terça-feira, 23 de dezembro de 2014
O mundo assombrado pelos demônios - uma resenha
Acabei de ler o mundo assombrado pelos demônios de Carl Sagan mais do que um livro de divulgação científica, este livro é uma conversa amigável com o leitor que não pretende ensinar ciência. O objetivo de Sagan é ensinar o ceticismo, não o ceticismo pelo ceticismo, mas o ceticismo saudável que nos ensina a duvidar daquilo que não apresenta evidências. O autor nos ensina a duvidar das autoridades e ensina-nos que em ciência não existem autoridades apenas especialistas.
Carl Sagan nos ensina que mais importante que a tecnologia e os avanços e os benefícios que a ciência nos traz é ensinar o método científico para as pessoas é ensinar as pessoas a raciocinarem de modo racional.
Carl Sagan inicia o livro falando da feira de ciência que participou em Nova York em 1939 e como aquilo o mudou e de como passou a interessar-se pela ciência se bem que na escola ele não teve esse estímulo.
Ele fala que o senso comum acaba por confundir ciência com a pseudociência e ele fala do sr. Buckle um motorista que foi contratado para buscá-lo para uma entrevista televisiva e quando o motorista soube que ele era o afamado cientista Carl Sagan começou a perguntar-lhe sobre aquilo que ele considerava como ciência: deuses astronautas, cristais, Atlântida e outras coisas mais. Ao negar tudo isso, Sagan o decepcionou porque o motorista não queria a verdade mas crer naquelas coisas que eram confortáveis para ele e que lhe foi ensinado como ciência genuína mas no entanto não era.
Sagan fala do Dragão em minha garagem, de pessoas que desejam impor sua visão de mundo sem apresentar evidências de que aquilo que dizem é verdadeiro e não meramente uma crença.
Em vários capítulos ele aborda a questão dos UFOS e a questão dos "raptos" por alienígenas e ao longo dos capítulos ele vai desconstruindo esses mitos.
Sagan disse que em questões de pseudociências como a parapsicologia até um cientista pode ser enganado por charlatões visto que as pessoas podem ser desonestas e os cientistas lidam com fenômenos da natureza e a natureza sempre é honesta e os charlatões nunca o são então nestes casos é melhor mesmo um mágico experimentado como James Randi para desmascarar médiuns e outros charlatões.
Ainda no livro Sagan fala da importância da edcação e de como os EUA tem caído no quesito educação, porque nesse país os jovens são desestimulados a estudar pelos próprios colegas e quando um jovem estuda ele recebe os apelidos pejorativos de geek, nerd entre outros. O legal - segundo esses jovens - é ser descolado, sensual.
Sagan apresenta diversas correspondências de seus missivistas sobre suas opiniões sobre a educação.
Num capítulo Sagan falava sobre o negro Fredericl Bailey que mais tarde trocou seu nome para Frederick Douglass, e mostra como a sua educação mudou sua visão de mundo de modo que este ex-escravo tornou-se um orador e abolicionista.
Sagan também mostra como o fanatismo é perigoso para toda a sociedade e nos últimos dois capítulos ele fala como o ceticismo é importante até para a democracia. Enfim é um livro imprescindível.
sábado, 6 de dezembro de 2014
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Por que doravante votarei nulo?
Apesar de ter lido vários textos de anarquistas contra o sufrágio universal, contra o voto, mesmo contra o voto crítico, mesmo tendo conhecimento de textos e mais textos, mesmo assim votei - o coração tem razões que a própria razão desconhece, escreveu Pascal - pois parece-me que só aprendemos a partir de nossas experiencialidades, com nossos próprios erros.
No 1º turno votei nos candidatos do PSOL e no 2º turno optei pelo "voto crítico", pelo "voto tático" com medo de eleger Aécio pois em minha ingenuidade pensei que a situação do Brasil poderia piorar e ante isso eu votei na senhora Dilma Roussef, ainda escrevi textos sobre o voto crítico bem como textos apoiando a presidente, aqui, aqui, aqui e aqui.
Eu não votei na Dilma porque pensei que o Brasil iria ter avanços mas votei para não ter retrocessos e enganei-me da forma mais estúpida possível, mais estúpida porque já tinha sido alertado por textos anarquistas. Por estes dias Dilma anunciou Joaquim Levy como ministro da fazenda, um sujeito neoliberal que não tem um pingo sequer de socialismo. A Dilma enganou seus eleitores, tudo o que disse em sua campanha eleitoreira foi desmentido com o anúncio de um ministro da fazenda à direita, isso para não falar na indicação da Kátia Abreu para ministra da agricultura. O PT criticou tanto o PSDB para no fim fazer o mesmo que o PSDB, só por isto, o PT se mostra mais desonesto que o PSDB. O bom disso é que a máscara do PT caiu, se o partido da estrela vermelha conseguia se disfarçar como esquerda, agora o disfarce foi desfeito e todos sabem de que lado está o PT. Até a revista liberal The Economist elogiou a escolha da senhora Roussef e mais ainda a revista afirmou que a política econômica do PT é uma imitação da política do PSDB, além de toda a canalhice, o PT é também um partido plagiador, se ao menos plagiasse o que é bom...
A esquerda que votou em Dilma está revoltada e sente-se traída pela presidente que mostrou ter aprendido bem as lições de O Príncipe e agora não adianta reclamar, o voto crítico assim como todos os outros votos revelou-se uma fraude, na verdade o voto crítico/tático deveria ser chamado de voto ingênuo.
Guilherme Boulos percebeu que o partido dos trabalhadores não é mais dos trabalhadores, é um partido que está à direita e pouco se importa com os trabalhadores e com os pobres deste país, ademais continuarão com o seu assistencialismo barato e a gente pobre ainda verá na dupla dinâmica Lula e Dilma uma espécie de Cristo no primeiro e uma espécie de virgem Maria na última. O texto de Guilherme Boulos é um texto irônico mostrando a verdadeira face do PT.
O PT metamorfoseou-se, de esquerda que era tornou-se direita, a sátira de George Orwell cai bem ao PT:
"Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora, olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco". George Owell in A Revolução dos bichos.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Jesus é um plágio de outros deuses?
O texto a seguir é do Kaio Costa presidente da Sociedade Racionalista, Kaio é ateu portanto insuspeito, não tem interesse em defender o cristianismo. Eu pedi permissão do Kaio para publicar o seu texto. Segue o texto.
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Hórus [1]:
Alegação:
“Nasceu no dia 25 de dezembro de uma mãe virgem, com uma estrela no oriente, foi apresentado por 3 reis, professor aos 12 anos, batizado aos 30, possuía 12 discípulos”.
Refutação:
Hórus não nasceu de uma virgem – ele era filho de Osíris com Ísis. A afirmação de que a mãe de Hórus, Isis, era uma virgem é facilmente refutada com uma pesquisa rápida. A Enciclopédia Mythica mostra que seu nascimento foi totalmente sexual. Depois que seu pai Osíris foi assassinado por Seth, seu corpo foi cortado em pedaços, e Isis ficou com a missão de recuperar seus pedaços. Ela, então, “fecundando-se com corpo de Osíris, deu à luz Hórus nos pântanos de Khemnis no Delta do Nilo.”
Hórus não nasceu dia 25 de dezembro. De acordo com a mitologia egípcia, há três datas para o nascimento de Hórus, e a mais fundamentada é 15 de novembro.
Não há nenhuma referência que Hórus tenha sido batizado, nem Hórus, nem nenhum outro deus egípcio, e Hórus não teve um “ministério”. Ele “se tornou rei” após a assembleia dos “deuses” decidir apoiá-lo contra Seth.
Hórus nunca ensinou nada a ninguém, nem muito menos aos seus 12 anos. Ele permaneceu escondido durante toda sua infância. Somente quando se tornou adulto ele se revelou e lutou contra Seth para vingar seu pai. Hórus só tinha 4 discípulos, e não 12, e estes eram chamados de “Heru-Shemsu”.
O nascimento de Hórus não foi anunciado por nenhuma estrela e não havia três reis magos presentes no nascimento.
Mithra [2]:
Alegação:
“Nasceu no dia 25 de dezembro, fazia milagres, possuía 12 discípulos, morreu e ressuscitou após 3 dias.”
Refutação:
Mithra nasceu do cruzamento do deus Ahura-Masda com uma pedra, e não de uma virgem. Foi sincretizado pelos soldados romanos vindos do oriente com o deus “Sol Invictus”, surgindo a religião chamada “Mistérios de Mitra”.
Os mitras não deixaram textos, só imagens. Mithra não ressuscitou, mas sim sacrificou uma espécie de “touro sagrado” dentro de uma caverna. As histórias sobre Mithra contam que ele teve apenas um ou dois discípulos. Todavia, há uma gravura em pedra que ilustra Mithra matando o touro com 12 espectadores assistindo.
Dionísio [3]:
Alegação:
“Nasceu no dia 25 de dezembro, fazia milagres, era rei dos reis, o Alpha e o Omega e ressuscitou”.
Refutação:
Esse, realmente, me fez pensar se a pessoa que criou essa imagem realmente estava falando sério. Acho que ele procurou no Google pelo nome “Dionísio”, pegou a primeira imagem que apareceu e colou. Ali não é Dionísio deus grego, e sim Dionísio O Areopagita, um cristão discípulo de Paulo.
Seu nascimento era celebrado em 6 de janeiro e não 25 de dezembro.
Dionísio, a divindade Greco-romana, que também era conhecido em Roma como Baco, o deus do vinho, era representado por um jovem nu, o que difere totalmente da foto postada, que é de um ancião de barba e vestido até na cabeça.
Outro erro grotesco: Como Dionísio poderia ser reconhecido como “o rei dos reis”? Onde fica Zeus nessa história? Ele estava abaixo de Zeus, de Hera, de Apollo e etc. Nem de longe era “o rei dos reis”.
Como ele poderia ser o alpha e o ômega se ele foi criado por Zeus? Como é que ele poderia ser o primeiro e o último se existiam vários na frente dele, inclusive Zeus, que era o maior de todos?
Na mitologia greco-romana, os deuses são imortais. Como ele ressucitou, se era imortal e nunca poderia morrer? Além do que nunca foi dito que algum deus grego tenha se tornado humano propriamente alguma vez.
Attis[4]:
Alegação:
“Nasceu de uma mãe virgem, crucificado e ressuscitou ao terceiro dia.”
Refutação:
Pra inicio de conversa: Attis não era um homem, era uma mulher.
