sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A miséria da arte moderna.

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Baumgarten, Baumgarten... raramente escrevo sobre Estética.

Aqui, mais do que em qualquer outro campo, escrever é polemizar.

Acusado de ser demasiado progressista (rsrsrsrsrs Nem tanto pois meu progressivismo não vem da 'caixola' mas, creia leitor, do passado - E por isso apresento-me como reacionário ou anacrônico. Jamais como conservador pois não creio que muito do que temos HOJE mereça ser conservado!) em moral, política, economia, etc devo ser classificado como 'conservador' ao menos nesta área, alias nesta única área. Conservador face a realidade estético acadêmica do século XIX, assim anti pós modernista ou mesmo modernista neste campo. Ou, como e caso queiram reacionário, ultra reacionário, caso admitamos que o modernismo está mesmo na berlinda. Odeio o pós modernismo e o modernismo com todas as forças da alma, inclusive na gnoseologia, mas, sobretudo na estética.

Então vamos logo ao 'prato' e que temos ai???

Temos arte dirão nossos amiguinhos pós modernistas e modernistas, eu direi que temos expressões meramente subjetivas preciosas para a Psicologia, mas não arte propriamente dita.

E por que não temos arte???

Não temos arte porque este festival de psicologismo é irredutível a qualquer avaliação objetiva ou exata em termos de técnica ou mesmo de ponderação estética. O que temos aqui é apenas emoção ou emocionalismo irredutível a qualquer padrão ou critério avaliativo exato, seguro ou objetivo. É algo que não se pode valorar com segurança ou a respeito de cujo mérito se chegue a qualquer acordo. Decretar que a arte moderna deva ser reconhecida como meritória por todos ou por toda crítica é rematado absurdo, filho de incoerência. Nada pode obrigar-me a mim ou qualquer outra pessoa a reconhecer valor estético nessa 'arte' reducionista e mutilada.

Ok, dirá você. Acaso a arte não deve contemplar a esfera do sentimento e satisfazer esta demanda?

Tolo seria, de minha parte, discordar de você. Claro que um dos aspectos distintivos da arte ou da estética é mexer com os sentimentos humanos. Claro que a contemplação da arte tem por fim despertar o sentimento ou a emoção estética. A fruição dos sentimentos e emoções faz parte efetiva da produção artística, por meio da qual o mundo externo não é apenas representado, mas, aperfeiçoado, na medida em que encontra seu ideal.

Então qual o problema?

O problema é que a parte não é o todo.

Fixar-se apenas e tão somente no sentimental/emocional, no subjetivo apenas ou no psicológico será sempre reduzir ou mutilar a condição humana. Afinal não é este homem apenas sentimento ou emoção e há nele um elemento de razão e outro de experiencialidade, os quais devem estar em comunhão e ser representados numa arte integral.

Certo, o sentimento deve ser posto na obra de arte. Assim a emoção. E deve ela causar impacto emocional. No entanto essa emoção deve ser expressa em comunhão com o racional e dentro de determinadas normas técnicas de execução que possam ser objetivamente mesuradas. Do contrário jamais poderemos avaliar esta arte.

Após o sentimento ou a emoção deve ser considerada pela crítica o elemento objetivo, racional ou técnico. A harmonia entre as tonalidades de cores, como salientou Van Gogh a respeito das magníficas telas de Millet; a forma do desenho, a perspectiva, etc Como deixar de considerar estes aspectos presentes na natureza???

