segunda-feira, 15 de maio de 2017

Refletindo sobre filmes - Somente para quem JÁ ASSISTIU 'A autopsia'



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Aprenda a pensar melhor e com mais vigor tentando reconstituir a trama de um filme qualquer.

Mesmo um filme de ficção ou fantasia, que foge a realidade vivida, pode se converter num saudável e até delicioso exercício de lógica.

Bastando para tanto que nos esforcemos por reconstituir sua trama, vinculando as diversas cenas, suprindo as lacunas e tornando a narrativa significativa.

Neste Domingo assisti um filme relativamente bom e que se presta perfeitamente a este exercício.

Trata-se do filme 'A autopsia' o qual, como o próprio nome já indica, pertence ao gênero Terror, alias um de meus preferidos. Filmes de mistério, drama e terror, via de regra, são muito bons para serem reconstituídos. Claro que estamos falando de terror inteligente e não de banalidades como "Abraão Lincol caçador de vampiros" ou o ultra detestável 'Silent Hill'.

Sem ser excelente 'A autopsia' não apenas dá conta do recado como até pode ser uma boa pedida.

Não é nojento, não é sádico e nem mesmo capaz de te dar grandes sustos. É antes daquelas obras que devido ao ambiente - Espaço e decoração - garantem uma sensação difusa de terror do começo ao fim. Bem a gosto do 'gialo' italiano e dos mestres L Bava e Dário Argento. O jogo de luz e sombra, bem como de cores, foi muito bem explorado... O autor conseguiu explorar até mesmo a relação feérica entre trevas e som...

O espaço da mortuária em L, com os lambris de madeira marrom e o espelho localizado num dos cantos foi igualmente engenhoso.

Temo que as pessoas medíocres ou comuns - Este filme não é feito para pessoas vulgares como as que apreciam filmes de vampiro ou lobisomem - não serão capazes de aprecia-lo com a devida justeza e até confesso que esperava mais dos 'zumbis' espalhados pela casa ou do final, i é, a morte do derradeiro personagem. Penso que as falhas do filme foram estas - Os zumbis poderiam aparecer mais um tanto - O autor preferiu explorar mais o elemento simbólico - e 'aprontar' mais e o derradeiro sobrevivente 'sofrer' mais... Um fim mais engenhoso converteria esta película num verdadeiro clássico, foi o que não aconteceu.

Outro aspecto do filme bastante apreciado por muitos é a trilha sonora, igualmente muito bem produzida.

E no entanto, assevero que vale a pena sair de casa e dar uma conferida nesta obra. A qual será capaz de surpreender o cinéfilo inteligente.

A semelhança de diversos clássicos como: Os outros, Os passageiros, Sexto sentido, Mistério da libélula, O último portal, etc

A produção anglo estado unidense do ano passado conta com a atuação brilhante de Brian Cox e Emile Hirsch - como pai e filho proprietários de um necrótério - além da participação do divino Michael McElhatton e evidentemente Olwen C Kelly como a autopsiada. A direção é de André Ovredal.

Enfim se ainda não assistiu não passe daqui, pois passamos a deslindar a trama -


  • A cena de assassinato que abre este filme não precisa ser explicada. Pois os eventos sucedidos no necrotério servirão como explicação para ela. 
  • A 'vampira' - Chamemos assim a autopsiada - não estava sendo enterrada no porão da casa da família assassinada, mas desenterrada.
  • Segundo podemos inferir a partir do diálogo entre pai e filho no necrotério os restos estraçalhados da moça haviam sido trazidos do Norte do pais e enterrados numa primitiva turfeira, posteriormente ocupada pela casa da família assassinada.
  • Como a casa estava passando por reformar, infere-se naturalmente que uma escavação feita no porão trouxe a tona os restos mortais da 'vampira'. Podendo-se bem calcular o que ela 'fez' ali com o objetivo de recompor seu corpo.
  • Ao menos a princípio o xerife parece ter julgado que o cadáver da moça estava sendo enterrado e não desenterrado.
  • Em que pese a possibilidade de sido trazido da 'onipresente' vila de Salém, a moça certamente não era uma bruxa, mas, uma vampira. O que se infere já pelo canino arrancado quanto por seu 'modus operandi'.
  • Nem Tommy nem Austin parecem estar psicologicamente afetados. Nem há evidência algum de que consumissem drogas ou fossem alcoólatras. Como tantas outras obras do gênero este filme não explora a ambiguidade clássica entre anormalidade e sobrenatural, entrando decididamente pelo último caminho. Não há outra hipótese, o filme é sobrenatural desde o princípio e até certo ponto pretende já ridicularizar o pensamento científico ou, ao menos, apontar a existência de mistérios irredutíveis a abordagem científica, esta última perspectiva, por sinal, admissível.
  • O que não se pode saber é se a entidade vampiresca, representada pela 'Jane Doe' atua materialmente por meio dos zumbis ou se atua apenas mentalmente produzindo ilusões. Mesmo porque a tempestade que cai do lado de fora da casa não é real. Logo todos os demais fenômenos poderiam igualmente não ter sido reais. Nem podemos admitir que uma tempestade tenha caído apenas sobre a mortuária, já que não havia tronco de árvore algum obstruindo a saída.
  • Evidente que a mosca saída do nariz da autopsiada é responsável pela trágica morte do simpático Stanley, ao que tudo indica acometido por miíase, e sacrificado pelo dono.,.
  • A partir das impressões trocadas pelos dois principais protagonistas, infere-se que a entidade ou não podia - Embora certamente pudesse tortura-lo - ou não queria mata-los. Sou pelo não queria, supondo que ela desejava produzir insuportáveis situações de angústia capazes de fazer suas prezas matarem-se umas as outras. O que seria certamente mais cruel - Dai o velho ter sacrificado o gato e matado involuntariamente a namorada do filho e o filho ter de sacrificar o pai. O que nos permite intuir o que teria acontecido no primeiro cenário, da casa. A última personagem restante é sempre levada a matar-se.
  • O derradeiro aspecto da trama a ser 'decifrado' é o motivo porque a entidade assim procede ou o que a leva a torturar pessoas e fazer com que acabem matando-se umas as outras? Em se considerando uma entidade psiquicamente vampiresca, só nos resta concluir que alimenta-se das sensações de medo e angústia produzidas nos seres humanos. A partir das quais consegue recompor o próprio corpo após ter sido danificado, talvez - Quem o sabe? - até o momento de recobrar a vida e despertar. 

Decifrada ou compreendida nos termos acima a narrativa assume conotações de genialidade não?

Tais as nossas constatações.

Que julgamos útil apresentar ao amigo leitor.

E sua apreciação a respeito do filme, qual é?

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