sábado, 31 de outubro de 2015

Do capitalismo e do comunismo como padrões binários de pensamento.

Tanto os capitalistas ou liberais economicistas e Comunistas pura e simplesmente ignoram a existência do domínio socialista ou de uma terceira solução para os problemas sociais.

Parece haver uma espécie de acordo tácito em virtude do qual os Comunistas enxergam apenas do Capitalismo e os Capitalistas apenas o Comunismo.

Para os comunistas quem não for membro do partido é e será sempre encarado como 'capitalista' enrustido. Já para os liberais tantos quantos ousem questionar os dogmas proclamados pela econômica 'clássica' e seu valor ontológico, merece ser classificado como comunista.

E não adianta discutir com eles, admitiu qualquer nível ou grau de controle ou limitação fica-se sendo bolchevique ou marxista ortodoxo!!!

Diante de tão grande falta de pudor só nos resta exclamar; pobre Leão XIII, pobre Maurras, pobre Hitler, pobre Keynes, pobre Henry George, pobre Scott Nearing, pobre Tosltoi, pobre Kropotkin, pobre Lammenais... todos matriculados em bloco nas fileiras do leninismo!!!

De fato a má fé dos liberais só pode ser comparada a daqueles ateus fanáticos que costumam publicar listinhas de 'correligionários' em que constam os nomes de Montaigne, Bacon, Descartes (!!!???), Voltaire, Diderot, Comte, Huxley, Darwin (!!!???)... e por ai afora...

Dir-se-ia que não escrevem mas estupram as folhas de papel...

Tendo em vista tais desatinos, tentarei, pela segunda vez lançar alguma luz sobre o assunto, buscando definir quais sejam os posicionamentos possíveis na esfera da econômica:

  • LIBERALISMO (pop Capitalismo): Doutrina segundo a qual o Mercado, enquanto sistema circulatório de riquezas, regula-se por leis próprias ou autônomas de caráter interno. Segundo a tônica desta ideologia a iniciativa econômica deve ficar entregue a iniciativa dos indivíduos, cuja ambição não deve nem pode ser limitada; excluindo-se deste modo qualquer tipo de intervenção externa, social ou política. Temos aqui um sistema marcadamente individualista e irredutível a qualquer tipo de limitação externa. Não pode o liberalismo admitir qualquer nivel ou grau de limitação externa ou de controle político ou social sem deixar de ser o que é. Daí ser classificado como um sistema de livre iniciativa que objetiva a maximização dos lucros.
  • SOCIALISMO: Doutrina que advoga qualquer nivel ou grau de intervenção externa - social ou política - com o objetivo de limitar a iniciativa individual ou regular um Mercado de cuja auto regulação desconfia. Não importa aqui em que medida este ou aquele teórico, desta ou daquela escola, pretende intervir na dinâmica interna do Mercado. Uma vez que a auto regulação e autonomia do mercado é repudiada estamos no terreno do socialismo. Agora existem inúmeras formas, escolas ou correntes de socialismo; umas mais suaves outras mais rigorosas, segundo os princípios e valores que inspiram-nas; assim solidarismo, personalismo, social catolicismo, corporativismo, comunitarismo, social democracia, libertarismo... nem se pode negar aqui que o Keynesianismo e a própria doutrina social da igreja romana sejam formas de socialismo, inda que mais amenas ou centristas; pois admitem e postulam certa medida de controle externo incompatível com as pretensões da teoria liberal.
  • COMUNISMO: Tipo particular, específico ou rigorista de socialismo, que para além do controle externo do mercado postula:
  1. A tomada do poder por um golpe violento a que chamam Revolução.
  2. A substituição do modelo democrático por uma ditadura do proletariado numa perspectiva monopartidária e totalitária, caracterizada pela negação dos direitos essenciais a pessoa.
  3. A supressão de todas as formas de propriedade, inclusive da propriedade pessoal pertencente ao trabalhador. Na prática ignoram a distinção entre propriedade dos meios de produção e propriedade pessoal.
  4. A eliminação radical do padrão salarial.


    Disto resulta que se o COMUNISMO é um SOCIALISMO; nem todas as formas de SOCIALISMO correspondem ao COMUNISMO.

    Pois via de regra (cf Lizandro de la Torre "Questão social e Cristãos sociais") os socialismos sustentam que:


  1. A parte de alguma realidades específicas em que as situações de injustiça tenham atingido níveis insuportáveis, devem os militantes inserir-se na via institucional, buscando por meio dela implementar reformas educativas, sociais e políticas que ampliem as liberdades, consolidem a cidadania e enfraqueçam o poder do capital. DONDE OS SOCIALISTAS SÃO PROPENSOS A SOLUÇÕES PACÍFICAS E DESCONFIAM DA MÍSTICA REVOLUCIONÁRIA ALIMENTADA PELOS COMUNISTAS.
  2. É necessário instaurar ou consolidar, pela via que for mais oportuna, uma ordem cada vez mais democrática (no sentido da democracia direta ou popular) cidadã ou libertária; assegurando os direitos essenciais a pessoa humana e protegendo os grupos sociais minoritários. DONDE OS SOCIALISTAS RECONHECEM O VALOR DAS LIBERDADES PESSOAL E POLÍTICA EM OPOSIÇÃO AOS COMUNISTAS.
  3. É necessário socializar ao máximo a posse dos meios de produção, salvaguardando no entanto a propriedade pessoal do trabalhador como coisa 'imexível'. DONDE OS SOCIALISTAS RECONHECEM O VALOR ESSENCIAL OU ONTOLÓGICO DA PROPRIEDADE CUJA POSSE RESULTA DO TRABALHO. (Henry George).
  4. É necessário reduzir o quanto possível as relações fundamentadas no padrão salarial. Onde não for possível é necessário adotar o critério humanista do salário mínimo pautado nas necessidades familiares do trabalhador. Da mesma maneria é dever do grupos social ou da comunidade implantar, desenvolver e consolidar formas 'heterodoxas' de produção como corporações e cooperativas estas destinadas a gerir os grandes latifúndios. Implica ainda em restabelecer os egidos ou terras comunais. DONDE OS SOCIALISTAS NÃO SE OPÕEM RADICALMENTE AO PADRÃO SALARIAL.

Além disto os socialistas, ao contrário dos Comunistas não costumam envolver-se diretamente com a questão religiosa e muito menos com questões metafísicas em torno da existência ou não de Deus, dando por suposto que pertençam a esfera da liberdade ou decisão pessoal. Aqui o único compromisso do socialismo é com o caráter laico do estado e a implementação de um ensino rigorosamente científico.

O socialismo só costuma encarar como problema o fanatismo religioso, fundamentalismo enquanto ideologia oposta ao padrão científico de pensamento e as formas teocráticas de pensamento. A religiosidade em si mesma, sobretudo quanto equilibrada e sóbria, não é encarada como antagônica ao modelo socialista.

Donde o socialismo não endossa o materialismo, a irreligiosidade e muito menos o ateísmo; opondo-se terminantemente a qualquer tipo de perseguição religiosa. Mesmo porque certo número de socialistas inspiram-se em princípios e valores relacionados com algum tipo de espiritualidade.

Outra questão controversa diz respeito ao tecnicismo.

Sem proclamar a tecnologia como má, o socialismo enquanto forma de humanismo, desconfia do tecnicismo seja de direita ou de esquerda, liberal ou comunista, capitalista ou bolchevique... buscando relacionar a técnica com as fontes de matéria prima, a emissão de resíduos, as condições do planeta. Os socialistas pensam que é necessário ultrapassar esta 'rivalidade' ou emulação arquitetada em torno da técnica antes que a terra seja completamente destruída. É necessário voltar a técnica, não menos que o mercado para as necessidades humanas (não necessariamente econômica)... O comunismo parece ter perdido este sentido...

O capitalismo jamais acalentou tal sentido!

Não lhe cabendo o direito de fazer reproches ao comunismo.

Toda tônica deste sistema tem girado em torno do mercado, do luxo, do supérfluo, do consumo... sem quaisquer considerações em torno do humano, quanto mais em torno do ecúmeno.

A ciência é boa em si mesmo enquanto conhecimento válido e verdadeiro em oposição ao estado de ignorância.

O capitalismo no entanto, sistema que tudo suja e contamina, tem promovido um tipo de ciência indesejável e funesta: uma ciência sem consciência, irredutível a ética e sempre dócil as necessidades artificiais ou mesmo cruéis do mercado. Este mercado de algum modo tem emporcalhado nossa ciência e a tornado indesejável.

Neste sentido o comunismo soviético limitou-se a entrar numa competição acrítica, esquecendo-se por completo do fenômeno humano e contribuindo em certa medida para a degradação da mãe natureza.

O socialismo, que é uma expressão do humanismo e que se afirma como padrão essencialmente ético, distancia-se de ambos os sistemas rivais e assume os pressupostos de uma visão ecológica de mundo.

O socialismo nutre a nobre ambição de conciliar as necessidades econômicas com a demanda ecológica em termos de fauna e flora não hesitando por o dedo na ferida e deixar em aberto a possibilidade de uma contenção ou limitação de nosso progresso técnico ou material. Mais cedo ou mais tarde teremos de rever o ritmo de nossos progressos ou...

Ademais já esta mais do que na hora de pormos o que já foi criado e conquistado a serviço das imensas massas humanas que ainda vivem em condições mais do que miseráveis.

Resumindo:

  • Existe apenas uma forma de liberalismo econômico, a qual consiste em atribuir a ação econômica a atividade dos indivíduos e repudiar, em maior ou menor grau, toda e qualquer tentativa de limitação ou controle externo imposta pelo grupo social ou pelo domínio do político. Tal da doutrina pétrea da auto regulação do Mercado.
  • Existem inumeras formas de socialismo, todas sustentando a conveniência ou necessidade da planificação externa da econômica ou o controle do Mercado pelo grupo social em termos de intervenção, o que implica repudir formalmente a teoria da auto regulação do mercado e da ilimitação dos lucros.
  • Existe uma forma específica de socialismo radical cognominada comunismo, bolchevismo, marxismo ortodoxo ou leninismo, ou ainda stalinismo, centralizada em torno da fé numa revolução golpista e sangrenta, na implementação de uma ordem totalitária, na erradicação de todas as formas de propriedade, na eliminação do padrão salarial, na militância ateística, na competição tecnicista com o mundo do capital, no igualitarismo absoluto e outros elementos que os socialistas encaram como essencialmente perniciosos.


Diante disto só nos resta dizer e declarar face aos liberais que as acusações hipocritamente lançadas contra os bolchevistas de modo algum atingem todas as formas de socialismo.

Digo o mesmo aos comunistas radicais e pequenos fanáticos que classificam-nos como capitalistas...

Enquanto ambas as partes não conseguirem superar o pensamento binário ou dualista, a que por questão de oportunismo, permanecem presas, merecerão ser apresentadas como farinha do mesmo saco, ao menos sob o ponto de vista da ética.

A este tipo de estratégia desonesta os socialistas não precisam recorrer, teem propostas concretas com que sanar os males provocados pela desordem capitalista sem chegar as delírios proféticos do comunismo. Teem sugestões, tem planos, tem hipóteses consistentes... e quem for honesto, curioso, benigno de coração, poderá encontra-los nas obras de: Henry George, L Tolstoi, Kropotkin, Kagawa, Mounier, Bastos D Avilla... dentre muitas e muitas outras.

De todas as correntes é certamente a socialista a mais original, criativa, rica e sugestiva.

Sabiam portanto que existe uma terceira solução ou via entre os extremos - que como diria o Filósofo, tocam-se - do comunismo e do liberalismo econômico.

Tudo quanto nós socialistas pedimos ao amigo leitor, justo e benevolente, é que seja conhecida e analisada com a devida atenção.

O Socialismo só pede ser conhecido e julgado com justeza!



sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Comunismo, Capitalismo, Protestantismo - A eterna miséria dos liberais...