Segundo, não há notícia de que a mãe de Attis era virgem. A fecundação da mãe dela se deu depois que o deus Agdistis, que tinha nascido com os dois órgãos sexuais, cortou o órgão masculino jogou na terra e caiu em uma amendoeira e, depois que os frutos dessa amendoeira ficaram maduros, Nana, que era filha do deus-rio Sangarius, pegou uma amêndoa e deitou no seu seio. Então ficou grávida de Attis. Logo ela nasceu de uma reprodução sexuada.
Attis nunca foi crucificada. Ela era também uma deusa frígia da vegetação, e em sua auto-mutilação, morte e ressurreição, ela representa os frutos da terra, a qual morre no inverno para só reviver novamente na primavera. Ou seja ela se mutilava, suicidava e ressurgia.
Krishna [5]:
Alegação:
“Nasceu de uma mãe virgem com uma estrela no oriente. Fazia milagres e ressuscitou.”
Refutação:
Essa divindade não nasceu de mãe virgem. A mãe de Krishna teve vários outros filhos e filhas antes dele, portanto não era uma virgem. Krishna era da família real de Mathura e o oitavo filho da princesa Devaki e do marido Vasudeva, um nobre da corte.
Não há nenhum relato de tal estrela.
Krishna foi morto quando um caçador o atingiu no pé com uma flecha envenenada. Ele não ressuscitou.
Sobre os milagres, é óbvio que todos os deuses da imagem (e todos os deuses do mundo), em suas histórias, faziam milagres. Qual seria o objetivo de um deus se ele não fizesse milagres? Ser presidente de um país?
Conclusão:
Jesus, o homem humano, se existiu ou não, não cabe a este post. A intenção aqui não foi validar a existência ou não de Jesus, mas sim de mostrar que essa imagem – e de onde ela foi tirada – é falsa.
Referências:
[1] Hórus:
http://www.pantheon.org/articles/h/horus.html
www.reshafim.org.il/ad/egypt/osiris.htm#horus
http://tektonics.org/copycat/osy.html
http://www.thenazareneway.com/index_egyptain_book_dead.htm
The Eye of Horus – THURSTON, Carol.
[2] Mithra:
http://www.newadvent.org/cathen/10402a.htm
www.pantheon.org/articles/m/mithra.html
http://www.tektonics.org/copycat/mithra.html
[3] Dionísio:
Representação do deus grego Dionísio:http://2.bp.blogspot.com/-xKYdR8GKLSc/T7G4DHx-XMI/AAAAAAAAAlo/bZ-WAWTjajI/s400/mg-deusdionivinhpraz.jpg
http://www.pantheon.org/articles/d/dionysus.html
http://www.greekmythology.com/Other_Gods/Dionysus/dionysus.html
[4] Attis:
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/42255/Attis&usg=ALkJrhjKjMdHIHA-47Z-kk6TSns_aajh8g
http://www.tektonics.org/copycat/attis.html
[5] Krishna:
http://www.pantheon.org/articles/k/krishna.html
http://hinduism.about.com/od/lordkrishna/a/krishna.htm
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Não divulgue erros.
Kaio Costa – Presidente da Sociedade Racionalista.
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P.S.: Originalmente publicado aqui ==> http://consciencia.blog.br/2013/12/kaio-costa-refutacao-a-imagem-que-faz-associacoes-falsas-entre-jesus-e-outras-divindades.html
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
Considerações sobre o Estado
O Estado não poucas vezes constitui um dilema - O Estado sustenta a opressão e o capitalismo de Estado, mas sua implosão poderia provocar o surgimento de um novo mundo, o mundo gerido por industriários e empresários cujo poder seria mais tirânico do que o do Estado.
Margareth Thatcher - de infeliz memória - quando foi 1ª ministra do Reino Unido praticamente aboliu o salário mínimo de modo que os patrões poderiam pagar um salário mais baixo que o mínimo exigido por lei, já que o Estado não se intrometeria nos "acordos", entre o contratado e o contratante. Uma vez que esses "contratos" eram impostos o trabalhador tinha duas opções receber muito pouco ou não receber coisa alguma.
Neste ponto não deveria haver uma pressão social para que o Estado interfira na economia, uma vez que os mais pobres não tem como defender seus direitos? Penso aqui na teoria da jaula que Chomsky tomou emprestado de operários brasileiros, expandir a jaula para que o bicho feroz que é o patronato não devore os trabalhadores. Pois é, o Leviatã não é 100% mau mas também não é a maravilha que os adoradores hegelianos de esquerda ensinam.
Evidentemente gostaria que não dependêssemos do Estado, que não houvesse burocracia e que não houvesse essa representatividade burguesa, mas para isso é preciso sim organizar e educar o povo para sua emancipação mas não só em nível nacional mas em todo o mundo, pois toda e qualquer revolução ou evolução da sociedade, se for localizada está fadada a desaparecer porque a reação é internacional.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Anarquismo roteiro da libertação social
Hoje à tarde acabei de ler o livro de Edgard Leuenroth, Anarquismo roteiro da libertação social que é uma antologia de textos libertários que versam sobre a história do anarquismo, história da imprensa anarquista, dos congressos anarquistas, que explicam o que é o anarquismo e como agem os anarquistas e também versa sobre a educação libertária. A maior parte dos textos é do próprio Leuenroth, mas também há textos de Gigi Damiani, Malatesta, José Oiticica entre outros.
O livro tem uma linguagem de fácil assimilação mas nem por isso deixa de ser profundo, de todos os livros sobre o anarquismo que li este foi o melhor, o autor e organizador da obra refutou o marxismo e suas pretensões historicistas, explicou exaustivamente que todos os problemas derivam do Estado e da propriedade privada, e que são esses entes que sustentam o capitalismo.
Edgar Leuenroth insiste por todo o livro que os anarquistas se associam livremente e praticam o apoio mútuo, sem coação, sem leis, apenas baseados na camaradagem e, o melhor o autor não faz discurso sobre o funcionamento da sociedade anárquica mas demonstra cabalmente através de fatos históricos vários episódios de anarquistas e de pessoas comum que se associaram livremente e aboliram o dinheiro e entre eles reinava a harmonia, esses fatos vieram a desmontar a tese marxista-leninista de que precisa haver uma ditadura do proletariado, a tomada do governo para se chegar ao comunismo. Leuenroth desmonta essa falácia apenas demonstrando fatos e nada mais.
Este livro é simples e não tem grandes pretensões, é a melhor iniciação ao anarquismo e é obra de brasileiro, é uma aula de filosofia, de história e de sociologia para se entender o que é de fato o anarquismo, este livro não deixa nenhuma dúvida sobre o assunto e sua linguagem além de didática é uma linguagem serena e acolhedora. Se você se interessou pelo livro pode comprá-lo mas se não puder e/ou quiser comprá-lo pode baixá-lo gratuitamente aqui. Se este texto excitou sua curiosidade a ponto de levá-lo(a) a baixar a ler o livro dou-me por satisfeito. Quanto a mim, posso dizer que este livro me esclareceu muito.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
O congresso derruba decreto da presidenta Dilma
O decreto 8.243 da presidenta Dilma que institui o PNPS (Política Nacional de Participação Social) foi derrubado pela câmara dos deputados e muita gente nas redes sociais está festejando a vitória da democracia sem saber do que trata o decreto. O decreto não cria novos conselhos, o decreto não dá poderes deliberativos, somente dá os parâmetros a seguir na criação de novos conselhos e que os ministérios e órgãos institucionais devem ter um plano anual para mostrar como estão lidando com os conselhos. Ao contrário do que muita gente diz por aí esse decreto não é uma ameça à democracia, pelo contrário é uma ampliação da democracia que visa ter maior participação popular nos meios ditos democráticos. Esse é um caminho para a democracia participativa, que foi inaugurada pela ala progressista da Igreja Católica e depois abraçada pelo PT, um dos grandes entusiastas da democracia participativa foi o advogado católico e ex-governador do estado de São Paulo, André Franco Montoro que também foi fundador do PSDB (se as almas são imortais ele deve estar sofrendo um profundo desgosto e decepção com o partido que fundou). Se você quiser saber mais sobre o assunto você pode ler o texto de Luiz Carlos Bresser Pereira, clicando no link a seguir Democracia Participativa.
Enfim, a Dilma não criou novos conselhos e tampouco quer acabar com a representatividade dos deputados, quem afirma tal são os deputados mal-intencionados (a maioria deles o é) e gente boçal que passa o dia todo no facebook e twitter reproduzindo discursos doentios do Rodrigo Constantino, do Reinaldo Azevedo e de outras criaturas toscas que assombram o país com suas mentiras e seus delírios.
Muito me espanta o pessoal do Movimento Passe Livre e outros movimentos que saíram às ruas nas manifestações de junho por causa dos R$ 0,20 mas se quer moveu as nádegas do sofá para protestar contra os parlamentares que não aceitam que haja participação popular na "democracia". As pessoas ficaram enlouquecidas por R$ 0,20 mas ficam tranquilas contra os atos que são feitos contra o povo. Realmente não consigo entender esses movimentos sociais.
Aí depois vêm os sábios e entendidos do facebook dizer que a Dilma não governou, que não fez nada, que é corrupta e o diabo-à-quatro, mas esse "cidadão", "cidadã" não toma conhecimento do que faz a câmara dos deputados e o senado. Dilma nem tomou posse do 2º mandato e a câmara dos deputados já estão tentando prejudicar o seu governo. Se derrubaram esse decreto é evidente que a maioria dos deputados vai barrar a reforma política até porque ano que vem o congresso vai se tornar ainda mais conservador.
Pois é, os inimigos, os verdadeiros inimigos são o congresso e o senado que impedem avanços sociais, políticos e econômicos, é preciso parar de criticar o executivo e ver o que faz o legislativo.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Balanço das eleições
Tese 1, o PT venceu as eleições presidenciais apesar do apoio que o Aécio recebeu da rede Globo, da Veja, do Estadão e de outras mídias venais e de políticos presidenciáveis que caíram no 1º turno, Eduardo Jorge, pastor Everaldo, Levy Fidelix e Marina Silva, praticamente sozinho o PT venceu o gigante da oposição e isso mostra uma coisa: que o povo já não acredita tanto nas mídias convencionais/tradicionais, grande parte do povo prefere investigar por si mesmo as notícias veiculas pela imprensa tradicional. Mesmo eu não sendo petista, tenho que admirar a organização do PT e de sua militância, não foi fácil vencer as eleições com tantos adversários e até mais poderosos que o PT.
Tese 2, os
Tese 3, o pessoal da direita já está falando em derrubar o governo democraticamente eleito e afirmando que o PT é comunista.
Tese 4, Brasil elegeu o congresso mais conservador desde 1964, o que reflete a mentalidade de uma parcela do povo, ou seja, o Brasil está mais conservador.
