quarta-feira, 29 de julho de 2009

Porque não empresto livros

"Livro emprestado é livro condenado!". Me disse certa vez um padre, e que expressão acertada. Eu compro livros desde meus 13 anos, claro naquela época eu não trabalhava e quem me financiava era minha boa e falecida mãe Elisa Pereira. (Que espero revê-la um dia, tenho essa esperança. Pode ser fantasia? Pode e não pode. Mas isso é de foro íntimo.)

Eu um adolescente comprador e leitor voraz de livros! Bom, não tinha namorada, era extremamente tímido e fraco e não ia ter chances, então o negócio era mergulhar na literatura. Por essa época eu só lia literatura religiosa: teologia, mística e livros da merda da Renovação Carismática Católica.



Bom por essa época comecei a emprestar livros pra gente barbada e que tinha condições de comprar livros que eu adquiria com dificuldades. E assim perdi muitos livros. Iam e não voltavam, eram emprestadados. E assim perdi um "O Cuidado Devido aos Mortos" de Santo Agostinho e outros livros interessantes. Há 15 anos espero esses livros que sei que não voltarão. Felizmente pude comprar outros exemplares dos livros perdidos.

Acho uma indecência pedir livros emprestados. Quem gosta de ler, quem é bibliófilo não pede livros emprestados, vai às livrarias e/aos sebos e compra. Quem pede livros emprestados, geralmente nem os lê, deixa num canto esquecido da casa para que acumule pó e mofo.



Toda vez que eu quis ler um livro, eu juntava dinheiro e comprava, e fiz isso porque amo ler. Eu não peço livros emprestados, primeiro porque cuidar de um objeto alheio, requer um cuidado redobrado. E dependendo do livro, caso você o perca ou danifique não poderá restituí-lo ou porque seja caro ou porque esteja esgotado.


Penso que quem quer ler mesmo um livro, uma obra, fará de tudo para comprar tal livro ou tal obra. Quem quer que seja que me venha pedir livro emprestado, ganha de presente um sincero não.

Eu vejo pessoas comprando roupas de marcas, tênis que custam R$ 90,00, R$ 150,00 e ainda preços mais caros. Essas mesmas pessoas não tem coragem para desembolsar R$ 50,00 para comprar um bom livro, nem mesmo R$ 20,00 para comprar o mesmo livro num sebo.

Por que ninguém pede roupas e tênis emprestados por tempos indeterminados? Ninguém pede roupas e tênis emprestados, mas cada qual procura comprar seus calçados e roupas. E sabe o porquê? Porque valorizam as roupas, e os livros não. Não vale a pena investir em livros, por isso se pede emprestados, a cultura é descartável.

Agora o que me choca é que pessoas bem situadas peçam livros emprestados. Não tem coragem de desembolsar uns míseros trocados, porque a cultura, o saber e o conhecimento não valem a pena.

Quem me conhece sabe muito bem que gosto de presentear os meus amigos com bons livros, gosto de compartilhar o saber, mas com quem gosta de aprender sempre.

Peça-me um livro emprestado e ganhe um vai pra puta que pariu não!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Entrevista com São Basílio Magno - Parte I




Aqui no Diário de Um Bobo da Corte já entrevistamos São Gregório de Nissa, irmão do entrevistado de hoje. São Basílio é oriundo de uma família de santos e foi um homem devotado ao seviço dos mais carentes, mesmo sendo bispo!!! Ele é autor da basilíada uma mini cidade da caridade, com hospitais, albergues e escolas para jovens.

Diário de Um Bobo da Corte: O senhor conhece o pessoal da TFP e os "cristãos" conservadores? O que pensa deles?

Basílio Magno: Eu conheço muitos que jejuam, oram, gemem e suspiram, praticam toda piedade que não exija gastos, mas não dão uma moedinha sequer aos necessitados. De que lhes serve toda esta piedade? Não serão admitidos no Reino dos Céus!

DBC: O que pensa sobre a riqueza acumulada?

