domingo, 31 de maio de 2009

Zenão de Eléia, Diógenes o Cínico e Ravick o botânico

Estava Zenão a falar que o movimento não existe, falou do paradoxo da tartaruga e de Aquiles: Vou demonstrar-lhes uma coisa se vocês colocarem Aquiles a disputar uma corrida com uma tartaruga, Aquiles não alcançará jamais a tartaruga, se derem vantagem a esta na saída. Digam-me quem ganhará a corrida.
- É óbvio que é Aquiles, respondeu Diógenes.
- Está redondamente enganado Diógenes!
- Pelas barbas de Anaximandro, quero ver como esse eleata há de nos provar que o movimento "non ecizte" - respondeu Ravick.
- Ravick - disse Zenão retomando seu discurso - Aquiles deu uma vantagem à tartaruga; logo entre o filho de Peleu e a tartaruga, há uma distância. Começa a corrida. Quando Aquiles chegar ao ponto onde estava a tartaruga, está terá caminhado um tanto, estará mais à frente e Aquiles não a terá alcançado ainda. Quando Aquiles chegar a este novo lugar em que agora está a tartaruga, esta terá caminhado algo, e Aquiles não a terá alcançado porque para alcançá-la será mister que a tartaruga não avance nada no tempo que necessita Aquiles para chegar onde ela estava. E como o espaço pode ser dividido sempre num número infinito de pontos, Aquiles não poderá jamais alcançar a tartaruga, embora ele seja, como diz Homero, ocus podas, ligeiro de pés, e, ao contrário, a tartaruga seja lenta e sossegada.
- Eu até acreditaria em você Zenão - disse Ravick continuando o seu discurso - se se tratasse de uma das tartarugas ninjas.
- Tartarugas Ninjas? - indagou Zenão.
- Bah, esquece não é do seu tempo - respondeu Ravick.
- Vamos embora Ravick - disse Diógenes.
- Não vão ficar aqui para ouvir os outros argumentos que tenho?
- Você está certo Zenão - afirmou Ravick e continuou a dizer - o movimento não existe, nós vamos embora de forma ilusória, na verdade continuaremos aí sentados nessas pedras ao seu lado. Pode continuar o seu discurso aí, que estamos a lhe ouvir.
- Refutemos o sofista empiricamente - disse Diógenes.
E ambos se puseram a caminhar, demonstrando a Zenão a realidade do movimento.

Mas tudo isso era um sonho e Ravick acordou para seus afazeres diários que requerem movimentos.


Deixo aí minha pequena, mas sincera homenagem ao amigo Ravick, que sempre prestigia meus artigos e que já fez uma série de tirinhas em minha homenagem, nada mais justo do que retribuir. Como não sei fazer tirinha criei este pequeno diálogo filosófico ou quase.

Fontes: JÚNIOR, David Jardim. História de Bôlso da Filosofia. Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1964.
Fundamentos de Filosofia de Manuel Garcia Morente

sábado, 30 de maio de 2009

Prêmio Blog Dorado


Recebi o prêmio Blog Dorado da articulista Marise do blog Filosofar é Preciso!!!. Acerca do prêmio temos esta descrição: "É um prêmio que homenageia os melhores blogs e tem sua simbologia nas cores que utiliza. A cor azul representa paz, profundidade e imensidão. A cor dourada a sabedoria, a riqueza e a claridade das idéias. O prêmio em si representa a união entre os blogueiros."


Posso premiar até 15 blogs, então eis os meus blogs escolhidos.







Parabéns aos blogueiros e seus blogs.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

A Inteligência dos animais

Ontem substituí o professor Domingos na escola onde trabalhamos, o professor Domingos é professor de filosofia e eu sou formado em geografia. Todavia, sempre que precisa faltar, confia-me suas aulas de filosofia.
Para os terceiros anos falei sobre a inteligência dos e nos animais. Perguntei-lhes: Os animais tem inteligência, sim ou não? Por quê?
Alguns responderam que sim, mas não souberam dar uma resposta convincente, um aluno negou que os animais tivessem inteligência, mas soube estruturar o seu argumento, inda que errado.

Então disse-lhes que até então estávamos no reino das opiniões (doxa), das especulações. Mas para sabermos se os animais tem ou não inteligência, faz-se mister não quedar-se no reino das opiniões, mas passarmos ao reino do empirismo.

Então disse-lhes que os cientistas fizeram vários experimentos com os animais, provando que os mesmos tem inteligência, uma espécie de pensamento, se me permitem dizer raciocínio. Indiquei-lhes dois vídeos do youtube que abordam a inteligência dos corvos.
O primeiro vídeo trata de um corvo que fabrica uma ferramenta, e o segundo vídeo trata de um corvo que leva noz ou coisa parecida para uma avenida na esperança de que carros passem por cima e quebrem, o corvo espera os carros pararem e vai até o lugar da noz quebrada, faz o seu rápido lanche e ao sinal auditivo e dos motores ele alça vôo.

