A reportagem da cartilha de Adam Smith reeditada fala outras tantas mesmices cantaroladas pelos ingênuos úteis. A cartilha assim fecha seu artigo sobre a educação: "Pela mesma razão que o estado é laico, as aulas do estado também deveriam ser politicamente neutras".
A ditadura que os militares impuseram no Brasil, com as bênçãos do Tio Sam, era conservadora, isto é, da direita. A Veja bem que poderia ter dito aos militares que em sendo o estado laico, o ensino também deveria ser neutro, e que não havia razão para incluir Educação Moral e Cívica e OSPB no currículo escolar do antigo primeiro grau. Os militares que eram da direita apoiados pela ARENA, que depois virou PDS, o PDS que pariu o PFL que em 2007 mudou seu nome para Democratas, não tinham um ensino neutro. Engraçado né? Quando a direita está no poder não há ensino neutro, mas quando a esquerda entra no poder, os burgueses pedem o ensino neutro, justamente porque não podem impor a sua ideologia doentia no ensino.
Foram esses que hoje são conhecidos como Democratas que tiraram a filosofia das escolas públicas, que diminuíram a carga horária de história e geografia. Imagino como devia ser bom o ensino naqueles doces tempos da ditadura militar.
A revista Veja que tanto fala em neutralidade poderia começar dando o exemplo, deixando de lado sua parcialidade quase absoluta. Porque ela não forma nem informa, apenas deforma seus leitores, tirando-lhes o que neles resta de senso crítico.
Vejamos um breve exemplo da neutralidade e da imparcialidade dessa maravilhosa revista que luta pelos direitos do homem de bem.
Em 2005 que foi o ano do referendo sobre o desarmamento a sociedade promoveu debates, procurando mostrar os dois lados: do Sim e do Não. O mínimo que se espera de uma revista que se diga informativa é que ela seja imparcial ou que procure ser imparcial ou ainda, que seja o menos parcial possível.As revistas Época (esta das organizações globo e portanto anti-esquerda) e Isto É, procuraram a neutralidade. A revista "Época", com tiragem de 420 mil exemplares, teve um posicionamento neutro nessa discussão. Em sua edição 385, outubro de 2005, cuja capa era "Armas, entenda antes de votar. O que pode mudar em sua vida com o plebiscito do dia 23" e em sua edição 386, outubro de 2005, cuja capa "10 mitos sobre as armas (contra e a favor)", demonstraram que a revista preferiu não se engajar e, assim, promover um debate pluralista. Seguindo essa mesma lógica, a revista "Isto É", edição nº1878 do dia 12 de outubro de 2005, também se manteve neutra. Empenhou-se em dar o mesmo espaço para as duas frentes parlamentares e estampou em sua capa a seguinte manchete: "7 razões para votar SIM" e "7 razões para votar NÃO". Mas a revista Veja em seu jornalismo "sério" e não querendo manipular ninguém, mostrou apenas o lado que lhe interessava ou seja não houve debates, mas uma imposição dogmática, religiosa, de que votar NÃO é a única opção viável e quem não o fizer não é cidadão de bem!Já a Revista Veja, edição 1925, de 5 de outubro de 2005, posicionou-se a favor do NÃO e estampou em sua capa a seguinte manchete: "7 razões para votar NÃO / A proibição vai desarmar a população e fortalecer o arsenal dos bandidos".
E a imprensa marrom quer neutralidade para os outros mas não para si.
P.S.: Para quem quiser saber mais acerca do Ensino, principalmente de história, na época dos militares recomendo a leitura de "
A DITADURA MILITAR BRASILEIRA E SUAS
IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE HISTÓRIA", que você poderá ler ao clicar aqui.
Um comentário:
"Foram esses que hoje são conhecidos como Democratas que tiraram a filosofia das escolas públicas, que diminuíram a carga horária de história e geografia. Imagino como devia ser bom o ensino naqueles doces tempos da ditadura militar."
E técnicas comerciais! Foram eles tbm q a tiraram do ciurrículo, não foi? Me fez uma falta :(
Cara, faz uma postagem com as razões neutras da Época :o Fiquei curioso :o
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