quinta-feira, 1 de julho de 2010

HORÓSCOPO E UTILITARISMO PRÁTICO



Folheie o jornal atento as matérias de maior força nas páginas, afeito a arte que também pratico, detive-me mais demoradamente na charge e nas tiras do dia, por fim detive-me para ler atentamente o meu horóscopo. Horóscopo??? Alguns devem ter ser perguntado, ou ainda, outros antes mesmo de terminar a leitura já julgaram e sentenciaram: besteira isso de previsão!
Antes de prosseguir me desvio um pouco do curso normal ao texto e passo a um caso contado por Nietzsche em seu livro “Crepúsculo dos Ídolos, ou a filosofia a golpes de martelo”.
“De passagem por Atenas, um estrangeiro fisionomista disse frontalmente a Sócrates que ele era um monstro que ocultava todos os vícios e maus desejos (e que na cultura grega eram representados por entidades bem definidas). Sócrates respondeu simplesmente: "Conheces-me, meu senhor".” 
E segundo alguns teria completado: Mas dominei todos! Interessante, mas e o horóscopo? Prossigo: Quantos de nós pode “atirar a primeira pedra”, quantos podem dizer não carregar dentro de si um “anjo e um demônio”, “vícios e virtudes”? Somos todos o monstro.
O horóscopo, — e não entendam aqui que esteja eu discutindo sua validade, sua verdade ou não — trás de um modo geral um conselho para o dia, uma ação que deva evitar ou realizá-la para ter um dia melhor, ou mesmo uma semana, até mês.
Onde o horóscopo fundamenta seus conselhos? Quais os valores por trás da orientação? A filosofia por trás do horóscopo diz que temos bons e más tendências e que nossa evolução ou equilibrio depende de combater as más e usar as boas, em resumo.
Logo meu caro leitor, posso não acreditar na previsão do futuro apregoada pela astrologia, mas leio o conselho, e naquele dia ele me fala sobre um dos vícios ou virtude,  uso o exercício para prestar a atenção em um dos demônios ou dar vazão ao anjo do dia, enquanto não consigo com um heroismo socrático dominá-los todos. É como aqueles livrinhos de conselho que comumente se abre numa página ao acaso e buscasse um conselho por dia.
Resignifico o que leio e mesmo quando o que me é apresentando não me apetece simplesmente olho-o por meu prisma e reinvento para meu benefício. Já pensou quantas vezes uma situação, ou um texto, um livro, foi condenado por você. Quantas vezes você criticou algo e na realidade estava em você a incapacidade de usar a seu favor? Pense nisso, pode fazer toda diferença.

Um comentário:

Fernando Rodrigues Felix disse...

Eu nunca tinha olhado por este prisma. De fato, você reinventou o horóscopo, não por causa dos astros mas por causa dos conselhos.

Bom, acho que vou aceitar o seu desafio procurarei ler os conselhos do horóscopo.