Sucessivamente somos acusados de fazer vista grossa ao comunismo...

Quem lê nossos artigos sabe que esta acusação é de todo aleivosa e injusta.

Por inúmeras vezes alistamos Comunismo, Fascismo e Nazismo entre as culturas de morte produzidas pela profanidade moderna e alimentadas pelo materialismo. E já definimos tais sistemas como religiões secularizadas a exemplo do Capitalismo.

Outra coisa é concentrar todas as acusações em torno do Comunismo, como os comunistofobos; eximindo o Capitalismo, o Protestantismo, o Nazismo, o Fascismo...

Comunistofobos não somos que isto é coisa de liberais agoniados e não somos liberais (no plano da economia) ou capitalistas.

Evidentemente que nos opomos ao comunismo e pelo simples fato de ser materialista como seu 'genitor' o capitalismo. Também por ser totalitário, moralmente relativista, etc

No entanto matriculados na escola de Aristóteles aprendemos que os males devem ser atacados em suas causas, fontes ou raízes. E por isso atacamos prioritariamente o Capitalismo, a que o Comunismo não passa de reação até certo ponto justa... o comunismo apesar de seus vícios tem sentido. O Capitalismo não...

E para além do Capitalismo folgamos por inserir-se no plano religioso e atacar antes de tudo o Protestantismo, em que vemos a causa primária de todos estes males infindáveis a que chamamos crise, na medida em que pretendeu demolir o Cristianismo antigo e jamais mostrou-se socialmente apto ou capaz para suster - como reconheceu Weber na 'Ética...' - os fundamentos do humanismo.

Foi da falência do neo Cristianismo ou do protestantismo que resultou o obscurecimento do humanismo e a afirmação do materialismo economicista, a que o protestantismo falido ainda prestou adjutório.

Nem nos detemos em tecer filípicas contra o comunismo, o fascismo ou o nazismo por terem tais sistemas entrado em declínio... assim nossas críticas são quase sempre episódicas e de caráter genérico. Mas estamos de atalaia...

A mistica do capital no entanto tem se mostrado inabalável e conquistado multidões...

Reacionários cremos que o único poder capaz de aniquila-la é o humanismo embasado no Cristianismo antigo ou nos Catolicismos, cuja restauração apoiamos. Não o lixo do neo catolicismo, já mancomunado com o liberalismo a um bom tempo... mas o Catolicismo integral e consciente de sua função social enquanto esteio do Bem Comum.

Catolicismo que seja Vida e incorpore zelosamente a doutrina social da Igreja, inspirada na tradição Ortodoxa e inconciliável com o dogma liberal da ilimitação ou da auto regulação do Mercado.

Só o Catolicismo cremos nós será capaz de por ou melhor de repor todas as coisas a serviço do homem derribando o deus mercado de seu pedestal e criando uma nova ordem de coisas pautada em princípios e valores estabilizados.

Neste sentido devemos principiar criticando as instituições que por afinidade eletiva estão relacionadas com o mundo do capital, fornecendo-lhe necessário suporte cultural ou ideológico; e já sabemos que a primeira delas é o protestantismo, especialmente as seitas da prosperidade. as quais assimilaram já os objetivos do sistema convertendo-se em empresas com fins precipuamente lucrativos.

Isto a ponto dos fiéis já poderem pagar seus dízimos ou comprar as novas indulgências com cartão de débito.

Aqui de fato a religiosidade ocidental chegou a fundo do poço convertendo-se em algo bem pior do que ópio... é uma espécie de craque espiritual.

Em segundo lugar direcionamos nossas críticas ao materialismo economicista liberal pelo simples fato de ter se mostrado mais resistente do que as demais vertentes da cultura de morte quais sejam nazismo, fascismo e comunismo.

As demais vertentes ideológicas ao menos em parte tombaram no descrédito.

A ilusão do Capital permanece vive e florescente.

Eliminado o Capitalismo, o Comunismo perderia sua razão de ser.

Como a luta ou conflito entre capitalismo e comunismo pode ser interpretada como uma luta entre o individualismo e o coletivismo, ao humanismo convém não tomar parte nela.

O humanismo é pela pessoa, não pelo indivíduo isolado e menos ainda pela massificação...

Não nos alinhamos, mantemos a independência, somos pelo primado do espírito.

Estamos firmemente persuadidos de que a única força capaz de enjaular ou encadear o espectro do economicismo é o Reino do espírito cujo fim é o primado do Ser.

Desesperamos assim tanto da solução comunista, que nos parece artificial; quanto da manutenção do sistema vigente, responsável pela contaminação e destruição do planeta.

O Capitalismo precisa ser revisto e ao menos quanto a seu éthos destruído, ou nos destruirá a todos.

Vivemos num sistema fechado e estável face ao qual as pretensões da ilimitação são para lá de absurdas. Propor a exploração dos recursos naturais em máximo grau e sancionar o acumulo infinito de riquezas por milhares ou milhões de indivíduos toca mesmo as raias da loucura, loucura porque haveremos de pagar demasiado caro.

Sistemas fechados e estáveis dependem de limitação, controle e planificação racional em termos de necessidades humanas reais como alimento, roupa, habitação, educação e saúde. O consumo irracional do supérfluo será revisto ou comprometerá o equilíbrio do ecúmeno. A mãe natureza, que é mãe comum de todos nós, implora por moderação, mas... o capitalismo permanece completamente surdo!

Em meio as ondas tempestuosas deste mar imenso em que nos lançou o materialismo crasso precisamos mais do que nunca duma tabua de salvação e esta tabua só nos pode ser concedida pelo verdadeiro Evangelho, fiel a esta lei: Não acumularas tesouros na terra... não podeis servir a Deus e as riquezas... é mais facil uma corda passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus!

Precisamos romper com o reino do capital. Precisamos rever urgentemente a cultura do consumo. Precisamos contestar as pretensões do Mercado! Precisamos romper com a tradição humana do liberalismo crasso e tornar a tradição divina dos padres da Igreja, do Catolicismo, da Ortodoxia! Precisamos viver sobriamente, renunciando ao que é supérfluo, valorizar as pequenas coisas, contemplar a natureza, partilhar os bens, auxiliar os que precisam... Precisamos ser menos 'economistas' e mais humanos!

Há dois mil e quinhentos anos após ter dado uma voltinha pelo mercado de Atenas, Sócrates suspirou desconsolado: Eis de quantas coisas o homem não precisa!

Que diria o grande pensador caso pudesse ter contemplado o feitiço das marcas, que não passam de nomes??? Gente há que vive sem automovel próprio, celular, tablet, Whatsap, etc E NÃO MORRE. NÃO MORRE NÃO...

Ninguém jamais morreu por mingua de tablet ou falta de whatsap! Morre-se sim por falta de comida, de medicamentos, de água limpa... por falta disto se morre, mas não por falta de bugigangas ou tralhas!

Faço questão de viver sem celular como meu pai e meu avô... e aqui estou vivinho da silva. E nem por falta de telefone fixo ou lâmpada elétrica haveria se sucumbir.

Há coisa mais importante!

Tem gente a que ainda falta o necessário.

Por que então nos prendemos ao supérfluo?

Porque alguém ou melhor, alguns; alguns privilegiados, disto vivem e facilmente vivem!

A cultura do supérfluo ou do consumo acrítico, ditado pela moda, existe apenas em função do capital, para 'entreter' o mercado. Daí este novo Calendário profano que substituiu o Calendário eclesiástico enfatizar a necessidade de comprar e dar presentes... tudo com o intuito de aquecer o tal mercado!

Para assegurar a oferta de trabalho?

É o que comumente se diz!

Para assegurar o lucro dos patrões, é o que não se diz...

No entanto as massas humanas precisam ganhar a vida, precisam trabalhar.

De fato por falta de controle racional ou em função da miséria temos um mercado de reserva gigantesco... importa saber por que e para que???

Melhor seria que não houvessem tantos seres humanos.

Mas será que seria mesmo melhor para todos nós ou será que há setores da sociedade que tiram proveito ou benefício da densidade populacional???

Quanto mais raciocinamos e refletimos nos damos conta de que as necessidades econômicas ditadas pelo tal mercado tudo contaminam e comprometem, até nada restar de são!

Agora não poderia este homem ser o que é, um consumidor acrítico, se não fosse um indigente espiritual. Tanto mais acumula tralhas, objetos e coisas materiais quanto é insensível face aos bens imateriais e imperecíveis. Tanto mais compra, adquire e junta quão grosseiro e cego é...

É justamente do éthos materialista que o Mercado tira suas maiores vantagens.

Voltemos os olhos deste homem para o reino do Espírito e veremos que ao consumo sucede a partilha.

Partilhar, eis uma tônica, que se levada a sério poderia travar o mercado, pois corresponderia a uma greve de consumo.

Tendo suas fontes ligadas novamente ao sagrado e restauradas, e equilibradas; tornar-se-iam os homens mais sóbrios, mais temperantes e mais solidários. Eis uma Revolução interna, íntima e existencial cujo impacto social seria estrondoso.

Penso que o Capitalismo esteja cônscio disto... e que talvez por isto continue denegrindo ao máximo os Catolicismos. Da mesma maneira que o Comunismo, os Catolicismos jamais foram poupados por essa crítica hipócrita financiada pelo poder do Capital... que isto corresponda a um propósito e a um propósito sinistro não tenho dúvidas.

Se alinhar-nos com o comunismo, devolvemos dia após dia os amáveis 'presentes' com que o liberalismo canalha nos mimoseia!

E reafirmamos que inexista maior adversário das verdadeiras liberdades do que o próprio liberal...


"Liberdade, liberdade; não passas para mim de um nome, quantos e quantos crimes são perpetrados em teu nome!" Mme Roland





quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O tema da violência e o tema do pacifismo.

Encaro a paz como uma vantagem, um benefício, um valor, uma virtude.

Nem por isso sou pacifista crasso como uma Gandhi ou um Tolstoi.

Creio-me pacifista. Mas crítico.

Por mais que seja difícil considero que para pessoa humana seja conveniente abster-se da vingança e proceder sempre com docilidade.

Não se trata de perdoar sem condições ou de ser amigo de todos como preceituam alguns religiosos românticos.

O Evangelho ao decretar que amemos a todos os seres humanos não nos obriga a ser amigos de todos. Isto pelo simples fato de que nem todos estão dispostos a amar, retribuir, respeitar, etc Importa jamais desesperar de tais pessoas, se possível e sempre que possível ajuda-las e jamais agredi-las ou fazer-lhes mal. Importa estar disposto a perdoar caso elas mostrem evidências de que mudaram...

Ninguém é ou pode ser constrangido a viver intimamente com uma pessoa de má índole e sempre será lícito distanciar-se dela.

Agora odiar, buscar vingança ou recusar-se a perdoar aqueles que dão mostrar de serenidade, isto o bom Católico não pode fazer. Amamos os bons e virtuosos vivendo em doce comunhão com eles, amamos os maus pela esperança de que venham a abraçar a virtude, exortando-os a piedade, abstendo-se de agredi-los, tendo paciência com eles e se possível socorrendo-os caso passem por dificuldades, etc São maneiras diferentes de expressar o mesmo amor.

No plano das relações sociais legislou o divino Mestre e não podemos revidar o mal que nos fazem.

Grande desafio temos pela frente.

Porém se tivermos boa vontade, a comunhão ou unidade com o sagrado nos fortalecerá.

Importa saber que Jesus Cristo jamais pretendeu legislar em termos de politica e sociedade.

De fato os preceitos, normas e regras que estatuiu não foram estatuídos tendo em vista a ordem politica ou o estado mas as relações pessoais e ali se esgotam.

Erra cabalmente aquele que a partir da Lei evangélica tenta deduzir princípios políticos destinados ao governo das nações.

