quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

LAVE A BOCA PARA FALAR DE NIETZSCHE

 
Atenção: Se o seu conhecimento de Nietzsche se resume a resenhas de revistas, a livreto de chororo do filósofo não vou linkar aquela bosta de livro, jornais ou as impressões causadas pela mídia para fazer deste filósofo algo POP e “interessantérrimo” (entenda esta última palavra com acentuada afetação homossexual) , este artigo é para você. Se além-homem (você deve conhecer como super-homem, é mais fashion), eterno retorno, vontade de potência, niilismo lhe causam fissura e só fazem lhe chamar mais a atenção para o filósofo que você acreditada de “orelhada” que foi o precursor do nazismo você é estúpido e medíocre este artigo é essencial para sua parvorice.

Moro em minha própria casa.
Nada imitei de ninguém.
E ainda ri de todo mestre,
Quem não riu de si também.
Friedrich Nietzsche

Este artigo para desgosto daqueles que citam Nietzsche para parecer inteligentes e exótico na mesa do bar, abordará brevemente o legado de seus escritos para a epistemologia, tema que não serve de cantada para nenhum tipo de mulher. O que já é para os leitores parvos e pops minha primeira contribuição com seu intendimento curto ou distorcido:

Dentre as contribuições de Nietzsche para a filosofia uma das mais importante foi para a teoria do conhecimento.

Falando brevemente de teoria do conhecimento, passamos novamente a um breve resumo: A teoria do conhecimento, se interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos?


Apesar de todo avanço no campo da epistemologia e seu esgotamento em Kant, muito pouco foi feito além de categorizar as correntes sobre como o conhecimento é possível (dogmatismo, ceticismo, empirismos, racionalismo, realismo, idealismo...) e fundamentalmente todas as questões traziam como essencial o mesmo ponto de partida: o ser, o ente e a verdade. Entendendo aqui não somente suas definições, mas que existe “a verdade” e o ser por um meio definido poderia atingi-la.

Nietzsche atento ao fato de que a verdade sempre foi parte de um domínio inscreve o conhecimento numa perspectiva fisiológica e genealógica. Desafia o costume e subverte o sentido do ato de conhecer para não mais simplesmente conhecer, mas para dominar.

Neste sentido seu pensamento se aproxima e expande para além do conceito de Marx para Ideologia. A verdade é apenas uma simplificação da complexidade da vida em nome de uma necessidade prática ou de um grupo dominante. A reconciliação de Marxs e Nietzsche acontece em Ideologia Alemã e Genealogia da Moral.

Os conceitos de ser, ente, verdade, alma, são duramente atacados e esvaziados. Para este conceito instaura o devir, os centros de força, vontade de potência, alma como interiorização dos instintos. Para o finalismo opõem o eterno retorno. Não são temas para apenas um artigo.

O legado “daquele que filosofava a golpes de martelo” para a epistemologia foi o Perspectivismo. Nietszche abre a filosofia para um novo cenário, onde florescerá o existencialismo, a fenomenologia. A problematização da filosofia é tirada do colo de Deus e da Razão e colocada diante do Homem.

Além do bem e do mal, além da verdade e da mentira, além de si mesmo, basta querer...

Este artigo foi escrito em um acesso de fúria que me acomete frequentemente ao encontrar aqueles que só dizem parvolice a respeito deste que é um dos mais importantes nomes da filosofia.

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Brevíssima resenha sobre Nietzsche (fragmentado do verbete na Wikipédia em língua portuguesa)

Friedrich Wilhelm Nietzsche foi um influente filósofo alemão do século XIX.

Nascimento: 15 de Outubro de 1844 - Röcken, Alemanha
Morte: 25 de Agosto de 1900 (55 anos) - Weimar, Alemanha
Nacionalidade: Alemã
Ocupação: Filósofo e filólogo
Obra máxima: Assim falou Zaratustra
Escola/tradição: Filosofia Contemporânea, Filosofia continental, Romantismo
Principais interesses: Epistemologia, Ética, Ontologia, Filosofia da história, Psicologia
Idéias notáveis: Morte de Deus, Vontade de Poder, Eterno retorno, Super-Homem, Perspectivismo, Apolíneo e Dionisíaco
Influências: Heráclito, Platão, Montaigne, Spinoza, Kant, Goethe, Schiller, Schopenhauer, Heine, Emerson, Poe, Wagner, Dostoiévski
Influenciados: Rilke, Jung, Iqbal, Jaspers, Heidegger, Bataille, Rand, Sartre, Camus, Deleuze, Foucault, Derrida, Sigmund Freud
Veja mais aqui.

Para uma breve introdução a problemática da epistemologia recomendo o artigo na wikipedia.
Para introdução a alguns dos conceitos chaves veja o tópico no orkut  que inicie e que será constantemente atualizado.
O artigo inconcluso, falta adaptar as folhas de estilo, sobre vontade de potência na wikipédia também é de minha autoria.

Leia também: A morte de Deus!

Um comentário:

Fernando Rodrigues Felix disse...

Caro Chris!

Li o seu artigo sobre Nietzsche, foi uma abordagem suscinta e didática.

Gostei do que escreveu, e vc sabe que eu não preciso ser um bajulador. Desde que tenho começado a ler sobre Nietzsche tenho mudado meus conceitos sobre sua obra.

Sem mais, um forte abraço.