidade do método. Assim a instituição protestante, ao contrário da papista, não só acomodou-se as novas ideologias irreligiosas como chegou a promove-las ativamente. A ponto de seus teólogos conceberem a teologia da 'morte de Deus'. Nem preciso dizer que Nietszche foi filho de um dos principais doutores do luteranismo.

Além disto a própria proposta de exerce fé na Bíblia toda de capa a capa - ao menos após o século XVIII e a afirmação do padrão científico de pensamento - com seus mitos, fábulas e dogmas absurdos (antigo testamento) agravou ainda mais a situação, aumentando a crise da fé. Neste sentido a igreja romana e demais igrejas Católicas com seus trinta e poucos dogmas objetivamente definidos e por consequência limitados saiu-se e ainda hoje se sai muito melhor.

Eis a razão porque certo número de ateus e materialistas fanáticos nutrem franca simpatia pelo sistema protestante - em que pese o pentecostalismo e o criacionismo - e assestam suas baterias contra a igreja antiga, quiçá por esta ser ainda hoje mais resistente. 

sábado, 26 de setembro de 2015

Nem reacionarismo nem iconoclasmo mas dialética e integração!

São as Revoluções de modo geral ferozmente iconoclásticas, encarando como nefasto tudo quanto esteja relacionado com o passado ou seja antigo. Talvez por isto contem com o apoio decidido de parte da juventude. Não de sua totalidade pois existe quase sempre um núcleo mais ou menos amplo de jovens reacionários, a par de um pequeno grupo de idosos revolucionário. Pelo que não se trata duma realidade simples mas bastante complexa!

Já as contra revoluções são essencialmente reacionárias, tendendo ao extremo oposto, ou seja, a encarar o novo como sinônimo de mau. E aspirando por a sociedade descarrilhada nos velhos trilhos!

Não poucos ainda hoje partilham do delírio revolucionário, inaugurado pelos jacobinos em 89. Assim os comunistas e grande parte dos anarquistas. Para uns e outros é a tal revolução uma espécie de panaceia destinada a extinguir todas as mazelas que afligem a pobre humanidade.

Nem por isso a arqueologia ideológica das Revoluções deixa de ser interessante. De fato o revolucionarismo surge inconsciente - apenas enquanto método violento e não como via de transformação social - com a reforma protestante, adquire certo grau de consciência com a Revolução inglesa, até tornar-se plenamente consciente em 89; a partir daí assume o caráter místico a que nos referimos e torna-se parte essencial de todos os credos iconoclásticos.

A par dos revolucionarismos outrora dominantes, temos hoje os revolucionarismos invertidos ou reacionarismos. Os quais buscam reproduzir um estádio histórico já superado ou restaurar nos mínimos detalhes as estruturas sociais já desgastadas. O método no entanto é sempre o mesmo: o golpe ou a violência. Ademais os reacionarismos do tempo presente, como o fascismo e o nazismo são tão anti humanos quanto os revolucionarismos e tributários da mesma cultura de morte.

Nem uns nem outros lograram compreender a dinâmica das sociedades e o processo histórico.

Os revolucionários por encararem as Revoluções como um começo ou ponto de partida, quando são na verdade o ponto final de uma civilização ou o colapso de uma cultura. De fato as revoluções são para o organismo social o que a decomposição é para um corpo morto. Quando o espírito ou a ideologia que inspirou a composição de uma dada sociedade deixa de existir, a estrutura social se desfaz juntamente com ele.

Assim, se por um lado não podemos aplaudir as Revoluções ou entusiasmar-nos por elas; também não podemos cogitar em evita-las e muito menos sataniza-las mas buscar compreender suas causas. Na maior parte das vezes são as Revoluções inevitáveis. Pois correspondem quase sempre a uma necessidade imposta pelo processo histórico. Para a maior parte dos teóricos sequer é possível humaniza-las ou suaviza-las; pois é da natureza das Revoluções fugir ao controle ou a um planejamento racional.

É uma fermentação que não pode ser contida.

Até que os excessos e abusos tenham sido purgados.

Caso alguém aspire por atalhar uma Revolução deverá atuar a longo prazo buscando sanear o corpo social, identificar suas patologias e preceituar-lhes os remédios que melhor convém. Neste sentido podemos dizer que as reformas sociais são os únicos medicamentos capazes de, a longo prazo, barrar uma Revolução. Impedir que o corpo social adoeça ou em caso de doença propiciar-lhe a melhor das terapias é o caminho mais acertado.

Implica admitir que alterações e mudanças devem ser institucionalmente viabilizadas. Na maioria das vezes é o conservadorismo beócio matriz de todas as Revoluções e aqueles que gostam de repetir que tudo esta bem são seus verdadeiros patrocinadores. Manter a todo custo uma ordem meramente formal  ou uma desordem institucionalizada e isenta de ética é alimentar o sentido da Revolução.

No entanto, é vezo do reacionarismo cego imaginar a revolução como capricho arbitrário da vontade humana ou algo produzido por forçar individuais. O máximo que o carisma pessoal é capaz de fazer, é reconhecer os 'sinais dos tempos' e evocar o espírito da Revolução. A Revolução só ocorrerá de fato se o discurso emitido por ele encontrar consonância no corpo social, então obterá apoio e a Revolução será feita. Não pode a pessoa ser bem sucedida em seus apelos revolucionários caso as devidas condições sociais estejam ausentes.

Revolução, como febre é sempre sinal de problema.

Agora implementada a Revolução, jamais a Sociedade será capaz de retornar as condições anteriores a ela. Daí a total inutilidade dos reacionarismos truculentos. Força ou poder algum será capaz de restabelecer por completo as estruturas demolidas.

Pecam os reacionários em quase sua totalidade por recusarem-se a ver algo de positivo nas revoluções.

O único tipo de reacionarismo viável aqui seria crítico, seletivo e essencialmente pacifico, porquanto fixado na ordem das ideias, buscando planejar um novo tipo de Sociedade, capaz de conciliar o que havia de bom no modelo antigo com a satisfação das novas demandas sociais. Para além disto é próprio do descontrole e dos abusos produzidos pela Revolução, despertarem uma certa reação, arrefecimento ou recuo. Já se disse que a Revolução, a semelhança de Cronos, devora seus próprios filhos... que degenera em lamentáveis abusos, que torna-se criminosa e contraproducente...

Trás assim, em seu bojo, os elementos teóricos ou ideológicos duma crítica contra revolucionária.

Esta será cega e odiosa caso desconsidere o sentido da Revolução e suas causas.

Lúcida e refletida caso incorpore a si a parte justa das demandas suscitadas e os anseios da população.

Do que resultará um novo tipo de sociedade a um tempo reacionária e a outro revolucionária, segundo a acomodação das necessidades e elementos.

Será reacionária por não ser iconoclástica e tomar ao passado ou a realidade anterior elementos que sejam atemporais, imperecíveis e saudáveis. Contemplando o passado sem ódio, mas igualmente sem qualquer servilismo tosco, quiçá como fonte de inspiração. Será revolucionária por incorporar todas as críticas que sejam justas ou eticamente fundamentadas. E sendo assim nãos será uma coisa nem outra...

Dialeticamente os extremismos tenderão as ser superados, dando espaço a uma saudável acomodação e a um padrão mais equilibrado de Sociedade.

Querem evitar o cataclismo das revoluções?

Neste caso não ignorem as demandas sociais permitindo que se acumulem.

Não permitam que a situação das massas torne-se desesperadora ou angustiosa. Pois s revolução alimenta-se justamente de angústia e desespero.

Neste sentido cabe ao poder político atuar como elemento regulador da atividade econômica impedindo que os mais ricos e poderosos oprimam o elemento produtor. A limitação das ambições econômicas individuais por um poder político cada vez mais independente, bem como a afirmação de garantias e direitos sociais, a contenção da miséria, a eliminação da ignorância, a promoção integral do ser humano, a ampliação das oportunidades, etc constituem o melhor caminho a ser tomado caso desejamos colher serenamente os frutos da paz e da concórdia.



Afinidade eletiva como conceito chave para a compreensão dos modelos culturais e tipo de civilização

É a afinidade eletiva que estabelece relações de solidariedade entre dois ou mais fenômenos culturais, ideologias ou instituições sociais, aproximando-os, unindo-os, ligando-os num só padrão civilizacional, como peças que se encaixam para formar uma só estrutura.

É uma espécie de simbiose que se dá no âmbito da cultura, das ideologias e instituições; a ponto de formarem um tipo característico.

