quarta-feira, 24 de setembro de 2025

O protestantismo como ponto de partida da civilização 'moderna' - Os aplausos dos 'cientistas', pensadores, etc

Acho curiosas essas apologias, escritas por autores protestantes, os quais folgam proclamar o protestantismo como uma espécie de cornucópia donde saiu a civilização moderna. Ainda me recordo das obras de E Levelleye, nas quais aponta a alfabetização e a concentração dos protestantes na leitura da bíblia como elementos propulsores do progresso. 

Os protestantes naturalmente que vibram com isso...

Vamos porém examinar tudo isso mais de perto.

Pois o que ora percebemos, neste momento, são massas protestantes compostas por: Terraplanistas, geocentristas, criacionistas da terra jovem, etc Calvinistas proclamando que sua reforma deve ser levada a Biologia, a Geografia, a Sociologia, a Psicologia, e a todas as áreas do conhecimento humano, tendo por base a bíblia - Leia-se Antigo Testamento... 

Peixes engolem seres humanos, mamíferos são apresentados como aves, e por aí se vai - Bela ciência essa que saí da cornucópia protestante. O que ora podemos observar no protestante mediano, seja brasileiro ou Yankee é seu ódio e sua oposição a ciência. Isto a ponto de nomes como Darwin, Freud, Malthus, Einstein, etc serem tabus e dos líderes, a exemplo de R R Soares, orientarem suas ovelhas a jamais fazerem quaisquer cursos universitários...

De fato em certas partes da Europa a alfabetização em larga escala, encetada pela reforma protestante parece ter encetado algum resultado aparentemente positivo. Mesmo porque o ser alfabetizado pode abrir portas, aumentar as possibilidades, aumentar o conhecimento e conduzir ao pensamento crítico... Portanto a tese de que uma religião do livro, que insiste sobre a alfabetização elementar, a primeira vista parece consistente. 

Porém não são os fatos sociais assim tão simples. 

A simples sugestão de que a leitura ou a alfabetização, como causa primária e imediata, teria acionado o avanço científico europeu nos levaria a plantear questionamentos bastante difíceis de serem respondidos. Pois ao que tudo índica a metalurgia de fundição foi inventada e desenvolvida pelas culturas ágrafas ou iletradas dos Andes e posteriormente recebida pelas nações letradas das Américas central e do Norte.

Também a organização do Império Inca - Cultura ágrafa, parece ter sido, em certo sentido, mais complexa e desenvolvida que a das cidades Maias ou mesmo que a do Império Asteca, como sabemos culturas letradas. 

Outro o caso dos países islâmicos, posto que é o islã uma religião centrada no livro e na leitura, e portanto na alfabetização há mais de mil anos... E no entanto revolução ou explosão científica alguma surgiu ali. E a exceção de Alhazém e Ibn Khaldun as contribuições do islã em termos de criatividade e pesquisa são quase que nulas - Outro é o caso de seu status enquanto transmissor de cultura, o qual não discutimos.

Os dados acima nos levam a problematizar a questão da leitura entre os primeiros protestantes e o papel da alfabetização nos primórdios de sua Reforma como explicação monocausal para o advento da ciência europeia. 

O quanto podemos conjecturar aqui é que um dos fatores responsáveis pela expansão do conhecimento científico na Europa do século XVI pode ter sido, e provavelmente foi, o hábito de leitura e a alfabetização. Logo não foi a leitura por si só e de modo algum a leitura da bíblia, e menos ainda a mentalidade protestante, que provocou essa escalada científica - O quanto aqui temos é que a leitura, estimulada pelo protestantismo, foi um fator, agindo em comunhão com diversos outros.

Grosso modo a leitura no seio do protestantismo, associada a bibliolatria ou a orientação para concentrar-se apenas na leitura da bíblia, entendida muitas vezes como antigo testamento, criou uma faca de dois gumes, pois ao mesmo tempo que facultou a alguns a possibilidade de ampliar o saber, também forjou uma servidão similar a maometana. 

E aqui chegamos ao ponto nevrálgico: Pois a mesma leitura - Que produziu muitas vezes o abandono não apenas da bibliolatria, do antigo testamento e da judaização (Sem dúvida um imeso benefício.) quanto a diversos cientistas promissores {E tornaremos novamente a isto mais a frente.} produziu da mesma maneira o abandono do Evangelho ou da fé e forjou os primórdios da incredulidade em que tombamos.

Agora por que em um grupo seleto a leitura ou a alfabetização acionada pelo protestantismo potencializou a práxis e o pensamento científico enquanto que, noutro, i é, nas massas, produziu o exilio de Nicolas Steno, a condenação de Nils Celsius (Upsala - 1679) e a destruição do laboratório de J Prestley???