O Brasil está ficando mais reacionário, é um tipo novo de conservadorismo, já não é aquele conservadorismo puro contra o socialismo e a adesão ao fascismo nos moldes do integralismo, se bem que ainda há adeptos dessa forma de fascismo. Esse novo conservadorismo está associado ao Estado mínimo, isto é ao neoliberalismo, a meritocracia que é o método de vencer na vida pregada pelos anarco-capitalistas. Dialeticamente falando os reacionários se metamorfosearam para se adaptar aos novos tempos, eles conservam uma mistura de Estado mínimo ao contrário da forma fascista original, são xenófobos, isso eles conservaram em sua pauta e golpistas.
Evidentemente os reacionários admitem a democracia apenas quando é vantajosa para si, quando não é vantajosa eles mentem, caluniam, trapaceiam e até falam em intervenção miliar, fazem a marcha de deus com a família e outras aberrações do gênero. Como se vê pelas teses a direita não é nada honesta, só foi a Dilma ganhar que eles começaram com seus textículos racistas e xenófobos, começaram a falar em separatismo, em dar um golpe de Estado e outras coisas mais.
O PT não é um partido socialista e tampouco dos trabalhadores mas é um partido que tem ajudado milhões de brasileiros apesar de seus erros, omissões para com os índios e também com os movimentos sociais e LGBT. Se apenas sendo um partido reformista e tendo uma grande dificuldade para se manter no poder devido a marcação cerrada por parte de seus adversários políticos e ideológicos o que não falar então de partidos mais progressistas? O que falar então do anarquismo que ensina o fim do capitalismo e do Estado?
Eu votei na Dilma para tentar barrar um pouco a onda neo-conservadora que está grassando pelo país, e para que os trabalhadores não sejam assim tão espezinhados. Também tenho consciência de que a Dilma terá mais dificuldade para governar porque o congresso está mais reacionário do que nunca e sei também que vai ter que comprar certas bancadas para ver seus projetos aprovados, faz parte da nossa democracia de faz de conta.
Como tenho dito e escrito inúmeras vezes eu gostaria sim de ver um mundo sem governo, sem explorado e sem exploradores mas temos um longo caminho pela frente, é preciso que os anarquistas, libertários e todas as pessoas de boa vontade se unam para se inserir nos movimentos sociais, nas periferias e assim fazer de trabalho de base, pois para o povo se emancipar a si mesmo, ele precisa se instruir através de uma educação racionalista, livre das superstições religiosas e dos preconceitos patrióticos que fazem tantos imbecis entre o povo.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
O movimento Mães de maio vota Dilma
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As Mães de maio assim como muitas pessoas vão votar na Dilma não porque acreditam que seu governo restaurará a inocência perdida no Éden ou que ela vai inaugurar o milenarismo, não. Vão votar na Dilma para evitar o pior, isto é, Aécio Neves, o candidato apoiado pela imprensa venal, pelos neoliberais e por todos os conservadores em geral. O voto em Dilma não é um voto de confiança em seu governo, mas é um voto para tentar frear o crescimento do fascismo e da reação, coisa que já aconteceu este ano no 1º turno quando elegeram o congresso mais conservador desde 1964.
Felizmente o povo das periferias, os pobres, os marginalizados tem uma visão maior de mundo para não cair no idealismo dos abstencionistas, eles abem que voto nulo não resolve, pelo contrário favorece o Aécio & cia. Faço das palavras do Movimento das Mães de Maio minhas palavras.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Da ineficiência da democracia representativa
Não, eu não acredito na eficiência da democracia representativa mas antes que alguém pergunte: Então por que você vai votar na Dilma? Eu votarei para tentar frear um pouco o neoliberalismo e o conservadorismo do congresso, pois ao contrário do jargão das 1ª candidatura do Tiririca: pior que tá não fica, eu acredito sim que a política pode ficar pior e quem vai sofrer as consequências são as camadas mais pobres da população.
Antes que me venham dar lição de moral adianto, eu sei que todos ou quase todos os partidos políticos são corruptos, sei que o PT se metamorfoseou em outra coisa, que se tornou um partido fisiológico, sei que os banqueiros tiveram grandes lucros no governo Lula, mas sei também que graças ao PT o Brasil saiu do mapa da fome, que muitos jovens estão tendo acesso às universidades, coisas essas que não se viam em governos anteriores, com isso não estou defendendo o PT, o PT está longe de ser um bom partido, longe de ser um partido honesto e verdadeiramente socialista.
Respeito quem vai abster-se de votar mas espero que me respeitem também e que não me venham rotular como fazem certos anarquistas cujo anarquismo se resume no mantra: anarquista não vota! E isso repetido acaba se tornando uma "verdade incontestável". E, claro se o anarquista não pode pensar por si mesmo, se ele tem que se ater aos catecismos e livros sagrados do anarquismo então ele também faz parte de um rebanho porque não pensa apenas reproduz o que os outros pensam e há mesmo quem tenha medo de declarar votos por temer a excomunhão.
O não votar tradicional da maioria dos anarquistas não vai levar a uma transformação social da sociedade, não vai provocar uma revolução, pelo contrário levará um partido que vai endurecer ainda mais a vida das massas sofridas. Levará um governo moralista a esquecer do movimento LGBT, e esquecer também a pauta da questão do aborto que interessa um parte da sociedade brasileira. Aí algum libertário poderia perguntar-me: Mas não é tudo igual? E autoridade não é autoridade? Ao que eu responderia: Não, não é tudo igual, tanto é que o Movimento das Mães de Maio que é movimento social apóia a candidatura da Dilma não porque seja boa, mas porque o Aécio será pior no trato com os movimentos sociais. As periferias também votarão na Dilma. E o nordeste praticamente todo também votará na Dilma, por quê? Alguma coisa tem né? Parece que os mais pobres sabem a diferença entre um candidato e outro pois eles sentem na pele as agruras pelas quais passam, diferente de anarquistas que são boas vidas e já tem suas vidinhas ganhas.
É evidente que votar não vai transformar o Brasil numa potência mundial, o voto não acabará com o autoritarismo, com a opressão e com as classes: burguesia e o proletariado, mas ao menos esta última não sofrerá tanto e ainda poderá conquistar um ou outro direito.
O que de fato levará a sociedade a mudar é a boa educação, pois educando-se nossos jovens no amor à liberdade, ensinando-lhes a pensar por si mesmos teremos uma sociedade que poderá se levantar contra o Estado e destruí-lo.
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
O porquê de votar em Dilma
Inicialmente, deixo registrado que formalizei meu desligamento dos quadros do PCB-RJ, como militante e dirigente partidário. Faço isso em respeito ao centralismo democrático, evitando assim uma contradição pública com a posição oficial do Partido -voto nulo- para o segundo turno das eleições presidenciais de 2014.
Vejamos. Em 2006 e 2010, fui um severo adversário do voto dito "crítico" nas candidaturas do PT no segundo turno, mas me submeti à decisão do Partido. Em razão disso, a princípio, talvez o voto nulo hoje em 2014 viesse a, finalmente, me contemplar. Mas fica evidente, para quem quer que analise e observe a realidade brasileira, que a conjuntura em 2006 e 2010 não era tão grave quanto hoje. Em 2006 e 2010 o PT possuía larga vantagem diante dos adversários do PSDB. Os tucanos eram adversários fáceis, sua base de sustentação, conservadora como sempre mas mais tímida. Nesses cenários, o voto nulo por parte da esquerda revolucionária seria pertinente: marca-se posição e denuncia-se o lulismo (agora lulodilmismo), sem que se facilitasse as coisas para os tucanos. Em 2014, a situação é diferente: aquilo que há de mais reacionário e atrasado na sociedade brasileira perdeu a timidez e ganhou a luz do dia. Os corifeus da extrema-direita têm cada vez mais espaço nas mídias tradicionais (a web ainda é uma trincheira), o Congresso recém-eleito é o mais reacionário das últimas décadas, a luta de classes tem cada vez mais passado às vias de fato (vide a violência física contra militantes de partidos de esquerda e movimentos sociais nas "jornadas de junho" de 2013), sedes de partidos e movimentos de esquerda têm sido invadidos pelo Brasil (PSTU no Rio etc.), candidatos ligados a causas sociais (LGBTT etc.) são atacados durante a campanha eleitoral, são praticados atos terroristas -como há poucas semanas no hotel em Brasília- por desequilibrados influenciados pelo discurso de ódio dos Bolsonaros etc. etc. etc.
Ora, justamente esses fascistas estão na base de apoio da candidatura de Aécio. O Clube Militar ter granjeado seu apoio ao PSDB, para "interromper a sovietização do país" (1), é outro de inúmeros sintomas. Isto é: não é que Dilma seja comunista. Longe disso. Mas o anticomunismo está é com Aécio.
Dois exemplos, muito sintomáticos.
Em encontro recente, em discurso, Dilma faz referência à reeleição de Evo na Bolívia. Os presentes bradam por uma "América Latina socialista", ao que a presidente responde, "menas" (2). Não poderíamos esperar resposta diferente, claro. Mas alguém consegue imaginar algo sequer parecido envolvendo Aécio e sua plateia?
O que nos leva ao exemplo seguinte. Encontro de artistas pró-Aécio. Entre o presentes, Coronel Telhada da ROTA e Lobão, falando em "golpe comunista" e "atmosfera stalinista"(3).
O anticomunismo mais histérico está com Aécio, portanto, e votar nulo nesse cenário é uma temeridade.
Novamente: não é que o PT seja esquerda. Mantenho a minha definição, a de partido burguês com influência de massas (4). Não acredito que seja necessário, a essa altura do campeonato -já se vão 12 anos de PT no poder- explicar e denunciar as práticas e opções desse partido. Causa-me vergonha alheia a tentativa de alguns amigos, colhendo dados, números e estatísticas para "provar" os êxitos do PT governo.
O que justifica o voto em Dilma, hoje em 2014, não é eventual "melhora" do PT. Não é que o PT tenha melhorado; a oposição de direita é que piorou muito. Portanto o voto hoje é justificado, como não foi em 2006 e 2010.
A melhor análise que li sobre o momento é a da Liga Comunista. Evocando um antigo texto de Trotsky (5), deixa claro que não se trata de escolher o "mal menor". Veneno e um tiro de pistola não são "males menores" um em relação ao outro; ambos são fatais. Contudo, pergunta Trotsky, entre um inimigo que nos envenena diariamente, e outro prestes a nos alvejar com a pistola, contra qual nós nos voltaremos primeiro? O inimigo com a pistola, é claro, e, diz corretamente a LC, o inimigo com a pistola -portanto o inimigo imediato- é Aécio (6).
