terça-feira, 18 de agosto de 2009

De como a tevê fabrica papagaios

A imagem acima é uma tirinha do meu amigo Ravick Bittencourt, articulista do blog Os Amorais

Eu leciono para várias séries (da quinta série ao terceiro ano colegial) e o que tenho ouvido me deixa muito triste.
Não há salas de aulas nas quais entro que eu não ouça esses jargões novelescos: "Are Baba", "Mamadi", "é a treva", "Jesus me chicoteia", "Jesus apaga a luz" entre outros mais ridículos.

Isso só vem a demonstrar para que servem as novelas. Alienar as massas! A cada novela global, as massas ficam mais e mais emburrecidas. E aí a Rede Globo pode tripudiar em cima das mesmas vendendo seus "dogmas" televisivos.

O ingênuo telespectador pensa que as novelas servem para entretê-lo, que servem para passar o tempo, aliás tristes tempos estes que vivemos, tempos nos quais as pessoas querem ver o tempo passar sem aproveitá-lo de modo adequado. O telespctador acredita que as novelas servem para distraí-lo, quando na verdade servem para destruí-lo.

As novelas não apresentam nada, absolutamente nada que seja bom, belo ou verdadeiro. As novelas não tem preocupações sociais, nem históricas nem culturais. Constituem um lixo, mas um lixo que não serve sequer para ser reciclado ou utilizado como adubo intelectual.

A rede Globo com sua mediocridade sabe apenas fabricar papagaios que repetem incessantemente seus clichês. Essas pessoas nem pensam no significado de tais palavras e/ou expressões, nem se perguntam, apenas repetem porque acham chique, bacana, "da hora", etc...

Mas a Globo é esperta, ela sempre cria personagens estereotipados com seus bordões, para que as massas fiquem hipnotizadas e já não prestem tanto atenção na trama, mas nos bordões. A trama pode ser sem pé nem cabeça, mas se tiver esses jargões e se eles emplacarem, é o que importa.

Pode ser que o telespectador pense que a Globo lhe presta um serviço, mas na verdade é a Globo quem se serve dele (perdoem-me a cacofonia mas foi necessária). E na rede Globo sempre foi assim, pelo menos desde que me conheço por gente. Entra novela, sai novela nunca muda. Mudam-se os personagens, mudam-se os cenários, mudam-se os atores, mas o enredo é sempre o mesmo. Quem assistiu uma novela da Globo assistiu a todas. Da Globo pode-se fazer coro à Salomão: "Não há nada de novo sob o sol" (Ecl 1,9).

Muitas das pessoas que conheço dizem não ter tempo para ler, mas arrumam tempo, tempo de sobra para praticar sua "sacratíssima religião" que é assistir tevê. E aqui quero deixar claro que não falo só da Globo, mas também do SBT, Record, Bandeirantes entre tantas outras redes nefastas. Excetuo apenas a tevê Cultura, que ainda oferece uma razoável programação.

Alguém já disse com muita razão que "o pior cego e o que vê tevê". Caros leitores, desliguem seus aparelhos e vão ler bons livros, bons blogs, bons jornais. Se todos fizessem isso, certamente teríamos um país melhor e melhores pessoas. Enquanto isso sonho com o dia em que não mais teremos tevês ou que as teremos de alta qualidade.

2 comentários:

Ravick disse...

Grande Félix, concordo com cada vírgula. Aliás, sobre novelas não terem preocupações sociais, aposto que muita gente vai discordar, citanco exemplos como "campanhas contra o preconeito" ou coisas do tipo...

"aliás tristes tempos estes que vivemos, tempos nos quais as pessoas querem ver o tempo passar sem aproveitá-lo de modo adequado"

Tenho estado muito a fim de escrever sobre isso. Podríamos abordar na nossa comédia, que achas?


"Muitas das pessoas que conheço dizem não ter tempo para ler, mas arrumam tempo, tempo de sobra para praticar sua "sacratíssima religião" que é assistir tevê."

Ei, isso dá tira! o/

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Cara, fiquei muito lisongeado com o teu comentário lá no OsAmorais, "fiquei me sentindo importante"! :D

Abração! :D

quandoescrevo disse...

Companheiro, nos últimos tempos venho pensando: o mundo e a programação me faz pensar em TV de qualidade, sendo HDTV...
É mole? Bom, divido meu tempo, vejo novela, leio e analiso-as muuuuito também. Inteiramente isso mesmo. As exibidas as 20h, não vejo há tempos, e morro de raiva de ouvir as pessoas repetindo os tais "are baba's" e outras arabidades (até neologismos valem).
De fato, é a velha história: "a TV me deixou burro, muito burro demais".
E pra finalizar, empresto um termo do professor Mauro Betti, 'Janela de Vidro'... A janela de vidro é literalmente, a treva.