Basílio Magno: A riqueza tem sido para muitos ocasião da intemperança. Você não escutou o Eclesiastes? "Vi outra grande calamidade a riqueza guardada para o mal daquele que foi gerado", e em outro versículo: "Eu deixo a minha riqueza para quem virá depois de mim, mas quem sabe se ele será sensato ou insensato?" Tome cuidado para não acontecer que, após ter amontoado riquezas à custa de trabalhos imensos, dê a outros motivo de pecados, para que você não seja castigado por duas razões, pelas suas próprias iniquidades e pelas que ajudou outros a cometer".

DBC: Qual o motivo que as pessoas inventam para não dar uma esmola ou ajudar um necessitado?

Basílio Magno: Quando se aproxima de nós um pobre que só pode falar em nome da fome, rechaçamos nosso semelhante, sentimos nojo, passamos longe à toda pressa, como se temêssemos que, andando mais devagar, estivéssemos sujeitos a contrair sua calamidade. E se, ele, envergonhado de sua miséria, baixa os olhos para o chão, chamamo-lo de farsante. Mas se acossado pela fome, nos olha livre e confiantemente, chamamo-lo de sem-vergonha e violento. Se, por casualidade, apresenta-se vestido adequadamente por haver ganho roupas decentes, julgamos que ele é um insaciável e juramos que se trata de falso mendigo. Se estiver vestindo trapos sujos e podres, expulsamo-lo de nossa presença, porque está fedendo. Embora invoque o nome de Deus, mesmo que rogue a Deus que não nos vejamos em situação semelhante, nada pode dobrar nossa teimosia.

___________________________________
FONTE:
LEURIDAN, Juan. MÚGICA, Guilhermo. Por que a Igreja Critica os Ricos? Edições Paulinas, São Paulo, 1983.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Cosmos - Uma viagem pessoal

Quem como eu tem mais de 30 anos deve ter assistido na Rede Globo nos inícios dos anos 80 a série COSMOS de Carl Sagan que foi um brilhante cientista e um gigante na divulgação científica. Ainda que eu cobrisse Sagan de elogios seria pouco pelo bem que prestou à humanidade. Deixo-vos um vídeo, o primeiro da série Cosmos.



sábado, 18 de julho de 2009

Fumar não é pecado


É engraçado como as Igrejas Ortodoxa e Romana usam dois pesos e duas medidas, é risível ver seus membros caindo em flagrante contradição.
Lembra-se do diálogo entre os nossos teólogos que postei ontem? Pois é, eles voltaram a debater sobre as questões que angustiam a humanidade.

Ortodoxo: Eu fumo, porque sei que fumar não é pecado, eu estudei a bíblia de cabo à rabo para saber se fumar é pecado, e nada encontrei que condenasse os fumantes.
Católico: Os santos padres também nada falam, tudo bem que o cigarro nem existia no tempo deles né?
Ortodoxo: Se até os santos que a Santa Igreja Ortodoxa venera fumaram, por que vou deixar de fumar?
Católico: Na Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana tivemos beatos que fumavam como o bem-aventurado João XXIII e o beato Jorge Frassati. Será que se fosse pecado mesmo o papa João XXIII seria beatificado? Se fosse pecado o papa não fumaria.
Ortodoxo: Até os monges hesicastas do Monte Atos fumam, rezam e fumam, fumam e rezam, a meu ver parece que a fumaça os envolve numa atmosfera de santidade.
Católico: Se bem que dizem os médicos dizem que fumar faz mal à saúde.
Ortodoxo: Engraçado não, como a masturbação sendo um grave pecado faz bem à saúde e o cigarro que faz mal à saúde não é pecado?
Católico: São mistérios que não cabe à nós desvendar.
Ortodoxo: Mas, se nós ficarmos doentes por causa do cigarro, se desenvolvermos um câncer, não prejudicamos assim o coletivo? Não poderíamos evitar esse câncer ou quaisquer outras doenças?
Católico: Pode parar. Sua conversa está parecendo conversa de comunista. Eu não prejudico ninguém, até porque quando compro o cigarro o imposto já vem embutido, então os médicos já foram pagos e muito bem pagos para cuidar de mim, caso eu fique doente. Evitar um câncer ou quaisquer outras doenças? Quanta gente há que nunca fumou e desenvolve câncer! Eu posso parar de fumar e desenvolver um câncer, como posso continuar a fumar e morrer por outras causas que nada tem a ver com o fumo.
Ortodoxo: Seus argumentos são de peso, realmente... Mas São Paulo Apóstolo diz em sua primeira Epístola aos Coríntios: "Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus é sagrado - e isto sois vós". (3,17)
Católico: Rapaz, isso é papo de crente, eles são maniqueístas, gnósticos e vêem o mal nas criaturas de Deus, você deveria ler um artigo sobre a apologia ao cigarro na Veritatis Splendor.
Ortodoxo: Vou fazer isso. Nossa a minha consciência agora está tranquila. Jesus! Como é bom falar com teólogos, que podem nos esclarecer sobre esses assuntos que atormentam a humanidade!
Católico: É meu caro, a teologia serve para isso, precisamos conhecer a Bíblia, os santos padres, a escolástica e a hagiografia entre outros para assim justificarmos nossos vícios, digo para esclarecermos as pessoas de que não somos viciados e nem pecadores. A teologia nos protege, nos justifica, por isso se faz mister estudá-la, pois como disse São Pedro apóstolo: Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança...". (I Pe 3,15)
Ortodoxo: Vou acender um cigarro em sua homenagem pela brilhante exposição da santíssima fé cristã.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Da existência da alma