A afinidade eletiva ocorre quando dois seres ou elementos "Buscam-se um ao outro, atraem-se, ligam-se um ao outro e a seguir ressurgem dessa união íntima numa forma renovada e imprevista." (Goethe apud Löwy, 1989, p. 15)

Trata-se dum termo muito mais arrojado ou refinado do que a teoria mono relacional e hierárquica de Marx em termos de infra e super estrutura.

Remete de alguma forma a crença simplória da simpatia natural. Caso a semelhança de Lowy, descartemos a priori qualquer tipo de correspondência interna, em termos de um elemento teórico ou duma orientação comum. Esta simpatia natural e orgânica só pode ser compreendida caso isolemos um elemento teórico comum.

É a presença deste elemento teórico comum, em ambas as instituições, fenômenos ou ideologia que possibilita a aproximação, a integração e a formação de uma estrutura destinada a afirmar-se e a persistir historicamente. Pois um elemento ou fator suporta a presença do outro e afirmam-se mutuamente!

Nem posso conceber como homens tão sábios puderam deixar de perceber que entre a mística protestante e o espírito do capitalismo existe um elemento teórico ou ideológico comum que é o individualismo. É o protestantismo individualista em sua busca pela salvação individual e repúdio formal face a teoria da salvação gregária ou solidária proposta pelos Catolicismos, inclusive pela igreja romana. Também em termos de liberalismo clássico temos a busca individual pelo lucro máximo até a emulação ou concorrência, em oposição ao ideal corporativo ou cooperativo. A empresa aqui é quase sempre em termos individuais.

Não foi apenas M Weber que encarou a afirmação do capitalismo como uma secularização do espírito protestante, o qual por sinal manteve a mesma orientação ou tendência individualista. Nem precisamos dizer que o capitalismo foi causado pelo protestantismo, mas apenas e tão somente que foi alimentado ou reforçado por ele e que sua existência anterior a rebelião protestante dava-se em termos de contenção pela poderosa estrutura da igreja Romana.

Para que o Capitalismo viesse a impor-se eram necessárias duas coisas: 



  • Um abalo capaz de fragilizar as estruturas da igreja antiga
  • A produção de um novo tipo de orientação ética ou valor que determinasse a cultura, substituindo a antiga por uma nova.

A reforma protestante satisfez plenamente todos estes quesitos, pois:

  1. Dividiu a Cristandade Ocidental em pequenos feudos
  2. Subordinou parte deles, numa perspectiva erastiana, ao principado secular
  3. Secularizou as propriedades e bens até então pertencentes a igreja, fazendo com que circulassem ou passassem a corresponde a um outro sentido
  4. Imprimiu um sentido individualista completamente novo a espiritualidade Cristã, em oposição ao sentido social, gregário ou solidário comum a igreja antiga.
  5. Cessou gradativamente de condenar o acúmulo irrestrito de bens materiais, até então apresentando como pecado de avareza.

Este programa de modo algum poderia ter deixado de produzir um forte impacto em termos econômicos, de engendrar uma nova ordem e de cimentar outro tipo de estrutura.

Pela mesmíssima razão podemos apresentar o ideal socialista como o espírito secularizado dos Catolicismos ou do Cristianismo ou como uma Ética Cristã sem Cristo.

Pois se o capitalismo pode afirmar-se em termos puramente materialistas ou econômicos, o socialismo jamais poderá faze-lo.

Permanece sempre como orientação ideal da Sociedade ou como uma ética secularizada cujo fundo é religioso.

Sendo materialista ou melhor positivista o capitalismo desconsidera por completo o conceito imaterial de injustiça. Apelando a teoria do relativismo cultural o positivismo não pode deixar de encarar a justiça ou a injustiça como emanações da consciência ou da vontade subjetivas. Não como algo concreto, objetivo ou normativo a que deva subordinar-se. Cientificista repudia o primado da Ética e jamais considerando 'O que deve ser', mas apenas e tão somente o que é ou existem em sua dimensão material.

Nem podemos deixar de reconhecer que este padrão de pensamento seja coerente e que permaneça estritamente fiel as exigências do materialismo economicista.

Os positivistas ou materialistas Ortodoxos repudiam a existência de qualquer sentido imaterial da vida ou na vida. Ele não pode encarar o que 'deva ser' ou o 'como deva' ser senão como idealismo subjetivista e, consequentemente como um padrão de pensamento metafísico e anti científico.

No entanto o Socialismo, com sua pretensão de adaptar a realidade material existente, aos pressupostos ideais da justiça, não pode deixar de ser uma metafísica e com ele toda Ética. 

O Socialismo é um discurso no mínimo polêmico em certos meios científicos polêmicos por suster o primado da Ética e consequentemente da Metafísica. Pois sempre que nos reportamos a Ética, reportamos ao que deveria ser e não ao que é. A ciência em termos materialistas ou positivistas conhece apenas aquilo que é... Ao solapar os fundamentos da teodicea ou da ontologia, Kant jamais pode imaginar que atingia igualmente os fundamentos da Ética e da Epistemologia.... nem posso discutir sobre os imperativos da justiça ou sobre a capacidade do entendimento humano sem passar do é para o 'como deve ser' ou do puramente material para o imaterial.

Assim se o século de Hume e Kant foi anti ontológico, o século XIX foi anti ético e o nosso anti Epistemológico ou gnosiológico; mergulhando de cabela no abismo do irracionalismo. Ainda aqui temos fases, temos elemento comum, temos afinidade!

Importa saber que os socialismos de modo geral, mesmo quando reduzidos a formas ateísticas ou materialistas, naturalizados, secularizados... tal e qual o capitalismo, remontam a um sentido ou orientação fornecida pela religião, aqui a Católica ou se preferem vetero Cristã. O Catolicismo antigo ou Ortodoxo, apesar de conceder um espaço bem definido a pessoa humana, trouxe consigo o sentido ancestral de comunidade, de grupo, de solidariedade; o qual apesar de sucessivas crises de identidade jamais veio a perder.

Trás além disso o sentido de visibilidade ou de materialidade - decorrente do mistério da Encarnação - que o protestantismo sacrificou, aderindo a pressupostos neo platônicos, para apartar-se do mundo real e de certo modo facilitar a afirmação de uma ordem secular não apenas autônoma, mas materialista.
A relação aqui não se dá como supôs Lowy entre Moral cavalheiresca e Catolicismo; mas em termos opostos e co relatos aos propostos por Weber, i é, em termos de Capitalismo Socialismo.

Assim a luta de morte travada entre Catolicismos e Protestantismo pelo espaço de quase século e meio ou mais, sucedeu-se a partir da Revolução Francesa outra luta de morte entre os Socialismos e o Capitalismo, a qual ainda parece estar bem longe de terminar.

Os dois princípios: solidariedade e individualismo eram já antitéticos no plano da espiritualidade, pelo que continuam a se-lo no plano da economia e da política para os quais transbordaram, resultando outros tantos conflitos.

Resta-nos concluir que o capitalismo, afirmando-se e reconhecendo-se no plano do puro materialismo  PODE PRESCINDIR JÁ DE UM ESPÍRITO, e portanto do apoio fornecido pelo éthos protestante, MESMO QUANDO TAL APOIO SEJA CONVENIENTE. O mesmo não pode ser dar no âmbito do socialismo pelo simples fato de não poder esgotar-se no plano da materialidade ou do como 'é'; prescindido de um espírito ou de um apoio espiritual sob pena de perder o fôlego e jamais realizar-se.

Carece o socialismo de um suporte espiritual, imaterial ou religioso segundo sua própria natureza. Foi a incompreensão desta verdade que resultou na falência de todos os socialismos materialistas e ateus. Não pode ele nem reproduzir nem assimilar os venenos do capitalismo sem sacrificar a si mesmo e corromper-se. Resta apenas inquerir qual deva ser este suporte. Se devemos resgatar algum Catolicismo ou escolher outro princípio.

A própria insistência com que o liberalismo econômico assesta suas baterias contra os Catolicismos, buscando desmoraliza-los já há mais de dois séculos, parece apontar-nos para o caminho mais acertado! O principal erro de todos os socialismos tem sido aderir a pautas comuns - com o capitalismo - ou formar frentes com o capitalismo. Nada há de comum entre Capitalismo e Socialismo. Por isso toda e qualquer tentativa de dialogo ou de negociação deve ser conscientemente repudiada.

Se antes do advento dos socialismos modernos o capitalismo preceituava a afirmação integral duma sociedade materialista e economicista, temos de ir na direção contrária e buscar por algum fundamento espiritual que alimente nossos corações.



Conflito de raças ou de culturas?

Desde Alexandre a cultura grega foi levada ao Oriente. É o que cognominamos helenismo ou helenização.

Apesar deste grande esforço, que prolongou-se por dois ou três séculos, as instituições democráticas jamais foram assimiladas pelos povo da Ásia.

