Jesus é uma das figuras mais cativantes da história humana. Ninguém fica indiferente à Jesus Cristo, ou se ama a Jesus ou se odeia. Não vou discorrer aqui sobre a existência histórica de Jesus, até porque é consenso entre os historiadores de que viveu na Palestina cerca de 2000 anos um homem chamado Jesus e que era um mestre religioso. Há quem negue sua existência histórica por ódio ou por ignorância, seria o mesmo que tapar o sol com a peneira.
O que me cativa em Jesus de Nazaré é sua identificação com os pobres, desvalidos, enfermos, enfim todos os marginalizados. E por isso tudo sou cristão. Porque o cristianismo é antes de tudo práxis, prática do amor e não sermões sobre coisas mirabolantes.
É emocionante ver como Cristo condena os ricos, as riquezas e como ama os pobres. A meu ver Jesus foi o maior socialista de todos os tempos. Pois ensinou que quem ama deve repartir. Não ensinou a violência de Robespierre nem as atrocidades da ex-U.R.S.S.
Vejo o cristianismo como a religião da alteridade, isto é, voltada para o outro, ao menos foi isso que Jesus ensinou durante o seu ministério.
Para quem já leu os Evangelhos independente de crer neles, bem sabe que Jesus se apresenta como Filho de Deus e como igual à Deus. E nesse ponto ele foi didático. Por quê? Porque sendo Deus se identificou com os marginalizados, com aqueles que eram considerados lixo pela sociedade de então e também por nossa sociedade.
No capítulo 25, 31-46 do Evangelho de São Mateus temos a cena do juízo final onde ele, Jesus se identifica com os desvalidos. Cristo mostra aí que o verdadeiro cristianismo é amar os necessitados não de boca, mas de coração e esse amor se manifesta no serviço aos necessitados. Se Jesus é Deus, onde devo encontrá-lo na Igreja? Esse seria o raciocínio lógico, todos os povos sempre procuraram Deus ou seus deuses nos lugares sagrados, templos. Mas a Jesus ninguém o encontra nas igrejas, missas e cultos, não. Jesus é encontrado fora das igrejas: nas ruas, nos hospitais, asilos, orfanatos, cadeias, etc. Um Deus que é encontrado em lugares nada santos! Ao menos para os "santarrões" de plantão. Acontece que Jesus santificou esses lugares, pois onde há um sofredor lá está ele.
O critério de julgamento de Cristo não é saber quantos rosários você desfiou, quantas missas assistiu, quantas vezes comungou, de quantos cultos participou ou quantas vezes leu a Bíblia. Nada disso. O critério de julgamento dele é: "todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes." e "todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer". Esquisito não? Mesmo um ateu que ama o seu próximo e lhe faz o bem, na verdade (em minha visão é claro) serve a Cristo. Pois o critério de Jesus nem é a fé, mas o amor, a caridade. Daí Allan Kardec dizer com razão: "Fora da Caridade não há Salvação".
Quando mais moço li a Odisséia de Homero e me recordo que Ulisses se disfarçou de mendigo e foi acolhido por seu servo Eumeu. Mas sofreu todo tipo de ultraje, escárnio e humilhações pela nobreza parasitária que desejava esposar Penélope. Grande lição, as pessoas conhecem-se tão somente pelas aparências. Isso mostra como os potentados gostam de humilhar os mais fracos por sua aparência frágil. No final Ulisses remete seus inimigos ao Hades.
São João Crisóstomo disse com muita razão: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem o honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez. Aquele que disse: isto é o meu Corpo, confirmando o facto com a sua palavra, também afirmou: vistes-me com fome e não me destes de comer; e ainda: quantas vezes o recusastes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o recusastes. No templo, o Corpo de Cristo não precisa de mantos, mas de almas puras, mas na pessoa dos pobres, Ele precisa de todo o nosso cuidado". Homilia 50 sobre o Evangelho de Mateus.
Como havia dito no início do texto, o cristianismo é prática e não blá blá blá e nhenhenhem. Os que se dizem cristãos em sua maioria nunca seguiu os ensinamentos de Cristo. E inculpavelmente Cristo é odiado por essa raça de víboras. Termino este texto com uma frase retirada de um sermão de Santo Antônio de Pádua: "Cessem as palavras e comecem as ações".
2 comentários:
Concordo com tudo, embora eu ache comunismo (os bens de todos) mais apropriado do que socialismo (os bens são do Estado).
Tbm tenho a visão de que uma maior proporção dos ateus agem de acordo com o critianismo do que a de cristãos...
Há seguidores de Cristo entre os mulçumanos, judeus e também ateus.
Jesus Cristo disse em seu evangelho: "Nem todo o que me diz senhor, senhor, entrará no reino dos céus, mas somente aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus".
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