Assim tudo quanto o Senhor refere sobre a paz não pode ser usado aleatoriamente tendo em vista a condenação absoluta das guerras.

Pacífico segundo o Evangelho é sobretudo aquele que jamais agride.

Assim a paz do Evangelho, a paz que tende a regular de modo absoluto todas as esferas da existência humana deve ser compreendida não como proibição de exercer defesa, as sempre e antes de tudo como não agressão.

Ao Cristão sempre será vedado agredir ou atacar e tampouco pode se sancionar o ataque ou a agressão em termos de política Cristã.

Por isso que o único tipo de guerra ou rebelião permitido aos fiéis que seguem a Jesus Cristo é a guerra justa por meio da qual os agredidos exercem defesa.

Assim as Cruzadas por meio das quais os Cristãos atacados resistiram a jihad proclamada pelos muçulmanos no século VII e levada a cabo por cerca de quinhentos anos.

Agora aos cristãos jamais sería lícito atacar comunidades judaicas ou muçulmanas com o intuito de converte-las a força. O Cristianismo para sua glória não conhece jihad!

Nem me digam que certas parcelas do Catolicismo como as igrejas romana e anglicana conheceram Inquisições. Afinal sabemos perfeitamente que tais inquisições foram criadas quando o Cristianismo Católico contava com mais de mil anos e que jamais deixaram de ser criticadas pelos melhores membros das igrejas.

Direi ainda que se o desenvolvimento da inquisição estivesse relacionado com qualquer princípio interno inerente ao Catolicismo o Catolicismo Oriental ou Ortodoxo teria também ele conhecido um aparelho inquisitorial. No entanto a civilização bizantina jamais conheceu algo semelhante a inquisição. Donde se infere necessariamente que a existência da inquisição deve-se mais a elementos de natureza externa e exógena do que a elementos próprios do Catolicismo.

Foram tais elementos identificados?

Existem diversas hipóteses relativas a gênese das inquisições Católicas (jamais podemos nos esquecer de que existiram também as inquisições protestantes), tais como: a influência do islamismo e da sharia na península Ibérica, o convívio com os judeus e as fontes cada vez mais valorizadas do antigo testamento, etc

Por outro quando é que o islã deixou de ter jihad, djzia ou murtad???

Tornando agora ao tema da paz.

No entanto se a lei de Jesus Cristo repugna sancionar ou abençoar a agressão tampouco coloca a paz a serviço da injustiça como os pacifistas absolutos. Paz aqui não pode ser encarado por passividade face a situações de injustiça. Esgotados todos os meios pacíficos as situações de injustiça social sancionam o emprego da força, da guerra, da rebelião.

Eis porque Kafka assim expressou-se face a atitude dos operários oprimidos da Áustria: "Esses homens vem até nos para representar quando na verdade deveriam tudo tomar e destruir!"  
Afinal tudo conhece limite...

Assim quando a situação se torna insuportável para a comunidade é perfeitamente lítico tomar e destruir...

Compreende-se quando uma categoria de pessoas ou classe se deixa oprimir por saber-se demasiado fraca para revindicar seus direitos.

Agora quando um grupo ou classe se deixa explorar ao máximo mesmo sendo forte e capaz de reagir ou exercer defesa, já não é questão de pacifismo mas de indignidade.

Socialmente falando o Cristianismo não sanciona a indignidade.

Pois os discursos de Jesus Cristo estão voltados para o homem em suas relações pessoais e não ao governo das sociedades.

O homem forte e capaz que abstem de defender-se ou melhor que abstem de MATAR por suas IDEIAS este apenas é mártir PORQUE não acredita que as ideias possam triunfar por meio da força, mas que suas ideias haverão de triunfar por si mesmas apesar da força e contra a força. Foi este sentido que impediu Sócrates de fugir e que levou Jesus a ser crucificado!

Ambos podiam resistir, podiam fugir, podiam escapar... mas não o quiseram. E pereceram por causa de uma ideia ou opinião.

Claro que não estamos diante de uma situação social em termos de política, daquelas que opõem classes ou nações por consideração de justiça.

Aqui a situação é totalmente diferente e se Jesus Cristo não quis orientar-nos a respeito é porque certamente acreditava em nossa capacidade racional.

Ora, nada mais racional do que a teoria da guerra justa ou da resistência social em caso de agressão.

Mormente quando as crianças, idosos e mulheres inseridos em tais sociedades ficariam a merce de agressores muitas vezes demasiado cruéis. Neste caso proteger os membros mais vulneráveis da sociedade corresponde a um dever Cristão. Assim tendo em vista evitar defender tal gênero de pessoas e impedir que sejam exterminados, torturados ou escravizados pode ser encarado como uma tarefa religiosa.

Nem é necessário que a sociedade seja real, majoritária ou nominalmente cristã para que o Católico esteja obrigado a engajar-se e assumir sua defesa. Basta que seja uma Sociedade liberal ou democrática e laica face a qualquer ameaça fundamentalista ou teocrática a exemplo do pentecostalismo ou do islã. Não pode o Cristão Católico deixar de encarar a afirmação da liberdade no plano da natureza como a afirmação de um valor precipuamente Cristão...

Diga-se o mesmo duma Sociedade liberal ou formalmente democrática em que a maior parte dos cidadãos pertença a uma classe oprimida a qual se nega fazer justiça e que em decorrência disto opte por rebelar-se. Aqui o Cristão, certificado de que tal rebelião corresponde ao sentir da maioria dos cidadãos e que tem boas chances de ser bem sucedida, fica obrigado a engajar-se e a apoia-la ativamente. Não é do Católico omitir-se ou permanecer neutro face a situações de injustiça!

Agora perceba-se que o Cristianismo, mesmo sem ser passivo, lida com a violência como quem lida com um veneno ou seja com extremo cuidado.

E que portanto permanece equidistante da tese 'revolucionária' segundo a qual a violência deve ser encarada como uma espécie de panaceia ou teriaga destinada a solucionar todos os problemas sociais. Tese a que costumo classificar como mística da violência.

Desta mística grosseria, vulgar e ilusória que encara a rebelião ou o golpismo patrocinado por alguns indivíduos como uma espécie de receita de bolo aplicável a qualquer tido de situação, afasta-mo-nos decididamente.

Pois ignora:

O caráter incontrolável das rebeliões.

Os instintos destrutivos das massas e indivíduos em situações de anomia.

O valor da vida humana.

A esperança que os próprios oprimidos tem de virem a ser livres por outros meios.

A condição dos animais e do patrimônio cultural durante tais situações...

É todo um oceano de gente, de animais, de obras de arte e de documentos históricos que costumam ser aniquilados a cada guerra e revolução.

Um preço bem alto a ser pago por elas.

E eu creio que só deva ser pago em situações de injustiça ou agressão, após madura ponderação exercida por todo corpo social.

E não segundo a opinião precipitada de um líder ou de alguns indivíduos.

Nada deveria ser mais democrática ou amplamente discutido do que situações de conflito.

Importa que em tais situações o Católico esteja atento ao sentir da maior parte dos cidadãos, numa perspectiva democrática.

Neste terreno mais do que qualquer outro julgo que a verdade esteja no meio e que os extremos do pacifismo crasso e do odinismo correspondam a anti humanismos que se tocam.

Pois nem podemos sacrificar a justiça a paz e nem podemos ser fiéis a paz cometendo agressões.

Legitima é a guerra determinada por um ideal de justiça. Maldita a guerra promovida pela vontade de oprimir.

Nem tanto ao mar nem tanto a terra é nosso parecer.

Aqui como em todas as situações humanas seja a dignidade do homem nossa medida.

Paz quando houver justiça! Legítima defesa e resistência quando houver agressão!











Marxismo uma abordagem válida, mas superficial do capitalismo.

Longe de nós negar a propriedade da crítica marxista em termos de estrutura material ou meios de produção.

Cuidamos no entanto que o marxismo por defeito estrutural jamais poderia ter posto, como não pôs, o dedo no fundo da ferida do capitalismo.

Deslindou o seu ser mas não quis tocar e não tocou as fontes deste ser.

Fontes que segundo cremos encontram-se no coração do homem.

Kafka sem querer chegou bem mais perto da verdade quando escreveu: "Capitalismo não é apenas uma certa 'ordem' presente no mundo mas UM ESTADO DA ALMA."
Recôndito em que o materialismo crasso não pode penetrar!

Tudo quanto Marx escreveu de válido e verdadeiro, escreveu sobre um epifenômeno cuja causa mais remota acha-se no interior do homem.

Em certo sentido somos levados a concordar com os liberais quando dizem que o homem possui um instinto inato para o capitalismo. Queremos dizer para o acúmulo ou a avareza. Quiçá seja este instinto que os antigos nomearam por pecado original...

Cônscias de tal instinto destrutivo as sociedades primitivas no dizer de Karl Polainy conceberam e estatuíram instituições sociais com o objetivo de conte-lo ou reprimi-lo. A religião em especial foi estabelecida com o intuito de levar o homem a sublimar tais tendências, dirigindo-as para outros setores da existência quais fossem as artes e ciências: a poesia, a música, a pintura, a escultura, a filosofia, etc

O reino do espírito é que impediu as gerações do passado a mergulhar no abismo da materialidade absoluta.

Haviam certamente 'Homens carnais' que ignoravam as 'coisas do espírito'. Estes no entanto eram discretos e não estavam dispostos a enfrentar uma opinião pública pautada nos decretos da autoridade religiosa.

Por incontáveis séculos a religiosidade cumpriu com sua função social. convencendo a maior parte dos seres humanos de que sua destinação encontrava-se na dimensão da imaterialidade e que seu fim último era o sagrado.

Enquanto a religião foi capaz de cumprir sua relevante missão i é de informar o homem sobre o verdadeiro objetivo desta vida, as relações de caráter econômico, mantidas dentro de seus limites eram encaradas como uma parte apenas do todo...

No momento em que certa instituição religiosa falhou miseravelmente por estar muito abaixo da função que lhe fora dada, o econômico sobrepôs-se as demais esferas da existência afirmando-se como superior. A esta revolução silenciosa, ocorrida a nível das consciências; a esta falência espiritual... a estar crise religiosa é que se deve a gênese do economicismo contemporânea.

Não foi por mero ou simples acaso que o capitalismo sucedeu a reforma protestante. Sendo seu advento concomitante ao da incredulidade, da indiferença ou da irreligião.

Na medida em que a pseudo reforma cuidava em adquirir os antigos privilégios concedidos aos catolicismos sem apresentar qualquer contrapartida em termos sociais poderíamos seguir 'pari passo' os caminhos desta grande decepção espiritual, ao termo dos quais parte da sociedade européia cessou de ser Cristã. Sem que com isto se torna-se judia ou maometana mas cética ou descrente e, consequentemente materialista.

Agora não podia este materialismo satisfazer os anseios de um coração cujo objeto é por assim dizer o ilimitado.

A transferência do sentido ou da busca pelo ilimitado para o plano material, resultou naturalmente na doutrina do lucro máximo ou do acúmulo irrestrito de bens materiais. Pois os objetos materiais e limitados são sempre incapazes de satisfazer as mais intimas aspirações de nossa natureza...

Importa saber que as pretensões do liberalismo econômico são tão utópicas quanto as do paraíso marxista...

As aspirações religiosas do homem jamais poderão ser completamente satisfeitas por coisas ou objetos materiais. Daí essa busca incessante que jamais chega ao fim! Daí essa febre do ouro que jamais abaixa! Daí esse acumular de bens sempre incapaz de serenar ou apaziguar o espírito...

Quanto mais este homem tem mais quer porque na verdade o que quer, o que deseja, o que procura é o ilimitado, o sagrado, o numinoso, o transcendente... e essa 'fome' espiritual só pode ser saciada quando entre lágrimas e suspiros o homem reconhece-se a si mesmo como destinatário de uma vida superior...