Grosso modo podemos definir o helenismo como uma espécie de troca ou permuta em que o Oriente assimilou a lingua, as formas religiosas, a filosofia e o sentido da arte grega; sem todavia abrir mão da forma e espírito monárquicos. Em termos políticos foi a Grécia quem sacrificou até certo ponto o ideal da liberdade e da igualdade, aderindo a forma monárquica.

Até certo ponto a situação cultural do Leste do Mediterrâneo estava indefinida quando o Império Romano iniciou suas expansão e veio a assumir a forma monárquica.

Sucessivamente foi o ideal democrático diluído num caldo de cultura persa, sírio, romano... até perder-se totalmente de vista.

A contrapartida foi a fixação em tais regiões, do sentido de liberdade pessoal até então mais ou menos ignorado pelas monarquias divinas. Sentido reforçado ainda mais após o advento do Cristianismo.

Apesar de todos estes progressos conheceu o helenismo um adversário formidável no judaismo antigo ou proto farisaico dos Macabeus.

Ao que tudo índica o judaísmo antigo alimentou e inspirou a única ou a principal revolução anti helenística de que temos notícia e, semelhante revolução não podia deixar de inspirar-se em fontes religiosas, ou de beber no fanatismo incutido pela religiosidade mórbida dos antigos judeus.

Tudo começou quando alguns judeus, sem se afastarem da fé ancestral, aderiram ao modo de vida helenístico, substituindo as pesadas túnicas por clâmides, aderindo a prática de esportes, expondo o corpo livremente, abdicando da barba, abandonando a dieta, etc Foi o quanto bastou para que os demais judeus, cognominados Ortodoxos, denunciassem a apostasia de seus irmãos e passassem a persegui-los e a extermina-los sem misericórdia.

Os helenizantes não só resistiram como chamaram em seu socorro os pagãos ou helenistas da Síria. Resultando disto uma guerra aberta entre as duas partes! A princípio triunfaram os helenizantes, com apoio de Antíoco, rei da Síria. Posteriormente os Macabeus assumiram o controle da situação, destruindo o partido rival, lançando as bases da monarquia asmoneana e produzindo a cultura a que chamamos de farisaica.

Desde então a cultura farisaica carreou consigo um ódio cego a tudo quanto fosse pagão. Do que resultou as rebeliões de 70 e 134 d C, a destruição do Estado de Israel e a dispersão do povo judeu. Somente ao cabo de mil anos de convivência uma parcela dos judeus - liberais e moderados - logrou assimilar o pensamento 'Ocidental' em termos de democracia e laicismo.

No entanto enquanto os judeus, por meio dum processo tão lento quanto complexo, tornavam-se 'civilizados' conhecia o mundo outras erupções fundamentalistas. A primeira delas na Árabia do século VII desta Era e a segunda da Alemanha do século XVI. A primeira por meio da afirmação de um livro e a segunda por meio de um retorno a um livro.

Tal o caráter do islamismo e da reforma protestante enquanto sucessivos recuos face aos ideais helenísticos, especialmente face ao ideal libertário ou policrático.

A primeira delas ocorreu no coração mesmo da Ásia tomando por base o Corão. A segunda, embora tenha ocorrido no Norte da Europa toma por base ideológica a Tanak ou a Torá, iniciando ou acelerando ou processo de judaização ou sectarização do Cristianismo, em detrimento de seus ideais Católicos.

Por meio da primeira a cultura anti democrática e anti liberal como que retoma seu espaço original que é o Oriente ou a Ásia. De modo que as fronteiras da civilização recuam para a Europa. Islamização aqui é sinônimo de monarquia divina, teocracia ou califado. É o paradigma absolutista reconquistando seus territórios. É a aniquilação total do helenismo, a arabização.

Não erraram os analistas que perceberam um conflito irredutível entre Ocidente e Oriente, Europa e Ásia, Civilização e barbaridade; NÃO EM TERMOS DE RAÇA OU ETNIA mas certamente EM TERMOS DE CULTURA. Entre a cultura grega ou helenística com seu conteúdo humanista (que reconhece a liberdade humana e os direitos que dela decorrem) e a cultura asiática das monarquias divinas. Entre a visão democrático socialista e a visão hierárquico escravista de mundo.

O fiel da balança tem pendido para a Ásia ou para a cultura totalitária por ter esta recebido triplo reforço de natureza religiosa fornecido pelo judaismo antigo, pelo islamismo e pelo pentecostalismo. Cujo imaginário comum é essencialmente teocrático. Por meio do islã, como já dissemos, é o ideal da monarquia divina reafirmado no Oriente, por meio do luteranismo e do pentecostalismo principia a fazer seus estragos no Ocidente. 

Folgo apresentar judaísmo antigo, islamismo e biblismo como três sucessivos tsunamis culturais que por muito pouco não submergiram por completo da civilização humanista.

Nem posso deixar de pensar nos progressos feitos pelo islã na Europa como uma espécie de helenização invertida ou ao contrário. Trata-se duma reversão das cruzadas ou duma anti cruzada cujo fim é institucionalizar a sharia e converter o que chamam de Garb num novo califado. Desde o advento da democracia, cerca do século VII a c, estamos diante de um conflito de culturas ou de um embate ideológico entre o sentido da liberdade e o sentido da servidão.

Aqui a miséria dos nazistas consiste em compreendes este conflito em termos estritos de raça, quando na verdade estamos diante de um contesto ideológico que é multi racial ou pluralista. O que temos aqui é o conflito entre dos espaços caracterizados por duas culturas. A primeira delas, após afirmar-se como democrática, buscou reproduzir, consolidar ou perpetuar os princípios democráticos por meio da educação, fomentando um tipo de educação para a liberdade ou a democracia.

A outra, por falta de um aparelho educacional laico e democrático jamais conseguiu superar sua visão limitada de mundo. Na medida em que a religião manteve controle sobre o aparelho educacional, o Oriente jamais conseguiu produzir uma cultura democrática ou implementar espaços de liberdade. O fanatismo religioso esterilizou por assim dizer o intelecto das massas humanas espalhadas pelos confins da Ásia menos. Mais do que a qualquer fator é a ele que devemos o estado de apatia política comum aqueles povos!

E se é certo que Alexandre obteve relativo sucesso ao implantar as formas religiosas, a lingua e o sentido da liberdade pessoal, típicos da cultura grega, em tais rincões; a condenação dos estudos filosóficos pela ortodoxia acharita associada a eliminação do Catolicismo Ortodoxo não tardou a substituir o grego pelo árabe, a erradicar o sentido a liberdade (substituído pela crença supersticiosa no destino ou decreto) e em aniquilar por completo não só as formas religiosas pagãs, mas até mesmo a totalidade das artes plásticas. Do que resultou, em certo sentido, a retomada dos ideais proto farisaicos construídos em torno da doutrina da transcendência absoluta e da indignidade da imanência.

Então, o que assistimos no momento presente é o estádio final do recuo helenístico iniciado a cerca de quatorze séculos e uma revanche por parte do ideal asiático de Sociedade, alimentado sobretudo por um padrão semítico de pensamento misticamente forjado nas areias escaldantes dos desertos. O que presenciamos hoje é uma espécie de duelo cultural cujas raízes ideológicas tocam um lado ao regime popular inaugurado por Clístenes em Atenas e a outro ao proto farisaismo judaico. Este atualmente representado pelo islã sunita ou ortodoxo, aquele pelos que buscam ampliar a democracia meramente formal que nos foi dada por J Locke.

De um lado concentram-se as forças anti libertárias que aspiram por forjar um mundo essencialmente totalitário e do outro as forças que pretendem aprofundar e ampliar as instituições democrática, restaurando o modelo político que nos foi legado pelos antigos gregos.

Não nos achamos diante de quinhentos ou de mil e quatrocentos anos de combates, mas de vinte e cinco séculos de batalhas! Quem vencer norteará os rumos deste mundo por outros vinte e cinco séculos!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Cultura européia, cultura norte americana e cultura islâmica IV - Balanço final

Balanço final - superando falsas dicotomias 


Não sei saber quem é mais safado: o americanista tecendo críticas ao islamismo ou o islamófilo/muçulmano tecendo críticas ao americanismo.

São dois hipócritas que se merecem.

De minha parte não desejo viver nem sob o jugo totalitário da sharia, nem sob o jugo aviltante do capital.

Por isso digo não há ambos os modelos sociais: o árabe e o norte americano, o islâmico e o economicista liberal, o teocrático e o plutocrático.

Não quero escolher entre o islamismo e o americanismo porque ambas as culturas ignoram o sentido do homem e restringem seus direitos.