Acabei de ler um artigo de Ferreira Gullar na Folha de São Paulo*, na qual ele discorre sobre a alma. Um belo artigo.
Ferreira Gullar escrve: "perguntei-me: o que se ganha em negar a existência da alma?...". E aí o articulista explica as concepções de alma na Grécia Antiga.

Mais adiante ele regista (é regista mesmo!) essas palavras: "...na dúvida de que a alma exista ou não, melhor será acreditar em sua existência do que negá-la, já que não há como provar uma coisa nem outra". Porque seria imensamente triste para todos nós, (ateus, agnósticos e teístas) se não pudermos reencontrar pessoas queridas após esta vida, ou de retificarmos um erro, uma injustiça contra alguém que amamos. Neste ponto afirmar ou negar a existência de uma alma imortal é crença e não ciência, uma vez que não se pode provar sua existência.

"Não fui eu mesmo - escreve Ferreira Gullar - quem disse que o homem inventou Deus para que este o criasse? Ele o inventou porque não quer ser igual a um simples animal, nascido da natureza, condenado a acabar para sempre. Se sou filho de Deus, tenho uma alma divina que me torna imortal. E é isso, essa capacidade de inventar-se, que nos distingue dos outros animais. Filho de Deus mesmo ou inventado por si mesmo, a verdade é que o homem necessita da transcendência e aspira à eternidade. Por isso, precisa da alma, uma vez que o corpo, após a morte, vira pó".

Pois é, se o homem é filho de Deus de Deus mesmo ou inventado como nos aponta Gullar, o fato é que o homem deseja uma vida eterna, que não deseja morrer e que se revolta com a sua finitude. Como se o ser humano não fosse criado para a morte, para a não existência, os próprios existencialistas ateus não aceitavam a morte da alma, porque essa perspectiva é desesperadora. Estando eu certo ou errado, e disso só saberemos se existir uma imortalidade da alma, caso contrário nunca saberemos.

* Folha de São Paulo - 12 de julho de 2009, caderno E pág 10

sábado, 11 de julho de 2009

Darwin estava errado?

Documentário sobre a Teoria da Evolução da National Geographic. Muito bom e fácil de entender!









Um livro de leitura obrigatória para pais e educadores



Acabei de ler o delicioso romance psicológico de Janusz Korczak Quando Eu Voltar A ser Criança. Um belo livro. Janusz Korczak é o pseudônimo do médico pediatra judeu Henrik Goldsmith que dedicou sua existência para que as crianças tivessem um mundo melhor e fossem compreendidas pelos adultos. Escreveu vários romances e artigos científicos. Mas para quem quiser saber mais sobre o ilustre educador, pode clicar em seu nome que está em destaque, e você será remetido (a) a uma página que descreve sua vida e suas obras.


Quando Eu Voltar A Ser Criança é um romance psicológico, onde o narrador é o protagonista da estória. O protagonista é um professor que sente saudades da infância e deseja voltar a ser criança e consegue realizar seu desejo.