Enquanto considerar a si mesmo como entidade puramente material e o universo que o rodeia como formado apenas por partículas materiais, este homem buscara satisfazer suas necessidades religiosas materialmente e não haverá dinheiro, riqueza ou fortuna que lhe baste. O dinheiro será o seu deus! No entanto o dinheiro por ser material é limitado... daí o sujeito querer ter sempre mais!

Uma aspiração ilimitada por seres que são por natureza limitados é algo que não se encaixa.

Produz uma demanda utópica... incapaz de ser satisfeita.

Deve o homem buscar sua realização integral; quanto ser material e espiritual.

Deve buscar pão para a boca ou relativo conforto material; sem perder de vista o pão do espírito: a música, a poesia, o drama e por que não a prece, a liturgia?

Qualquer desequilíbrio, num ou noutro sentido, produzirá consequências destrutivas...

O áthos capitalista, infenso a qualquer tipo de limitação ou barreira, possui este selo ou distintivo sagrado e espiritual posto sobre o elemento errado.

É uma inversão espiritual, uma religiosidade, uma mística, um culto voltado para a dimensão material da realidade.

Culto em que a matéria assume o lugar do Supremo Ser... tornando-se divina.

Declaram os liberais que o comunismo é uma religião.

Reverto a acusação e declaro em nome da religião, que o capitalismo é uma religião da qual o comunismo é um cisma!

Religião do lucro, do capital, do dinheiro, do acúmulo... a qual afirmou-se após o colapso de parte da Cristandade, a saber, da Cristandade protestante.

Foi a falência do protestantismo e sua imperícia no sentido de afirmar os princípios e valores autenticamente Cristãos que possibilitou o surgimento de uma nova ordem materialista economicista.

Uma vez que o Cristianismo antigo corresponde ao tipo de religiosidade mais evoluído ou refinado e que o protestantismo apresentou-se desde o princípio como um retorno a esse padrão, como esperar que após a falência do protestantismo, os homens voltassem seus olhos para qualquer outro tipo de responsabilidade.

Grosso modo os protestantes, mais do que seus rivais os Católicos, acreditavam ter percorrido até o fim ou até os últimos limites os domínios da religião revelada.

Sendo assim, a ruptura com o fé ancestral, lançou-os nos braços da irreligiosidade, a princípio do deísmo, em seguida do agnosticismo, até que por fim do materialismo e do ateísmo no século XIX.

Neste contesto abriu-se a jaula, ficando 'livre' a ambição ou a avareza...

E livre pode alastrar-se impunemente. A ponto de pautar as relações humanas e produzir 'cultura'.

Agora como não podia este homem destruir sua FITRA, fez com que esta fosse voltada para a aquisição de bens materiais... de que resultou a religião do Mercado ou fé no dinheiro.

E esta fé ou ideia encarnou-se como o Cristianismo antigo (ao menos em parte) mas estruturas materiais de produção ou meios de produção capitalistas.

Grosso modo jamais deixamos de assistir a uma sucessão de credos. Uns religiosos e espirituais como Catolicismos e protestantismo, outros materiais ou econômicos, como o capitalismo e o comunismo. A expressão bem pode ser econômica, o móvel no entanto, inda que inconsciente, é a fitra, ou a busca pelo sentido, no lugar errado!

Tal percepção ajuda-nos a compreender porque o capitalismo tal e qual o Comunismo a que vive acusando, jamais foi capaz de produzir uma Ética humanista... seguindo pelos caminhos da democracia puramente formal, dos fundamentalismos, do nazismo, do fascismo, do anarco individualismo... ou seja pelos caminhos tortos das culturas de morte.

Aqui o veredito luminoso de Edmundo Scherer:

"Saibamos nós ver as coisas como de fato são: a Moral, boa, verdadeira, antiga, imperativa, TEM NECESSIDADE DO ABSOLUTO; ASPIRA A TRANSCENDÊNCIA, NÃO ENCONTRA SEU PONTO DE APOIO SENÃO NO SAGRADO... A CONSCIÊNCIA É COMO NOSSO CORAÇÃO; PRECISA DE UM ALÉM. O dever ou é sublime ou não é e a vida torna-se frívola sempre que deixamos de observa-la pelo prisma da eternidade." "Études sur la litterature contemporaine" VIII p 182 sgs

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Minha defesa das Cruzadas

Enquanto fui pacifista extremo nutri certo preconceito e - apesar de historiador e professor - mantive certa distância do tema.

Jovem, confuso e idealista cuidava que as Cruzadas estavam em oposição ao espírito do Evangelho.

E também confundia o abuso com o uso ou os excessos com a coisa em si.

No momento em que meu pacifismo tornou-se critico e minha compreensão do sentido do Evangelho mais ampla principiei a interessar-me por elas.

Não sei se foi o não por acaso que tal interesse associou-se as pesquisas que iniciara no campo da religiosidade islâmica.

Afinal não sou daqueles que costumam dissertar superficialmente sobre temas que na verdade supinamente ignoram. Aprecio quem opina e julga com conhecimento de causa e por isso costumo a exprimir-se com propriedade ou silenciar. Quando desconhecemos a natureza de determinado assunto é o melhor que podemos fazer!

Investiguei detidamente o islã: o corão, os sahis, algumas obras teológicas clássicas como At Tabari, os heresiólogos, historiadores e enfim algumas obras de natureza crítica. Li Hourani, Le bon, Goldziher e outros...

Assim quando folheei Maalouf  'As cruzadas vistas pelos árabes' - subentenda-se: muçulmanos... - e deparei com queixas em torno da agressividade, da violência, da crueldade, etc pensei logo na jihad, que são as cruzadas ou guerras santas dos maometanos, alias sancionadas ou melhor impostas pelo Corão e a Sunah, em seguida pensei na Djazia que é um imposto destinado a humilhar as minorias religiosas, na murtad que a pena capital a que ficam sujeitos os apóstatas; nos apedrejamentos, enforcamentos e mutilações determinadas pela fik... e no quanto tudo isto é humano, benigno, nobre, elevado...

Coerência continua mandando abraços aos muçulmanos que criticam o catolicismo e aos bons muçulmanos jihadistas que gritam contra as Cruzadas.

Ponhamos então os pingos nos Is.

Existe uma diferença crucial em torno do Cristianismo e do Islamismo.

E ela diz respeito justamente a questão da paz.

Para o Cristianismo quando aliada a justiça social a paz é um grande valor, uma expressão divina.

Por isso que os povos Cristãos não estão autorizados a impor a religião por meio da força e agredir as repúblicas e comunidades não cristãs. Os cristãos como os antigos gregos - por Cristãos compreendo antes de tudo Católicos e Espíritas - inclinam-se mais a persuasão ou ao diálogo e encaram o padrão da força com suspeição.

Concluindo: O recurso a guerra (mesmo em caso defesa) não é um dogma do Cristianismo. Nosso sistema não sacraliza nem abençoa a violência, apenas aceita-a em último caso, tendo em vista a defesa ou a implantação da justiça. Não temos um dogma chamado jihad que incita-nos a agredir ou a atacar os que creem distintamente. As 'Cruzadas' não correspondem a nosso modo de agir comum, mas a uma resposta...

Uma resposta a que???

Uma resposta as condições de violência criadas pela religião muçulmana no século VII desta Era.

Ocasião em que proclamada a Jihad contra os descrentes lançaram-se os árabes islamizados contra todos os povos e nações vizinhos com o objetivo de pilha-los, domina-los e impor-lhes o islã na ponta da espada. Quem iniciou sua expansão violenta em nome da fé foram os muçulmanos, eles é que agrediram e atacaram sucessivamente os impérios Persa e Bizantino, o primeiro Zoroastriano e o segundo Cristão Ortodoxo.

Não foram os 'malvados' cristãos que iniciaram os ataques ou as agressões por motivos credais: impor a fé Católica aos pobres árabes.

Os muçulmanos é que principiaram suas cruzadas ou sua jihad tendo em vista criar um império teocrático e estender a cultura árabe até os confins da terra.

Quem iniciou esta campanha tendo em vista a arabização forçada do universo foram nossos bons muçulmanos vencedores em Qadisyha, Anadayan e Aliarmuque... e pela ponta da espada, cometendo crimes, pilhagens e devastações foram ampliando seu império cultural e religioso.

A partir do século VII duas jihads anuais passaram a ser enviadas regularmente com o objetivo de atacar e saquear as costas da Ásia menor.

Diante deste contexto de guerra permanente levada a cabo pelos bondosos muçulmanos por quase quatro século só podemos compreender as Cruzadas como uma 'guerra justa' ou como um ato de legítima defesa. Fazia-se mister frear, mais uma vez o expansionismo árabe muçulmano, agora as portas da Europa.

A Europa a seu tempo social e economicamente 'estabilizada' após a conversão dos últimos povos pagãos do Norte, podia agora, fazer frente aos sucessivos ataques do islã e buscar dar-lhes competente resposta.

Era necessário fazer as fronteiras do islã recuarem até a arábia. Recuperando os antigos territórios pertencentes ao Império Bizantino como Síria, Palestina e se possível o Egito. E criando uma barreira ou muralha de proteção entre a Europa e a Península arábica.

De modo geral podemos dizer que a ocupação e dominação muçulmana obtiveram sucesso porque parte da população cristã derrotada acreditava ser melhor para si aceitar a derrota e submeter-se aos novos senhores, inda que pertencessem a outra religião. Queremos dizer com isto que não havia qualquer mandamento em torno de uma resistência violenta e menos ainda duma jihad! Nem existe qualquer mandamento cristão que proíba os fiéis de serem governados por pessoas de outra religião.

Ainda após a acomodação do Cristianismo a política imperial, a consciência Cristã ainda era capaz de discernir entre Deus e César.

Em certo sentido a paz afirmada como valor pelo Cristianismo foi compreendida por muitos como pacifismo crasso ou mesmo passividade face ao mal e a injustiça. E esta confusão foi perniciosa.

Outro era e é o sentido dos muçulmanos, que vencidos e conquistados por governante Cristão, recusavam-se terminantemente a aceitar este tipo de senhorio, exercido por um não muçulmano. Do que decorriam sucessivas e intermináveis sedições, rebeliões, conjurações; todas estribadas no dogma violento da jihad. Para os muçulmanos a simples ideia de se viver em paz sob um governo não muçulmano, é abominável. Aceitar a autoridade de um não muçulmano é uma heresia para os adeptos do maometismo.

Temos aqui um dogma que torna os muçulmanos insubmissos além de agressivos. Não só podem como devem governar outros povos impondo a Djazia aos dissidentes. Mas não podem ser governados por não muçulmanos e viver pacificamente sob seu jugo ou tutela. Trata-se de uma fé excessivamente turbulenta, que ignora por completo os pressupostos da paz.

Os islã é uma forma religiosa que aspira ao comando da Sociedade.

Por isso que minadas pela jihad, pela murtad, pela sharia... as cruzadas falharam miseravelmente. Sendo retomado o expansionismo islâmico. Agora pelos turcos seldjucidas... que terminaram por conquistar Constantinopla em 1476, e posteriormente por penetrar o continente europeu ainda nos século XV. No mesmo momento em que era banidos do Oeste (península ibérica) entravam novamente os sectários do Corão pelo Leste, e ameaçavam de conquista em conquista tudo submeter.

No entanto mesmo após a defecção protestante. Supostamente comprada pelo sultão aos reformadores como sugere Mika Watari. Os Católicos lograram frea-la mais uma vez em Lepanto... neste dia, por toda Europa, dobraram festivamente os sinos nos campanários das Igrejas anunciando a salvação.

Já antes disto e oitocentos anos antes (732) em Poitiers, Carlos Martel contivera o avanço deles pelo Oeste. Impedindo que levassem adiante seu plano de arabização da Europa, do qual jamais desistiram por um instante, achando-se até hoje fixado em suas mentes. Forçoso é reconhecer que se não fossem Carlos Martel, os Cruzados e D João da Áustria (em Lepanto) não poderíamos estar aqui hoje escrevendo livremente e divulgando tudo quanto pensamos...