Dirá você que o inconsciente não conhece normas e que a arte atual é expressão de um mundo onírico isento de regras. Então é apenas uma expressão psicológica de uma vida interior ou emanação das profundezas da mente. Algo que se reduz a psicologia ou fenômeno psicológico... Neste caso para que manter a farsa ou a encenação aparatosa dos concursos e prêmios??? Como distinguir expressões meramente psicológicas ou mentais umas das outras. Se por princípio todas as manifestações do inconsciente tem o mesmo valor (que é meramente subjetivo!) como premiar uma e não outra??? Em que uma simples manifestação da atividade mental ou da imaginação é, em si mesma, superior a todas as outras. Apenas a forma, vazada na técnica, pode comunicar superioridade ou inferioridade... E para a arte moderna e irredutível a qualquer controle externo e objetivo, a forma não é nada. E já não existe norma ou regra que nos permita julgar esta produção, declarando que uma seja melhor ou pior do que todas as outras. O que você tem ai são expressões livres do inconsciente... Como levar tais expressões a um concurso e premia-las como se melhores fossem???

Elaborações meramente subjetivas e fora de qualquer controle objetivo por ausência de normas não podem ser julgadas.

É exatamente por isto que X ou N podem enlatar as próprias fezes ou grudar catarro em folhas de papel e proclamar que é arte, arte moderna...

Mas que há de estético ou de verdadeiramente belo em cocô enlatado ou em escarro espalhado sobre o papel???

Bem se vê que a arte psicologista ou do inconsciente perdeu por completo seu sentido. A ponto de ignorar a contemplação estética de um ideal harmonioso ou a dimensão do belo.

Esta arte se contenta em impactar emocionalmente. Como se a outra, a formal ou acadêmica não contemplasse este aspecto há muito tempo ou a milênios. Como de a contemplação de um Polikleitos ou de um Parrasio não suscitasse absolutamente nada nos homens... Como se alguém pudesse permanecer indiferente face a obra de um Praxísteles ou de um Apeles!!! No entanto, além disto, havia norma e regra, uma técnica de execução a ser objetivamente avaliada ali. E bem se poderia justificar a excelência de um Fídias face a seus rivais sem maiores problemas...

Uma arte que se esgota na emoção ou no sentimento e que se proclama livre ou acima de todas as regras, além de trivial e fácil não pode ser avaliada.

É trivial porque qualquer criança pequenina, a qual seja dada papel e tinta, pode executa-la perfeitamente. Basta espalhar as cores com os dedos sobre o papel, tudo misturando... ou ensaiar algumas formas obscuras ditadas pelo senhor inconsciente. E alí estão as obras primas da arte moderna!!! Executadas por qualquer nascituro... Diante disto como premiar o pintor X ou o escultor N??? Se qualquer moleque recém nascido é capaz de exprimir a mesma coisa???

Mas a ser trivial é esta nova arte fácil e este é seu problema central ou basilar. Posto que não precisa ser estudada ou aprendida. É arte que não demanda esforço algum. Arte que não precisamos beber junto a um mestre consumado.

Admitida a arte sem compromisso da facilidade, a verdadeira arte, que demanda esforço ou aprendizado torna-se vulnerável ou posta a morte e ao desaparecimento e por isso mesmo, a concepção psicologista ou modernista da arte não deve ser encarada como algo inofensivo pelo filósofo mas como algo monstruoso. Afinal de contas por que qualquer artista iniciante haveria de tomar a senda estreita de um Delacroix ou de um Canova, ou de um Thorwaldsen se para obter a glória basta-lhe rabiscar ou bater com o martelo num bloco qualquer?

Dizer que todos são artistas criadores de obras primas é dizer que não há artista algum ou obra prima alguma. Mas... você sempre poderá aprender e criar pautando-se ao menos em algumas regras, o que de fato abre espaço ao talento.

Como sempre a esquerda desorientada adorou a demolição da arte acadêmica ou 'burguesa' - e assim relativa... Pelo simples fato de que todos os homens, especialmente os miseráveis, que não teem acesso ao estudo, a aprendizagem ou a formação, poderem apresentar-se como artistas, dentro de um padrão de igualdade absoluta.

