Acabei de ler um artigo de Ferreira Gullar na Folha de São Paulo*, na qual ele discorre sobre a alma. Um belo artigo.
Ferreira Gullar escrve: "perguntei-me: o que se ganha em negar a existência da alma?...". E aí o articulista explica as concepções de alma na Grécia Antiga.
Mais adiante ele regista (é regista mesmo!) essas palavras: "...na dúvida de que a alma exista ou não, melhor será acreditar em sua existência do que negá-la, já que não há como provar uma coisa nem outra". Porque seria imensamente triste para todos nós, (ateus, agnósticos e teístas) se não pudermos reencontrar pessoas queridas após esta vida, ou de retificarmos um erro, uma injustiça contra alguém que amamos. Neste ponto afirmar ou negar a existência de uma alma imortal é crença e não ciência, uma vez que não se pode provar sua existência.
"Não fui eu mesmo - escreve Ferreira Gullar - quem disse que o homem inventou Deus para que este o criasse? Ele o inventou porque não quer ser igual a um simples animal, nascido da natureza, condenado a acabar para sempre. Se sou filho de Deus, tenho uma alma divina que me torna imortal. E é isso, essa capacidade de inventar-se, que nos distingue dos outros animais. Filho de Deus mesmo ou inventado por si mesmo, a verdade é que o homem necessita da transcendência e aspira à eternidade. Por isso, precisa da alma, uma vez que o corpo, após a morte, vira pó".
Pois é, se o homem é filho de Deus de Deus mesmo ou inventado como nos aponta Gullar, o fato é que o homem deseja uma vida eterna, que não deseja morrer e que se revolta com a sua finitude. Como se o ser humano não fosse criado para a morte, para a não existência, os próprios existencialistas ateus não aceitavam a morte da alma, porque essa perspectiva é desesperadora. Estando eu certo ou errado, e disso só saberemos se existir uma imortalidade da alma, caso contrário nunca saberemos.
* Folha de São Paulo - 12 de julho de 2009, caderno E pág 10
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