Tendo triunfado o islã na Europa estaria cortado passo a Escolástica, aos Renascimentos, ao liberalismo político e religioso, o iluminismo, ao positivismo, ao socialismo, etc... Nada do nosso ideário secularizado teria sido possível ou melhor concebido. Para bem ou para mal tudo quanto temos a nível de cultura corresponde a falhas ou a sucessos do Cristianismo... o islã não teria conhecido os mesmos sucessos, nem cometido os mesmos erros...

De modo que nossos caminhos seriam os tristes caminhos do Wahabismo e do salafismo...

Filosofia, ciência e cultura; nossas fontes e raízes pagãs constituídas em torno da imanência, da profanidade, do laicismo e da liberdade, seriam completamente aniquiladas pela sharia com sua jihad, Djzia, murtad...

Outra não foi a sorte das decantadas Luzes do Islã, definitivamente apagadas há cerca de mil anos pela Ortodoxia sunita asharita ( Al Ashari e Al Gazalli) arquitetada em torno da insuficiência ou debilidade da razão humana e da inspiração plenária ou absoluta do Corão.

Admitidos tais pressupostos todas as áreas do conhecimento humano passariam a ser definidas por citações do Corão ou dos Sahis, as quais não se poderia questionar sem tornar-se herético e ser supliciado. E tudo ficaria reduzido a questões de exegese em torno do livro!!!

Diante de tudo isto bem posso compreender que os muçulmanos fanáticos e hipócritas teçam filípicas contra as Cruzadas e a Igreja Católica, censurando-lhe a violência que a religião deles SANTIFICA!

O que não compreendo é a facilidade com que os modernos (liberais, comunistas, anarquistas, etc) costumam repetir as mesmas filípicas desde os tempos da reforma protestante. De fato foram os protestantes, que jamais ousando pensar no que seria uma Europa totalmente islamizada, pela primeira vez registraram tão amargas e ingratas críticas a seus audazes ancestrais. Os quais não pouco sangue tiveram de verter nas inóspitas regiões da Palestina para que cá estivéssemos hoje debatendo livremente tais temos num clima democrático ao invés de estarmos recitando versos do Corão diante duma madrassia...

A tantos quantos divisam algum valor na liberdade e no socialismo, na ciência e na reflexão filosófica; e que diante disto não hesitam avaliar a cultura européia - matriz de nossa cultura - como superior face a cultura fundamentalista e teocrática do islã sunita ou wahabita com suas burkas, direi que chegamos até aqui graças a Carlos Martel e as Cruzadas, e que se não fosse a resistência exercida pelos Cruzados nossa realidade não seria em nada diferente da do Sudão, do Iraque, do Paquistão...

A História de nossa Sociedade e Cultura passa pelas Cruzadas.

E nem mesmo o protestantismo teria vindo a luz caso o islã viesse a atalhar os passos do romanismo e a extirpa-lo da Europa como fez a Ortodoxia no Oriente.

De modo que até mesmo os vaidosos reformados tem uma dívida irremissível face a tais expedições defensivas.

A tal respeito confirma-se o veredito do poeta:

"O homem viu uma cobra
Pelo frio entorpecida
Teve dó dela e no seio
Lhe volveu calor e via
Porém logo que a serpente
A consciência cobrou
afiadíssimos dentes
Em seu benfeitor cravou."

Assim a atitude dos modernos para com a Igreja romana e as Cruzadas.

Aos que de nós discordam propomos a experiência de irem proclamar seus ensinamentos religiosos, sociais e políticos em Meca, Medina ou Riad...

Se sobreviverem nos daremos por plenamente convencidos a respeito da maravilhosas luzes do islã! Dizemos isto porque enquanto escrevemos estas linhas os amáveis sauditas acabam de condenar mais um Blogger ao 'tronco'...

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Progressista ou reacionário?

O que sou de fato não sei e faltam-me forças para definir.

De uma coisa só sei: que as coisas precisam ser mudadas.

Que a presente condição do mundo ou da sociedade precisa passar por uma significativa alteração.

Precisamos de rupturas tendo em vista a realidade presente

ENTÃO SEI PERFEITAMENTE O QUE NÃO SOU: CONSERVADOR,

Isto de fato não sou.

As coisas como estão não podem ficar.

Ou o mundo em que vivemos não ficará!

Nosso nocivo modo de viver esta acabando com o mundo.

Ou mudamos ou deixaremos de ser.

Agora os progressistas - e por muito tempo eu mesmo imaginei-me progressista! - cuidam que devemos inventar ou criar coisas novas.

Longe de mim negar que certas invenções ou novidades sejam úteis e necessárias a vida.

No entanto quão difícil é criar algo novo.

No mais das vezes imaginamos criar algo que alguém antes de nós em algum lugar do passado já imaginou e experimentou. Mas nós não o sabemos e por isso acreditamos estar criando algo novo.

Na maior parte das vezes redescobrimos... retomamos... reeditamos.

A este respeito não nutro ilusão.

Atualmente julgo ser um pensador reacionário. Não é claro no sentido caturra dos que odeiam qualquer coisa nova ou dos contra revolucionários. Neste sentido não. Não creio que qualquer revolução possa ser sanada por meio de uma contra revolução igualmente violenta... não sou revolucionário no sentido vulgar da palavra ( i é daqueles que creem ser a violência uma espécie de Panaceia ou teriaga social) nem contra revolucionário... Neste sentido sou espectador: revoluções são sintomas de enfermidade social pelo que a única maneira de evita-las é recorrer a profilaxia social removendo tudo quanto estiver errado.

Creio portanto na necessidade de reformas que eliminem os problemas sociais. Caso tal não seja feito as revoluções fatalmente ocorrerão, sendo de todo inutil lutar contra elas.

Trata-se de um processo tão elementar que podemos exprimi-lo por meio de uma comparação bastante simples: imaginemos a Sociedade como uma casa... na medida em que o tempo passa a ação dos elementos vai produzindo certos danos na parte externa da casa; pintura, reboco, telhado, etc caso tais danos não sejam de pronto sanados, os danos atingirão fatalmente a parte interna do imovel, até que danificarão seus fundamentos e ele virá a desabar fragosamente. Aqui a única solução racional é impedir que os danos se acumulem por meio de reformas periódicas!

Assim a sociedade precisa ser reformulada ou reformada de tempos em tempos para que não se decomponha.

Importa saber onde buscaremos os fundamentos, princípios, valores, etc com que reformatar esta sociedade decadente. Neste sentido o progressista fixará seus olhos no futuro ou no porvir, encarando com certo desdém o passado. Enquanto que o reacionário ousará olhar para o passado em busca de soluções já empregadas e sancionadas pelas experiência... Que deu certo no passado e poderá dar certo novamente no futuro???

Então se olho para mim mesmo, para minhas fontes, meu ideário, minhas esperanças e aspirações não posso deixar de reconhecer certo saudosismo ou reacionarismo que ousarei classificar como crítico.

Os comunistas são a um tempo conservadores e a um tempo progressistas. São conservadores no sentido de que partem do liberalismo econômico para frente... Eles jamais cogitam demolir o liberalismo para faze-lo recuar, resgatando algo do que havia antes. Nem posso deixar de observa-los como continuadores do capitalismo na medida em que reproduzem o materialismo, o relativismo, o éthos violento, etc

Não nos iludamos, o Comunismo não implica mudança radical ou ontológica porque não rompe com o materialismo economicista e dele não sai para o imaterialismo ou espiritualismo.

Como tenho as vistas posta nas Idades antiga e média e numa retomada do princípio espiritual não posso deixar de encarar-me a mim mesmo como reacionário.

Então nos aspiramos demolir o liberalismo, mas para faze-lo retroceder, recuperando parte do que havia antes: a comunhão com a natureza, a revisão do ritmo da técnica, a alteração dos padrões de consumo, o trabalho corporativo e cooperativo, etc

Temos uma perspectiva diversa da do comunismo com seu legado positivista e cientificista.

Nossa perspectiva toca ao Catolicismo primitivo e a filosofia greco romana.

Elementos culturais que de certo modo pertencem ao nosso passado e não ao nosso futuro.

Entidades que já estão construída e que precedem nossa existência pessoal.

Prefiro recorrer a experiência fornecida pelo estudo da História do que a fantasia e a imaginação.

Espero mais da reflexão em torno do passado do homem do que da criatividade.

Enxergo certos valores no Catolicismo com os quais identifico-me. Mas na perspectiva de G Santayana: pelo que o Catolicismo menos judaizado e semi pelagiano conservou de pagão ou seja de greco romano.

Neste sentido ainda que moralmente meus pontos de vista possam parecer exageradamente progressistas não o são de fato.

Quando questiono a moral da igreja e oponho-me aos preconceitos de origem judaica ou semita, quais sejam homofobia, machismo, adultismo, fetichismo, belicosidade extrema, estatolatria, etc é para mais uma vez reafirmar princípios e valores anteriores a afirmação dos mesmos preconceitos e retomar em parte (com exceção do escravismo ou da exploração do homem pelo homem - defeito crucial das sociedades antigas ou pagãs!) o éthos ou a moralidade característica daquelas sociedades pagãs ou greco romanas.

Quando encaro a opção homo erótica como absolutamente natural é para a Grécia antiga que volto meus olhos... quando penso em cidadania e democracia direta é na Grécia antiga que penso... quando reconheço que a ciência possui um espaço seu é ainda a mesma realidade que me reporto...

Agora quando penso na dignidade da mulher, da criança, do trabalhador, da vida de modo geral... minha referência esta no Evangelho de Cristo.

Fenômeno que parece-me equidistante tanto do judaísmo farisaico quanto da própria Grécia e mais ou menos isolado, enigmático, incompreensível e surpreendente; diria aqui Revolucionário em plena acepção do termo enquanto agente formador de uma cultura mais ou menos nova.

Como observa Berdiaeff, a seu tempo, devido a seu conteúdo humanista o Cristianismo fora amplamente revolucionário e progressista; pois parece ter implantado algo de totalmente novo e inusitado. Sócrates, Platão e Aristóteles parecem ter intuído com algumas parcelas isoladas, como salienta Werner Jaeger; no entanto foi o Catolicismo antigo que implantou esta nova ordem humanista cujo foco era o respeito pela vida e que resultou o fim da escravidão antiga, a regeneração da mulher e da criança, certa tendência a paz; especialmente na Sociedade Bizantina.

Lamentavelmente trouxe o Cristianismo em seu bojo certos elementos preconceituosos de origem judaica os quais a longo prazo converteram o vinho em vinagre e comprometeram o bem estar desta sociedade, especialmente após o retorno a Bíblia, ou ao antigo testamento, proclamado pelos reformadores protestantes, os quais consumaram o funesto trabalho do Bispo Agostinho de Hipona.

Ao cabo deste processo de mil anos ou desta reversão (a reforma protestante é a consumação do processo) temos a afirmação de uma consciência farisaíco puritana pautada mais uma vez numa moralidade externa e individual. Associada ao que havia de pior no terreno do paganismo antigo: o anti humanismo ou o desprezo pela vida. Conteúdo presente do mesmo modo nos escritos judaicos pré cristãos tão caros aos calvinistas no dizer de Maurois.

Nossa utopia consiste em aspirar por reformar eticamente o Cristianismo Católico -retomando a ética do Evangelho e eliminando os preconceitos judaicos - para por meio dele restaurar as fontes HUMANISTAS de uma cultura, que materialismo, ateísmo, relativismo, subjetivismo, estatismo, etc NÃO LOGRARAM RESTAURAR!