O meu intuito foi despertar os alunos para um novo modo de ver os animais, para que os respeitem e amem os animais que em maior ou menor grau são nossos parentes. Ainda comentei que nossa espécie se julga superior por causa da influência de uns versículos do Gênesis os quais dizem que o "homem é a imagem de Deus" e que ele "deve presidir sobre todos os animais". Se o homem é imagem de Deus, segue-se que os animais não o são, e que os mesmos foram feitos para o bem do homem, concepção utilitarista muito em voga nos meios protestantes.

domingo, 24 de maio de 2009

A revista Veja insatisfeita com a educação quer deseducar o povo brasileiro III

A reportagem da cartilha de Adam Smith reeditada fala outras tantas mesmices cantaroladas pelos ingênuos úteis. A cartilha assim fecha seu artigo sobre a educação: "Pela mesma razão que o estado é laico, as aulas do estado também deveriam ser politicamente neutras".

A ditadura que os militares impuseram no Brasil, com as bênçãos do Tio Sam, era conservadora, isto é, da direita. A Veja bem que poderia ter dito aos militares que em sendo o estado laico, o ensino também deveria ser neutro, e que não havia razão para incluir Educação Moral e Cívica e OSPB no currículo escolar do antigo primeiro grau. Os militares que eram da direita apoiados pela ARENA, que depois virou PDS, o PDS que pariu o PFL que em 2007 mudou seu nome para Democratas, não tinham um ensino neutro. Engraçado ? Quando a direita está no poder não há ensino neutro, mas quando a esquerda entra no poder, os burgueses pedem o ensino neutro, justamente porque não podem impor a sua ideologia doentia no ensino.

Foram esses que hoje são conhecidos como Democratas que tiraram a filosofia das escolas públicas, que diminuíram a carga horária de história e geografia. Imagino como devia ser bom o ensino naqueles doces tempos da ditadura militar.

A revista Veja que tanto fala em neutralidade poderia começar dando o exemplo, deixando de lado sua parcialidade quase absoluta. Porque ela não forma nem informa, apenas deforma seus leitores, tirando-lhes o que neles resta de senso crítico.

Vejamos um breve exemplo da neutralidade e da imparcialidade dessa maravilhosa revista que luta pelos direitos do homem de bem.

Em 2005 que foi o ano do referendo sobre o desarmamento a sociedade promoveu debates, procurando mostrar os dois lados: do Sim e do Não. O mínimo que se espera de uma revista que se diga informativa é que ela seja imparcial ou que procure ser imparcial ou ainda, que seja o menos parcial possível.As revistas Época (esta das organizações globo e portanto anti-esquerda) e Isto É, procuraram a neutralidade. A revista "Época", com tiragem de 420 mil exemplares, teve um posicionamento neutro nessa discussão. Em sua edição 385, outubro de 2005, cuja capa era "Armas, entenda antes de votar. O que pode mudar em sua vida com o plebiscito do dia 23" e em sua edição 386, outubro de 2005, cuja capa "10 mitos sobre as armas (contra e a favor)", demonstraram que a revista preferiu não se engajar e, assim, promover um debate pluralista. Seguindo essa mesma lógica, a revista "Isto É", edição nº1878 do dia 12 de outubro de 2005, também se manteve neutra. Empenhou-se em dar o mesmo espaço para as duas frentes parlamentares e estampou em sua capa a seguinte manchete: "7 razões para votar SIM" e "7 razões para votar NÃO". Mas a revista Veja em seu jornalismo "sério" e não querendo manipular ninguém, mostrou apenas o lado que lhe interessava ou seja não houve debates, mas uma imposição dogmática, religiosa, de que votar NÃO é a única opção viável e quem não o fizer não é cidadão de bem!Já a Revista Veja, edição 1925, de 5 de outubro de 2005, posicionou-se a favor do NÃO e estampou em sua capa a seguinte manchete: "7 razões para votar NÃO / A proibição vai desarmar a população e fortalecer o arsenal dos bandidos".

E a imprensa marrom quer neutralidade para os outros mas não para si.

P.S.: Para quem quiser saber mais acerca do Ensino, principalmente de história, na época dos militares recomendo a leitura de "
A DITADURA MILITAR BRASILEIRA E SUAS
IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE HISTÓRIA", que você poderá ler ao clicar aqui.

A revista Veja insatisfeita com a educação quer deseducar o povo brasileiro II

A Bíblia semanal dos conservadores escreve: "pois Karl Marx é autor rigoroso, complexo, profundo que, mesmo tendo apenas uma de suas ideias levada a sério hoje - a Teoria da Alienação -, exige muito esforço para ser compreendido".

Se Marx é tão profundo, complexo e rigoroso porque a revista abordou a sua figura, por que a revista não faz uma edição especial apenas sobre Marx e suas teorias? Isso certamente acabaria com esses marxistas de nome que nunca folhearam um livro de Marx. Se a revista Veja fizesse isso, acabaria com dois problemas, desmentiria os marxistas que adulteram o pensamento do filósofo e daria munição para os conservadores refutarem seus adversários de esquerda. Segundo Leandro Konder: "o senador Richard Nixon - insuspeito de alimentar quaisquer simpatias pelo marxismo - lamentou, em discurso que a doutrina de Marx fosse tão mal conhecida nos meios universitários dos Estados Unidos. Outro ferrenho adversário das ideias de Marx -Allen Dulles, o dirigente máximo da Central Intelligence Agency - chegou a preconizar a criação de uma cadeira de marxismo a ser lecionada obrigatoriamente nas universidades norte-americanas". [1]

Veja escreve: "idolatram personagens arcanos sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização".

