sexta-feira, 11 de abril de 2014

Realismo social e Escola

Situada entre os extremos do determinismo materialista e do idealismo voluntarismo, do psicologismo e do sociologismo, do objetivismo mecanicista e do subjetivismo romântico, encontra-se a corrente realista. A qual pretende superar este estado de tensão e conciliar os extremos.

E para tanto serve-se ela duma linguagem bastante rigorosa e de expressões características como, por exemplo 'Ato e potência'.

Por ato designamos todo ser ou cada fenômeno existente e por potência a capacidade existente em determinado ato.

Assim a flor enquanto flor ou entidade existente é um 'ato'. No entanto como a mesma flor, excitada por determinados fatores externos trás em si mesma a capacidade para converter-se em fruto podemos dizer que a flor é um fruto em potencial, como a criança é um adulto em potencial e o adulto um idoso em potencial.

A passagem do ato a potência chamamos 'processo de transformação' ou simplesmente transformação ou mudança. Assim dizemos que na natureza tudo se transforma ou que a energia jamais se perde, limitando-se a mudar de forma... assumindo uma nova condição.

Ocorre a transformação quando uma capacidade inata é, no devido tempo; excitada por um fator externo de caráter material a que chamamos causa condicionante. Assim para que a semente converta-se em broto são necessários certos elementos materiais quais sejam umidade e calor... para que a criança torne-se adulto antes de tudo leite materno... e assim sucessivamente...

Estando ausente a causa condicionante não se dá a passagem da potência para o ato ou a transformação. Assim sem umidade e calor a semente não germina, permanecendo sendo aquilo que é: uma semente... sem leite ou alimento a criança recém chegada a este mundo não se desenvolve, e deixando de desenvolver-se morre...

Concluindo: para que a totalidade dos elementos materiais ou fenômenos sofram algum tipo de transformação passando de potência a ato numa perspectiva natural e evolutiva, faz-se mister a intervenção de algum ou alguns outros agentes de natureza material a que chamamos de condições e condições materiais.

São as condições materiais que promovem a passagem da potência ao ato ou do ser potencial e possível ao ser real e existente. Caso faltem tais condições e a potência não seja excitada fica frustrado o ato e interrompido o ciclo.

Para que um ciclo qualquer se complete e cumpra com sua finalidade, que é o esgotamento de todas as capacidades contidas num determinado ser a presença das causas condicionantes é por assim dizer imprescindível.

E imprescindível é reter tais conceitos em nossas mentes para que possamos compreender porque a escola que temos - que é a execrável escola tradicional ou bancária - ainda não se transformou na escola que queremos, i é, na escola ativa, renovada, interacionista ou construtivista.

Afinal, dia após dia, nos deparamos com as equipes gestoras e os diversos quadros do governo, acusando nossos educadores de ainda não terem assimilado a praxis da escola ativa ou incorporado a sua atividade professoral os diversos ensinamentos de um Ferriére, de um Claparede, de um Decroly, de um Wallon, de um Piaget, de um Vigotsky, de um Morin, etc

Parte de nossos educadores por sua vez rebate: Piaget, Vigostky, Decroly, Antipoff, Furter, Tardif, etc NÃO CONHECIAM - ou não conhecem - A REALIDADE DAS ESCOLAS DO ESTADO DE S PAULO!!!

Penso que a partir da crítica acima, formulada pelo senso comum; podemos já formular uma resposta tanto mais exata ou satisfatória.

Uma vez que a maior parte de nossas escolas estaduais foram 'criadas' ou fundadas em algum momento bastante posterior as existências, trabalhos e constatações dos pensadores acima citados; podemos dizer que A REALIDADE DAS ESCOLAS DO ESTADO DE S PAULO IGNOROU E IGNORA SUPINAMENTE AS CONSTATAÇÕES E PRESSUPOSTOS TEÓRICOS POR ELES INFERIDOS.