Esse artifício literário do qual Korckzak se valeu é muito interessante, pois nos faz ver como a criança compreende o mundo e como vivencia suas emoções. O romance tem uma linguagem fácil e atraente, faz o leitor viajar por esse mundo desconhecido que se chama criança. As descrições são tão bem pintadas que o leitor acaba por ser imerso de livre e espontânea vontade no universo construído por Korczak.


O autor dá voz às crianças, ele faz com que seus leitores tenham empatia por essa criatura tão marginalizada por nós, os adultos. Não há melhor obra (ao menos que eu conheça) para se entender o pensamento infantil do que essa obra de Korczac.


Confesso que essa obra me fez rever muitos de meus conceitos e que tentarei compreender as crianças quando eu lecionar para quintas e sextas séries. O autor me abriu os olhos para a realidade infantil. Coisas que eu nem sequer imaginava.


Realmente aí está um livro que vale a pena ser lido, degustado e apreciado. Um livro que ensina coisas úteis e verdadeiras de um modo gracioso. Os conhecimentos que você vai adquirir ao ler a referida obra, certamente lhe acompanharão por toda a vida e lhe tornará uma pessoa mais tolerante com as crianças. É um pecado não ler Quando Eu Voltar A Ser Criança.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ridendo Castigat Mores - Castiga os costumes rindo.

O melhor modo de se combater ideias ridículas, não é levá-las à sério, mas satirizá-las. Ninguém gosta de ser satirizado, de ser visto como ridículo. Eu jamais desceria ao nível de travar um debate com um criacionista ou com um olavista, teéfepista cujos argumentos são de origem divina, dogmas.

Ainda há católiquinhos por aí que pregam que "comunistas comem criancinhas" e que falam dos "horrores" feito pelos comunistas ateus.
A esses só respondo de como a Igreja Romanista foi tão justa ao instituir a Santa Inquisição. Comunista quando mata é assassino, quando a "Santa Madre Igreja" matava, era uma obra de misericórdia. Vai entender o pensamento dessa gente. Há vários desses sobreviventes da Fátima no Orkut, que defendem a n(p)obreza, a teocracia papal e outras quejandas, umas mais ridículas que as outras.

São pessoas desesperadas que vêem seu mundinho ruir e disparam tiros para todos os lados, o bom é que atacando seja a esquerda, seja o evolucionismo, acabam por fazer propaganda gratuita dessas ideias.

A TFP por exemplo, se valeu e ainda se vale das "visões dos pastorinhos" de Fátima na qual a Senhora das mentes ensandecidas, vulgarmente conhecida como Nossa Senhora de Fátima, falou contra o comunismo.

Pobre da religião que depende de três pastorinhos iletrados e malucos, para se defender do comunismo. Precisou a "Virgenzinha" descer dos céus para defendê-los do malvado Karl Marx!!! Vai ver que é pelo fato de não ter uma pessoa suficientemente erudita para refutar Marx, aí tem que descer Maria do bairro e ensiná-los a combater o comunismo e outras pragas. Mas como a Senhora inexistente os ensinou? Mandou que estudassem Marx para refutá-lo? Não. Fez melhor. Mandou que rezassem terços. Como ninguém havia pensado nisso antes?

Termino meu post, cantando em homenagem à Senhora de Fátima a nova versão de À 13 de maio.

Os anjos desceram
Sentaram-se à mesa
Chamaram o garçom
Pediram cerveja.

Abre, abre, abre
Cerveja
Abre, abre, abre
Cerveja

Cerveja da Brama
Que bom que é
Tomá-la merece
Um ato de fé.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sublimação


Olá, sou o Ravick Bitencourt, e esta é a minha 3º tirinha aqui no Diário.
Basicamente, porém, ela foi criação do meu amigo Félix: Falávamos sobre o assunto quando ele veio com essa e eu gritei, no ato: 'Vai virar tirinha!', e não foi que ele... gostou da idéia?!
O rodapé ficou meio atulhado... mas espero que goste, caro Félix! Abraço!
Ah, é, e aos leitores que quiserem ver, minhas outras tirinhas aqui foram essa, e mais essa. Ah, sim, a tirinha de hoje também foi postada aqui.

domingo, 5 de julho de 2009

Orígenes de Alexandria





Orígenes foi um dos maiores teólogos cristãos de todos os tempos, seja pelo pensamento avançado para sua época e também para os dias de hoje, seja pela versatilidade, seja pela erudição e principalmente pela apocatátase.