Veja caro(a) leitor(a) como a revista Veja dogmatiza! Diz que os professores idolatram um personagem envolto em mistérios que não contribuiu em nada, nada de efetivo para o desenvolvimento da civilização ocidental. Os leitores de Veja lêem essas barbaridades e nem se questionam se o que os jornalistas afirmam do pedagogo é verdade ou não. Simplesmente aceitam como se aceita uma revelação.

Deixo aqui um artigo de um jovem erudito, não marxista e portanto insuspeito acerca do livro de Paulo Freire e Ira Shor, Medo e Ousadia, onde ele aborda de modo crítico o livro. E ele como não marxista é honesto em reconhecer a grandeza de Paulo Freire, bem diferente da revista neo-liberal.

Creio que vale a pena ler este artigo: "A Revista Veja e o meu Pai", onde o autor do texto revela que a entrevista de um "climatologista" (leia-se economista neo-liberal) e o ataque a Paulo Freire foram o quanto bastou para o seu pái cancelar a assinatura da nefasta revista.

Fonte: [1] KONDER, Leandro. Marx vida e Obra. Editora Paz e Terra, Riode Janeiro, 1981.

A revista Veja insatisfeita com a educação quer deseducar o povo brasileiro

Ontem estava voltando de um sebo e passei em determinada rua que tinha entulhos, em cima dos entulhos alguns exemplares da revista Veja, como sou partidário que "de graça até injeção na testa" peguei as edições que mais me interessavam.

Bem sei que a revista Veja não goza de qualquer credibilidade, é uma revista sumamente reacionária, parcial e ditatorial.

Ontem à noite li o texto sobre a educação para conhecer o que a Veja pensa, ou melhor o que a Veja quer que seus leitores pensem.
A revistinha se propõe a examinar a educação no Brasil, encomendou até uma pesquisa. A revista descobriu que a educação no Brasil é péssima, a Veja foi investigar os culpados desse crime e "descobriu", são os socialistas!!!

Segundo a Veja: "o ensino no Brasil é péssimo, está formando alunos despreparados para o mundo atual, competitivo, mutante e globalizado" (Os itálicos são meus).

Para a revista a escola não deve formar cidadãos mas pessoas egoístas, competitivas, individualistas, para um mundo em constante mudanças para atender aos desejos dos países que dominam o cenário mundial.

A Veja diz: "Os professores esquerdistas veneram muito aquele senhor que viveu à custa de um amigo industrial, fez um filho na empregada da casa e, atacado pela furunculose, sofreu como um mártir boa parte da existência. Gostam muito dele, fariam tudo por ele, menos, é claro, lê-lo".

Se essa revista fosse séria, se fosse uma revista de informação e de formação não precisaria lançar o recurso da falácia ad hominem, mas como é literatura de esgoto, ela precisa lançar mão de falácias.
Marx não era um vagabundo como quer a literatura panfletária, ele era doutor (isso a Veja não fala, por que será?). "Em 15 de abril de 1841 - escreve Konder - defendeu brilhantemente sua tese e obteve o diploma... Com a tese, entretanto, Marx não conseguiu resolver o seu problema pessoal, econômico. Não pôde obter a cátedra que pretendia, pois o governo não queria hegelianos de esquerda pontificando nas universidades". [1]

Marx foi diretor da Gazeta Renana (isso a Veja também não fala) e esta "teve tanto sucesso que, em 11 de outubro de 1842, ele se mudou para Colônia e assumiu a direção do jornal.
Sob a direção de Marx, a Gazeta Renana aumentou rapidamente sua circulação. Mas a alegria durou pouco. Após um violento artigo contra o absolutismo russo, publicado em janeiro de 1843, o czar Nicolau I pressionou o governo prussiano e este fechou o jornal".

Ademais trabalho intelectual é tão ou mais trabalho que quaisquer outros. A não ser que pela ótica do catecismo reacionário os professores sejam vadios, os escritores e até mesmo os articulistas da Veja. Se bem que nos escritos desses articulistas nada há de intelectual, nada que faça pensar, às vezes se salva um ou outro artigo. E Marx sempre trabalhou, ele escrevia artigos para o jornal New York Daily Tribune e ainda colaborou para a Nova Enciclopédia Americana.

No que fica o pensamento de Marx prejudicado pelo fato de ter sido auxiliado financeiramente por seu amigo Engels? O dinheiro não era de Engels? O que a Veja tem que a ver com as economias de Engels, ela que é liberal e por conseguinte individualista?

Ele fez um filho na empregada e por isso sua obra perde o valor? Somente nas cabecinhas ocas que confundem vida pessoal com pensamento/sistema. O problema dos conservadores é que eles são falsos moralistas, puritanos, e isso é um reflexo dos Estados Unidos, para exemplo cito o escândalo do ex-presidente Bill Clinton com a então estagiária Mônica Lewinsky. Escândalo sexual é o fim do mundo, mas a CIA ter forjado documentos contra Saddam não. A mentira de Bill Clinton foi trágica, mas as mentiras e trapaças de Bush foram boas porque levaram a "democracia" para o Afeganistão e o Iraque.