Não foram eles que ignoraram ou ignoram a realidade de nossas escolas; a realidade de nossas escolas é que foi estabelecida sem fazer mínimo caso dos ensinamentos deles!!! Nossos estabelecimentos educacionais é que constituíram-se e constituem-se ainda hoje, material e estruturalmente falando, a margem da escola nova ou ativa e de seus pressupostos, exigidos apenas em concursos públicos ou afirmados em discursos 'catequéticos' direcionados ao corpo docente de modo geral.

Devem os professores conhecer e aplicar a proposta da Escola nova ou ativa!!!

MAS COMO SE O AMBIENTE MATERIAL QUE LHES É OFERECIDO, O HABITAT OU O MEIO CORRESPONDEM EM TUDO A VELHA E EMBOLORADA TRADICIONAL??? COMO SE O ESTADO NÃO REORGANIZOU O ESPAÇO DE MODO A PROPICIAR A PASSAGEM DA ESCOLA TRADICIONAL E INATIVA PARA A ESCOLA RENOVADA OU ATIVA???

Assim é muito fácil sr governador...

Querer que os professores retirem a escola nova da escola velha como um mágico retira coelhos e pombos de sua cartola. MAS O PROFESSOR NEM É MÁGICO, NEM MAGIA EXISTE...

Nem é possível, dizia alguém, por vinho novo em odres velhos; pois os odres estouram, infalivelmente...

ASSIM NÃO É POSSÍVEL ENCAIXAR A ESCOLA NOVA OU A PROPOSTA DE UM FREINET, DE UM DECROLY, DE UM VIGOSTKY NA ESCOLA TRADICIONAL...
Em termos aristotélicos diríamos que falta a causa condicionante...

Assim, apesar do discurso oficial, a escola Nova ou ativa jamais deixou de ser potência para converter-se em ato ou entidade existente na rede estadual de ensino...

Porque o governo NÃO FORNECEU NEM FORNECEM AOS PROFESSORES OS RECURSOS MATERIAIS DE QUE PRECISAM, NEM TOMA AS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA QUE TAL META SEJA EXEQUÍVEL!!!

Postular que cada escola deva ter seu próprio ônibus tendo em vista realizar saídas de campos diariamente em cada período, parece utópico para muitos...  E NO ENTANTO O SR GOVERNADOR, SEU GABINETE POR INTEIRO E CADA DEPUTADO DESTE ESTADO É CONTEMPLADO COM UM AUTOMÓVEL DE LUXO ESTIPÊNDIO PARA COMBUSTÍVEL!!!

Enquanto tal se sucede os professores de periferia que levem seus alunos voando - ou com o poder da mente - ao museu, ao teatro ou ao gabinete de ciências naturais. Ou que realize saídas custeadas pelos próprios alunos, O QUE EXCLUÍ JUSTAMENTE OS MAIS CARENTES!!!

Recursos há. O problema é que são mal empregados.

Pois são investidos em homens barbados ou demagogos, quando deveriam ser investidos em nossas crianças e escolas; produzindo aquelas causas materiais ou condicionantes, que a largo prazo ao menos, implementariam a realidade da escola Nova ou ativa tornando possível a nossos mestres a aplicação das teorias de um Wallon ou de uma Antipoff em sala de aula.

Conceda o governo aos professores condições materiais, ao invés de discursos e palavrório inútil, para que a escola Nova exista e ela virá a existir.

Instale uma sala com pelo menos QUARENTA computadores em cada escola e tornara possível ao professores conduzir sua turma por inteiro a dita sala, sem a necessidade de acomodar dois alunos em cada computador, O QUE É, PERMITA DIZER-LHE, ANTI PEDAGÓGICO!!! Mesmo porque quem cria salas de informática com quinze ou vinte computadores bem pode criar salas com trinta ou quarenta micros!!! AGORA SE NÃO É POSSÍVEL CRIAR SALAS DE INFORMÁTICA COM TRINTA OU QUARENTA MICROS, DE MODO QUE CADA EDUCANDO FIQUE BEM ACOMODADO, ENTÃO QUE SE REDUZA O NÚMERO DE ALUNOS POR CLASSE FORMANDO TURMAS COM VINTE ALUNOS!!! 