Infelizmente as Igrejas Ortodoxa e Romana condenaram seu pensamento, ainda hoje, é visto por muitos como herético, e não é chamado padre da Igreja, mas escritor eclesiástico. Orígenes não foi só um intelectual, mas foi torturado por professar a fé em Cristo.



Orígenes se destacou por ensinar que nem tudo na Bíblia deve ser aceito ao pé da letra, mas que muitas passagens podem e devem ser interpretadas alegoricamente. O grande Orígenes exagerou nesse sentido, pois quis alegorizar tudo, não encontrando por assim dizer o meio termo.

Orígenes se castrou dizem que por causa do versículo de Mateus 19,12, mas também porque sua escola era frequentada por mulheres, e ele não queria dar motivos aos maledicentes.

Orígenes foi ordenado presbítero (padre) pelos bispos Alexandre de Jerusalém e por Teoctisto de Cesaréia, mas Demétrio bispo de Alexandria, muito invejoso, inventou uma desculpa esfarrapada para reduzir Orígenes ao estado laico e excomungá-lo. A desculpa do bispo ignorante e invejoso foi a autocastração de Adamantio [1] (leia-se Adamâncio). Demétrio convocou sínodos que o depuseram e excomungaram Orígenes em 231. Morrendo demétrio, Orígenes viaja à Alexandria e em 232, Heraclas um ex-discípulo, sobe ao episcopado e renova sua excomunhão. Então o adamantino[2] viaja à Cesaréia, e o bispo desta cidade, dissolve sua excomunhão e o convida a fundar uma escola catequética. E ensinou por mais de vinte anos.

O que ensinava o grande Orígenes? Filosofia e teologia. Orígenes obrigava a seus discípulos ler as obras de todos os filósofos antigos, exceto dos que negavam a providência divina e a existência de um Ser Supremo.

Como havia dito acima, Orígenes se destacou por não aceitar tudo ao pé da letra, mas alegoricamente. Em seu livro De Principiis, mostra como o cristão deve entender os textos sacros, penso que até os descrentes simpatizam com Orígenes e que a religião seria mais respeitada se padres e pastores seguissem o exemplo de Orígenes.

Orígenes disse acerca da interpretação das Escrituras:
"A quem, pergunto, que tenha senso, parecerá ser dito coerentemente que o primeiro, o segundo e o terceiro dia, nos quais se nomeiam tardes e manhãs, foram sem Sol, sem Lua e sem estrelas, e o primeiro dia sem céu?

Quem será encontrado tão idiota que julgue que Deus, como um homem qualquer do campo, tenha plantado árvores no paraíso, no Éden voltadas para o Oriente, e nele tenha plantado a árvore da vida, isto é, uma árvore visível e palpável, e de tal maneira que alguém comendo desta árvore com seus dentes corporais alcançasse a vida e, comendo de outra árvore, obtivesse a ciência do bem e do mal?

Quando se diz que Deus caminhava no paraíso após o meio dia, e que Adão se escondia debaixo da árvore, não tenho dúvida de que com isto a Escritura profere uma expressão figurativa, na qual se indicam certos mistérios.

Caim, tendo-se retirado da face de Deus (Gen. 4, 16) manifestamente induz o leitor prudente a que se pergunte o que é a face de Deus, e como alguém poderá retirar-se dela.

Para não ampliar a obra que temos em mãos mais do que o justo, será muito fácil, para quem o quiser, reunir das santas escrituras muitas coisas que, apesar de terem sido escritas como fatos, não podem ser cridas competente e razoavelmente que se tenham realizado segundo a história.