O fato de não ter lido Marx não quer dizer que não se conheçam as ideias centrais do pensador judeu-alemão. Ninguém precisa ler toda a obra de Platão para saber o que é o mundo das ideias, e mesmo adolescentes podem entender o mito da caverna lendo Platão por terceiros, como o Maurício de Sousa que pôs seu personagem Piteco para explicar o mito através dos quadrinhos. Sobre Marx e suas teorias abundam bons livros, mesmo para leigos no assunto, livros esses desconhecidos dos adversários da esquerda. Cito alguns para desencargo de consciência:
O que é Mais-Valia? Paulo Sandroni
O que é Marxismo?José Paulo Netto
O que é Geografia? Ruy Moreira
Como este artigo ficou extenso, termino aqui a primeira parte para dar continuidade numa outra postagem.

Fonte: [1] KONDER, Leandro. Marx vida e Obra. Editora Paz e Terra, Riode Janeiro, 1981.


sábado, 23 de maio de 2009

Um exemplo de histórias em quadrinhos

Infelizmente as histórias em quadrinhos são um repertório de imbecilidades, tirando alguns aspectos, que já tratei aqui neste e neste artigo.
As HQs são verdadeiros manuais de repúdio à ciência, nem se pode dizer que fazem parte da ficção científica. São homens que voam (Super-Homem), homens picados por insetos radioativos que adquirem super poderes (Homem-Aranha), Um homem que entra em autocombustão e não morre (Tocha Humana do quarteto Fantástico) e outros absurdos mais que o(a) leitor(a) conhece.

As histórias em quadrinhos são ótimas para se ensinar história, sociologia e ciências. Os adolescentes adoram HQs então por que não publicar conteúdos de ciências nas HQs? A aprendizagem dos jovens não se daria de forma mais agradável?

No Blog RNAm encontrei um quadrinho interessantíssimo que aborda o câncer com uma linguagem acessível aos leigos. Uma HQ tão bem feita que todo jovem de quadrinho leria com muito gosto. Caso queira ler a história em quadrinhos, clique aqui.

Está mais do que na hora de acabar com a indústria da idiotice e estabelecer uma metodologia prazerosa para os jovens aprenderem mais e melhor.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Só de passagem

Recebi este texto de minha querida amiga Izabel Tademos, ela disse que o texto tem minha cara, eu também acho, mas minha opinião acerca de mim mesmo não vale nada. Um texto curto, belo e filosófico.


Só de passagem ...Conta-se que no século passado, um turista brasileiro foi à cidade do Cairo no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio.O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros.As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.- Onde estão seus móveis? Perguntou o turista.E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também:- E onde estão os seus...?- Os meus?! Surpreendeu-se o turista.- Mas estou aqui só de passagem!- Eu também... - concluiu o sábio.
"A vida na Terra é somente uma passagem... No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de ser felizes."

"NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL... SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA..."

Padre polonês cria manual do sexo para casais católicos

Um frade franciscano (OFM) escreveu um manual de sexo para casais católicos. O objetivo do padre é que os casais possam melhorar sua vida sexual. Sinais dos tempos!!! Não faz muito tempo que a própria palavra sexo constituía um pecado para a "Santa Madre Igreja".

O padre Ksawery Knotz diz que o sexo no casamento não deveria ser chato mas sim "apimentado e cheio de fantasia". Lá na Polônia romanista, o livro é chamado de Kama-sutra Católico.

Algumas declarações interessantes do livro do frade minorita:

"Algumas pessoas, quando escutam falar no caráter sagrado do sexo no casamento, imaginam imediatamente que esse tipo de sexo tem que ser desprovido de alegria, brincadeiras e posições atraentes".

"Cada ato - um tipo de carícia, uma posição sexual - com o objetivo de excitar é permitido e agrada a Deus. Durante a relação sexual, casais casados podem demonstrar o seu amor de todas as maneiras, (eles) podem fazer um no outro as carícias mais desejadas."

"Casais casados celebram o seu sacramento, sua vida com Cristo, também durante o sexo".

"Chamar o sexo de celebração do sacramento do casamento eleva sua dignidade de uma maneira excepcional. Uma declaração como esta choca pessoas que aprenderam a ver a sexualidade de uma maneira ruim. É difícil para eles entender que Deus também quer que eles tenham uma vida sexual feliz e, por isso, deu a eles este presente."

A única coisa que o religioso condena é o uso de anticoncepcionais, mas isso é influência de Agostinho de Hipona, que pensava que a finalidade do casamento era a procriação. Quem sabe agora se os casais católicos, até então reprimidos possam ter uma vida sexual ativa e feliz com as bênçãos de Deus?

Quem escreveu um livro foi um monge celibatário, ao menos ele, afirma que é. O sexo nunca foi bem visto pela cristandade, principalmente pelos monges. Se o pensamento de Clemente de Alexandria tivesse triunfado ao invés do pensamento agostiniano, teríamos um cristianismo descomplexado e mais feliz. Pois Agostinho de Hipona em seus escritos tinha muito de maniqueu e neo-platônico e pouquíssimo de Cristo.

Há uma sentença atribuída (digo atribuída porque nunca encontrei a referência desse dito nos escritos do grande alexandrino, embora já tenha lido em livros e jornais antigos que a frase é de Clemente) a Clemente de Alexandria no que tange ao sexo que assim diz: "Não tenhamos vergonha de falar, naquilo que Deus não teve vergonha de criar".

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Futebol = alienação





Poucas coisas são tão alienantes quanto o futebol. O futebol é uma espécie de religião na qual o time é deus, e o estádio um templo. O futebol fanatiza as pessoas assim como o neo-pentecostalismo (renovação carismática católica e facções protestantes) e o fundamentalismo islâmico.