Certamente porque a estimulação dos primeiros dependeu não apenas da leitura, mas de outros tantos fatores ou de condições preexistentes. 

Agora quanto ao cultivo da ciência no decorrer do processo, há indicações consistentes de que parte dos sábios protestantes (Especialmente a partir do século XVIII) tornaram-se grande parte céticos ou descrentes mantendo, na maioria das vezes, uma adesão meramente externa e formal a suas comunidades. O que era facilitado tanto pela falta de 'poder' por parte das seitas quanto pelo livre exame. Newton por exemplo, apesar de teísta era unitário, tendo inclusive impugnado o Deão Sherlock. Muito apocalíptico porém muito pouco niceno, atanasiano ou leal ao Evangelho de Cristo. Ora Newton não era uma singularidade quanto a isso... E já os iluministas franceses costumavam registrar, em meados do século, que por volta de 1700 a quase que totalidade da elite intelectual inglesa era descrente ou irreligiosa.

Após termos apontado tais incongruências temos de nos perguntar sobre o que é civilização, progresso, desenvolvimento, etc Sobre quem está tecendo tais elogios ao protestantismo. Sobre as intenções e objetivos de quem elogia, etc uma vez que cada uma dessas definições e desses elogios é portador de uma enorme carga de subjetividade.

Há muito pouco tempo ainda era o desenvolvimento mensurado pelo PIB ou soma de riquezas produzidas por uma dada sociedade, como se vê um critério meramente econômico que ignora a questão de como tais riquezas são divididas entre os setores que compõem essa sociedade, se são tais riquezas divididas e de como vivem tais pessoas.

E imagine só o leitor squantas e quantas polêmicas inúteis foram travadas em torno desta definição unilateral...

Daí o padrão ou critério atual a partir do qual avaliamos a condição de uma dada sociedade não ser mais o PIB e sim o IDH i é a qualidade de vida oferecida aos cidadãos i é Alimentação, habitação, saneamento, saúde, educação, etc

Da mesma maneira convém questionar o tal desenvolvimento ou o tal progresso e seus mentores...

Surpreendentemente esses senhores que costumam aplaudir o protestantismo não são apenas incrédulos como seus ancestrais porém ateístas militantes, materialistas e cientificista, a exemplo do Dr Dawkins, o famigerado autor de 'Deus um delírio'. Cito Dawkins aleatoriamente pois há um grande número de ateus e cientificistas admiradores do protestantismo e detratores das igrejas apostólicas, o que tem uma razão de ser.

Talvez você pense ou imagine que o testemunho dos cientificistas e ateus é um testemunho insuspeito, e desinteressado, logo indubitável e leal. Porém não é bem assim e posso te assegurar que há aqui um interesse calculado, uma tática ou estratégia.

Pois sabem os cientistas, e perfeitamente bem, que é o protestantismo uma crença frágil, inconsistente e bastante fácil de ser impugnada, haja visto o conteúdo mitológico hebraico, derivado da inspiração plenária\linear.

De fato os cientificistas ateus estão muito bem informados sobre a condição do protestantismo e  habilitados para confrontar o fetichismo vétero testamentário. Consequentemente eles nada temem do protestantismo e parte de seu quadro, alias, é composto por ex protestantes...

Por ter substituído a pessoa do Cristo e a mediação da Igreja pala suposta infalibilidade absoluta da bíblia tornou-se o protestantismo alvo predileto de uma crítica irreligiosa fundamentada na ciência. E essa crítica é bastante bem sucedida.

Para o protestante médio, que chega a identificar o Cristo ou o Cristianismo com a bíblia, demonstrada a inexistência de Dário, o medo, da torre de Babel, de gigantes, de serpentes com asas ou patas, dos sátiros, do Leviatã, do Beheemot, da Lilith, das compostas do céu, dos pilares da terra e de tantas outras bizarrices fica comprometida a existência de Deus ou a Credibilidade de Cristo e por ext., o Cristianismo como um todo... 

Em suma, devido a um único erro vétero testamentário, a questões de mitologia/cultura hebraica, fetichismo, etc converte-se o bibliólatra em ateu fanático ou materialista radical e, não poucas vezes, entusiasta do cientificismo, o qual abraça com fervores místicos.

Avanço nesta análise sugerindo que parte significativa do ateísmo militante e proselitista deriva justamente dos 'conversos' oriundos do protestantismo. Os quais mesmo quando repudiam a existência de Deus ou do mundo invisível, conservam a mesma mentalidade fanática tornando-se irreligiosos fanáticos. Mudam de teoria, ideia, conceito, fé, etc porém mantém o mesmo tipo de espírito...