Não desejo nem quero ser oprimido por uma fé que santifica a violência ou por uma ambição desmedida que ignora os imperativos da justiça.

Repúdio pois ao convite: Islã ou americanismo ou V V.

Pertenço decididamente a terceira via ou aos não alinhados que recusam-se a aceitar esta falsa dicotomia de um mundo islamizado ou capitalizado.

Pelo contrário penso numa dupla frente de luta: contra o capitalismo e contra o islamismo. Numa luta em prol do humanismo. Porque o homem seja posto acima de tudo, acima da fé e acima do lucro e seus direitos garantidos.

Neste sentido como deixar de olhar para aquela parte do velho mundo chamada Europa???

Não para a Europa contaminada pelo delírio materialista do século XIX.

Nem mesmo para a Europa abalada pela grande rebelião do século XVI.

Quiça nem mesmo para a Europa do século XIV, já dominada pelo papado, embora haja ainda nela um sentido de grandeza.

Mas não me satisfaz.

E menos ainda para a Europa barbarizada e fumegante do século V.

Olho decididamente para o passado remoto do século IV, o século de Ambrósio de Milão e dos grandes padres da Igreja!

E ouso erguer meus olhos para além dos umbrais do Cristianismo! Para a Atenas do século V e IV a C. A Atenas de Sócrates, Platão, Aristóteles, Zenon... cidade de meu coração!

Ouso dirigir meu olhar ao passado longuinquo não por pensar ou mesmo desejar que se repita nos mínimos detalhes. O que seria para lá de ridículo ou de absurdo.

Olho para tais idades apenas como fonte de inspiração, donde podemos recolher ou retomar alguns princípios e valores deixados para trás no curso dos tempos.

A História não pode ser repetida, mas valores certamente podem ser resgatados e talvez até mereçam ser resgatados com o intuito de tirar-nos deste cenário de pobreza ética e intelectual.

Por isso não posso deixar de contemplar saudoso as fontes de nossos dois grande amores: a liberdade e a justiça! Esta afirmada por Platão e Jesus Cristo, aquela sustentada por Aristóteles e Jesus Cristo!

Democracia e socialismo.

Não a democracia puramente formal e posta a serviço do lucro. Mas uma democracia fiel ao espírito da justiça! Não um socialismo totalitário, mas um socialismo em comunhão com a liberdade!

Coisa que os EUA não nos deram e que islã jamais poderá nos dar.

Os EUA apresentam-nos a lei dos mais forte, trazida nas pontas das baionetas e nas bocas dos canhões. O islã os grilhões da sharia e a servidão da Djzia! Que só os emasculados, covardes e degenerados podem aceitar!

Ao contemplar a Europa do século V a C a primeira metade do século XX d C encho-me de vivo otimismo, porque deparo-me com uma pleíade de sábios e pensadores e um imenso mosaico de teorias sociais, políticas e econômicas dos mais diversos matizes. Importa que estejam em oposição tanto ao capitalismo quanto ao islamismo... ou em comunhão com o comunismo. Não, não me refiro ao comunismo, nem ao nazismo, ao fascismo ou ao anarco individualismo; que são outros tantos venenos como o capitalismo e o islamismo. O cenário intelectual que descortino é muito mais rico, vasto, profundo e amplo do que podeis imaginar!

Quando fato em Europa, cultura e civilização européia não me refiro em hipótese alguma a EUROPA PROTESTANTE ou alemã. Pois esta trás em seu bojo os germes do capitalismo com que se faz solidária!

Refiro-me a Europa em luta com o protestantismo - e posteriormente contra o capitalismo - e anterior ao protestantismo. Não apenas a Europa Católica, ortodoxa e SEMI PELAGIANA do século IV desta Era, mas acima de tudo a Europa ancestral e pagã, sim pagã, pagã mas divina, de Sócrates, Platão, Aristóteles, Zenon, Cícero, Strabo, Sêneca, Quintilianus...

Em tudo o protestantismo se me apresenta como humano e mesquinho, já por ter apresentado a igreja romana como paganizada! De minha parte encaro os Catolicismos como geniais ou divinos justamente por terem incorporado e conservado parte de nossa herança pagã! Apesar de seus erros grande foi o papismo por ter contribuído em certa medida para o Renascimento durante os século XIV e XV! Agora contemplemos a pobre Alemanha: Surge Lutero e desde então é atalhado o curso de um Renascimento que jamais veio a realizar-se!

Lutero auxilia os príncipes a esmagarem os camponeses rebelados e faz prolongar a Idade Média na Alemanha até 1810 quando é invadida por Napoleão!!! Prega contra os infelizes judeus e inspira o nazismo! Imitador servil de Paulo alimenta o monstro da estatolatria! Morre o luteranismo no século XIX mas a estatolatria e o anti semitismo alimentados pelo pseudo reformador permanecem vivos!

E por duas vezes lavam a Europa em sangue!

Lutero - teórico a um tempo do fascismo e a outro do nazismo -  e sua reforma, juntamente com o sistema de mercados rivais, conduziram a Europa a duas tremendas guerras mundiais! Portanto os fundamentos do protestantismo e do Capitalismo não prestam, devem ser removidos! Agora não pode uma Sociedade sobreviver sem seus fundamentos.

Então o que haveremos de por em seus lugares?

O Comunismo? O anarco individualismo?

A solução comunista não só falhou por completo na Rússia como degenerou em expurgos!

A do anarco individualismo talvez saísse ainda pior, resultando na guerra de todos contra todos de Hobbes!

O islã???

Talvez se fosse capaz de desprender-se totalmente da cultura árabe. No momento presente porém, isto parecer estar bem longe de acontecer.

Islã e sharia ainda são apresentadas como uma e mesma coisa.

Sistema regulador de natureza totalitária e não uma fé inspiradora é o que o islã pretende ser em nossos dias.

Como o Comunismo, o fascismo e o nazismo ele sufoca o homem livre.

Aqui não se pode falar livremente contra o partido, o estado ou a raça, ali não se pode falar livremente contra o livro... A mesma coisa!

Então só posso sugerir um retorno ou um resgate de sentidos, valores e princípios que estevam no passado da Sociedade Européia. Sentidos, valores e princípios que deixamos para trás, mas que se quisermos podemos resgatar.

Neste sentido um olhar sem preconceitos relativistas e hipócritas para as fontes de nosso passado e ancestralidade pode ser revelador.

Pois poderá levar-nos a superar esta falsa dicotomia em termos de americanismo ou islã, explorada pelos oportunistas e radicais de ambos os lados com seus telhados de vidro.

Concluindo: por ser adversário do americanismo não me torno como os esquerdopatas aliado do islã e por ser adversário do islamismo não me torno, como supõem, os ulemás imbecis, aliado dos americanistas. A dinâmica social cultural é muito mais complexa do que supõem estas duas formas de extremismo.




Cultura européia, cultura norte americana e cultura islâmica III O raio X do americanismo

O raio X do americanismo


Constitui o americanismo um caldo de cultura bastante complexo.

Há um conteúdo religioso em certo sentido bastante próximo do islã. Refiro-me ao Belt Bible, o santuário criacionista dos EUA em que o sonho de uma Sociedade bíblica ainda sobrevive após quatrocentos anos.

O Norte, mais evoluído perdeu este éthos magico, fetichista e moralista, no entanto perdeu juntamente com ele o sentido ético do Evangelho, cessando de ser inspirado por aqueles ideais de justiça, fraternidade, igualdade e caridade enunciados pelo divino crucificado e, aderindo a um éthos materialista economicista não menos funesto do que o primeiro.

Foi esta parte da nação que venceu a grande guerra fratricida, impôs a abolição da escravatura e tomou as rédeas do governo.

No entanto, como já dissemos, perdeu por completo a noção da paz e da justiça.

Disto resultou a invasão das terras indígenas, situadas no Oeste. O cancelamento arbitrário de tratados e violação de direitos. O Emprego sistemático da violência até a mais sórdida crueldade. E o mais bárbaro e maior genocídio cometido no planeta: o massacre dos peles vermelhas. Foi uma das páginas mais tristes da História e toda escrita com sangue!

Apreciam os defensores desta cultura lançar pedras aos conquistadores espanhóis e a igreja romana. No entanto eles cometeram um crime cem ou mil vezes maior com o apoio do clero protestante em pelo século XIX i é um século após a Revolução Francesa e a afirmação dos direitos humanos! Nem podem censurar honestamente os muçulmanos por sua ferocidade característica!

Pois a menos de setenta anos lançaram duas bombas atômicas sobre duas cidades japonesas destruindo-as quase que completamente e aniquilando dezenas de milhares de civis inocentes num instante!