E dessa religião (futebol) pertencem pessoas de todos os credos e de credo nenhum. Desde que me conheço por gente nunca gostei de futebol, nunca, já fingi gostar para agradar as pessoas.

Acho engraçado que os ateus falem contra o fanatismo religioso mas não falam contra o fanatismo esportivo que é tão perigoso ou mais que o religioso. Por que será? O problema é o fanatismo ou Deus???

Durante as últimas semanas fui abordado com a seguinte pergunta feita por alunos da escola onde trabalho: "Professor qual é o teu time?"
Sempre respondo francamente: "Odeio futebol!". Evidente que minha resposta causa indignação dos alunos, tal afirmação soa a heresia.
Pacientemente tento lhes explicar que o jogador que hoje joga no Santos no dia seguinte estará jogando no Corinthians e vice-versa. Que o torcedor fanático alimenta esses parasitas (jogadores, empresários, presidentes de clubes, etc.) ao comprar a camisa oficial e outras quinquilharias que são vendidas a preço de ouro.

Disse ser ridículo admirar, admirar não, endeusar o tal "Ronaldo Fenômeno". E que eles (os alunos) o admiram e o respeitam não porque ele seja um intelectual, um cientista, não, respeitam-no simplesmente porque é jogador. Ele fez algo de notável? Lutou por um Brasil melhor? Ensinou a alguém algo que valha a pena ser aprendido?

E no entanto eu que sou professor não sou respeitado por um bom número dos alunos. Os professores eventuais, por exemplo, são carinhosamente chamados pelos seguintes adjetivos: "praga", "peste", "chato", "ruim" entre outros. Um futebolista não tem mérito algum e assim mesmo é louvado e idolatrado, ao passo que professores que tentam lecionar, são vistos como pessoas más, idiotas, otários, etc...

Outra coisa que me irrita é assistir as entrevistas dos jogadores. Todos sempre falam invariavelmente as mesmíssimas coisas. "Se Deus quiser a gente vai ganhar", "Fiz tantos gols graças à Deus" e outras coisas do mesmo gênero.

Numa partida de futebol vemos as coisas mais estranhas que um ser humano pode fazer e faz. Há jogadores que fazem certos rituais religiosos antes da partida para ganhar o jogo. Entre os torcedores há os que levam imagens de gesso de Nossa Senhora Aparecida, outros rezam o terço e fazem isso pensando que suas rezas vão interferir no resultado do jogo. Uma coisa verdadeiramente lastimável. Mesmo quem assiste o jogo televisionado faz coisas parecidas, crentes de que seus feitiços e mandingas darão certo.

Há ainda o aspecto mais grave do mundo futebolístico que é a violência entre as torcidas (des)organizadas. Essas brigas entre as torcidas mais parecem guerras religiosas, como as cruzadas por exemplo. Mas quem deveria dar o exemplo seriam os atletas que também são violentos.

Eu poderia explanar muito mais sobre a alienação do futebol, creio que isso seja o suficiente para que o(a) leitor(a) conheça os motivos pelo qual eu detesto esse esporte. Como não quero enfastiar o(a) amável leitor(a) paro por aqui.

Ó Tempora, ó mores! (Ó tempos, ó costumes)

terça-feira, 19 de maio de 2009

O desarmamento civil

Li um artigo de meu amigo Ravick no blog Os Amorais, no qual ele discorre acerca da violência urbana e ele não defende nem a tese de que "bandido bom é bandido morto" nem a tese de que o bandido é fruto da sociedade capitalista. Como o assunto me interessou resolvi deixar aqui o que penso acerca de tal assunto.

Que a sociedade está violenta não se faz mister dizer, não é preciso que um Datena da vida nos anuncie a fealdade de nosso mundo. Qual é a solução dos conservadores, dos "homens de bem" (TFP, Olavetes)? É uma solução imediatista: "Bandido bom é bandido morto", que "o homem de bem" tem o direito de se defender. Na teoria isso é lindo. Como discurso, maravilhoso!

Mas quais as consequências subjacentes disso?
No que o armamento é realmente útil para a sociedade?

O que subjaz desse argumento de armamento civil, é em primeiro lugar o individualismo, e isso é óbvio prejudica o coletivo que é a sociedade. Ora o coletivo é o todo e o cidadão é a parte do todo. A parte não pode tomar uma iniciativa que afete o todo, é ele o indivíduo que deve se adapatar à sociedade e não o contrário.
Com essa propaganda que "bandido bom é bandido morto" a direita quer transformar o país num velho oeste, um país sem fé, nem lei, nem rei. A partir do momento que eu faço justiça com minhas próprias mãos, nego o Estado, já não preciso do Estado. É cada um por si e Deus por ninguém. Se eu posso me defender com minha própria arma, estou afirmando que a polícia é inepta, afirmo que o Estado está falido, e por isso tomo uma iniciativa egocêntrica: "que eu viva e que se fodam os outros!". Interessante não?

Mas no que o armamento é realmente útil para a sociedade ou para o cidadão? Vejamos.
O "homem de bem", olavete e/ou tefepista acha que possuir uma arma é uma forma de se proteger ou de intimidar os bandidos. Ha ha ha, até parece.
O cidadão possui porte de arma? A maioria não possui, mas jura por Deus e por todos os santos que é cidadão de bem. Ele é bom atirador, fez alguma espécie de curso? É frio e calculista como o criminoso? Estará preparado caso seja abordado por bandidos?