O PT tem realizado e continuará realizando as contrarreformas, evidentemente- desde a da Previdência em 2003- mas é o inimigo envenenador; diariamente uma pequena dose, até o óbito. Mas a própria natureza do instrumento, veneno, permite que se resista; é uma ação demorada, gradual, e os melhores organismos podem resistir à sua ação. Já o tiro de pistola, não. Vai direto ao ponto, sem chance de defesa. Isto é, as contrarreformas que o PT tem realizado, o PSDB realizará numa velocidade ainda maior. E amplamente amparado pelo Parlamento que, repito, é o mais reacionário das últimas décadas. Aécio já anuncia que reduzirá a maioridade penal, por exemplo, e já se especula em seu ministério excrescências como Ronaldo "Fenômeno" e Armínio Fraga (que já disse que, em sua eventual gestão como ministro da Fazenda, não sabe o que "sobrará" dos bancos públicos, adiantando assim a ofensiva neoliberal em doses cavalares que se avizinha) (7). E pensem na situação internacional, América do Sul por exemplo. Serão Brasil de Aécio e Colômbia contra os "bolivarianos".
Votar nulo nesta situação não é uma opção, como foi em 2010 e 2006. Principalmente quando sabemos que estas eleições serão resolvidas na margem de erro. Os parcos (há que reconhecer) votos que os partidos de esquerda, PCB, PSOL, PSTU e PCO tiveram podem definir o resultado. E votar nulo é abrir as portas para o pior cenário. É facilmente verificável que o voto nulo, nestas eleições, tem defensores basicamente naqueles que o sustentam desde o início, isto é, a turma do "eleição é farsa" (como se não soubéssemos disso), ou naqueles que se baseiam em critérios moralistas pequeno-burgueses (baixaria da campanha, nenhuma das propostas contempla etc.). Não sendo o caso de principismo anarcoesquerdista ou de moralismo pequeno-burguês, resta a alternativa, temerária, quase suicida, do "venha quem vier". É claro que os comunistas estaremos na oposição "venha quem vier"; mas se é possível escolher o inimigo, por que não fazê-lo? Um milionésimo que seja de diferença pode ser, às vezes, a única vantagem que resta, e há que aproveitar essa vantagem.
O fato é: um dos dois será eleito presidente. O voto nulo não mudará isso, salvo na fantasiosa expectativa de que determinado número de votos nulos possa anular a eleição, o que dependeria de uma conjuntura que não corresponde à realidade de hoje e, é claro, do entendimento da Justiça Eleitoral. Portanto, queira-se ou não teremos ou PT ou PSDB. Se há um milionésimo de diferença que seja, não faz sentido, diante dessa inevitabilidade, desprezar essa diferença.
Voto Dilma, portanto. E no dia primeiro estarei na oposição como tenho estado há uma década.
notas
(1) http://www.valor.com.br/eleicoes2014/3725746/clube-militar-diz-que-aecio-pode-interromper-sovietizacao-do-brasil
(2) http://noticias.terra.com.br/eleicoes/dilma-rousseff/sob-gritos-de-america-latina-socialista-dilma-diz-menas,c08a8d233eb09410VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html
(3) http://www.cartacapital.com.br/politica/em-ato-pro-aecio-lobao-e-globais-dizem-temer-2018nova-ditadura2019-6373.html
(4) http://www.novadialetica.com/2012/10/consideracoes-sobre-o-pt-i.html- http://www.novadialetica.com/2012/11/consideracoes-sobre-o-pt-ii.html
(5) https://www.marxists.org/archive/trotsky/germany/1931/311208.htm
(6) http://lcligacomunista.blogspot.com.br/2014/10/declaracao-da-lc-no-2o-turno-das.html
(7) http://www.viomundo.com.br/denuncias/o-que-arminio-fraga-que-seria-ministro-da-fazenda-num-governo-aecio-disse-sobre-os-bancos-publicos.html
domingo, 12 de outubro de 2014
AÉCIO E SEU “CHOQUE DE GESTÃO” NA EDUCAÇÃO MINEIRA
O texto a seguir é do meu amigo Camilo Gomes Jr., dono do blog A voz da espécie , Camilo é advogado e apaixonado por ciências e nas horas de folga é cientista político. Ele reuniu vários artigos que desmentem o candidato mineiro Aécio Neves em seu horário de propaganda política.
Uma das coisas que mais me irrita na propaganda do Aécio é a mentirada deslavada, sobretudo quando fala na Educação de Minas sob os governos tucanos (incluindo seus dois mandados consecutivos).
Mentira, porque bastaria uma consulta (que ninguém faz) e logo se saberia que o que ele diz não bate com a realidade.
Abaixo destacarei alguns pontos do programa tucano para ferrar com os professores e com a Educação em Minas Gerais. As informações vêm da Profª. Beatriz Cerqueira, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) — baseando-se em “estudos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), relatórios do Tribunal de Contas do Estado, e mesmo as publicações oficiais do governo”¹ — e do Sr. Henrique Torres, professor de Geografia na rede estadual mineira há mais de 15 anos²:
• O governo tucano em Minas manipula as informações sobre qualidade da educação, divulgando apenas o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB), enquanto outros indicadores que apontam os problemas simplesmente são omitidos da população.
• O tal programa Fica Vivo, ao contrário do que diz Aécio, não conseguiu diminuir a violência. Na verdade, a taxa de homicídio em Minas aumentou 80% de 2001 a 2011.
• Os programas do Governo tucano mostrados na TV não passam de propaganda enganosa: eles não atingem a maioria dos municípios mineiros. Só para citar um exemplo, o famoso Poupança Jovem, de que Aécio tanto fala, atende apenas NOVE municípios — lembrando que Minas é o estado brasileiro com o maior número de municípios no Brasil, 853 ao todo.
• Simplesmente faltam hoje 1.010.491 de vagas no Ensino Médio. Ou seja, mais de um milhão de adolescentes mineiros ficam fora da escola não porque não querem estudar, mas porque não há onde estudar.
• Na Educação Infantil, não é muito diferente: 65% das crianças mineiras não conseguem uma vaga.
• O governo tucano em Minas não paga o Piso Salarial Profissional Nacional aos profissionais do Magistério, conforme determinado pela Lei Federal 11.738/08 e decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Desde 2008, os professores lutam pelo pagamento desse piso. Para se ter uma ideia da situação vergonhosa dos profissionais de educação no estado: em 2010, o piso nacional era de R$ 1.024,67; mas, em Minas, muitos professores com licenciatura plena, em escolas estaduais de diversos municípios, estavam ganhando apenas R$ 550,00 por uma jornada de 40 horas semanais (ou seja, oito horas por dia).
• O governo tucano congelou a carreira de todos os trabalhadores em educação até dezembro de 2015.
• O governo tucano em Minas simplesmente acabou com o Fundo de Previdência dos Servidores Estaduais (Funpemg), o qual já tinha capitalizado mais de R$3 bilhões para aposentadoria dos servidores.
• Em 2007, o governo Aécio efetivou 98 mil servidores públicos NÃO CONCURSADOS, uma prática sabidamente ilegal. Graças a isso um terço dos professores mineiros, que estavam nesse situação (isto é, sem concurso), tiveram de ser demitidos em 2014, após determinação do STF. Consequência disso, hoje faltam 1,5 milhão de profissionais da educação nas escolas públicas de Minas Gerais.
• Outra consequência da irregularidade cometida por Aécio citada acima foi que essa efetivação ilegal fez com que milhares de professores que haviam sido aprovados em concurso não pudessem ser nomeados entre 2007 e 2014, pelo simples fato de que suas vagas já estavam ocupadas, de maneira ilegítima, por aqueles professores que, por causa de sua situação irregular, resignavam-se, calados, ao salário humilhante, abaixo do piso nacional, que o governo passou a pagar a partir de 2008.
• Durante o governo Aécio, em média, CINCO professores concursados se demitiam POR DIA, na rede estadual de Minas Gerais. Afinal, além do salário mais baixo do Brasil, os profissionais de educação anda tinham de enfrentar o despreparo da polícia para lidar com suas greves e o simples silêncio do governo, que se recusava a negociar condições melhores.
• Destaque-se ainda que a desculpa de Aécio Neves, de que “a educação no país inteiro é um caos”, é mais uma conversa fiada desse senhor. Minas Gerais é nada menos que o 3º estado mais rico do Brasil; porém, paga até hoje O PIOR salário para professores da rede estadual no país. No estado mais pobre do país, Roraima, o salário pago é QUASE DUAS VEZES MAIOR.
• Por fim, lembremos que o tal “choque de gestão” de Aécio significou levar o estado para a antepenúltima posição no ranking de investimento em Educação (dentre os 26 estados do país, Minas é o 24º nesse quesito). Por outro lado, a dívida do estado cresceu, e hoje Minas é o 2º estado mais endividado do país.
E ainda há muita gente aplaudindo isso tudo. Pelo visto, educação é uma coisa que está mesmo fazendo falta. Muita falta.
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FONTES:
¹ http://www.viomundo.com.br/denuncias/beatriz-cerqueira.html
² http://plantaobrasil.com.br/news.asp?nID=82117
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LEIA TAMBÉM:
• http://www.otempo.com.br/cidades/cinco-professores-se-demitem-por-dia-das-escolas-estaduais-1.717680
• http://www.viomundo.com.br/denuncias/o-desabafo-do-professor-com-a-crise-da-educacao-em-mg.html
• http://www.robertomoraes.com.br/2013/04/desabafo-e-distencia-de-professor-da.html
• http://amp-mg.jusbrasil.com.br/noticias/2926973/minas-e-o-estado-que-paga-salario-mais-baixo-para-professor-diz-jornal
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Impressões sobre a 1ª feira anarquista da baixada santista
No dia 23 de agosto a cidade de Santos recebeu sua 1ª feira anarquista, com pessoas de todos
os lugares do estado e até mesmo companheiros do Chile.
Para os que
dizem que anarquia é sinônimo de bagunça é porque nunca estiveram numa feira
anarquista, a feira estava muito bem organizada, e a organização da feira não
contou com líderes nem dirigentes. Embora o espaço fosse pequeno todos
encontraram espaço para fazer exposições de livros, revistas, fanzines, discos,
camisetas, etc... Repito, a feira estava muito bem organizada como bem se vê
pelas fotografias que foram tiradas e pelos vídeos que fizeram. Uma amiga minha
foi na bienal do livro em São Paulo, e ela disse que a bienal estava um
caos, essas são as palavras que ela usou
para caracterizar a desordem da bienal do livro: “Quem for a @Bienal do Livro se prepare para enfrentar filas quilométricas para tudo, para a falta de organização, para multidão, para preços iguais das livrarias físicas e mais caros que as virtuais.
Levem muita água! Uma garrafinha custa 4 reais!
Levem lanche, assim é menos uma fila para enfrentar!