Concedo que o monopólio estético da arte caiu nas mãos desta burguesia sem consciência, e que a arte acadêmica, em sua esfera, foi amiúde acrítica e servil. Que os donos do poder se tenham apropriado da beleza em proveito próprio é fato que deploramos. Aos simples e restou apenas o trabalho bruto e insano, e a criação do que chamam arte popular ou mesmo de massas, a qual nem sempre é alheia a cânones e regras... E nem sempre é feia ou isenta de méritos. Alias é sempre significativa quando a falta de técnica ou preparo aspira por um ideal de beleza a que não tem acesso.
Tal o contesto a partir do qual os comunistas e anarquistas (Sobretudo estes porquanto a URSS conheceu uma arte Realista, em que pese seu engajamento!) passaram a encarar a supressão das normas no domínio da arte como uma espécie de pré revolução ou peristilo da revolução... E tornaram-se eles iguais por essa nova arte antes de se tornarem verdadeiramente iguais quanto a vida social. Foi uma igualdade funesta. Por ter privado parte dessas massas da contemplação da beleza a que por vezes tinham acesso. A qual a um lado serenava e a outro educava... Contemplar a Notre Dame ou o Partenon jamais deixou de ser catártico para quem quer que fosse.

Mas essa ideia pós modernista, que implica encarar todas as manifestações livres do inconsciente como artísticas equivale, no plano da economia, em transformar todos os cidadãos em milionários pelo simples fatos de acrescentarmos alguns zeros a direita dos centavos, convertendo-os em milhões... Seria como nivelar todos pela mesma miséria após ter destruído todas as riquezas. Belo nivelamento, em que todos se tornem iguais pela falta ou pela carência! Quanto valia o título de cidadão romano quando a todos foi oferecido por Caracalla??? Devia valer muito pouco, se é que valia algo! Tornaram-se todos cidadãos por decreto porque a cidadania nada mais significava. Hoje a modernidade reconhece que todos os homens são artistas em estado de natureza justamente porque... Tire suas conclusões enquanto nas tais exposições de arte moderna oferecem fezes enlatadas ou catarro espalhado sobre o papel... Por que não engarrafam peidos???

A arte moderna não vulgarizou ou popularizou a arte. O que demandaria educação, escolaridade, alteração das estruturas, clamor, revindicação, etc A arte moderna demoliu a arte enquanto auto suicídio da arte e só podemos compreende-la a luz da imensa miséria produzida pelo capitalismo, tal e qual o fanatismo religioso, o pragmatismo, o ceticismo... Tudo miséria oferecida pela miséria. É forma de alienação por apartar o homem de um ideal de beleza que o acompanha desde Lascaux e Altamira, e que o fez erguer soberbas pirâmides e catedrais preciosas. A malignidade da avareza apropriou-se deste universo de beleza, a imbecilidade dos modernos negou-o.

Mas se enfim o que este homem moderno deseja é apenas chocar-se ou experimentar sensações análogas aos que experimentam aqueles que se atiram do Bungee Jump... Se objetivo é apenas fruir de sensações cegas e incontroláveis, inconscientes e irredutíveis a razão. Não há o que discutir. O homem se joga em seu próprio vazio, este homem mutilado e sem sentido. O problema aqui seria descobrir que sobre este ou aquele aspecto estas idolatradas forças do inconsciente não são seguras, ou que são destrutivas... Abismos há, ou fossas, cujas tampas só deveriam ser alevantadas num bom consultório de psicologia. Já disse, tais expressões, como exposições de arte moderna, são imensamente ricas (E eu mesmo a elas vou, como estudioso da psicologia humana - Alias sob seu aspecto patológico - ) do ponto de vista psicológico ou da anormalidade mental. Como expressões de arte são apenas o 'nada absoluto' ou a negação.

Sei que meu posicionamento chocará há muitos. Mas sei que serão apenas os psicologistas que satanizam o controle racional e que super valorizam a afirmação de um inconsciente irredutível a normas em todas as dimensões da atividade humana. Como disse não sou nada otimista face a estas forças cegas que se acham do outro lado da porta!

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