Um bandido certamente não fez curso de atirador, mas como sua vida faz parte dessa guerra urbana, certamente tem melhor mira que o "homem de bem", que não fez curso e nunca treinou. Um bandido não hesita em atirar, talvez o cidadão de bem hesite. Caso nosso bom cidadão atire, ele pode errar e disparar uma bala perdida, há certa probabilidade.

O cidadão honesto ainda pode ser desarmado e ter sua arma roubada por meliantes. Aqui em minha cidade natal, São Vicente, soube de um caso onde o dono de uma doceria teve sua armada roubada por assaltantes, fora o prejuízo financeiro. Mais uma arma nas mãos dos bandidos e por quê? Por capricho desse cidadão cumpridor das leis que exigiu se "proteger" a si mesmo e a sua família.

Se o armamento civil não é a solução então qual é? Pressionar o governo, exigir dos "nossos representantes" que façam leis mais severas. Que o governo pague melhor à polícia, que lhes dê bons equipamentos e capacitação para trabalhar. Uma justa distribuição de rendas e um ensino de qualidade. Embora não fale abertamente o governo quer isso, que você se isole, que fique alienado por causa da violência e se esqueça de cobrar aos governantes e os nossos "representantes".

Não adianta, se você é favor das armas, pode se armar até os dentes. Uma hora, por causa do seu individualismo será atingido. Conhece aqueles filmes de mortos vivos como a trilogia Resident Evil, A Volta dos Mortos Vivos entre outros? Que mesma armada muita gente acaba mal?

Ora (direis) ouvir estrelas




"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido d espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender as estrelas".

Olavo Bilac


Se alguém ousasse dizer que ouvia estrelas na época de Bilac, certamente seria tido por doido. Mas hoje podemos ouvir estrelas. Mas hoje podemos ouvir estrelas e mais ainda, podemos ouvir o universo. Bilac está certíssimo quando diz: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido. Capaz de ouvir e entender as estrelas". Quem não as ama não pode nem ouvi-las nem entendê-las. E se hoje podemos ouvi-las é porque há quem as ame, esses amantes das estrelas são os astrônomos.



E pensar que Pitágoras cinco séculos antes de Cristo afirmava que o movimento dos planetas através do espaço produziam notas claras e fortes. [1] Como era sábio esse Pitágoras! Como podia saber ou suspeitar disso se não tinha aparelhos?

Como 2009 é o ano internacional da astronomia, resolvi deixar minha pequena contribuição aqui no diário de Um Bobo da Corte para todos os que amam o céu e para aqueles que desejam conhecer seus mistérios.

Para quem quiser ouvir outros sons do universo, clique aqui. Espero que gostem e apreciem cada vez mais o céu.

Ora direis ouvir estrelas!

Nota

[1] WILSON, Grove. Os Grandes Homens da Ciência - Suas Vidas e suas descobertas. Companhia Editora Nacional, Rio de Janeiro, 1940.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Homenagem a uma grande educadora - Izabel Tademos

Na escola em que trabalho há uma professora que agora é coordenadora pedagógica. Mulher inteligente, elegante, bonita, culta e de bem com a vida. É uma pessoa que admiro muito, e não é puxa-saquismo não, porque quem me conhece sabe que não sou bajulador, mesmo porque sou uma pessoa introspectiva, de poucos amigos e que ama o recolhimento.

Essa professora acredita na educação e ama os alunos e investe nos professores eventuais que gostam de trabalhar, neste pouco tempo em que trabalho na escola aprendi muito, mas muito mesmo com ela.

Todos os alunos que tiveram aulas com ela são todos elogios, são todos gratidão. Isso porque ela ensinava ao invés de ficar parasitando como muitos professores que andam por aí a reclamar do salário.

Ela é dona de uma paciência que estou para ver. Ela acredita e aposta no ser humano. E se, ainda acredito no ser humano e na sua transformação para melhor é por causa dessa professora, por causa do seu entusiasmo.

Casada, mãe de 5 filhos, ainda leva trabalho para casa e dá atenção aos filhos. Como sendo casada e com cinco filhos consegue ler e Pensar?

Ela sempre procura me animar, seu sorriso é contagiante e também sua vontade de dar um melhor ensino para os alunos. Perto dela eu me sinto aquela hiena do desenho animado que dizia: "Ó céus, ó vida, ó azar", ao passo que ela é o leão Lippy que sempre incentivava a hiena Hardy.

Como você pôde ler Izabel, falei de você neste meu artigo, porque em minha opinião você é merecedora de todos os louvores. Os meus mais profundos e sinceros agradecimentos por todas as coisas que me ensinou e por todas as vezes que me ajudou.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Os ateus e o ar