Antes porém já haviam usado de dolo e má fé com o intuito de apossar-se primeiramente da ex província mexicana do Texas e em seguida de todo Norte daquela infeliz República no ano de 1848.

Terminada a grande guerra fratricida a que chamam da secessão, um clérigo calvinista de nome Nathan Bedford fundou uma associação terrorista com o objetivo de exterminar negros, judeus e católicos, a K K K. 

Ao fim do décimo nono século declararam guerra a Espanha com o objetivo de despoja-la de suas derradeiras colônias, quais fossem as Filipinas e Cuba as quais foram de pronto reduzidas a condição de colônias suas. Posteriormente tiveram sua liberdade formalmente reconhecida mas permaneceram por muito tempo como simples satélites seus.

Durante as duas grandes guerras mundiais destacaram-se os EUA como fornecedores de armas para ambos os lados e só se abstiveram de fornecer armas aos alemães quando estes encontravam-se prestes de vencer os aliados.

Imiscuiram-se desastrosamente na Revolução Russa, despertando a fúria dos eslavófilos que engrossaram as fileiras do exército vermelho. Afinal russo algum podia conceber a intromissão desta potência estrangeira em seu pais.

Buscaram intrometer-se igualmente na Revolução Mexicana, tornando-o ainda mais sanguinária e radical.
As desastrosas interferências dos EUA nos conflitos externos, resultou quase sempre na união das facções contra o inimigo externo comum. E se eles apoiavam alguma facção, mesmo que justa, passava esta a ser odiada pelo povo. Alimentaram sucessivamente as Revoluções russa, mexicana, cubana e venezuelana como alimentaram o Taliban e o ISIS.

Apoiaram ativamente a implantação de regimes ditatoriais e cruéis na América Latina, como a ditadura de Pinochet no Chile. Apoiaram secretamente ou financiaram golpes de estado na Argentina, no Brasil, no Uruguai e no Paraguai.

Recorreram ao uso de Napalm na guerra do Vietnã.

Subverteram todo Oriente médio após a deposição do ditador Iraquiano Saddan Hussein. Repetiram os mesmo erros na Síria e por muito pouco - graças ao oposição da Rússia - não invadiram aquele pais.

Tem sustentado a política sionista do estado de Israel e acobertado seus crimes de guerra.

Internamente o governo Bush esforçou-se por criar um estado policial, restringindo os direitos dos cidadãos e as liberdades democráticas de que eles yakees sempre se vangloriaram. A força do medo no entanto, o partido conservador, tem levado as massas a negociar tais liberdades!

A título de promoção humana aquele pais sequer conta com um serviço público de saúde como o nosso SUS, cabendo aos cidadãos doentes recorrer a instituições privadas que cobram verdadeiras fortunas por uma simples intervenção. Isto a ponto de alguns cidadãos arriscarem-se a atravessar o Oceano e buscar socorro médico na pequena e odiada Cuba.

No entanto os investimentos em armas e munições são descomunais. Alias parte das fábricas de armas e munições pertence aos próprios políticos.

Outra similaridade existente entre a grande República capitalista do Norte e os países islâmicos é a vigência da pena capital em alguns de seus estados. Nem poderia os EUA conter o aumento da miserabilidade sem recorrer aos mecanismos da pena capital - por meio da qual intimida dos cidadãos angustiados - e do exército. Aqui após serem sumariamente alimentados e vestidos os jovens pobres são enviados a intervenções militares desastrosas em que encontram a morte passando a ser vistos como heróis.

Além disto constituem os EUA ou melhor os Withe mens, descendentes dos pais puritanos, uma elite social e econômica essencialmente racista. Vigorando na prática, até os anos 50, uma espécie de aparthaid regido pelo costume.

A nível de política os EUA surpreendem-nos ainda hoje devido a falta de consciência manifestada por parte de seus parlamentares, cujo lema é explorar ao máximo os recursos naturais do planeta, sem levar em conta a habitabilidade e a qualidade de vida. O ex presidente Bush por sinal afirmou que a economia Norte americana era mais importante que a salvação do meio ambiente.

Por aqui podemos medir até que ponto o economicismo encarnou-se nesta Sociedade.

Como pretendi fornecer um elenco superficial e sumário sobre os pontos negativos desta cultura a que chamamos cultura de morte, termino por aqui.

Há muitos outros pontos e cada qual bem pode pesquisar por si mesmo.









Cultura européia, cultura norte americana e cultura islâmica II

A gestação da cultura de morte: protestantismo, capitalismo e cultura Norte Americana

Helenismo e Cristianismo ou se preferirem Socratismo e Catolicismo antigo, lançaram na Europa os fundamentos de uma cultura humanista. Todavia o desenvolvimento desta cultura foi bruscamente atalhado pelas invasões germânicas e pelo advento do islamismo. Apenas no contesto da civilização Bizantina houve relativo desenvolvimento.
A partir do ano 1200 houveram diversas tentativas de restauração, umas mais outras menos felizes. Por este tempo no entanto o Catolicismo já havia perdido dua puridade. Melhor dizendo a igreja romana afastara-se um tanto do Catolicismo, transformando-se numa monarquia com ambições teocráticas. Como já fizemos questão de assinalar noutro artigo, a luta entre o semi pelagianismo ortodoxo e o agostinianismo ascendente dispersava as forças da igreja. A fixação do dogma das penas eternas corresponde a um instante dramático e decisivo. 

No entanto, apesar de suas quedas e desvios, a igreja romana retinha ainda - como ainda retém (se bem que menos) - uma parcela do espírito Católico, alimentava um cultura humanista e sustinha um ideal de virtude.

Haviam problemas sérios no âmbito da fé. A cultura no entanto matinha-se, ao menos em parte, fiel aos padrões greco cristãos. 

Foi quando a partir do século XVI sucederam-se dois grandes abalos, aos quais seguiu-se a ruptura e a produção de uma cultura totalmente nova.

O primeiro grande abalo, a nível da consciência Cristã, foi o triunfo do agostinianismo por meio da reforma protestante. Até então estivera o organismo do Cristianismo enfermo. O triunfo do agostinianismo significa a morte do humanismo cristão e de modo geral uma perda de consciência.

No entanto ainda após a reforma, o surgimento das novas unidades eclesiais e o Concílio de Trento. Este novo padrão de fé e de cultura que se afirma não consegue arrancar, da noite para o dia, os elementos católicos presentes na cultura. Assim se as ordens religiosas são extintas, a Inglaterra mantem-se fiel aos Bispos e muitos destes fiéis a tradição. Permanecendo de pé as torres, calvários e cruzes, e viva a memória das terras comunais! Já na França para onde quer em olhem os reformados deparam-se com os símbolos e instituições da antiga e odiada fé.

Aspiravam os sectários pela produção de uma nova cultura. Todavia o velho mundo esta impregnado de simbologia católica.

A solução foi buscar solo virgem com o intuito de criar a tão sonhada república bíblica, sem sinos, cruzes ou bispos. Tal o ideal sonhado pelos puritanos que embarcaram-se no Mayflower.

Como os santos muçulmanos de hoje eles não estavam dispostos a viver ao lado dos odiados anglicanos e papistas. Os anglicanos e papistas a seu tempo não estavam nem um pouco dispostos a curvar-se perante as exigências da Torá.

Melhor expulsar os índios de suas terras. Seria bem mais fácil uma vez que anglicanos e papistas possuiam asmas de fogo e os índios não!

Assim, deste ideal mosaísta, puritano, huguenote, sectário ou fundamentalista, surgiu a grande república do Norte, a que chamamos Estados Unidos.

A proposta era fazer desta província ou pais uma nação protestante, ou como dizem, bíblica.

Ignoravam no entanto que todo reino dividido trás em si uns germes da morte.

Multiplicaram-se as facções, seitas, partidos... pois após os calvinistas chegaram os congregacionalistas, anabatistas, quackeres, metodistas, luteranos, unitários, etc os quais puseram-se logo a combater uns aos outros... produzindo espaços ou nichos de incredulidade.

De modo que em 1776 os indiferentes, que não eram poucos, tendo em vista seus próprios interesses - alias os mais saudáveis - e a condição pluralista da sociedade norte Americana, vibraram rude golpe ao fundamentalismo, separando a religião do Estado ou as fés da política.

Por este tempo o deísmo já circulava na Inglaterra a mais de século, a fé minguava nos corações, os Bispos perdiam sua autoridade e a Igreja Anglicana - ao cabo de cento e cinquenta anos de luta - conhecia sua segunda grande derrota. A Revolução Industrial havia sido concretizada e já um novo ideal, materialista, economicista ou capitalista; norteava as ações humanas produzindo uma nova cultura.