Bem valeria reduzir os inúmeros privilégios concedidos ao corpo político deste estado PARA QUE CADA SALA DE AULA TIVESSE A SUA TV/DVD permitindo que cada turma pudesse ter acesso a aulas muito mais interessantes, produtivas e fecundas!!!

Digo isto sr governador e srs deputados porque professor algum por melhor que seja, nem mesmo Freinet, ou Wallon, poderiam substituir um ônibus, um computador ou um aparelho de DVD; INSTRUMENTOS IMPRESCINDÍVEIS PARA O EDUCADOR DO SÉCULO XX (sic)!!!

E no entanto nossas escolas continuam parecendo-se mais com uma caserna, um presidio ou uma fábrica, do que com um estabelecimento de ensino... propiciando apenas o oferecimento de aulas discursivas (explanação) e enfadonhas!!! E NOSSAS CLASSES SUPER LOTADAS EM DEPÓSITOS DE JOVENS E CRIANÇAS!!!
Naturalmente que em tais contingências, conflitos de toda sorte haverão de eclodir, agravando ainda mais a situação... e dificultando a atuação do professor. O qual além de instruir deverá mediar tais conflitos sob pena de ser apresentado como relapso!!!

Depois de tudo, enfim, aparecem a já citada equipe gestora bem como os quadros da administração pública - Quadros que circulam em automóveis financiados pelo erário e movidos com combustível pago pelo erário!!! - para massacrar implacavelmente tais profissionais apresentando-os a sociedades, aos pais e mães de nossos alunos vilões!!!! QUANDO NA VERDADE, ESTE GOVERNO OMISSO, É O ÚNICO E VERDADEIRO VILÃO!!! E GRANDE RESPONSÁVEL PELA FRUSTRAÇÃO DO ATO EDUCATIVO NESTE MODELO ULTRAPASSADO DE ESCOLA COLONIAL!!!
Constrói prédios, espaços e estabelecimentos de ensino que não se encontram em sintonia com tudo quanto é exigido tendo em vista a aplicação das modernas teorias pedagógicas; para em seguida culpar os professores por não 'serem capazes' de aplicar tais teorias!!!

O simples fato de termos tido apenas um Caetano de Campos, em que nossos normalistas eram formados segundo os preceitos do escolonismo e das teorias ativas recém construídas CERCADOS POR UM APARATO MATERIAL 'SOBERBO' já diz tudo. Pois nenhum destes mestres lá formados, ao regressar a sua cidade ou região deu com qualquer outro Caetano de Campos, suficientemente aparelhado tendo em vista a execução da proposta escolonovista...

De fato é preciso ser muito cínico e cara de pau para esperar que nossos educadores executem a proposta de um Dewey ou de um Decroly sem contarem a seu tempo com um espaço ao menos em parte semelhante ao gabinete de pesquisas de Dewey ou ao L Hermitage de Decroly... Mas não contamos com Caetanos de Campos, L Hermitages ou gabinetes semelhantes ao de Dewey implementados pelo governo do Estado de S Paulo, O QUAL, EM QUE PESE SEU DISCURSO, ENCARA A ATIVIDADE PEDAGÓGICA DO DOCENTE COMO UM ATO MÁGICO OU NÃO CONDICIONADO POR ELEMENTOS DE ORDEM MATERIAL, i é, SEGUNDO A DOUTRINA IDEALISTA OU ROMÂNTICA.

Eis porque - ao menos neste estado (na rede estadual de ensino) a escola Nova jamais realizou-se de modo completo e geral, e ainda esta muito longe de realizar-se; com grave prejuízo educativo.

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