Este modo de escrever pode ser encontrado abundante e copiosamente também nos livros evangélicos, quando se diz, por exemplo, que o demônio transportou Jesus para um elevado monte (Mt. 4, 8) para que dali lhe mostrasse todos os reinos do mundo e a sua glória. Como parecerá que tenha se podido fazer com que Jesus tivesse sido conduzido pelo demônio a um alto monte, ou também que se lhe tivesse sido mostrado aos seus olhos carnais, junto a um só monte, todos os reinos do mundo, isto é, o reino dos Persas, dos Scítios e dos Índios, ou também como os seus reis são glorificados pelos homens? Muitíssimas outras coisas semelhantes a estas encontrará no Evangelho quem o ler mais atentamente, e poderá notar que nestas narrativas que parecem enunciadas segundo a letra, há inseridas e simultaneamente tecidas coisas que a história não recebe, mas que, todavia, possuem uma inteligência espiritual".
De Principiis - Livro I

Uma palavra sobre a apocatástase (restauração final de todas as coisas). A apocatástase que era a doutrina professada por Orígenes, ensina que no fim dos tempos todos os seres se voltarão para Deus e que Deus será tudo em todos. Mesmo o diabo (se é que existe um) se converterá num ser bom. No fim o bem vencerá, porque Deus é o sumo bem.

Notas: 1. Jerônimo de Estridon chamava Orígenes de Adamantio, feito do diamante.
2. Adamantino, do diamante.

sábado, 4 de julho de 2009

Design Inteligente x Teoria da Evolução

Caros navegantes, deixo aqui 12 senhores vídeos sobre o perigo do criacionismo que se reveste com farrapos de "ciência". Nesse documentário, vocês verão o Caso Dover, e como os criacionistas são fanáticos e desonestos. E o melhor de tudo aula de biologia e direito de forma bem descontraída. Espero que gostem.

























quinta-feira, 2 de julho de 2009

Inclusão social na educação

Caros leitores, faz quase uma semana que não escrevo, por dois motivos: falta de tempo e falta de inspiração. quando tinha tempo não tinha inspiração, e quando tinha inspiração não tinha tempo. Como hoje me sobrou um tempo disponível, eis-me aqui a escrever.

Vou direto ao assunto sem papas na língua: a escola pública está falida. Sim, está falida. Primeiro porque a maioria dos professores não está nem intelectualmente nem moralmente preparada. E depois porque quem faz as leis e regras para as escolas são pedagogos de gabinete que nunca pisaram numa escola pública ou se pisaram há muito tempo deixaram de lecionar, sendo assim, desconhecem a realidade das escolas públicas.

Há muita mão-de-obra entre os docentes, por isso a mão-de-obra é barata. Por isso os salários são irrisórios. E isso desistimula qualquer bom profissional.

Mas o que mais exaspera os docentes são os alunos mal-educados e "hiperativos". O governo imprimiu na escola o caráter da inclusão social, que outra coisa não é do que um engodo. A escola tem que aceitar todo tipo de aluno sem discriminar. Alunos com problemas mentais, com problemas comportamentais tem que ser aceitos, afinal o governo quer quantidade e não qualidade. Pois os números falam alto nas propagandas políticas. Exemplo: o governador Fulano de Tal construiu x número de escolas e contratou x números de professores, etc...

Infelizmente quem sente na pele a deficiência da educação escolar é o professor e não o governador, e não o secretário da educação, e não o dirigente de ensino.

Alunos há que infernizam literalmente a vida dos professores. Alunos sem educação, mentirosos, cínicos e que se travestem de doenças mentais e hiperatividade, por isso merecem uma paciência diferenciada e uma tolerância sobre-humana.

Não aprendi na faculdade a lidar com adolescentes hiperativos e o governo não me capacitou para tal indústria, tampouco ganho mais por isso. Se um aluno tem hiperatividade ou alguma doença mental, a escola comum não é o lugar para adequado para ele. O governo deve lhe proporcionar uma escola que se ajuste as dificuldades desse aluno com professores especializados, de preferência que sejam serafins, que são anjos - segundo os angelólogos - que ardem de amor.

Um aluno com problemas de hiperatividade e comportamentais (não sei onde começa um e onde termina outro) não aprende e nem deixa os outros aprenderem. A inclusão social o tira da "margem" e simultaneamente exclui os seus colegas da chance de uma boa aprendizagem. Mas o governo não está preocupado com isso, ele quer números, quanto mais melhor. Um é pouco, dois não é bom e três mil ou três milhões não é demais.