segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Batman e o Dr. Fredric Wertham

Para quem pensava que o pior inimigo do Batman era o Coringa está redondamente enganado(a). O Coringa perto do Dr. Fredric Wertham não passa de um moleque arteiro. Doutor Fredric Wertham, odiava o Batman mais do que todos os seus inimigos juntos somados e multiplicados.

Você que me lê, pode até me perguntar: "Onde eu consigo um gibi do Batman no qual ele enfrenta o Dr. Wertham? A resposta é: Não consegue. Porque o doutor Wertham não é um personagem criado por Bob Kane, a não ser que tenha sido criado por Deus, para nos fazer rir. Fredric Wertham existiu de verdade, embora o Batman seja fruto da imaginação de Bob Kane, ele (o homem morcego) foi perseguido como um ser real.

No remoto ano de 1955 o doutor Fredric Wertham escreveu o livro A Sedução do Inocente, um livro de "psicologia social", onde o autor persegue pessoas e personagens inocentes.

Adivinhe porque o doutor Wertham lutou contra "as imoralidades" do Batman e de outros super-heróis. Porque ele era protestante puritano, daqueles que desembarcaram do Mayflower nos EUA e se vestiam de preto, e não podiam cantar, dançar, sorrir e que no domingo ficavam o dia inteiro a ouvir sermões sobre o diabo e o inferno. E as moças que demonstrassem alegria naquelas tristes épocas, eram acusadas de bruxaria e mortas sumariamente sem quaisquer julgamentos!!!! Saudades da inquisição, ao menos a Igreja Papista tinha um tribunal e os julgamentos obedeciam a um processo.

Graças ao livro as autoridades responsáveis "pela moral e bons costumes" resolveu criar um código de ética das histórias em quadrinho:


1 - Divórcio não deve ser tratado humoristicamente, nem ser representado como algo desejável.
2 - Relações sexuais ilícitas não devem ser retratadas e anormalidades sexuais são inaceitáveis.
3 - Todas as situações que tratem da unidade familiar devem ter como principal objetivo a proteção das crianças e da vida familiar. Em caso algum a quebra do código de moral deve ser representada como recompensadora.
4 - Estupro nunca deve ser mostrado ou sugerido. Sedução não deve ser mostrada.
5 - Perversão sexual ou qualquer alusão ao desvio é estritamente proibida. [1]

Na época em que o homossexualismo era tido como uma perversão, anomalia e pecado, o doutor Fredric Wertham acusou o Batman de ser homossexual (o homossexualismo não é pecado nem perversão, mas uma opção, mas naquelas épocas...). Para Wertham:

"Todo pré-adolescente tem um período que despreza as meninas. Algumas revistas em quadrinhos fixam essa atitude e ainda criam a idéia de que garotas só servem para apanhar ou seduzir. É sugerida uma atitude homoerótica da forma que a masculinidade é apresentada. As mulheres sempre são bruxas ou violentas. As mulheres sempre são desenhadas num tom pouco erótico. Já os heróis sempre estão em tons agressivamente eróticos. O musculoso super-tipo é enfatizado com o objetivo de criar estímulo e curiosidade sexual no leitor". [2]

Wertham lembra certos pastores protestantes que vêem o mal em tudo. Wertham é um tipo de pastor Josué Yrion mais sofisticado que vê o mal em tudo, exceto nele mesmo. Por falar em Josué Yrion, deixo alguns links dos vídeos desse aborto da natureza que é Josué Yrion:

http://www.youtube.com/watch?v=_Wud5vSIQ0I
http://www.youtube.com/watch?v=gfN_7Xfkz5A&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=4M3QIBHjKc0&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=nBR2FIlnSVY&feature=related

Caro(a) leitor(a) perdoe-me a digressão, pois não podia perder a oportunidade de traçar uma rápida comparação entre o doutor Fredric Wertham e o asqueroso pastor Josué Yrion que fanatiza as mentes incautas.

Mas retornando ao doutor Wertham, ele acreditava que não só os gibis do Batman eram nocivos, mas de muitos outros super-heróis, mas seu alvo preferido era o Batman. Acerca desse herói escreveu:

"Algumas vezes, Batman está de cama por causa de algum ferimento. Robin aparece sentado ao seu lado. Eles levam uma vida idílica. São Bruce Wayne e Dick Grayson. Bruce é descrito como milionário bon vivant e Dick como seu pupilo. Eles moram numa mansão suntuosa com lindas flores em vasos enormes. Têm um mordomo, Alfred. Batman aparece algumas vezes de roupão. Parece um paraíso, um sonho de consumo de dois homossexuais que vivem juntos. Às vezes aparecem num sofá. Bruce reclinado e Dick ao seu lado sem paletó e de camisa aberta". [3]

Mas coisas como essas só eram vistas pelo puritaníssimo doutor, assim como a mente pervertida de Josué Yrion vê sexo e perversão onde tais coisas não existem. São verdadeiros espíritos de porcos.
A partir dos anos 50 a "moralite aguda" atacou a nação ianque e graças ao código de ética muitas carreiras foram destruídas e muitas empresas foram à bancarrota.
Após esse quiproquó, Batman e Robin tiveram que se adaptar aos novos tempos, e para que não desconfiassem que eram homossexuais foram criadas as personagens Batwoman e Batgirl. A Batgirl era sobrinha da Batwoman, e era a companheira/namorada de Robin e a Batwoman faria par com o Batman.

E por que o doutor foi levado à sério? Foi levado à sério porque não lhe faltavam credenciais. "Era o psiquiatra-chefe do maior hospital psiquiátrico de Nova York, o Bellevue. Na década de 20, recém-formado, correspondera-se com ninguém menos que Sigmund Freud, pai da psicanálise". [4]

Mas afinal por que odiava tanto o Batman, por que o acusava de homossexualismo? Porque o doutor Wertham, sim, o doutor Wertham teve casos homossexuais na adolescência. Era um reprimido. Ele projetou no Batman todo o ódio que tinha de seus pensamentos e sentimentos homossexuais. Ele se odiava a si mesmo no Batman, a figura de Bruce Wayne e Dick Grayson o perturbava sobremaneira. Não era ao Batman que combatia mas suas tendências homoeróticas.
Falei de projeção que é um termo da psicologia, e aqui alguém pode me indagar: O que é projeção? Projeção em psicologia analítica é o ato de transferir para outrem os seus vícios, defeitos ou algo que não aceita, e foi isso que o doutor Fredric Wertham fez, transferiu para o Batman o homossexualismo que não aceitava em si. Para ficar mais claro, é o famoso bode expiatório.

O autor do Batman, Bob Kane nunca afirmou nem sequer insinuou que o Batman fosse gay, e mesmo que fosse, a rosca é dele, e ele dá para quiser, até mesmo para o Coringa, e tenho dito.

Bibliografia:
Notas: 1,2,3: http://www.omelete.com.br/quad/100002628/Batman_e_a__i_Seducao_do_inocente__i_.aspx
4: http://super.abril.com.br/superarquivo/2004/conteudo_333012.shtml

2 comentários:

Ravick disse...

Além de projetar, acho que o pastoreco buscava uma "desculpa": !"Eu fiz aquilo pq os caras dos gibis me influenciaram" hehehe

Fernando Rodrigues Felix disse...

Vai ver que ele queria ter um caso com o Batman e queria abrir uma nova batcaverna para o homem-morcego.