O Félix disse que eu posso postar aqui o que eu quiser... azar o dele! haha
Bem, falando sério, eu queria fazer uma tirinha que tivesse ateus como alvo (nada pessoal, é que geralmente elas têm teístas como tal, e eu queria variar um pouco, afinal não sou ateu e nada tenho contra religiões em si...). Ah, e sim, essa é a minha caricatura do Félix!
Inicialmente, eu desejava postá-la no OsAmorais, aí me ocorreu que nenhum dos meus personagens seria melhor para esse 'roteiro' do que a minha versão caricaturizada de meu amigo Félix. E, em seguida, que ela também tinha contexto para aparecer no Diário. Então optei por pôr links para ambos os blogs, esperei o Félix aparecer no msn para ver se ele concordava, e resolvi postar a tirinha apenas aqui, fazendo uma referência lá no meu blog para que se viesse lê-la aqui.
Sei que não é muito usual ver tirinhas aqui, mas como eu já tinha postado outra tirinha aqui, creio que não será tão "unusual" assim.
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Ei, Félix, lembra que eu tinha prometido fazer uma tirinha tendo você como personagem? =P

sábado, 9 de maio de 2009

Comentários sem-censura

Caro(a) leitor(a) lembra-se de quando escrevi o artigo no qual abordei a moderação dos comentários? Pois é, mudei de ideia e vou deixar os comentários sem moderação. Só apagarei os comentários anônimos, simplesmente porque são anônimos e não gozam de créditos.

No mais quem quiser me chamar de idiota ou aos meus colaboradores que chame. Uma coisa é chamar alguém de idiota e outra bem diferente é provar que a pessoa é idiota de fato. Ser chamado de idiota não dá um caráter mágico a palavra proferida transformando o receptor num idiota. O mesmo vale para xingamentos.

Um vai tomar no $¨¨¨#@&* não significa que eu vá tomar, significa tão somente que o ofensor é uma pessoa imatura, despreparada e desesperada. Cada um dá aquilo que tem. Uma pessoa sem princípios não pode me dar um elogio sincero, uma crítica apontando meus erros para que eu possa saná-los. Um ditado romano já dizia nemo dat quo non habet - ninguém dá aquilo que não tem. Se a pessoa não tem educação como poderá doar gentileza? Se não tem argumentos como poderá dar argumentos ao adversário? Se não tem o bom, o belo e o verdadeiro como poderá dar essas coisas ao semelhante? Cada um dá aquilo que tem. O estúpido dá sua estupidez, a arrogante sua arrogância e os burros seus coices. Quando não queremos um presente, um mimo o que fazemos? Recusamos e devolvemos o presente ao seu dono.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Gripe suína, Placas "Toquetônicas" e "Pocalipis"

O título que encima este artigo é deveras estranho. Mas usei o mesmo para chamar a sua atenção. Hoje pela manhã estive num consultório médico com o meu irmão adotivo. Ia fazer uma consulta rápida. Ele, muito expansivo fala pelos cotovelos, saúda a todos que encontra. Tendo chegado ao consultório, cumprimentou os presentes e pediu que não se achegassem muito perto dele porque estava gripado. Claro que achei toda essa cena ridícula, muito artificial. Aí veio uma brincadeirinha: "Será a gripe suína?". Se fosse - falei - todos aqui nesta sala já estariam infectados.

Uma senhora de meia-idade pôs-se a falar doutoralmente que a gripe é um vírus e que ele é mutante. Até aí tudo bem. Ela continuou: "Está escrito no Apocalipse que no fim dos tempos os vírus de várias doenças se espalhariam pelo mundo e mataria muita gente. Está lá no Apocalipse". Eu me segurei para não rir e para não mandá-la calar a boca.

Domingos, meu irmão, caridosamente quis informar à senhora que na Idade Média houve muitas mortes causada por epidemias e dentre elas, a peste negra, quis com isso dizer que epidemias não eram coisas novas.

No meu íntimo eu sabia que ela iria falar mais besteiras, então abri o meu livro "A Arte de Pensar" de Ernest Dimnet e tentei ler. A referida senhora falou catedraticamente: "Sim, é claro que a Idade Média teve muitas epidemias, todos os continentes estavam juntos, e aí os vírus eram levados pelos ventos, depois bem depois que começaram a se separar e aí os cruzados cruzaram os mares".

Fiquei mortificado por tamanha penitência que me foi imposta e que eu não merecia. Se houvesse um balãozinho de pensamentos como aqueles dos gibis sobre minha cabeça, o(a) leitor(a) leria os seguintes dizeres: "Domingos teme a gripe suína, e eu temo os vírus da estupidez que essa mulher profere descaradamente!".

Jesus disse: "Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva" (Jo 7,38). Essa mulher crê em Jesus, mas de seus seios não manaram rios de água viva, não mesmo. Porém de sua boca manaram não rios, mas oceanos de idiotices.

O mais trágico disso tudo é que no meio da conversa ela se apresentou como professora do Ensino fundamental I, isso foi o fim da picada. Se ela, uma "educadora" diz isso, imagine quem não é educador!!!

Veja caro(a) leitor(a) ela afirmou que a Pangéia ocorreu na Idade Média, quando sabemos que a Pangéia teve lugar há mais de 300.000.000 de anos. Se Alfred Wegener pôde ouvir tal aberração de que os continentes estavam juntos na Idade Média, tenho certeza de que ainda agora, ele deve estar se revirando em sua sepultura.

Outra coisa, a senhora apocalíptica parece não ter lido o Apocalipse, eu li o Apocalipse algumas vezes, e esse livro fala muitas coisas estranhas, mas nunca li que falasse de vírus H1N1. Talvez tenha lido e interpretado de acordo com os seus desejos de fazer acreditar as profecias do referido livro. As desgraças que acontecem em nosso mundo são boas oportunidades para os fideístas mostrarem que o Apocalipse está se realizando. Ela até se regozijou com o cumprimento dessas "profecias", o Apocalipse está certo, não importa que sejamos nós as vítimas.

