quarta-feira, 7 de julho de 2010

A religião é o ópio do povo?

A única coisa que os comunistinhas de bosta 5ª categoria conhecem é a célebre frase de Marx: "A religião é o ópio do povo". Primeiro se faz necessário saber quando Marx disse isso e porque. De acordo com Michael Löwy: "De fato, quando Marx escreveu a passagem mencionada era ainda um discípulo de Feuerbach, e um neo-hegeliano. Sua análise da religião era, por conseguinte, “pré-marxista”, sem referência a classes e a-histórico"[*]. Além disso, se Marx  entendesse que a religião é o ópio do povo em todos os tempos e lugares, ele mesmo estaria em contradição com a dialética da qual tanto se valeu, posto que a dialética é movimento. E segundo Löwy Marx não foi o primeiro a sintetizar esse pensamento, muitos outros o fizeram antes dele: A mesma frase pode ser encontrada, em diversos contextos, nos escritos de Immanuel Kant, J. G. Herder, Ludwig Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess e Heinrich Heine. Por exemplo, em seu ensaio sobre Ludwig Börne (1840), Heine já a usava –de uma maneira positiva (embora irônica): “Bem-vinda seja uma religião que derrama no amargo cálice da sofredora espécie humana algumas doces, soníferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, esperança e crença”. Moses Hess, em seu ensaio publicado na Suíça em 1843, toma uma postura mais crítica (mas ainda ambígua): “A religião pode tornar suportável [...] a infeliz consciência de servidão […] de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiosas doenças”[*].

 A religião é sim o ópio do povo quando ela desvia a atenção das pessoas para o céu e não para melhorar e transformar este mundo. O pai de Marx que era judeu, se "converteu" ao luteranismo para evitar perseguições. Marx bem viu que o luteranismo pouco ou nada estava preocupado com os sofrimentos de seus filhos, pelo contrário pregavam a resignação a não revolta contra seus patrões, numa esperança de paraíso etéreo.

Mas não é e nunca foi o cristianismo uma forma de ópio do povo, mas certas formas de cristianismo surgidas de interpretações errôneas e má intencionadas.
O Cristo, seus apóstolos e os Padres da Igreja provaram ser muito mais revolucionários do que os comunistas ateus.

Rosa de Luxemburgo mesma citou passagens do Evangelho e os nomes dos Padres da Igreja para mostrar que o socialismo e o cristianismo tem algo em comum que é a luta contra a exploração. ela denunciou a Igreja Ortodoxa, pois estava apoiando a burguesia, ou seja, traindo os seus princípios.

O próprio Engels escreveu sobre o cristianismo primitivo e comparou a Associação Internacional de Trabalhadores com as comunidades cristãs do 1º século.  Então é fato que nem Engels nem Marx criam ser a religião o "ópio do povo" a não ser aquelas formas de religiosidade estereotipadas que tornam o ser humano individualista e resignado com sua situação pensando ser isso um decreto divino.

Mesmo o comunismo ateu, quer queiram os comunistas quer não, bebeu em fontes cristãs e granjeou adeptos dentro do cristianismo ortodoxo e do católico romano. Sim o cristianismo é uma força contra as potências maléficas do capitalismo e fora o comunismo não vejo outras forças que possam enfrentar esse sistema desumano.

Ontem eu assisti ao documentário de Michael Moore "Capitalismo Uma História de Amor" e o cineasta revelou de onde vem sua revolta contra a injustiça. sua revolta contra a injustiça advém de sua formação católica. Em seu documentário ele entrevistou padres e um bispo acerca do capitalismo, e eles foram unânimes em taxar esse sistema como cruel e inimigo dos ideais de Jesus Cristo. Ao final do filme um bispo vai apoiar trabalhadores que se fecham numa fábrica para exigir seus direitos.

E para fechar com chave de ouro faz-se mister falar do padre Jorge Camilo Torres revolucionário colombiano que lutou contra as oligarquias de seu país, pois este acreditava que estava seguindo os mandamentos de Cristo Jesus. Caso o leitor queira saber mais sobre o padre clique na palavra linkada. Sem mais fico por aqui e deixo ao leitor a pergunta: a religião é o ópio do povo?

Notas: [*] Marxismo e religião: ópio do povo? - Michael Löwy

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