Verdade seja dita meus amigos: capitalismo e individualismo, racismo e estatismo, islamismo e pentecostalismo, nada tem de humanismo. Ali não há amor e respeito irrestrito pela vida associado a viva esperança de ver esta vida desenvolver todas as suas potencialidades e ser plenamente feliz! Buscaí este ideal de realização e felicidade em tais ideologias, não os encontrareis! Apenas insensibilidade, ódio, crueldade, cólera, julgamento, predestinação, penas eternas, maldições, violências, agressões... QUE TUDO ISTO TEM DE POSITIVO???

Agora temos o Comunismo que é um humanismo defeituoso por ignorar a dimensão da liberdade humana que é fonte da vida democrática. Por seus métodos também ele, o comunismo, é desumano.

Diante de tantas falências... do relativismo moral absoluto, do utilitarismo e pragmatismo crassos, do subjetivismo epistemológico, do nihilismo absoluto... COMO TER ESPERANÇA???

Toynbee esperava de fato que alguma personalidade genial inventasse algo de novo e impactante restabelecendo as fontes humanistas da cultura e integrando estes elementos dispersos ou em conflito mas seus prognósticos não se realizaram, avançando a crise...

E temos já um novo elemento com que agrava-la. Pois 1300 anos após a batalha de Poitiers e quase meio milênio após Lepanto, somos mais uma vez ameaçados pela sombra do crescente e pela arabização.

Perdoem-me pois se sou levado a olhar para trás pois só encontro um elemento unificador nos Cristianismos Católicos. É por meio deles e através deles, após terem sido eticamente saneados, que esperamos salutar influxo. Por meio do qual o homem torne a confiar na razão, garanta espaço autonomo a investigação científica, RENUNCIE A TODOS OS PRECONCEITOS TOSCOS LEGADOS PELO JUDAISMO ANTIGO, revitalize as artes, aproxime-se da natureza, respeite integralmente a vida, cesse de oprimir seus semelhantes, converta-se em servidor da justiça e busque a amar e beneficiar todos os demais seres humanos.

É sobre este programa, em parte vislumbrado por Sócrates, Buda, Confúcio, Jesus, os antigos Padres da Igreja; que nossa admiração esta posta! Parte de nossas referências ou paradigmas - partilhadas por Scott Nearing inclusive - como se vê encontram-se num passado mais ou menos distante. Aspiramos sim por alterara radicalmente a realidade presente, mas... pautados em fontes mais ou menos antigas e buscando resgatar elementos culturais do passado.

Mesmo quando cogitamos em torno do amor livre ou das relações abertas, ainda aqui fomos precedidos a vinte e cinco séculos por Platão e a meio milênio por S Thomas Morus e Campanella.

Esquisito, tanto mais aparentamos ser demolidores, progressistas e radicais; mais nos reconhecemos ou melhor parte de nossas ideais, lá no passado remoto!

Diante de tudo isto, honestamente falando, pareço um tanto reacionário.

Mas um reacionário que recua para muito além dos liberais, dos monarquistas ou dos puritanos... tocando a aurora do Cristianismo e a o esplendor do paganismo antigo. A 'Memorabilia' e ao Evangelho... A 'Política', aos 'Pensamentos' e ao 'Manual'.... Sêneca, Marco Aurélio, Quintiliano, Epicteto...




domingo, 25 de outubro de 2015

Apologia do georgismo





Pessoas apreciam encarar moinhos de vento como gigantes porque é mais fácil dar combate a moinhos do que a gigantes.

Por isso que Rafael Garofalo na 'Superstição socialista' (1895) apresenta Marx como sendo o gigante a ser combatido. E menospreza a doutrina de Henry George, com a qual recusa a bater-se por julga-la 'ingênua' ou tosca...

Nada mais conveniente a direita liberal lançar-se contra Marx - após te-lo ela mesma elevado-o aos céus - 'esmaga-lo' sem piedade e pavonear-se de ter demolido o socialismo!

Como se socialismo equivale-se a marxismo ortodoxo ou se resumi-se ao comunismo.

Tal fanfarronice pode ser descrita nos seguintes termos: Chaumette invade, depreda e faz demolir qualquer uma das mil e oitenta catedrais existentes na antiga França e situada em qualquer vila humilde e obscura; para em seguida proclamar ter demolido a mais bela das catedrais daquele pais ou o que é pior TODAS AS CATEDRAIS DA FRANÇA!!! E não tocou Amiens, Chartres ou Reims!

Assim os campeões do liberalismo com seus centos de panfletos destinados a solapar o comunismo e a dar a questão do socialismo por encerrada.

E no entanto dúzias de 'catedrais' permanecem não só de pé mas imunes a qualquer depredação... são outros tantos santuários em que o liberalismo não folga penetrar ou examinar a sério, detida e largamente. Assim o georgismo! Assim o personalismo! Assim o Keynesianismo! Assim o solidarismo! Assim o Catolicismo social... por eles passam os liberais oportunistas como se não existissem, limitando a tecer umas críticas demasiado genéricas...

E ficam acreditados por sua clientela estúpida.

Importa atacar Marx e triunfar dele!

Marx no entanto, em que pese seus méritos e seu valor, não esgota por si só as fontes e caminhos dos socialismo; cujas raízes chegam a Sócrates (este por sinal citado por Scott Nearing como uma de suas referências ideológicas juntamente com Jesus Cristo, Confúcio e Buda) a Platão, a Aristóteles... aos escolásticos medievais e enfim os pensadores do Catolicismo social a principiar por Morus, Campanella, Mably e Morelly.

Ademais a maior parte dos atacantes ao invés de concentrar forças em sua obra científica 'O Capital' onde busca demonstrar os defeitos internos do modo de produção Capitalista; opta por concentrar suas baterias nas obras não científicas de Marx a respeito da Sociedade comunista do futuro. Atacam o Marx profeta ou charlatão com seu programa de ação para lá de polêmico... jamais o Marx de o Capital ou seja aquele que pulverizou de fato o sistema Capitalista.

De nossa parte não nos importa se o Marx comunista, idealista, futurista ou profético falhou; importa-nos o Marx anti capitalista, demolidor, desconstrutor e de fato científico, este, de modo geral, ignorado por aqueles que se propõem a refuta-lo...

É uma tal sucessão de ataques ao Marx ateu, materialista, dialético, determinista, jornalista, esposo, pai, profeta, político, etc todos mais ou menos merecidos e até consistentes, que ficamos por aguardar a agressão ao Marx economista do Capital, e ficamos mesmo por aguardar porque ela nunca vem...

Quanto aos outros tantos teóricos do socialismo então...

Ela nunca vem...

Lá estão George, George Jr, Tolstoi, Fermi, Bakhunin, Kropotkin e outros tantos homens ilustrados esperando pela refutação... e ela não vem!

Ela nunca vem...

Eis porque nos propusemos a publicar uma pequena apologia do georgismo, não 'escrita' por nós mesmos, mas sob a forma de coletânea.

Tendo em vista divulgar o que os intelectuais mais expressivos do passado registraram a respeito de Henry George e suas ideais. E desmontar o juízo apressado do sr R Garofalo...

PARA NOSSOS AMIGOS CATÓLICOS SOCIAIS e para os neo católicos confusos:

O Bispo Nulty de Meath

Em 1881, dois anos apenas após a publicação de 'Progresso e pobreza' o veneravel Th Nulty, Bispo romanista de Meath, na Irldanda, publicará para uso do clero e dos fiéis, um ensaio a respeito da terra e da propriedade intitulado "Questões sobre a terra" porém mais conhecido por "Tornamos a terra" no qual exprimia pontos de vista idênticos aos de Henry George, advogando não só a absorção da renda territorial como receita pública; mas sustentando a necessidade de uma reforma agrária! Posteriormente tornou-se H George amigo do Bispo Nulty, publicando inclusive uma edição Norte americana do 'Tornamos a terra' e apensando nota em que dizia ter o líder religioso escrito tal ensaio antes de Progresso e pobreza lhe ter chegado as mãos.

O caso McGlynn

Um dos principais aderentes de Henry George e da teoria da propriedade pessoal, foi o sacerdote romanista McGlynn.

No entanto como parte dos Católicos estivesse já contaminada pela cultura protestante e fosse já adepta da teoria formal de propriedade sustentada pelos liberais, o arcebispo Corrigan, jungido pelos liberais excomungou e suspendeu este nobre sacerdote.

Posteriormente soube-se que o grande Cardeal Gibbons comungava das ideias de McGliffyn e consequentemente de H George. Cartas foram publicadas e tudo veio a luz sob a forma de um escândalo. Gibbons no entanto optou por silenciar...

Posteriormente o Vaticano enviou o núncio Satolli para examinar detidamente a questão, Satolli por sua vez solicitou uma memória ao jurista eclesiástio Burstell, a qual foi apresentada ao dito Monsenhor. Este por sua vez tomou a memória composta pelo Dr Burstell e remeteu-a a quatro eruditos jesuítas da Universidade Católica de Washington os Drs Bouquillon, O Gorman, Shahan e Grannan; a dita comissão de peritos examinou o processo e declarou por meio de um laudo "NÃO CONTEREM SUAS IDEIAS NADA QUE CONTRARIE A DOUTRINA DA IGREJA."

 Diante disto McGlynn foi reconciliado por ordem expressa de Satolli segundo as instruções de Leão XIII. Em Janeiro de 1893 o próprio Satolli publicou uma memória sobre o caso McGlynn em que declarava ter recebido daquele sacerdote uma breve exposição de suas opiniões em matéria de economia e moral, e que elas "NÃO SE OPUNHAM DE MODO ALGUM A DOUTRINA CONSTANTEMENTE PREGADA PELA IGREJA E RECENTEMENTE CONFIRMADA NA RERUM NOVARUM."

Ao fim daquele mesmo ano era este nobre sacerdote recebido em audiência pelo próprio Leão XIII, octogenário mas pleno de lucidez.

Em certo momento o Papa Pecci perguntou-lhe: Reconheces certamente o direito de propriedade.

Ao que o digno sacerdote respondeu: Perfeitamente COMO PRODUTO DA ATIVIDADE (trabalho) PESSOAL.

Como o papa não replicou nem condenou o que fora dito segue-se muito naturalmente que aceitou-o.

Ficando manifesto que a DOUTRINA LIBERAL SOBRE O DIREITO MERAMENTE FORMAL A PROPRIEDADE não faz parte da doutrina da Igreja Romana.

Do contrário Leão XIII estaria obrigado a condenar McGliffyn em nome da ortodoxia!

Calou no entanto o velho Papa e por calar consentiu.

Pelo que os neo catolicos devem precaver-se de aspirar meter pela guela adentro dos Cristãos a doutrina formalista do direito a propriedade.

E nem podia o Catolicismo servir de valhacouto a vagabundos, parasitas e ladrões, uma vez que a terra só se torna propriedade legítima e irremovível quando fecundada pelo trabalho da pessoa humana. Eis o que conhecemos por doutrina essencialista da propriedade pessoal.

Assim quando Leão XIII declara - na Rerum Novarum - que:

"O direito da propriedade particular deriva da natureza e não do homem."

Não justifica de modo algum a interpretação formalista dos liberais.

Pois com dizer que o direito a posse deriva da natureza, tocando a essência, não específica o papa porque modo ou forma este direito dimana da natureza.

Assim se os liberais contentam-se com a ocupação por marcos divisórios e registro em cartório de terras incultas, contestamos afirmando que o justo título de posse dimana do trabalho humano que fecunda a terra!

E portando que toda e qualquer propriedade não usada ou adquirida por emolumento que não derive do trabalho humano é devoluta e que a posse é ilegítima.

Agora quando a posse decorre de uma relação humana construída em torno da transformação do espaço pelo trabalho, então compreendemos esta posse não só como legítima mas como natural, pessoal e intocável; em oposição a doutrina comunista, que em geral confundem a pequena propriedade pessoal com meios de produção ou latifúndios cuja origem é quase sempre duvidosa.