Reviveria no entanto o humanismo na Inglaterra, ja por meio do papismo que mais uma vez alastrava-se pelo pais, do alto anglicanismo revigorado e da mais ampla gama de socialismos secularizados, das utopias de Owen ao Comunismo. Destarte, apos seu zênite ou idade de ouro, o liberalismo econômico inglês conheceu significativo declínio. Ficando a fera enjaulada até ser libertada mais uma vez pela 'Dama de ferro'.

Os EUA no entanto eram terra Virgem. Jamais fecundada pela cultura greco romana. Sem uma História medieval. Sem qualquer tipo de tradição humanista. Sem raízes deitadas no solo do Catolicismo ou Cristianismo antigo. Sem consciência, sem memória, sem passado em termos de promoção humana ou justiça social.

De modo que eliminado o éthos religioso ou a inspiração credal. Mais do que na Inglaterra o éthos materialista economicista foi capaz de criar raízes, fomentar caráteres, produzir cultura e criar estruturas sociais. Em recando algum do mundo moderno o capitalismo conseguiu encarnar-se em termos de estruturas sociais e impor-se como nível de consciência senão dos EUA.

Na Europa também conseguiu em maior ou maior medida criar estruturas. Estas no entanto - exceto na idade de ouro do liberalismo inglês - jamais lograram desenvolver-se por completo ou esgotar suas potencialidades e absorver os demais setores da sociedade subordinando-os a seus interesses. Havia sempre algum limite ou medida imposto pelas monarquias, pelos catolicismos, pelas tradições ou pelos socialismos seculares. Barreiras políticas, religiosas, sociais ou ideológicas que o economicismo jamais conseguiu destruir por completo. Permanecendo assim sempre incompleto!

Pode ter surgido na Europa enquanto ideologia. No entanto esta ideologia européia encontrou sua máxima expressão apenas na grande República do Norte.

Pelo que a cultura norte americana e a cultura européia não são uma e a mesma coisa.

Na cultura européia sobrevivem, numa massa heteróclita, elementos religiosos ou seculares que precedem em séculos ou milênios o advento do capitalismo e que se lhe opõem.

Assim o ideal de liberdade e democracia direta tão caro aos antigos gregos, igualmente presente nos cantões suíços desde a Idade Média e em diversas partes da Escandinávia. Assim o ideal socialista alimentando pela consciência Católica o qual, mesmo após sua secularização, obstina-se em afirmar-se no contesto europeu. Assim as tradições campesinas sempre infensas ao novo ritmo de vida. Um certo sentido do homem e do humano afirmado desde os tempos de Sócrates. Um certo sentido da arte e do intemporal e contraposição ao imediatismo e consumismo vulgares....

Os Norte americanos mais do que ninguém assumiram os ideais do capitalismo e por assim dizer deram-lhe um corpo ou uma existência social. Chegando a criar um sistema de pirataria internacional com o objetivo de pilhar riquezas. De que resultaram infinitas guerras.

É um tipo de imperialismo diverso de qualquer outro. Todos os imperialismos antigos - do romano ao inglês - conheceram uma contrapartida cultural até certo ponto positiva. Os romanos e seus sucessores folgavam em estabelecer colégios, acadêmias, museus e instituições culturais nas regiões economicamente dependentes ou periféricas. Os EUA jamais se preocuparam em fundar escolas, museus, termas ou pinacotecas as unidades políticas que pilhavam...

A cultura que os EUA implantam nas regiões dependentes é inteiramente superficial ou destinada ao consumo. Redes de fast food, bonés, tênis, camisetas... Não existe qualquer elemento unificador como na filosofia grega ou no cientificismo anglo francês. Os romanos diga o que se disser, amalgamaram-se aos demais povos porque eram capazes de ve-los como seres humanos. Os EUA jamais conseguiram enxergar além do próprio umbigo. Por isso criaram e criam apenas laços econômicos de dependência.

Como sói suceder no entanto, tais relações carregam ou transportam sempre algum conteúdo cultural. Lentamente as regiões economicamente dependentes convertem-se em províncias culturais do centro dominante. Assim o modo de vida Yankee transbordou, por assim dizer, e ocupou a maior parte do planeta. Inclusive a Europa.

E por ser esta cultura mais antiga e mais sólida, este assumir novos modos de vida, não pode deixar de produzir um impacto bastante significativo após o pós guerra. Os mais velhos sobretudo mostravam-se escandalizados face a conduta dos mais novos, cada vez mais 'norte americanizados'. No que diz respeito ao vestir, ao comer e sobretudo aos gostos musicais pode-se dizer que os EUA produziram um sistema global e que a moda passou a ser ditada por eles. Nem Roma, nem Paris, nem Londres mas Nova Yorque!

E como já houvesse uma disputa ideológica na Europa entre os elementos anteriores ao advento do capital e os elementos favoráveis a nova ordem, os elementos culturais provenientes dos EUA, associados ao éthos consumista, converteram-se em fiel da balança, fazendo o caráter daquela sociedade inclinar-se decididamente para a nova ordem. Isto desde os anos 50 mas especialmente após os anos 80 e o colapso das Repúblicas comunistas do Leste. Os anos 90 foram decisivos para o triunfo da ordem capitalista na Europa enquanto produtora de cultura!

Bem antes disto, no entanto, os esquerdistas radicais, haviam desconsiderado a questão da variedade cultural na Europa, e apresentando tudo como uma coisa só.

Eles jamais foram capazes de discernir onde encontravam-se as fontes de seu próprio modelo ou padrão de pensamento.

Alienaram-se completamente quanto a dinâmica cultural e o conhecimento da cultura.

Por mais importante que seja a crítica científica de Marx ao capitalismo (compreenda-se que me refiro unicamente ao 'Capital' e não a suma metafísica comunista posta para o futuro ou o 'como deve ser') é sempre bom lembrar que sua crítica atinge apenas a estrutura material do capitalismo.

Sempre poderemos aprofundar sua crítica atingindo o espírito éthos do Capitalismo. Para tanto convém resgatar um Morelli, um Mably, um Morus, um Campanell, um Aquino, os padres da Igreja, Paulo, e Jesus, e Aristóteles, e Sócrates... mergulhando nas raízes ancestrais da nossa cultura.

Portanto se hoje, em 2015, a cultura européia de modo geral, inclinou-se decididamente na direção do modelo Norte Americano a ponto de ameaçar a existência do Estado de bem estar, devemos reconhecer que se trata dum fenômeno bastante recente. E que em menor medida, os elementos dissonantes ainda estão lá merecendo ser examinados e reaproveitados.

Mesmo tendo criado raízes no organismo europeu o câncer americano ou americanista não conseguiu eliminar por completo a resistência em termos de sobrevivência cultural.

Em que pese a malignidade infundida pela cultura de morte e a sombra do capitalismo não nos podemos esquecer de Sócrates, perder de vista um Ambrósio, minimizar a existência de um Morus ou de um Bloy! É uma escuridão em que brilham diversos focos de luz.







quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Cultura européia, cultura norte americana e cultura islâmica I

Uma das páginas mais tristes da História, e, a meu ver a ascensão dos relativismos. RelativismosS porque são muitos: relativismo intelectual, que é a matriz de todos os outros; relativismo moral, relativismo religioso, relativismo político, relativismo cultural, etc

Para os relativistas todas as coisas são absolutamente iguais.

Na prática porém os relativistas costumam valorizar as coisas de que gostam e a menosprezar as que detestam. Neste caso adotam por critério o próprio gosto ou a própria vontade. Limitando-se a descartar qualquer solução em termos racionais que conduzi-se a uma verdade objetiva.

No plano da espiritualidade ou da religião costumam os relativistas a pontificar declarando que todas as religiões são absolutamente iguais não havendo fé melhor ou pior. Alguns dentre eles alegam que todas as religiões são igualmente boas e outros que são igualmente perniciosas. Importa que são quase sempre incapazes de distinguir umas das outras...

E basta que alguém assuma um posicionamento crítico face ao protestantismo ou o islã, alegando corresponderem a formas religiosas bastante primitivas e grosseiras para que o relativista classifique nossos juízos como arbitrários e tendenciosos! Afinal onde já se viu afirmar que uma fé seja superior a outra!!!

E no entanto são estes respeitáveis senhores os primeiros a lançar pedras ao papa romano, a bradar contra a inquisição e a mencionar os casos Copérnico e Galileu, sustentando inclusive a 'pia fraude' segundo a qual foram ambos torturados e mortos 'pelos padres'!!! Não poupando críticas a igreja romana!