Alias acontece a mesma coisa com os protestantes convertidos ao papismo ou a Ortodoxia. Os quais costumam trazer para a igreja e nela introjetar seus vícios, como o apreço pelo antigo testamento, gosto pelos mitos judaicos, cosmovisão amenricanista, etc

Saem essas pessoas do protestantismo, porém o protestantismo - Enquanto mentalidade ou cultura. - não sai delas. Por isso costumo a dizer que trocar de fé ou de ideologia é, muitas vezes irrelevante. Necessário é ser coerente.

Ainda sobre os conversos ao ateísmo, e geral os ateus oriundos do espiritismo, do papismo, da ortodoxia, e de outras opões religiosas são fracos, dóceis, tolerantes, pacíficos... Enquanto que os ateus oriundos do protestantismo são extremamente agressivos, ferozes e acintosos.

Tornando aos cientistas que costumam a aplaudir o protestantismo, tudo quanto querem é favorecer a passagem dos Ortodoxos, Papistas ou espíritas ao protestantismo - Justamente porque o protestantismo, sendo tanto mais frágil e vulnerável, está no acesso da incredulidade.

Sendo cada erro do antigo testamento uma brecha no sistema protestante, sabem os profetas da incredulidade que há no protestantismo centenas ou milhares de brechas que podem produzir um 'choque de realidade' - E deste choque de realidade: Ao se perceber que o homem não foi feito a partir de um boneco de barro ou a mulher de uma costela.. - a apostasia...

Outro o caso das Igrejas apostólicas ou do Cristianismo antigo - Imune a qualquer choque de realidade, posto que quando puro e esclarecido, fundamentado ou centrado no mundo invisível, sobrenatural, transcendente, imaterial e inacessível aos sentidos. 

Da mesma maneira como conhecem - Os ateus, materialistas e incrédulos. - perfeitamente bem, o protestantismo (E seu calcanhar de Aquiles, que é o antigo testamento ou a inspiração plenária\linear.) também conhecem suficientemente bem o Catolicismo Ortodoxo e o papismo (Mesmo pós Vaticano II ou esculachado.), tendo-os por mais resistentes a sua propaganda.

Nesse caso, qual o caminho mais indicado para atingir os Ortodoxos e romanistas... Por meio do protestantismo, aproximando-os do protestantismo... Pois a mesmo que o indivíduo seja imensamente burro ou ignorante não engolirá essas baboseiras de bonecos de barro, costelas, sátiros, leviatãs, etc e tomará o caminho da incredulidade.

Como disse, tudo não passa de tática ou estratégia e elogiar o protestantismo significa no fim das contas encaminhar os espíritos para um padrão de Cristianismo tanto mais rude e grosseiro quanto indefensável de Cristianismo. É elogiar um Cristianismo que não se pode defender com sucesso da propaganda ateísta ou cientificista. É buscar fortalecer um inimigo tanto mais fácil de combater e buscar enfraquecer os inimigos tanto mais difíceis de dar combate.

Antes de lançar um ataque frontal contra a cidade de Cristo, os ateus e materialistas aspiram enfraquece-la ou destrui-la por dentro - Querem como que nela introduzir um vírus que a debilite e esse vírus é o protestantismo, com sua bibliolatria tosca, seu meio ceticismo, seu subjetivismo crasso, etc 

Pois o que encaram como 'civilização' ou desenvolvimento outra coisa não é que o próprio ateísmo, o materialismo ou no mínimo o positivismo\cientificista i é a substituição não apenas da fé religiosa, mas inclusive da Filosofia, do racionalismo ou da metafísica pela ciência - Essa instituição tão servil face aos interesses do mercado ou aos poderes econômicos, que jamais confronta. 

Tecem os ateus, materialistas, incrédulos e cientificistas rasgados elogios ao protestantismo justamente por estarem convencidos - E quanto a isto não estão equivocados. - que o protestantismo foi e é a Revolução primordial que conduziu parte do Ocidente ao ateísmo, ao materialismo, a incredulidade, etc Aplaudem o protestantismo porque sabem ter sido ele o caminho para a derrocada do Cristianismo...

Pelo simples fato de ter ele, o protestantismo, injetado o vírus do ceticismo em suas veias... Lançando dúvida sobre os ensinos da Igreja. Logo lançando dúvidas sobre a Igreja (Apostólica.) Para em seguida duvidar de seu fundador e esposo! Pois quem haverá de acreditar num 'deus' que fundou uma igreja descartável ou com prazo de validade...

Não devemos portanto, nós Cristãos legítimos, filhos das igrejas apostólicas, invejar os elogios e aplausos que a incredulidade tributa ao protestantismo. Pois como colaborador ele faz jus a eles. Ele os merece. 

Da Ortodoxia ou mesmo do papismo jamais sairiam capitalismo, comunismo, anarquismo, nazismo, positivismo, modernismo e outros tantos rebotalhos...


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