sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Francisco Sanches, o Descartes português



René Descartes, filósofo francês ficou conhecido por uma frase sua muito repetida e pouco entendida: "Cogito ergo sum" - "Penso, logo existo". Sentença essa que faz parte da dúvida metódica, que simplesmente mostra que se para fazer ciência é preciso não se aferrar a opiniões estabelecidas. Mas que deve se duvidar de tudo, e se duvidando de tudo pode-se fazer ciência. Exemplo claro temos no: "Penso, logo existo", uma vez que duvido de minha existência, é preciso que alguém exista, para duvidar, esse alguém sou eu. Se eu não existisse eu não poderia duvidar de minha existência, se duvido é sinal evidente de que existo.




Mas não é de Descartes que vou falar, mas de um português que o precedeu e chegou as mesmas conclusões que chegaria Descartes mais tarde. Francisco Sanches foi médico e filósofo (1550-1623).


Sanches revoltou-se com o ensino de sua época, que era um ensino imposto, inquestionável, como se o ensino fosse imutável, universal e absolutamente necessário. Era um ensino baseado na escolástica nominalista, os mestres diziam a seus alunos que podiam provar tudo através de silogismos. A questão desses mestres, era que gostavam de fraseologias vazias, que gostavam de "metafisicar", de dar significado diferente as palavras. Daí Sanches escrever o seu livro Que Nada Se Sabe, livro no qual desmontou as falácias do palavreado vazio. Demonstrou que ninguém conhece mesmo as definições com a qual nomeia um objeto. E numa parte citando Aristóteles que era a autoridade da época, demonstra que uma definição dele era diferente de uma definição dada por Cícero, aliás, Sanches defende que Cícero nesse quesito sabia mais que Aristóteles, uma vez que era orador e por isso era obrigado a lidar com as palavras e suas definições.

Para quem se interessar mais pela obra do erudito português recomendo os e-books que podem ser lidos rapidamente: Francisco Sanches e o problema da certeza e Que Nada se Sabe. Creio que vale a pena a leitura desses e-books, afinal cultura nunca é demais.

Quantos filósofos há desconhecidos de nós, filósofos que se perderam entre a multidão de outros pensadores, que muitas vezes nem eram brilhantes. E esses que são anônimos tiveram pensamentos elevados e precisam sair do anonimato para o bem daqueles que amam o saber.







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