Agora vá o pobre papista mencionar o extermínio dos camponeses, a bigamia do Landgrave de Hesse, o assassinato de Servet, as aventuras do Barão des Adrets, a KKK, o apartheid, o apoio dos pastores ao genocídio dos peles vermelhas, etc Ou, no caso do islã, a jihad, a djzia, a murtad... Aqui o relativista tapa seus ouvidos e vos deixa falando sozinhos!!!

O mesmo se dá no plano da cultura.

Antes de tudo recusam-se os relativistas a considerar qualquer diferença significativa entre a cultura Norte Americana e a cultura Européia. Querendo dizer que é tudo a mesma coisa e classificando esta uma e mesma coisa como a 'cultura ocidental'. A qual vinculam genericamente ao modo de produção capitalista, COMO SE NADA HOUVESSE ANTERIORMENTE OU O CAPITALISMO TUDO PRODUZISSE EM TERMOS DE CULTURA OCIDENTAL.

Após terem feito isto declaram pomposamente que todas as culturas possuem o mesmo valor, a dos hotentotes, a dos bosquimanos, a dos inuits, a dos alacalufes a dos diaguitos, a dos árabes, a dos aborígenes, a dos tuaregs e a ocidental. E se negais este dogma sacrossanto imposto por eles, cais sob suspeita de fascismo, termo pelo qual foi substituído o rótulo herético!

Não sou fascista, não aprovo esse sistema estatólatra, não comungo desta cultura de morte. No entanto oponho-mo da mesma maneira ao emprego do rótulo 'fascista' a moda de espantalho intelectual! Não é por ser socialista, trabalhista ou esquerdista que vou ser imbecil ignorar a dinâmica da cultura e a notação cultural.

De fato tudo quanto é produzido pelo ser humano é cultura. Jamais, longe de nós a vã pretensão de nega-lo. No entanto nem por isso a cultura deixa de ter uma notação valorativa. Tanto em termos de ética ou promoção humana quanto em termos de padrão científico. Toda cultura possui seu valor, porém nem todas possuem o mesmo e igual valor.

Umas são mais atrasadas, outras mais desenvolvidas. Umas mais ricas e exuberantes, outras mais pobres. Umas mais humanas outras nem tanto...

Umas mais outras menos preconceituosas. Umas mais outras menos libertárias...

Umas realistas outras imaginativas...

Querer que tudo seja exatamente igual nesta massa heterogênea é forçar a realidade.

Nem se diga que faltam-nos critérios para julga-las objetivamente.

Não, não nos faltam.

Basta dizer que uma civilização humanista supõem a afirmação da dignidade humana.

Noção de justiça.

Contato com a realidade.

Respeito a vida.

Princípios que nada tem de relativo.

Sob pena de termos sido hipócritas ao condenar o nazismo, o fascismo, o comunismo e o capitalismo.

Em nome do que condenamos tais sistemas se todos os princípios e valores são de natureza subjetiva?

Por que sacrificamos Hitler, Mussolini, Stalin e nos opomos a Bush se tudo é relativo?

Afirmar o relativismo e o subjetivismo em termos absolutos é justificar todas as ideologias acima e conceder-lhes foros de cidade!

No entanto podemos condena-las todas em nome de algo: a dignidade humana!

Não os direitos do homem não são frutos de pura e simples convenção. Convenções mudam! Nem podemos dizer que foram criados pela democracia ou que devam ser reconhecidos por ela! Pois estão acima dela! Os direitos humanos não carecem de sansão humana que os valide! São a essência da própria natureza humana! Apenas podem ser ampliados na medida em que conhecemos melhor esta essência!

Agora se todas as culturas são iguais por que a cultura 'Ocidental' é sempre apresentada como bastarda ou inferior pelos apóstolos do relativismo???

Pois a todo momento dou com habitantes de algum centro urbano pontificando sobre a superioridade da cultura indígena, dos povos da floresta, dos povos do deserto... e é todo um empenho titânico em apresentar a cultura do espírito da mandioca como infinitamente superior a que desenvolveu as vacinas, o soro antiofídico, e outros tantos medicamentos responsáveis por salvar as vidas de tantos seres humanos espalhados pelos desertos e florestas deste mundo. Quase todos tomam captopril, glibenclamida, azitromicina... os quais certamente não adquirem nos desertos e nas florestas!

Gostaria que os críticos da sociedade européia fossem pedir medicamentos e terapias aos hotentotes, alacalufes, pataxós, inuits, etc!

Melhor. Por que os defensores da superioridade nativa continuam vivendo conosco nas grande cidades e utilizando-se da rede mundial de computadores???

Por que ainda não se transferiram para os desertos e florestas e adotaram o modo de vida dos povos a que tanto elogiam???

Mas essas pessoas cospem no prato em que comem.

Sustentam a superioridade da cultura primitiva com o celular nas mãos!

Coerência manda abraços! Seus hipócritas!

Tudo é relativo mas nossos relativistas não conseguem se desprender da tecnologia!

De fato cultura alguma é perfeita. Todas tem seus defeitos.

Assim a européia.

A qual também não faltam virtudes. Afinal foi esta cultura que produziu um Homero, um Anaxágoras, um Parmênides, um Sócrates, um Platão, um Aristóteles, um Zeno, um Hipócrates, um Cícero, um Sêneca, um Quintiliano!

E posteriormente: um Erasmo, um Campanella, um Morus, um Copérnico, um Vesalius, um Da Vinci, um Galileu, um Descartes, um Bacon, um Cervantes, um Camões, um Dante, um Shakespeare, um La fontaine, um La Bruyére, um L Eppe, um L Braile, um Dunant, um Thoureau!

Aos quais ajunto por conta: um Damiron, um Jouffroy, um Maine de Biran, um L Bloy, um Lewis Whyndan, um Chirstopher Dawson, um E Mounier, um Ch Maritain, um H Belloc, um R Jolivet, um J Benda, um Henry George, um Rougemont, um Marcel, um Blondel, um Sciacca, um De Ruggiero...

Que haverá de mais expressivo ou refinado em termos de pensamento do que um Freud, um Marx, um Darwin e um Weber???

Então meus queridos algum valor deve ter esta cultura!

Produziu beleza em termos de poesia! Produziu reflexão filosófica profunda! Produziu um ideal de justiça social imorredouro! Produziu um método científico!

Instituições as quais, em certo sentido, nossas personalidades são tributárias!

Digam o que disserem os contrários mas esta galeria de nomes ilustres impede-me de cair na falácia do relativismo cultural.

Temos problemas?

Temos. E um sério problema no plano da economia, a saber: o modo capitalista de produção!

É nosso calcanhar de Aquiles.

Mas nem por isso o corpo de Aquiles deixava de ser invejável por causa do calcanhar.

Uma coisa é o calcanhar e outra o corpo.

Devendo ser analisadas e avaliadas separadamente: a cultura e o sistema econômico de produção ou melhor quais de nossas fontes e raízes culturais permaneceram viva após o advento do capitalismo.

Assim saberemos o que deve ser mantido e o que de fato deve ser rejeitado e qual é a cultura de morte que se espalha pelo mundo!















Mensagem a Europa!!!

Encerra o divino Homero, sua epopeia: a Ilíada, sem informar-nos se de fato foi a cidade de Troia foi ou não conquistada pelos gregos e no caso, como os gregos teriam podido atravessar as tão poderosas muralhas edificadas por Apolo e Hércules.

A tradição no entanto refere que por sugestão do engenhoso Ulisses, fizeram os atacantes um imenso cavalo de madeira, o qual durante a noite puseram diante de uma das portas da famosa cidade governada por Príamo. Sem saber do que se tratava e impulsionados pela curiosidade permitiram os troianos que as portas da cidade fossem abertas e o cavalo trasportado para seu interior.

Fora um autêntico 'presente de grego'.

Pois assim que o sol declinou e os troianos recolheram-se a seus lares, uma horda de assaltantes, saindo de dentro do bojo daquele cavalo, conquistou e destruiu sua bela cidade. A qual só veio a ser desenterrada por Schleimann três mil anos depois!

No momento em que escrevo esta crônica está a Europa prestes a receber não um presente de sírio mas um 'presente de muçulmano' no interior de suas 'muralhas'!

Diante disto podemos já antever o mar de sangue, os rolos de fumo e as ruínas!

Dizem os doutores que a História jamais se repete.

A luz de Heráclito e dos fenômenos particulares nem poderia repetir-se pois já são outros os personagens e outro o cenário.

Penso no entanto que possa ser re encenada.

E que os mesmos e velhos erros possam ser cometidos diversas vezes por outros homens noutro contesto.

Napoleão perdeu a coroa por ter pretendido conquistar a Rússia e invadira Inglaterra. Passados século e meio Hitler comete o mesmo erro fatal: invade a URSS e põem cerco a Inglaterra.