Tenham dorflex na bolsa para quando a dor chegar, vocês não andam lá dentro e sim se arrastam.
Tenham cuidado com as crianças!
Quem é professor pode se cadastrar no site para não pagar (eu não achei) ou na porta ( não achei parte 2) , quem não é, compre pelo compre ingressos, assim é menos uma fila!”.
Pois é, em nossa feira anarquista ninguém precisou enfrentar filas, não teve falta de organização, pelo contrário, os anarquistas são bem organizados. Na feira anarquistas tinham várias editoras, e conversando com alguns representantes de editoras anarquistas eu mesmo consegui uns bons descontos. Ademais teve uma barraca de troca-troca de livros libertários, quem não quisesse ou não pudesse comprar poderia trocar livros por livros, até mesmo por alimentação vegana se fosse feita a proposta, houve uma troca do livro A Revolução dos Bichos por fotos de Sacco e Vanzetti. E a comida era cara? Não, a comida era natural, vegana, de ótima qualidade, limpa e o melhor, com um preço de baixo custo para o consumidor. Ali ninguém precisou passar fome. Dentro da bienal ninguém andou, mas na feira as pessoas se locomoviam com facilidade apesar do espaço apertado, porque lá as pessoas são libertárias e por isso se respeitam. Quanto as crianças, elas tiveram um espaço só delas e teve um cuidador para protegê-las. Caramba! Esses anarquistas pensam em tudo mesmo!
Mas a feira anarquista só foi para vender livros e comida? Não, de forma alguma, o principal objetivo da feira é divulgar os ideais anárquicos e lutar contra todas as formas de preconceito: racismo, homofobia, machismo, sexismo e tantos outros.
A feira anarquista teve vários debates, teve uma sessão de cinema que exibiu um documentário, teve oficinas, teve poesias, teve peça de teatro, show de palhaços, teve cantores de rap e o mais importante a presença de uma representante das Mães de Maio, a Débora Silva Maria que falou das conquistas das Mães de Maio e das denúncias contra os desmandos da polícia militar, principalmente a do estado de São Paulo.
A feira anarquista além de tudo isso foi um ótimo lugar para conhecer gente interessante e trocar ideias sobre literatura libertária, política e todos os problemas que afligem os oprimidos. Só encontrei um defeito na feira anarquista, é que durou apenas um dia e me deixou com um gosto de quero mais.
Executivo não é legislativo e outros problemas de não saber votar
Eu não gosto da democracia representativa, não, não gosto da democracia indireta, mas é o que temos e se se abstém dela com a desculpa de corrupção, querendo ou não você estará colaborando para que fanáticos como Feliciano cheguem ao poder e que pessoas que são contra os direitos humanos permaneçam no congresso. Como já escrevi em outra postagem eu não acredito na política do quanto pior melhor ela não passa pelo crivo da realidade, ela não provoca revolta. Não acredito no tal processo histórico de Marx, não acredito nesses determinismos economicistas. Deixo um texto meu que postei no facebook na manhã de hoje.
Na verdade a nossa democracia representativa (plutocracia) está cada vez mais semelhante ao dos EUA. Lembro que o partido de Bill Clinton foi derrotado por causa dos "escândalos sexuais" pois o povo de lá se importa mais com "a moral e os bons costumes" do que os avanços nas áreas sociais e o Brasil está se tornando semelhante ao povo de lá.
É evidente que o PT tem que ser um partido corrupto, porque o povo elege uma presidente, mas elege para o legislativo partidos de oposição ou partidos supostamente neutros, se o PT quiser avançar na área social vai precisar do legislativo porque são os deputados que fazem as leis. Nenhum presidente governa sem o legislativo isso é impossível, daí a corrupção, porque o PT não tem a maioria no congresso, daí ter que dialogar com os setores mais conservadores da sociedade como parte da bancada evangélica, dialogar com outros partidos, dar mensalões, vender ministérios, etc...
O próprio povo é o culpado por isso, ou melhor esse sistema já foi feito para não funcionar direito. O povo reclama da corrupção do PT mas vota em deputados antípodas ao PT e depois quer que o PT avance na área social sem fazer corrupção, infelizmente o povo pensa que o (a) presidente faz tudo sozinho(a). Pensa que faz as leis e as sanciona.
Enfim não sou petista e particularmente não gosto do PT mas tenho que reconhecer que na atual conjuntura é o melhor que o país tem para oferecer para as massas sofridas.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
A política do quanto pior melhor
Tive o desprazer de conhecer comunistas e anarquistas que desejam a todo custo fazer uma revolução armada no Brasil e para isso pregam o quanto pior melhor. Esses senhores acreditam piamente que um governo que provoque recessão, que deixe as massas num estado de indigência, provocará revolta nessas mesmas massas e essa revolta se transformará numa revolução que implantará a ditadura do proletariado para os comunistas e para os anarquistas insensíveis surgirá o mundo sem Estado onde todos sem líderes viverão fraternalmente. Tanto comunistas como anarquistas partidários dessa ideologia nefasta dizem que sua tese é científica, isto é, que pode ser verificada. Será?
Se a pobreza e a miséria como advogam esses inimigos da humanidade (sim, inimigos da humanidade porque desejar a fome e a miséria para que daí advenha a revolução, é algo monstruoso, maquiavélico) traz a revolução por que não vemos surgir na África negra várias revoluções? Se o desemprego em massa, a miséria e a fome provocam revoltas que desembocam em revoluções por que não vemos revoluções surgirem na Índia entre a casta dos sudras e entre os párias que são os grupos que mais sofrem na Índia? E, ao que parece esses grupos estão bem conformados com suas misérias porque entendem que seus estados atuais de sofrimentos são dívidas cármicas que estão pagando.
Será que segundo esses teóricos do quanto pior melhor veriam uma revolução no Brasil se o país estivesse à beira da miséria? Respondo: Não. Porque milhões de pessoas que vivem na pobreza e na miséria são cooptadas pelas seitas neo-pentecostais e nessas seitas elas são ensinadas a esperar um milagre ou de acordo com a teologia da prosperidade, elas estão na pobreza porque não colaboraram com a obra de deus (leia-se: não deram dinheiro suficiente para os pastores) e por conseguinte não tem fé e deus não abençoa quem não tem fé. Essas pessoas vivem em suas misérias com a esperança de que um dia deus as tire da miséria por isso não se revoltarão. Isso para não falar nos padres e pastores que dizem que o pecado de Adão é que criou a desigualdade e que deus quer que a ordem do mundo permaneça do jeito que está e que se um pobre se revolta com a sua condição este se revolta contra deus que o colocou nessa condição e que ele (o pobre) se resignar depois desta vida de sofrimento irá para uma eternidade de glória. Enfim, se a maioria das pessoas passassem pela miséria não teríamos revolução, teríamos apenas o óbvio: fome, miséria e fanatismo religioso. Por essas razões aqui expostas a teoria do quanto pior melhor é uma falácia e deve ser descartada uma vez que não passa pelo crivo da experiência.
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
A Mulher e a educação
Emancipar o homem não é
emancipar a humanidade.
Emancipai a mulher e tereis
emancipado a humanidade.
Sempre se nos diz que a inferioridade mental é um fato, que a nossa debilidade é manifesta. E, baseados neste sofismático argumento, pesa sobre nós a tirania masculina, mais pesada ainda que o jugo da escravidão, arrastada pelas servas da Idade Média.
Embora seja um fato consumado a nossa debilidade, não é menos verdade que a nossa educação e instrução sempre se tem descuidado, causa essa que justifica a inferioridade intelectual da mulher no presente momento.
Eis a razão dessa debilidade trivial no sexo feminino.
Mais isso não demonstra que a nossa massa encefálica seja mais reduzida que a do homem, pois demasiadamente sabemos que as opiniões mais autorizadas de célebres fisiólogos e antropólogos, são contrárias a estas ranças teorias dos inimigos da emancipação da mulher.
Se a ciência, a literatura, as artes contam nas suas fileiras com pequeno número de mulheres, é porque só ao homem se lhe tem facilitado um meio superior ao da mulher. Essa diferença de meio determina a inferioridade.
De nenhum modo equivale afirmar que o cérebro feminino tenha menos aptidão para abarcar os domínios da ciência. Fazendo a antítese do que até hoje se tem feito, pondo em idênticas condições de meio ambos os sexos, essa inferioridade injustamente atribuída à mulher desparecerá e, conjuntamente a hegemonia e o jugo masculino que nos faz escravas.
Enquanto mais se ponham obstáculos à instrução e à educação da mulher, mais demorará, e fará com isso a impossibilidade de implantar a Sociedade Livre que tanto anelamos, objeto de nossos amores e sacrifícios.
Tratemos, pois, de realizar o que tão acertadamente indicou Gondorci:
Quando se instrui um menino, se prepara um homem instruído; mas quando se instrui uma menina, se elabora a instrução de uma família, e nada há mais lógico que isto, sendo a mulher a que cultiva a educação dos seus filhos.
Se quisermos, em verdade, que a felicidade seja uma realidade a tirania termine, o baluarte dos zangões caia aniquilado.
Emancipai a mulher, arrancando essa venda primitivista que perverte os seus sentimentos morais. Rasgai o véu fatídico do fanatismo religioso que a idiotiza, e tereis quebrado os pontos que equilibra esta sociedade de crime.
Artigo de Isolina Borques em A Voz da União Ano 01 - Nº10 - São Paulo-SP 01.01.1923
O texto se encontra:
NASCIMENTO, Rogério(Org.) Educação anarquista, saberes, ideias, concepções. Imprensa Marginal, SP, 2012.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Resenha do livro Sócrates encontra Marx
Antes de começar a falar do livro vamos falar um pouco de seu autor. O autor é católico romano, conservador na moral e também na economia, Peter Kreeft, é phD em filosofia, é professor e palestrante dotado de um bom senso de humor.
Na série Sócrates encontra...., todos os diálogos (sim os livros são feitos em diálogos ao estilo socrático ou melhor platônico) começam no além, logo que morrer os filósofos se deparam com Sócrates e este examina seus livros bases, àqueles nortearam e norteiam os caminhos da humanidade.
O Sócrates de Kreeft é bem convincente e bem semelhante ao de Platão, irônico e investigados infatigável da verdade. Neste livro (Sócrates encontra Marx) o autor examina o livro O Manifesto do Partido Comunista e as ideias bases desse mesmo comunismo apregoado por Marx.