Neste sentido Leão XIII parece concordar com Russeau no sentido de que o caráter da posse conferido pelo trabalho pessoal não pode ser relativizado ou anulado, mesmo pelo grupo social ou pelo poder político seja ele liberal ou comunista.

Acho oportuno acrescentar que a única razão porque o legítimo proprietário de uma propriedade pessoal poderia ser desapossado dela, seria por motivo de utilidade pública (bem comum) de relativa necessidade ou gravidade, exigindo sempre justa compensação ou indenização. Do contrário teríamos sempre um roubo ou crime, em que pese qualquer possível sanção social ou política.

Neste sentido podemos declarar a propriedade pessoal do trabalhador como sagrada e, sendo este sentido ( e não o liberal ou meramente formal!) aplaudir de pé a igreja romana como benfeitora da humanidade.

Passemos agora, sem mais delongas, aos testemunhos relativos ao georgismo e seu idealizador:

  • "Progresso e pobreza foi com certeza o livro mais importante escrito neste século." Alfred Russel Wallace
  • "Só Darwin nas ciências sociais fez o que Henry George fez no campo das ciências sociais." Jose Martí
  • "Homens como Henry George são raros, infelizmente. Não se pode imaginar mais bela combinação de acuidade intelectual, forma artística e fiel amor a justiça. Cada linha de suas obras parece escrita para esta nossa geração." Albert Einstein
  • "O povo não combate as doutrinas de Henry George SIMPLESMENTE NÃO AS CONHECE. Conhece-las é adota-las." Leon Tolstoi
  • "Não precisamos de todos os dedos das mãos para enumerar os homens que, desde Platão até nossos dias, igualam-se a Henry George, entre os grandes mestres da humanidade." John Dewey
  • "Minha ambição é saldar a dívida que com Henry George contraí: quisera ir um dia a América e tentar fazer por aquela mocidade, o que este grande homem, há quase um quarto de século fez por mim." Bernard Shaw
  • "Henry George foi a mais radical e poderosa influência exercida sobre o povo inglês durante os últimos quinze anos." John A Hobson
  • "Há no pensamento de Henry George rara beleza, uma maravilhosa fé na nobreza da pessoa humana e elevada inspiração." Helen Keller




"Para as reformas sociais, estardalhaço ou alvoroço algum, nem murmúrios, queixas ou denúncias; mas,  O DESPERTAR DO PENSAMENTO E O PROGRESSO DAS IDEIAS.!!!" Henry George


AS OBRAS DE HENRY GEORGE

  1. Progresso e pobreza
  2. Problemas sociais
  3. Proteção ou livre câmbio
  4. Condição do Trabalho
  5. O filósofo Perplexo
  6. Economia Politica
  7. A doutrina social da Igreja
DE HENRY GEORGE JR

  1. A ameaça do privilégio

BIBLIOGRAFIA

  1. Octaviano Alves de Lima 'Revolução econômico social' ed Brasiliense, São Paulo, 1947


A lição de Julien Benda

Há quem deplore a acidez de nosso espírito crítico.

Admiramos algo é bem verdade. Mas não afagamos...

Não passamos a mão sobre as cabeças daqueles que erram.

Mas com amor e por amor buscamos advertir e corrigir.

Se somos Católicos ou nos identificamos com o espírito dos Catolicismos, nem por isso, com Berdiaeff, deixamos de tecer as devidas críticas aos ramos da igreja (Ortodoxia, romanismo e anglicanismo) ou as igrejas particulares, quando necessário de faz.

Via de regrar as pessoas não podem simpatizar com o médico que as diagnostique caso estejam tomadas por um cancro maligno. No entanto a única esperança para a cura do cancro é justamente o diagnóstico precoce da doença... ignorada a presença do cancro no organismo estará ele fadado a morte!

Logo aquele médico que diagnostica o cancro e recomenda sua retirada deve ser encarado não como um algoz ou vilão mas como um herói e benfeitor.

É que pessoa alguma gosta de receber más notícias!

No entanto a civilização conta com tais médicos para salva-la da terrível crise por que passa e qual estende-se já por uns dois séculos.

Dentre os diversos médicos que dignaram-se a examinar a questão da crise da cultura, salientou-se o francês Julien Benda, autor da 'Traição dos clérigos' e falecido na era de 1956 com 88 anos de idade.

Aprecia-mo-lo como autor e ensaísta for fazer parte do seleto grupo dos incompreendidos, injustiçados ou satanizados aos quais atribuí-se 'sem mais' doutrinas que jamais ensinaram.

Assim Darwin; o qual jamais sustentou ser o homem descendente dos macacos ou advogou o 'darwinismo social', assim Voltaire que jamais aderiu ao 'ateísmo', assim K Marx que jamais arquitetou algo semelhante a partidocracia leninista, assim Bakhunin e Kropotkin que jamais apoiaram o individualismo ou promoveram a anomia, assim Paulo Freire que jamais pretendeu alfabetizar crianças, assim Piaget que jamais condenou uma 'orientação' prudente e sensata...

Querem saber o que de fato foi ensinado por determinado pensador?

LEIAM, ESTUDEM, EXAMINEM suas obras!

Jamais poderei esquecer a seguinte alocução de minha professora de Filosofia Maria Aparecida Rollo Del Rio: "Vocês podem discordar de um determinado autor e argumentar contra ele; mas devem faze-lo honestamente e jamais atribuir-lhe algo que jamais disse ou ensinou!"

Tal a base e fundamento do que qualificamos como probidade intelectual.

Fujam aos autores superficiais que reproduzem boatos e afirmações estapafúrdias!

Como ia dizendo mais acima Benda foi um destes autores mal compreendidos pelo vulgo, embora a lição por ele ministrada não seja lá muito difícil de se compreender.

Buscou discorrer em torno dos homens, das teorias, das oposições e das paixões que azedam a vida promovendo transtornos, quiçá irreparáveis.

Seguindo a mesma linha que o Bispo de Hipona: "Detesta as doutrinas mas ama e compreender os homens."

E propondo um roteiro mais racional, sóbrio e sereno do que apaixonado.

Discorria assim a respeito das paixões de crença, raça ou classe, sem todavia justificar a NEUTRALIDADE face a situações de injustiça e malignidade.

Jamais sustentou que era necessário tolerar o mal ou compactuar com ele.

Quis salientar no entanto que a nível doutrinal ou ideológico, apenas muito raramente, algum teórico tem a consciência de estar agindo equivocadamente ou trabalhando conscientemente pelo erro.

Então pessoas honestas e boas sempre podem defender equivocadamente péssimas teorias. Então pessoas não se tornam más apenas porque defendem ou sustentam doutrinas más cogitando serem boas ou verdadeiras. Pessoas podem estar sinceramente equivocadas...

É o que a paixão ou o fanatismo são sempre incapazes de perceber.

Na medida em que substituem pessoas por rótulos: o católico, o protestante, o japonês, o negro, o comunista... querendo significar que todos os que pertencem aquela ideologia ou segmento que reputamos 'má' tornam-se não humanos ou inumanos pela contaminação ou assimilação da maldade.

Desde então passamos a etiquetar, rotular e classificar os seres humanos em bloco. Como se não pudessem enganar-se honestamente e fazer jus ao benefício da 'sinceridade'.

Opor-se ao protestantismo, ao capitalismo, ao subjetivismo, ao relativismo, ao bolchevismo, ao fascismo, etc não nos autoriza a crer ou supor que os advogados de tais doutrinas sejam pessoas essencialmente malvadas, a odia-los ou propor que sejam violentamente reprimidos.

Mesmo diante do erro devemos tentar manter a calma, a racionalidade, a sobriedade e levar em consideração que estamos diante de seres humanos, logo falíveis. E sobretudo pensar que o outro esteja a buscar honestamente a verdade. Devemos encara-lo como inocente e buscar dialogar com ele.

Então o que Benda denuncia e condena com plena razão é sob o termo de paixão é o fanatismo com seu conteúdo cego e irracional. Mesmo quando supostamente posto a favor da justiça o fanatismo tende a cegar-nos e transformar-nos em apóstolos da injustiça e da opressão.

Importa após o choque, o impacto ou a indignação refletir. Distinguindo o sistema ou a ideologia das pessoas, em sua maior parte alienadas e inocentes.

Sistemas anti humanos como o protestantismo, o comunismo, o nazismo, o fascismo... só sabem encarar os heréticos, os opositores, os dissidentes como ímpios, conspiradores e maléficos, segundo a maneira de ver do fanatismo e dos fanáticos.

Para os quais a pessoa não é nada absolutamente nada.

Não se trata aqui de defender o erro, a heresia, a injustiça, a opressão, a maldade, etc a tudo isto devemos condenar e combater civilizadamente no plano espiritual das idéias, argumentando, debatendo, refutando...

Mas de supor que nosso adversário ideológico herético, dissidente, adversário, opositor... possa ser de fato uma pessoa boa e honesta sinceramente equivocada; e não um sabotador sem consciência ou um degenerado!

Não se trata de respeitar o erro, de silenciar perante ele, de relativizar ou de minimizar sua gravidade; mas de compreender aquele que erra e de jamais tomar o erro por engano ou mentira.

Pois se há mentirosos e sabotadores também há homens honestos, probos, sensíveis, retos, admiráveis, nobres... em todos os grupos, partidos e organizações humanas: no comunismo, no liberalismo, no protestantismo, no islamismo, no fascismo...

Sendo assim não podemos julgar as pessoas ou trata-las como se fossem doutrinas abstratas.

Doutrinas podem e devem ser classificadas como falsas, inexatas, malignas... homens não. Podem suster doutrinas más e sem embargo disto ser bons, pois é do homem, especialmente quando jovem, confundir as coisas e equivocar-se.

Importa submeter todas estas questões e desencontros em torno da cultura, do estado, da fé e mesmo das classes sociais ao veredito e sentença de um valor eterno qual seja a justiça ou o bem.

Mesmo diante da opressão exercida por uma classe rica e poderosa sobre outra mais fraca, embora tomando posição ao lado dos mais fracos e oprimidos jamais seria lícito relativizar o conceito de justiça ou de fazer justiça a um membro ou defensor da classe opressora que a ela faça jus! Não podemos imolar o sentido da justiça nas aras do partido ou da religião... justiça é algo que se deve a todos os seres humanos independentemente de suas crenças ou opiniões.

Assim quando em nome da verdade ou de qualquer ideia saudável e redentora, pugnamos contra o ideal eterno da justiça, prestamos um desserviço a verdade, a qual sem a justiça não se sustenta.

A tônica aqui não consiste em ser neutro. Caso exerçamos neutralidade face a injustiça nos tornamos injustos. O tônica aqui é jamais perder a serenidade e ser justo até o fim, em todos os sentidos. Implica saber que a busca pela justiça social não deve servir de pretexto para perder-se de vista a justiça pessoal e para proceder com justeza face ao discordante! Temos de ser honestos e muitas vezes benevolentes mesmo para com aqueles que opõem-se as nossas crenças e idéias! O ser humano faz jus a tal atribuição pelo simples fato de ser humano.

Implica isto antepor certa dose de humanismo a qualquer de nossos ideais sejam religiosos ou seculares; políticos, sociais ou econômicos. Buscar discernir algo de humano ou de bom no outro ao invés de julga-lo, sentencia-lo e condena-lo como ímpio ou conspirador antes mesmo de conhece-lo, tendo em vista suas ideais com as quais não concordamos.

Implica não sair por ai agredindo as pessoas que alimentam outros pontos de vista.

Implica como dizia Xenofonte na 'Memorabilia' recorrer antes de tudo a razão e não a força cega. A persuasão e não a violência. Ao diálogo e não a imposição arbitrária, que mesmo posta a 'serviço da verdade' não deixa de ser uma forma de dominação, logo contra producente.

A verdade e a virtude sobretudo deves ser abraçadas voluntariamente.