Hitler para a nossa maior felicidade não deve ter prestado lá muita atenção nas aulas de História.

Nem nela teem prestado muita atenção os liberais e esquerdistas fanáticos do Velho Continente.

Não em suas próprias Histórias uma vez que Inglaterra, Alemanha, França e Itália jamais estiveram sob o jugo do Islã. Mas nas Histórias das repúblicas vizinhas e irmãs que conhecerem tal jugo; assim Grécia, Macedônia, Hungria, Búlgária, Rússia, Portugal e Espanha! Na Europa de hoje, ocidente e oriente, Oeste e Leste, Atlântico e Volga sabem dar testemunho sobre o caráter da dominação islâmica!

Mas o centro norte da Europa faz-se de surdo!

Talvez porque parte de suas populações acreditem que todas as religiões são igualmente boas ou igualmente más, devendo se encaradas da mesma forma e regidas pelo mesmo estatuto.

O que pressupõe falta de conhecimento em matéria de História.

E falta de honestidade.

Pois os Tugs da índia foram proscritos pela civilização por assassinar em nome de Durga. Enquanto os sunitas ortodoxos é autorizado matar em nome de ala, do corão, de Maomé ou do Islã!!! No que os muçulmanos com a jihad, o apedrejamento de adulteras e a murtad são superiores aos tugs???

Alguém poderia me explicar porque segundo xeque Omar Bakri é lícito impor aos muçulmanos o dever de atacar e mesmo exterminar os não muçulmanos, enquanto aos fiéis de Kali não é autorizado faze-lo???

Alias os tugs matam com mais misericórdia, sem derramar sangue, enquanto que os amigos do profeta exterminaram seus críticos a punhaladas!

A princípio julgo que qualquer pessoa independentemente se sua fé religiosa tenha o direito de estabelecer-se na Europa. Desde que tal pessoa abrace sinceramente os ideais da sociedade democrática... fique com seu ala, como seu inferno, com seus anjos, com decreto, com suas huris, etc Mas conforme-se com nossas leis e instituições sem causar qualquer tumulto!

Aceita o islã tal restrição ou condição, tão justa quanto ponderada???

De modo algum!

Mesmo instalado no seio da Europa, em países como Bélgica ou Inglaterra, esses arrogantes continuam a afirmar-se como superiores aos demais cidadãos, a viver segundo suas leis e o que é pior esperando o momento oportuno para impor o icab, a djazia, a murtad, a jihad etc enfim a sharia, obrigando a sociedade como um todo a viver segundo lhes agrada!!!

Era de se esperar que adaptassem a exemplo dos judeus, budistas, etc no entanto tal não se deu. Isolaram-se em pequenas comunidades, procriaram a não poder mais, edificaram mesquitas, criaram tribunais próprios, afirmaram sua cultura, e hoje aspiram a dominação.

O pior de tudo é que a maior parte deles jamais enganou a quem quer que fosse, jamais escondeu suas pretensões teocráticas, jamais dissimulou!

E no entanto, os europeus estúpidos acolheram-nos e tem se recusado a deporta-los ou a disciplina-los como deveriam! De modo que mais e mais o poder muçulmano afirma-se no centro Norte da Europa.

Trata-se de uma situação já de per si dramática!

Quando milhares e ou milhões de emigrantes sírios surgem as portas da Europa.

Não é a primeira vez que isto aconteceu!

No século IV desta Era o Império romano, já exausto, permitiu que algumas tribos germânicas sob o estatuto de aliadas atravessassem a fronteira e se instalassem em seu território. No século seguinte os tais aliados receberam de braços abertos as tribos irmãs que se achavam do lado de fora, associando-se elas, reforçando seus contingentes e destruindo o império.

A Europa esclerosada no entanto não só recebe sem quaisquer prevenções esses fanáticos como concede-lhes direitos políticos, permitindo que votem e que se candidatem a cargos públicos! O cúmulo da cegueira e da loucura! Conceder prerrogativas democráticas a quem não tem espírito democrático É ASSASSINAR A DEMOCRACIA!!!

O que estamos assistindo em certos locais da Europa é um suicídio democrático em larga escala!

Pois como dizia Berdiaeff, a democracia não pode continuar sendo mera forma, uma forma vazia i é sem conteúdo. Urgem preencher essa forma com cultura ou espírito democrático por meio da educação! A Europa no entanto esta a introduzir espírito teocrático nas formas democráticas! E assim a sabota-las. Pois como disse Sagan democracia e fundamentalismo religioso são incompatíveis!

É o mesmo problema da América com suas bancadas evangélicas ou bíblicas e as massas manipuladas pelos pastores. Dos países muçulmanos que assumem formas democráticas e de certos lugares da Europa... e o fim disto é a dominação religiosa! Caso ninguém tenha coragem de assumir os valores do laicismo! Os líderes religiosos ameaçam com maldições, intimidam com o medo do inferno e constrangem as massas a eleger seus candidatos, pertencentes a comunidade, os mais fanáticos! E eles assomando aos parlamentos associam-se uns aos outros e formam bancadas religiosas! O QUE DEVERIA SER LEGALMENTE PROIBIDO!

E formando bancadas passam a legislar apenas em benefício próprio!

De geração em geração tais bancadas vão aumentando, sendo pretensão dos coronéis religiosos alcançar a maioria numérica e converter o Parlamento em apêndice da igreja ou da mesquita. Chegando a este ponto a democracia esta morta!!! Principiando as leis a obedecer princípios de caráter confessional! Pronto, o que socialistas e anarquistas ineptos foram incapazes de fazer -desconstruir a democracia por dentro mas em sentido oposto - é feito pelos fanáticos!!!

Estes no entanto ao invés de ampliarem e aprofundarem nossa democracia tornando-a direta, plena ou popular, tomam o sentido contrário, passando o poder aos clérigos. Fatalmente chegará o momento em que os fanáticos sacrificarão a forma democrática e entregarão o poder aos pastores ou xeques, caso não haja resistência alguma!

Uma solução possível aqui é permitir a entrada apenas das mulheres e das crianças, integrado-as a famílias europeias e consequentemente a Sociedade. Isto porque é o islã - sobretudo sunita - marcadamente machista. Então que os homens adultos fiquem do lado de fora! Agora se entrarem não se lhes permita em hipótese alguma a edificação de mesquitas ou salas de oração! E se forem pegos fazendo proselitismo ou provocando qualquer tipo de violência sejam deportados!

Convém impor-lhes legalmente uma política familiar de modo a que não se multipliquem ao infinito. Que aqueles que tiverem mais de X número de filhos sejam deportados. Que abracem a forma monogâmica de matrimônio sob pena de não serem recebidos ou de serem sumariamente deportados!

Além disto não se dever permitir sob pretexto algum a entrada e instalação de clérigos. Que os sermões sejam fiscalizados e aqueles que instigarem qualquer tipo de violência deportados.

Isto significa entrar com condições!

Ou a Europa muda de política e passa a impor restrições religiosas a esta multidão ou ela é que imporá a sharia no Velho mundo!

A democracia precisa ser tomada como critério ou defendida, a religião tomada como critério e severas condições impostas aos tais refugiados. De modo que a Europa não se converta numa nova Troia e que não se repita o que já aconteceu durante as invasões teutônicas.

Que os países do centro norte da Europa tenham a humildade de ouvir os irmãos do Leste e do Oeste ou seja das nações que já foram conquistadas e dominadas pelo islã em tempos passados. Penso que a experiencialidade deles não possa ser ignorada ou posta de lado e que não possam ser constrangidos a receber multidões de fanáticos arrogantes e opressores em seus territórios, pondo em risco as vidas dos cidadãos inocentes e indefesos!

As populações de Portugal, Espanha, Grécia, etc tiveram parte de seus antepassados mortos, escravizados, raptados e torturados pelos amáveis seguidores do profeta! Foram rios ou mares de sangue vertidos por cada uma destas sociedades as quais com heróicos sacrifícios lograram libertar-se dos tentáculos da sharia e do jugo ínfame da Djzia, e da ameaça continua da jihad. Agora querem os senhores da UE reverter este quadro, introduzindo a insegurança e o pânico nas almas de milhões de contribuintes! Não vejo como tal pretensão possa ser justificada!

Enquanto os europeus estão a viver um cenário de pesadelo semelhante a que seus ancestrais viveram no século V, a grande república do Norte, responsável por todos estes transtornos lá fica bem segura do outro lado do mar! Por que os Estados Unidos não são convocados por quem é de direito a acolher ao menos uma parcela dos tais imigrantes??? Por que cargas d água a bomba tem de estourar nas mãos da Europa???

O cavalo esta posto a porta!

Que se aprecatem os europeus de introduzi-lo em sua cidade!