O intuito de Sócrates neste diálogo é demonstrar a falsidade do comunismo ensinado por Marx, então Sócrates faz uma excursão pelo Manifesto do Partido Comunista e aponta as falhas do mesmo assim como dos raciocínios de Marx. O Sócrates de Kreeft desmonstou o determinismo de Marx, aquele que diz que não são as ideias que movem o mundo, mas as estruturas sociais é que determinam o pensamento, então Sócrates demonstrou para Marx que se não existe livre-arbítrio ele não pode ter escolhido ser comunista e tampouco poderia ensinar essa doutrina pois nasceu numa sociedade burguesa e no seio de uma família burguesa, então Sócrates pergunta como ele pôde ter ensinado o comunismo se ele também era um ser determinado e não livre pelas condições históricas ao que Marx responde que ele foi escolhido para quebrar esse ciclo, foi escolhido, usando esse vocabulário bem religioso.
Depois Marx detona com o seu vocabulário relativista como justiça burguesa, liberdade burguesa e assim por diante, Sócrates tenta convencê-lo que a justiça é imutável e universal e Marx se revolta contra essa ideia, ele (Marx) diz que a justiça é apenas uma convenção humana de uma época, então Sócrates lhe pergunta se a verdade também era produto das estruturas sociais e econômicas e Marx disse que sim ao que Sócrates perguntou: Pelo menos essa verdade (a verdade que a verdade se transforma) é absoluta e universal não?
Marx nega que possam haver homens honestos e bons por si mesmos pois todos eles são frutos das estruturas sociais e tudo o que fazem e acredita é determinado pela economia ou pelo modo de produção. Mas Marx nunca explicou cientificamente como ele mesmo pôde se tornar comunista fugindo da determinação.
Sócrates também mostra para Marx que o comunismo matou de milhões de pessoas e que não realizou o sonho de um paraíso na Terra e também que sua profecia de que a revolução iria começar num país industrializado não se realizou.
Marx insiste que as pessoas só mudarão se as condições sociais mudarem já que são os eventos reais é que determinam as consciências, mas Sócrates sempre solícito mostra as falhas de sua argumentação.
Sócrates ainda mostra que Marx teve um filho com sua empregada que nunca assumiu, que era plagiador barato, e argumentava mais com o fígado do que com a razão propriamente dita. Enfim, o livro merece ser lido por aqueles que concordam e por aqueles que discordam de Marx.
Da educação libertária
Não há quem não se interesse pelo tema educação, sociólogos, jornalistas, filósofos, padres, militares, pastores, políticos, marxistas e até anarquistas. Pois todos esses grupos sabem como a educação é importante. Se querem dominar o povo (no caso dos anarquistas emancipar o povo) precisam assenhorar-se da educação.
Durante muito tempo no Brasil a educação esteve à cargo da Igreja Católica Romana e mesmo depois da separação entre a igreja e o Estado, a Igreja romana continuou a se imiscuir na educação oferecendo educação religiosa nas escolas públicas. Mas quando a Igreja já não tinha mais tanto poder sobre a educação pública o Estado tomou o encargo da educação e lançou outros vícios nas mentes juvenis, vícios como o amor à pátria, ensinando obrigatoriamente o hino nacional, o hino da cidade, exigindo uma disciplina militar dentro das escolas e não permitindo questionamentos, claro que desde à década de 1930 muita coisa tem mudado e a educação pública hoje é deficitária mas já não ensina aquele amor despudorado pelo conceito abstrato de pátria, ou de servir à nação contra os "inimigos externos", os estrangeiros.
Eu sou professor de escola pública e, faço o meu melhor enquanto professor, porque acredito na educação e acredito na educação porque antes de tudo acredito em mim, acredito em meu potencial. Quando vou à escola é para lecionar e mais para ser professor, porque nos dias atuais ser professor não é apenas ser mediador do conhecimento mas também ser psicólogo, confidente e mesmo pai e mãe, de jovens que não são aceitos por seus pais.
Mudando um pouco de assunto, tenho ouvido em rodas de conversas e também lido no facebook assuntos que versam sobre a revolução, mas vou confessar uma coisa, eu não acredito mais em imediatismo e tampouco em espontaneísmo, principalmente quando as massas seguem líderes, a vanguarda do partido, quadros ou quando não seguem ninguém mas estouram em manifestações tal e qual uma boiada, muitas dessas pessoas rebeldes sem causa. Sinceramente, não acredito que isso vai mudar uma vírgula sequer na vida desse povo sofrido.
Por isso penso que o anarquista mais inteligente ou um dos mais inteligentes de todos os tempos foi Francisco Ferrer Y Guardia criador da Escola Moderna que sabia da importância da educação e sabia que para engendrar uma sociedade nova precisava de novos homens e novas mulheres sem esses preconceitos embutidos pela religião e pela escola laica com seu nacionalismo e pregação das "virtudes do cidadão de bem". Ferrer sabia mais que ninguém que para criar uma sociedade nova não se faz necessário uma revolução ou manifestações espontaneístas como querem certos revolucionários e anarquistas que amam mais o sangue que a instrução. Sim, sim Ferrer sabia que uma sociedade nova se faz através de uma nova educação, educação laica, racional e científica, que não ensine o medo de Deus às crianças, que não ensine à submissão aos padres (no caso hoje que não ensine submissão aos pastores), que não ensine o amor pela pátria e os valores cívicos para que não se venha a gerar nacionalistas que vejam os estrangeiros como inimigos e para que não se tornem carne sacrificada à Ares. Francisco Ferrer tinha muita razão quando escreveu a senhorita Henriette Meyer: "Para transformar a maneira de ser da humanidade, não compreendo que haja coisa mais urgente do que o estabelecimento de uma educação, tal como o concebemos, que dando frutos facilitará o progresso e tornará a conquista de toda ideia generosa muito mais fácil. Eis porque me parece que trabalhar agora para a abolição da pena de morte e para a greve geral, sem saber como havemos de educar os nossos filhos é começar pelo fim e perder tempo". [1]
Fonte:
1. PENTEADO, João. A Gerra Social. Ano 01 - Nº 19 - Rio de Janeiro - RJ. 03.04.1912.
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Teoria da Evolução x criacionismo nas escolas públicas
Créditos da imagem:
www.bulevoador.com.br
www.bulevoador.com.br
A edição de novembro de 2012 da Scientific American Brasil publicou um artigo que afirma que a "formação científica insuficiente explica a aceitação de ambas as interpretações entre estudantes e professores do ensino fundamental no país".
É assustador o número de pessoas que acreditam que deus criou o ser humano a menos de 10 mil anos, de acordo com a revista Scientific American Brasil: "Uma pesquisa encomendada ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) mostrou que 33% dos brasileiros creem que o ser humano foi criado por Deus há cerca de 10 mil anos, enquanto 54% aceitam que os humanos surgiram há milhões de anos, mas por um processo dirigido por Deus.
Entre os entrevistados dessa pesquisa, 89% concordam que o criacionismo deva ser ensinado nas escolas e 75% acham que essa concepção deve substituir o evolucionismo em sala de aula". [1]
É desesperador ver que 33% dos brasileiros acreditam que deus criou o homem tal e qual está descrito no livro do Gênesis e também é doloroso ver que 89% dos entrevistados acham que o criacionismo deva ser ensinado em sala de aula e que 75% acham que o criacionismo deve substituir o ensino da teoria da evolução. Evidentemente isto se dá por conta do crescimento das seitas neo-pentecostais e essas facções na maioria das vezes são frutos da pobreza e da ignorância. mas não só isso como veremos adiante.
Segundo Rogério F. de Souza e seus companheiros: "Observamos também que, ao menos em parte a aceitação dessas teorias científicas depende da compreensão que os estudantes tem da metodologia científica. E que ela não é completamente compreendida por uma parte significativa deles. Por outro lado, dados preliminares obtidos junto a professores de ciências e biologia do ensino fundamental e médio indicam que 66% deles concordam que o criacionismo também deva ser abordado em sala de aula como uma teoria alternativa ao darwinismo.
Esses resultados sugerem que, apesar de todo o avanço na divulgação da ciência, estudantes universitários e professores parecem não compreender o que diferencia uma teoria científica de uma concepção religiosa".
Pesquisa realizada por Tidon e Lewontin (2004) com professores do ensino médio da região de Brasília revela que 60% deles admitiram ter algum tipo de dificuldade em ensinar evolução. Entre os fatores apurados estão a falta de preparação desses professores, carência de material didático ou mesmo a escassez de tempo para a utilização desses materiais. Além disso, 62% deles admitiram que seus alunos eram imaturos ou não tinham suficiente base teórica para compreender a evolução". [2]
Muitos alunos que fazem o curso de graduação de biologia não entende os conceitos científicos porque não compreende a metodologia da ciência, isto é, como funciona. O mais triste dessa pesquisa é saber que professores de ciências e de biologia num total que perfaz 66% são de opinião que o criacionismo deve ser ensinado como via alternativa ao evolucionismo. É evidente que isso se dá por falta de uma boa formação acadêmica e também por receio de ofender os sentimentos religiosos dos alunos e de seus pais.
Já vi professores que ao serem questionados com esta pergunta: Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? Respondem que isso é relativo, quando na verdade poderiam dar uma excelente aula de evolução, abordar que o ovos vieram primeiro, porque as galinhas evoluíram dos dinossauros e que os dinossauros botavam ovos.
Uma professora de geografia confidenciou-me que num 6º ano teve que abordar a Teoria do Big-Bang e um aluno protestante neo-pentecostal (mais vulgarmente conhecido como evangélico) disse-lhe que não acreditava no Big-bang. E, como a professora abordou a questão? Respondeu que existem duas teorias: a da ciência e a da religião e que o aluno pode crer na qual bem entendesse mas ele precisa conhecer a teoria da ciência também para poder optar entre uma e outra. Como se a ciência fosse questão de gosto ou de opinião e não de fatos.
Seria bom que os futuros professores de ciências e biologia e também de geografia aprendessem de fato a metodologia científica e o que é e o que não é ciência, e que aprendessem uma epistemologia saudável para que não viessem a cair na relativismo epistemológico e assim pudessem enfrentar o fundamentalismo religioso nas salas de aulas e pudessem responder de forma objetiva todo e qualquer questionamento por parte dos alunos.
Fontes:
[1] Scientific American Brasil nº 126 página 79
[2] Scientific American Brasil nº 126 página 79
Contra o Design Inteligente
O texto a seguir é de H.L. Mencken texto esse que ele detona o criacionismo e aquilo que mais tarde viria a ser chamado de D.I.