Promovidas pela docilidade.

Aquele que esta seguro de seus argumentos não precisa exasperar-se.

Agora se for exasperar-se e acirrar os ânimos alheios, abstenha-se de discutir pois benefício algum pode auferir-se duma altercação azeda.

"Atrai-se mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de fel."

Da paixão e do fanatismo sempre decorrem estragos desproporcionais. Sacrifício de vidas e de bens culturais cuja perda sói irreparável.

Nada mais prazeroso do que discutir ideais com um contraditor civilizado e ameno.

É de discussões assim que por meio da dialética atingimos uma claridade mais intensa. Porque o adversário revelando os defeitos embutidos em nossas opiniões, as inexatidões, imprecisões, devaneios, leva-nos a polir as arestas e a adquirir um diamante lapidado.

Importante esta contribuição do Benda a respeito não da indiferença mas da necessidade de tentar permanecer sóbrio diante de qualquer situação e de não se deixar guiar por qualquer discurso apaixonado. De modo que os conflitos e oposições de caráter ideológico ou doutrina não venha a amargar ou o que é ainda pior envenenar nossa existência.

Eu julgo esta lição das mais importantes no tempo presente.

Busquemos exercer uma ética humana e humanista para além das divergências de caráter intelectual.

Superemos as limitações externas e acidentais: do racial, do nacional, do cultural, do credal... pela afirmação do que é comum e essencial: o humano. Subordinemos tudo ao humano e assumamos o primado do humano.





A miséria do neo catolicismo ou desencontros do tradicionalismo, do progressismo e da RCC

A miséria do neo Catolicismo


De todas as religiões e crenças nenhuma mais evoluída que o Cristianismo Católico, sobretudo sob as formas Ortodoxa e romana.

Nem é por acaso que certo número de incrédulos ilustres a exemplo de G Santayana, Whydan Lewis, O Wilde, Ch Maurras, A Comte, E Littré, S Weil,  B Russel, etc simpatizaram com ele e reconheceram-lhe as excelências. Fenômeno bastante comum até os anos 60.

Desde então, com a derrocada do papismo, deístas, agnósticos e ateus, adquiriram um argumento a mais e tomaram a dianteira.

Pelo simples fato da igreja romana ter se afastado a idealidade eterna constituída em torno do belo, do verdadeiro e do bom, mergulhando de cabeça no mundo da modernidade e associando-se as forças tenebrosas do biblismo ou melhor dizendo do protestantismo.

Abandonou sua magnífica liturgia e ritual elaborado a meio milênio. Aderiu a mentira do subjetivismo e do relativismo rompendo com o padrão Aristotélico incorporado por S João Damasceno e Tomas de Aquino e chegou ao fundo do poço perdendo por completo a noção de santidade concreta pautada no amor ao próximo e serviço fraterno até tombar no fideísmo luterânico e proclamar um novo modelo, fácil e falso, de redenção.

Aproximou-se além disto da superstição Biblista e repugnante doutrina na inspiração plenária do livro, retomou os mitos e fábulas do judaismo antigo, indispôs-se com a ciência e tombou no fetichismo crasso!

Esta infecção mística atingiu até mesmo aqueles que não se deixaram influenciar diretamente pelo protestantismo e pelo modernismo, como os tradicionalistas. Este no entanto aderiram ao neo marianismo aparicionista e estabeleceram compromisso não menos nefasto com o liberalismo econômico. De modo que parcela alguma da igreja romana ficou a salvo desta conflagração terrível e todas as suas partes apodreceram.

Quanto aos modernistas devo dizer que os progressistas adeptos da Teologia da Libertação aderiram em parte a heresia modernista ou a crítica iniciada pelos protestantes liberais em torno dos mistérios do Cristianismo, chegando a inclusive a repudiar o dogma da Encarnação ( i é ao padrão niceno atanasiano), a doutrina da presença real do Senhor no Sacramento, a fé na virgindade perpétua de Maria Santíssima, etc confinando com o materialismo e com o ateísmo; além de terem adotado um linguajar técnico de origem marxista a que os fiéis não estavam afeitos impossibilitando um diálogo verdadeiro. E também se mostraram partidários decididos da demolição litúrgica.

Não é para admirar, de que, apesar de seus objetivos precipuamente Cristãos, pautados inclusive na consciência da Igreja, no Evangelho da verdade e na tradição pura, tenha a Teologia da Libertação falhado miseravelmente devido a sua ruptura quase que total com o dogma eclesiástico e a linguagem comum ao Catolicismo. Grosso modo podemos afirmar que não precisamos de uma terminologia marxista ou técnica para denunciar as mazelas do liberalismo econômico, pois contamos com o testemunho eclesiástico dos antigos padres e com a palavra perfeita do Evangelho.

Longe de nós repudiar a crítica científica elaborada por Karl Marx em torno do modo de produção capitalista (Referi-mo-nos aqui não ao manifesto comunista mas ao 'Capital'), coisa que todo pastor de almas ou fiel instruído deveria conhecer. Nossa crítica aqui incide principalmente sobre o emprego de uma terminologia marxista 'empolada' ou de um vocabulário sociológico (sociologuês) com que o povo católico não estava afeito. Não precisamos falar como Marxistas mas exprimir as críticas justas elaboradas por Marx em termos Católicos fornecidos pela piedade.

Nem precisamos abjurar de nossa fé ancestral ou demolir as formas litúrgicas para denunciar as injustiças e clamar contra a exploração do homem pelo homem. É perfeitamente possível proclamar a libertação integral do homem, professar a fé imaculada, manter o brilho do culto litúrgico e manter-se nos limites da comunhão histórica. Neste sentido o progressivismo esquerdista assumiu posicionamentos iconoclásticos que drenou a fonte de suas forças e comprometeu suas bases. É para deplorar esta incompreensão...

Nem posso compreender como aqueles que porfiaram manter o brilho do culto e a imutabilidade dos dogmas foram seduzidos pelo delírio materialista economicista do liberalismo (capitalismo), enquanto que aqueles que aproximaram-se dum conceito elevado de justiça, abjuraram miseravelmente da fé ancestral, romperam com a verdade e sacrificaram a beleza simbólica da hierurgia. Após o Vaticano II consumaram-se tais rupturas e desacertos e instaurou-se o Caos da igreja latina.

Mas não o 'Caos' absoluto.

Não nos enganemos pois não havia a igreja romana, presa do fatimismo ou do marxismo, chegado ao fundo do abismo e miséria suprema; a qual converteu-a em espantalho face a intelectualidade universal!

Tal missão estava reservada ao que chamamos RCC.

Esta mais do que o tradicionalismo incoerente amancebado com o liberalismo e mais do que a teologia da libertação amancebada com o comunismo, manchou a reputação desta igreja até então e sob certos aspectos venerável. Com a RCC pomos nosso dedo no fundo da chaga, da ferida ou do câncer que devora insidiosamente a consciência das massas católicas.

Nada de mais alienígena, nada de mais espúrio, nada de mais alheio, nada de mais oposto ao espírito do Catolicismo do que a alienação ou a abominação Carismática.

Epifenômeno do pentecostalismo introduzido no papismo por um grupo de 'fiéis' americanizados ou americanizantes... cujas almas certamente eram já protestantes e que haviam bebido nesta cultura denunciada não só por Ch Maurras mas por Vailant, Dandier, Aron e outros tantos. Nem podemos deixar de concluir que esta conjuração capaz de corroer a consciência Católica e destruir sua cultura até os fundamentos foi ali forjada e arquitetada com fins claramente políticos, a saber, fazer frente a teologia da libertação e se possível obscurecer o sentido da doutrina social da Igreja!

Antes de romper com a igreja romana -  a qual havia passado após abandonar o protestantismo em que fora criado - e fazer-me Católico Ortodoxo, tive a ocasião e oportunidade de conhecer de perto a RCC e de conviver com seus adeptos. Posso dizer com pleno conhecimento de causa que jamais conheci um deles sequer que estivesse familiarizado com a doutrina social da Igreja... Nem se trata de crítica-la superficialmente como fazem os tradicionalistas, mas de ignora-la por completo. Parte considerável dos fregueses carismáticos sequer sabe que existe uma doutrina social elaborada por sua igreja.

Uma condição assustadora.

Devo dizer todavia que ainda não tocamos ao fundo do abismo!

Antes do vaticano II ou do advento da RCC tinhamos padres cientistas. Sacerdotes familiarizados com as diversas escolas e correntes da alta filosofia, com os estudos psicológicos, com os intrincados arcanos da sociologia, com a experiencialidade pedagógica, etc, etc, etc Basta-me citar um G Mendel, um G Le Maitre, um Teilhard de Chardin...

Hoje que temos???

Padres saltadores, malabaristas, feiticeiros, xamãs, pajés, charlatães, animadores de auditório, 'cantores' (sic)... cópia suja e mal lavada de mediocridade protestante. Um bando de alarves repetidores de versículos e contadores de 'estórias' sem graça tomadas ao antigo testamento. Adversários do conhecimento científico! Supersticiosos! Toscos! Beócios! Criacionistas! Puritanos!

Pela RCC plagiou o romanismo o que há de mais abjeto no pentecostalismo! Reproduziu o que há de mais viciado, corrompido e nocivo no protestantismo! Copiou o que há de mais vulgar e grosseiro na espiritualidade norte americana! Abjurou de seus ideais, inverteu seu caráter, minou as bases de sua cultura e tornou-se desprezível!

A RCC converteu a igreja romana numa ruína desoladora, numa assolação!

Que os protestantes tenham chegado a tal ponto levando adiante os princípios e enunciados por seus pioneiros, os reformadores é perfeitamente compreensível e até desculpável. Que a igreja romana tenha incorporado a si uma série de elementos opostos a sua consciência, a sua tradição e sua cultura é o cúmulo do absurdo!

Basta dizer que ao genial Pe Leonel Franca, a um Bastos Dávila, a um Julio Maria (do Rio de Janeiro), a um Senna Freitas... sucederam o Jonas Abib e o Marcelo Rossi, elementos notáveis pela imperícia e falta de conhecimentos no campo da sagrada teologia para não falarmos no campo das ciência humanas.

Diante disto como admirar-se de que a intelectualidade, antes atraída por esta igreja, torne-se mais incrédula, azeda e indiferente dia após dia e que avolumem-se os contingentes do deísmo e do agnosticismo???

Que esperar duma igreja que perdeu seu rumo, rompeu com suas fontes e raízes e desamparou seus filhos e admiradores mais ilustres?

Se a igreja romana chegou aos confins do fetichismo e da magia renovando a falsa crença nos milagres e convertendo-se numa espécie de 'bazar', que esperança podemos ter?

Não ousem portanto os neo papistas a ministrar-nos qualquer tipo de lição!

Não receberemos calados qualquer lição ou reprimenda de quem recusa-se a levar as últimas consequências os princípios e valores afirmados por sua religião.

Não pouparemos de modo algum a esses neo romanistas que creem poder viver a moda protestante, assimilando princípios e valores de origem luterânica ou calvinista.

Não levaremos a sério estes homens estúpidos que não levam a sério suas próprias crenças.

Admiramos em espírito o espírito do Catolicismo e portanto do romanismo ANTERIOR A REVOLUÇÃO do vaticano II. Período em que os papistas estavam ainda unidos em torno dos três princípios: o Belo, o Verdadeiro e o Bom.

Quanto a este neo papismo fatimista/liberal, comunista ou pentecostal só nos resta deplorar sua infinita miséria!

Nós no entanto mantemos não só nossa autonomia mas franca oposição a todos estes venenos modernos: da economia de mercado ao bolchevismo passando pelo neo marianismo aparicionista, pelo misticismo desbragado e pela heresia protestante; de todas estas ideologias nos afastamos e mantemos prudente distância como de uma infecção.

Oxalá os Católicos de boa fé investigassem suas tradições e valorizassem o que é seu.