Concluo com isso caro(a) leitor(a) que não existe doença mais perniciosa do que a ignorância! Essa ignorância pode destruir a nossa espécie e todas as outras.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tomates Verdes Fritos

Hoje pela manhã ganhei de presente de uma professora a quem muito admiro por seu humanismo e didática, o DVD Tomates Verdes Fritos. Não vi a hora de chegar em casa para assistir ao filme. Espetacular!!! Quem acompanha este blog sabe que eu sou ligado mesmo aos livros. Mas esse filme é tão bom que merece ser divulgado e assistido.

Você gosta de filosofia? Então assista. Gosta de psicologia assista. Não gosta nem de filosofia nem de psicologia? Tenho certeza que do filme gostará!

De repente aí em frente do seu computador ou mesmo num computador alheio (às vezes acessamos de computadores alheios por diversos motivos que não vem ao caso) surge a pergunta: Por que perder duas preciosas horas de meu sacratíssimo tempo para assistir esse filme?

Aparentemente você perde duas horas, mas na realidade ganhará 10, 20, 30 anos ou mais de experiências. O(a) leitor(a) dirá que o Bobo da Corte pirou de vez.
Não, não. Não pirei. O filme passa ensinamentos que só aprenderíamos ao longo de várias décadas. Assista para ver, confira e depois me diga.

A protagonista do filme Evelyn Couch é uma mulher casada e reprimida e para compensar suas frustrações come muitos doces. Seu marido lhe é indiferente, não lhe dando a mínima atenção. Evelyn tenta salvar seu casamento até frequentando cursos.

Numa certa semana quando vai visitar a tia do marido que não gosta dela, Evelin fica do lado de fora e conhece uma velhinha muito simpática, a senhora Ninny Threadgoode . Essa senhora adora contar histórias e essas histórias começam a mexer com Evelyn.

Ninny conta a história de sua parente Idgie uma menina e depois moça que era diferente, moça que não aceitava as convenções da sociedade hipócrita. Quando menina Idgie era muito apegada ao seu irmão Buddy que morreu atropelado por um trem numa fatalidade.

Após a morte do irmão não falava com ninguém e ficaram preocupada com ela e pediram a Ruth que a ajudasse, que era a única pessoa com quem falava. Mas Ruth não a ajudou, foi ajudada e muito ajudada, quer saber mais? Assista ao filme.

O filme se passa na década de 30 do século passado numa cidadezinha sem expressão. O filme Tomates Verdes Fritos traz surpresas do começo ao fim. Fala um pouco da Klu Klux Klan, de amor homossexual não assumido por Idgie e Ruth por causa da época em que viveram. Da coragem da protagonista, da hipocrisia dos cristãos, da verdadeira religiosidade, da alegria de viver sem medo de ser feliz sem se preocupar com os que os outros dizem a respeito. E até de um pastor de quem a Idgie não gostava que mentiu no tribunal para salvar a "pele" da mesma.

Mas o ponto alto do filme foi a transformação de Evelyn numa mulher bela, independente e com auto estima, graças às histórias da bondosa velhinha. E foi desse modo que o marido começou a lhe dar o valor merecido. Para quem não acredita que exemplos possam transformar as pessoas, fica aí a minha dica: assista ao filme.

Sem mais deixo o meu abraço ao (a) leitor(a) amigo(a).

domingo, 3 de maio de 2009

Quando a genética ajuda a história

Até pouco tempo os únicos recursos que os historiadores tinham para estudar a pré-história eram a paleoantropologia, a paleontologia (que estuda a evolução primata-homem) e a arqueologia. De uns anos para cá, a genética surgiu como uma nova ferramenta para compreendermos a vida do homem antes da escrita, isto é, a vida do homem na pré-história.

Hoje graças à genética sabe-se que todos os seres humanos do planeta são descendentes de 2000 seres humanos que viveram na África. A genética já provou que a menor variabilidade entre os 6 bilhões de seres humanos do que um bando de chimpanzé, o que não é uma boa notícia para os racistas, coitados!

Também sabemos pela genética que nossa espécie quase desapareceu há 100.000 anos por causa da seca na África, visto que nossos ancestrais eram caçadores-coletores e por isso, grande parte da população morreu de fome.

Na questão da origem dos indígenas e de como chegaram a América, a genética também resolve o problema. Uma equipe de pesquisadores coordenada por Marco Antônio Zago e Wilson Silva Júnior., da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Chegaram a sequenciar e estudar nos ameríndios o perfil das mutações e a diversidade do chamado DNA mitocondrial. E segundo seus estudos os ameríndios chegaram da Ásia pelo estreito de Bering, na época Beríngia que era um pedaço de terra que ligava a Ásia à América. Chegaram em uma única viagem há cerca de 21.000 anos.

Não é interessante como a biologia, mais particularmente a genética pode ajudar a desvendar a história? E que sem a genética talvez jamais soubéssemos disso? E também não é intrigante saber que todas as disciplinas estão interligadas, que as disciplinas são naturalmente interdiciplinares?

Pois é, caro(a) leitor(a) se você gosta de história, espero que com esse artigo você passe a gostar também de biologia e se você gosta de biologia espero que passe a gostar de história e se por ventura você gosta de ambas, só tenho que lhe parabenizar.