LUGAR DO HOMEM NA NATUREZA
Como já disse, a teoria antropomórfica do mundo revelou-se absurda diante da moderna biologia — o que não quer dizer, naturalmente, que um dia a tal teoria será abandonada pela grande maioria dos homens. Ao contrário, estes a abraçarão à medida que ela se tornar cada vez mais duvidosa. De fato, hoje, a teoria antropomórfica ainda é mais adotada do que nas eras de obscurantismo, quando a doutrina de que o homem era um quase-Deus foi no mínimo aperfeiçoada pela doutrina de que as mulheres eram inferiores. O que mais está por trás da caridade, da filantropia, do pacifismo, da “inspiração” e do resto dos atuais sentimentalismos? Uma por uma, todas estas tolices são baseadas na noção de que o homem é um animal glorioso e indescritível, e que sua contínua existência no mundo deve ser facilitada e assegurada. Mas esta ideia é obviamente uma estupidez. No que se refere aos animais, mesmo num espaço tão limitado como o nosso mundo, o homem é tosco e ridículo. Poucos bichos são tão estúpidos ou covardes quanto o homem.
O mais vira-lata dos cães tem sentidos mais agudos e é infinitamente mais corajoso, para não dizer mais honesto e confiável. As formigas e abelhas são, de várias formas, mais inteligentes e engenhosas; tocam para a frente seus sistemas de governo com muito menos arranca-rabos, desperdícios e imbecilidades. O leão é mais bonito, digno e majestoso. O antílope é infinitamente mais rápido e gracioso. Qualquer gato doméstico comum é mais limpo. O cavalo, mesmo suado do trabalho, cheira melhor. O gorila é mais gentil com seus filhotes e mais fiel à companheira. O boi e o asno são mais produtivos e serenos. Mas, acima de tudo, o homem é deficiente em coragem, talvez a mais nobre de todas as qualidades. Seu pavor mortal não se limita a todos os animais do seu próprio peso ou mesmo da metade do seu peso — exceto uns poucos que ele degradou por cruzamentos artificiais —, seu pavor mortal é também daqueles da sua própria espécie — e não apenas de seus punhos e pés, mas até de suas risotas.
Nenhum outro animal é tão incompetente para se adaptar ao seu próprio ambiente. A criança, quando vem ao mundo, é tão frágil que, se for deixada sozinha por aí durante dias, infalivelmente morrerá, e essa enfermidade congênita, embora mais ou menos disfarçada depois, continuará até a morte. O homem adoece mais do que qualquer outro animal, tanto em seu estado selvagem quanto abrigado pela civilização. Sofre de uma variedade maior de doenças e com mais frequência. Cansa-se ou fere-se com mais facilidade. Finalmente, morre de forma horrível e geralmente mais cedo. Praticamente todos os outros vertebrados superiores, pelo menos em seu ambiente selvagem, vivem e retêm suas faculdades por muito mais tempo. Mesmo os macacos antropóides estão bem à frente de seus primos humanos. Um orangotango casa-se aos sete ou oito anos de idade, constrói uma família de setenta ou oitenta filhos, e continua tão vigoroso e sadio aos oitenta quanto um europeu de 45 anos.
Todos os erros e incompetências do Criador chegaram ao seu clímax no homem. Como peça de um mecanismo, o homem é o pior de todos; comparados com ele, até um salmão ou um estafilococo são máquinas sólidas e eficientes. O homem transporta os piores rins conhecidos da zoologia comparativa, os piores pulmões e o pior coração. Seus olhos, considerando-se o trabalho que são obrigados a desempenhar, são menos eficientes do que o olho de uma minhoca; o Criador de tal aparato ótico, capaz de fabricar um instrumento tão cambeta, deveria ser surrado por seus fregueses. Ao contrário de todos os animais, terrestres, celestes ou marinhos, o homem é incapaz, por natureza, de deixar o mundo em que habita [1919 (N. T.)]. Precisa vestir-se, proteger-se e armar-se para sobreviver. Está eternamente na posição de uma tartaruga que nasceu sem o casco, um cachorro sem pelos ou um peixe sem barbatanas. Sem sua pesada e desajeitada carapaça, torna-se indefeso até contra as moscas. E Deus não lhe concedeu nem um rabo para espantá-las.
Vou chegar agora a um ponto de inquestionável superioridade natural do homem: ele tem alma. É isto que o separa de todos os outros animais e o torna, de certa maneira, senhor deles. A exata natureza de tal alma vem sendo discutida há milhares de anos, mas é possível falar com autoridade a respeito de sua função. A qual seria a de fazer o homem entrar em contato direto com Deus, torná-lo consciente de Deus e, principalmente, torná-lo parecido com Deus, Bem, considere o colossal fracasso desta tentativa. Se presumirmos que o homem realmente se parece com Deus, somos levados à inevitável conclusão de que Deus é um covarde, um idiota e um pilantra. E, se presumirmos que o homem, depois de todos esses anos, não se parece com Deus, então fica claro imediatamente que a alma é uma máquina tão ineficiente quanto o fígado ou as amígdalas, e que o homem poderia passar sem ela, assim como o chimpanzé, indubitavelmente, passa muito bem sem alma.
Pois é este o caso. O único efeito prático de se ter uma alma é o de que ela infla o homem com vaidades antropomórficas e antropocêntricas — em suma, com superstições arrogantes e presunçosas. Ele se empertiga e se empluma só porque tem alma — e subestima o fato de que ela não funciona. Assim, ele é o supremo palhaço da criação, o reductio ad absurdum da natureza animada. Não passa de uma vaca que acredita dar um pulo à Lua e organiza toda a sua vida sobre esta teoria. É como um sapo que se gaba de combater contra leões, voar sobre o Matterhorn ou atravessar o Helesponto. No entanto, é esta pobre besta que somos obrigados a venerar como uma pedra preciosa na testa do cosmos. É o verme que somos convidados a defender como o favorito de Deus na Terra, com todos os seus milhões de quadrúpedes muito mais bravos, nobres e decentes — seus soberbos leões, seus ágeis e galantes leopardos, seus imperiais elefantes, seus fiéis cães, seus corajosos ratos. O homem é o inseto a que nos imploram, depois de infinitos problemas, trabalho e despesas, reproduzir.
-1919
H. L. Mencken - in O Livro dos Insultos - seleção, tradução e posfácio por Ruy Castro.
LUGAR DO HOMEM NA NATUREZA
Como já disse, a teoria antropomórfica do mundo revelou-se absurda diante da moderna biologia — o que não quer dizer, naturalmente, que um dia a tal teoria será abandonada pela grande maioria dos homens. Ao contrário, estes a abraçarão à medida que ela se tornar cada vez mais duvidosa. De fato, hoje, a teoria antropomórfica ainda é mais adotada do que nas eras de obscurantismo, quando a doutrina de que o homem era um quase-Deus foi no mínimo aperfeiçoada pela doutrina de que as mulheres eram inferiores. O que mais está por trás da caridade, da filantropia, do pacifismo, da “inspiração” e do resto dos atuais sentimentalismos? Uma por uma, todas estas tolices são baseadas na noção de que o homem é um animal glorioso e indescritível, e que sua contínua existência no mundo deve ser facilitada e assegurada. Mas esta ideia é obviamente uma estupidez. No que se refere aos animais, mesmo num espaço tão limitado como o nosso mundo, o homem é tosco e ridículo. Poucos bichos são tão estúpidos ou covardes quanto o homem.
O mais vira-lata dos cães tem sentidos mais agudos e é infinitamente mais corajoso, para não dizer mais honesto e confiável. As formigas e abelhas são, de várias formas, mais inteligentes e engenhosas; tocam para a frente seus sistemas de governo com muito menos arranca-rabos, desperdícios e imbecilidades. O leão é mais bonito, digno e majestoso. O antílope é infinitamente mais rápido e gracioso. Qualquer gato doméstico comum é mais limpo. O cavalo, mesmo suado do trabalho, cheira melhor. O gorila é mais gentil com seus filhotes e mais fiel à companheira. O boi e o asno são mais produtivos e serenos. Mas, acima de tudo, o homem é deficiente em coragem, talvez a mais nobre de todas as qualidades. Seu pavor mortal não se limita a todos os animais do seu próprio peso ou mesmo da metade do seu peso — exceto uns poucos que ele degradou por cruzamentos artificiais —, seu pavor mortal é também daqueles da sua própria espécie — e não apenas de seus punhos e pés, mas até de suas risotas.
Nenhum outro animal é tão incompetente para se adaptar ao seu próprio ambiente. A criança, quando vem ao mundo, é tão frágil que, se for deixada sozinha por aí durante dias, infalivelmente morrerá, e essa enfermidade congênita, embora mais ou menos disfarçada depois, continuará até a morte. O homem adoece mais do que qualquer outro animal, tanto em seu estado selvagem quanto abrigado pela civilização. Sofre de uma variedade maior de doenças e com mais frequência. Cansa-se ou fere-se com mais facilidade. Finalmente, morre de forma horrível e geralmente mais cedo. Praticamente todos os outros vertebrados superiores, pelo menos em seu ambiente selvagem, vivem e retêm suas faculdades por muito mais tempo. Mesmo os macacos antropóides estão bem à frente de seus primos humanos. Um orangotango casa-se aos sete ou oito anos de idade, constrói uma família de setenta ou oitenta filhos, e continua tão vigoroso e sadio aos oitenta quanto um europeu de 45 anos.
Todos os erros e incompetências do Criador chegaram ao seu clímax no homem. Como peça de um mecanismo, o homem é o pior de todos; comparados com ele, até um salmão ou um estafilococo são máquinas sólidas e eficientes. O homem transporta os piores rins conhecidos da zoologia comparativa, os piores pulmões e o pior coração. Seus olhos, considerando-se o trabalho que são obrigados a desempenhar, são menos eficientes do que o olho de uma minhoca; o Criador de tal aparato ótico, capaz de fabricar um instrumento tão cambeta, deveria ser surrado por seus fregueses. Ao contrário de todos os animais, terrestres, celestes ou marinhos, o homem é incapaz, por natureza, de deixar o mundo em que habita [1919 (N. T.)]. Precisa vestir-se, proteger-se e armar-se para sobreviver. Está eternamente na posição de uma tartaruga que nasceu sem o casco, um cachorro sem pelos ou um peixe sem barbatanas. Sem sua pesada e desajeitada carapaça, torna-se indefeso até contra as moscas. E Deus não lhe concedeu nem um rabo para espantá-las.
Vou chegar agora a um ponto de inquestionável superioridade natural do homem: ele tem alma. É isto que o separa de todos os outros animais e o torna, de certa maneira, senhor deles. A exata natureza de tal alma vem sendo discutida há milhares de anos, mas é possível falar com autoridade a respeito de sua função. A qual seria a de fazer o homem entrar em contato direto com Deus, torná-lo consciente de Deus e, principalmente, torná-lo parecido com Deus, Bem, considere o colossal fracasso desta tentativa. Se presumirmos que o homem realmente se parece com Deus, somos levados à inevitável conclusão de que Deus é um covarde, um idiota e um pilantra. E, se presumirmos que o homem, depois de todos esses anos, não se parece com Deus, então fica claro imediatamente que a alma é uma máquina tão ineficiente quanto o fígado ou as amígdalas, e que o homem poderia passar sem ela, assim como o chimpanzé, indubitavelmente, passa muito bem sem alma.
Pois é este o caso. O único efeito prático de se ter uma alma é o de que ela infla o homem com vaidades antropomórficas e antropocêntricas — em suma, com superstições arrogantes e presunçosas. Ele se empertiga e se empluma só porque tem alma — e subestima o fato de que ela não funciona. Assim, ele é o supremo palhaço da criação, o reductio ad absurdum da natureza animada. Não passa de uma vaca que acredita dar um pulo à Lua e organiza toda a sua vida sobre esta teoria. É como um sapo que se gaba de combater contra leões, voar sobre o Matterhorn ou atravessar o Helesponto. No entanto, é esta pobre besta que somos obrigados a venerar como uma pedra preciosa na testa do cosmos. É o verme que somos convidados a defender como o favorito de Deus na Terra, com todos os seus milhões de quadrúpedes muito mais bravos, nobres e decentes — seus soberbos leões, seus ágeis e galantes leopardos, seus imperiais elefantes, seus fiéis cães, seus corajosos ratos. O homem é o inseto a que nos imploram, depois de infinitos problemas, trabalho e despesas, reproduzir.
-1919
H. L. Mencken - in O Livro dos Insultos - seleção, tradução e posfácio por Ruy Castro.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Pelo parto natural e humanizado!
Hoje assisti ao documentário brasileiro o Renascimento do parto, indicado por minha amiga Amanda Ortega. O documentário aborda a questão do crescimento desnecessário de partos cesarianos e da imposição que os médicos fazem as gestantes. A maioria dos médicos obstetras não querem perder tempo com o parto normal que não tem dia nem hora certa, não querem esperar o trabalho de parto, então inventam desculpas para as gestantes tais como: "Você é muito magra", "você é muito obesa", "o bebê é muito grande", "o bebê é muito pequeno", "o bebê corre risco de morte", etc... Na verdade todas essas desculpas são conveniências para os médicos. O documentário mostrou que o número de cesarianas cresce espantosamente nas vésperas de feriados e isso porque a maioria dos médicos não quer passar os feriados trabalhando, esperando as gestantes entrar em trabalho de parto. É muito mais fácil para o médico usar o bisturi, fazer umas incisões e um parto rápido.
O parto deixou de ser um ato da mulher colocar uma criança no mundo para ser um ato cirúgico, um ato controlado e agendado pelos médicos, eles é que decidem quando as crianças irão nascer. As mulheres já não tem o controle. Elas são tratadas como doentes e incapazes de dar à luz sozinhas. Os médicos obstetras em geral convencem as gestantes a não enfrentar o parto natural, assustam as gestantes falando da dor do parto, que é um risco, etc..., e as gestantes acabam se convencendo de que os médicos estão lhes fazendo um favor. É evidente que o parto cesariano salva muitas vidas mas em condições de perigos reais, mas em casos em que não há perigos nem para a mãe nem para o bebê o próprio parto cesariano pode oferecer riscos as ambas as vidas. Bebês que nascem através de cesarianas podem ter problemas respiratórios, muitos deles não tem a gestação completa e nascem prematuros. É muito importante o trabalho de parto tanto para a mulher como para a gestante, o bebê recebe uma carga hormonal dizendo que ele já está pronto para nascer, coisa que não ocorre com o parto cesariano. O parto cesariano é cruel tanto para o bebê como para a mãe, pois o bebê logo que é retirado do ventre materno, é pesado, limpo ou levado para uma incubadora por ter nascido prematuro. Diferentemente do que ocorre com o parto natural onde o bebê logo que nasce pode ir para os braços da mãe.
Esse parto artificial (cesariana) está se tornando rotina quando deveria ser exceção e isso por questões econômicas (médicos ganham pouco com parto natural e cesáreo, então optam pelo mais fácil que é o parto cesariano). Como os médicos são mal remunerados por essa prática tão importante que é a assistência à gestante é evidente que vão optar pelo caminho mais rápido e fácil, e claro, quantos mais partos fizer mais ganhará. Infelizmente, a vida (que é algo sagrado) tornou-se mercadoria, e aqui vale mais a produção do que a qualidade do trabalho.
Muitas das coisas que os médicos dizem para as gestantes não tem quaisquer respaldos científicos mas os médicos que se julgam semi-deuses, senhores acima do bem e do mal, não admitem ter suas autoridades contestadas. Durante toda a história da evolução humana o parto natural sempre funcionou por que agora não funciona? Por que o número de partos cesáreos cresce cada vez mais e o de partos naturais diminuem? Muitas mulheres são submetidas à força ao parto cesáreo porque isso convém aos médicos que além de ganharem pouco por tal atividade não terão paciência para esperar a gestante entrar em trabalho de parto. O parto humanizado deveria ser interesse de todos para que as futuras gerações tenham direito ao parto humanizado e para que as mulheres não sejam mais vítimas das arbitrariedades dos médicos.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Dawkins afirma ser imoral dar à luz a bebês com síndrome de down
créditos da foto: Folha de São Paulo
O biólogo e escritor de divulgação científica Richard Dawkins escreveu em seu Twitter que é imoral dar à luz a bebês com síndrome de Down e aconselhou uma mulher a abortar e tentar engravidar de novo porque de acordo com o biólogo "Seria imoral para trazê-lo para o mundo, se você tem a escolha".
Dawkins ao fazer essa afirmação mostrou sua veia eugenista porque segundo ele fetos com essa síndrome (e quem sabe com outras síndromes ou doenças que possam ser detectadas) não tem direito à existência. No facebook vi um debate onde algumas pessoas defendiam a postura do doutor Dawkins elencando os seguintes problemas: essas crianças são totalmente dependentes dos pais, e por isso os portadores da síndrome de down não teriam direito à existência. Elas trariam sofrimentos para os pais? Essas crianças sofreriam? Seriam um peso para a sociedade?
É certo que muitos pais amam seus filhos que tenham síndrome de down, paralisia cerebral ou qualquer outra síndrome, deficiência ou doença e duvido muito que eles concordem com o sr. Dawkins. Essas crianças e também adultos com síndrome de down, eles sofrem? São infelizes? Gostariam de ter sido abortados? Deveriam perguntar isso aos portadores dessa síndrome. Se as respostas forem negativas (a maioria das respostas serão) então aqueles que argumentam assim estão redondamente enganados.
Dawkins com seu viés cientificista afirma que fetos não tem direitos porque não tem um sistema nervoso desenvolvido e aqui Dawkins se revela péssimo filósofo. Acaso o feto detectado com síndrome de down não tem potencialidades para se tornar um ser humano? Não é um homem/mulher em potência? Ora, Dawkins é um homem em ato, isto é, realizou todas as potências é um homem de fato, mas Dawkins quando era feto foi um homem em potência e só chegou a ser ato porque antes foi potência, se essa potencialidade fosse cortada no ventre materno o mundo não conheceria o famoso biólogo, divulgador de ciência e militante ateu Richard Dawkins. Ademais, segundo essa tese de Dawkins nenhum feto tem direitos à existência porque não tem um sistema nervoso desenvolvido remete ao pater familias onde o pai tinha o direito de matar ou vender os filhos, pois não eram pessoas mas coisas.
Segundo Richard Dawkins é imoral trazer à luz pessoas com síndrome de down, então todos os pais que tendo detectado a síndrome de down em seus fetos e os deixam nascer são imorais? São imorais porque não os mataram? São imorais porque vão cuidar dessas crianças? Qual é a lógica disso? Ultimamente o ícone do movimento neo-ateísta tem falado muita besteira e dando as suas opiniões um cunho cientificista.
Examinemos alguns argumentos dos defensores do novo deus (Dawkins) e de suas "palavras sagradas": Essas crianças serão sempre dependentes dos pais, nunca terão autonomia, serão um peso para a sociedade".
As crianças com síndrome de down podem ter uma vida normal e os adultos portadores da síndrome trabalham em diversos ramos e ajudam a sociedade como qualquer outro indivíduo, veja aqui o caso da professora Débora Seabra e há tantos e tantos outros casos por aí, é só pesquisar.
Parece que o sr. Dawkins não sabe a diferença entre o que é moral e imoral, ético e anti-ético, ele, homem "normal", cientista falando uma barbárie dessas, de seguidor de Darwin passou a seguidor de Francis Galton. Dawkins pode ser um excelente biólogo mas lhe falta filosofia, muita filosofia.
O biólogo e escritor de divulgação científica Richard Dawkins escreveu em seu Twitter que é imoral dar à luz a bebês com síndrome de Down e aconselhou uma mulher a abortar e tentar engravidar de novo porque de acordo com o biólogo "Seria imoral para trazê-lo para o mundo, se você tem a escolha".
Dawkins ao fazer essa afirmação mostrou sua veia eugenista porque segundo ele fetos com essa síndrome (e quem sabe com outras síndromes ou doenças que possam ser detectadas) não tem direito à existência. No facebook vi um debate onde algumas pessoas defendiam a postura do doutor Dawkins elencando os seguintes problemas: essas crianças são totalmente dependentes dos pais, e por isso os portadores da síndrome de down não teriam direito à existência. Elas trariam sofrimentos para os pais? Essas crianças sofreriam? Seriam um peso para a sociedade?
É certo que muitos pais amam seus filhos que tenham síndrome de down, paralisia cerebral ou qualquer outra síndrome, deficiência ou doença e duvido muito que eles concordem com o sr. Dawkins. Essas crianças e também adultos com síndrome de down, eles sofrem? São infelizes? Gostariam de ter sido abortados? Deveriam perguntar isso aos portadores dessa síndrome. Se as respostas forem negativas (a maioria das respostas serão) então aqueles que argumentam assim estão redondamente enganados.
Dawkins com seu viés cientificista afirma que fetos não tem direitos porque não tem um sistema nervoso desenvolvido e aqui Dawkins se revela péssimo filósofo. Acaso o feto detectado com síndrome de down não tem potencialidades para se tornar um ser humano? Não é um homem/mulher em potência? Ora, Dawkins é um homem em ato, isto é, realizou todas as potências é um homem de fato, mas Dawkins quando era feto foi um homem em potência e só chegou a ser ato porque antes foi potência, se essa potencialidade fosse cortada no ventre materno o mundo não conheceria o famoso biólogo, divulgador de ciência e militante ateu Richard Dawkins. Ademais, segundo essa tese de Dawkins nenhum feto tem direitos à existência porque não tem um sistema nervoso desenvolvido remete ao pater familias onde o pai tinha o direito de matar ou vender os filhos, pois não eram pessoas mas coisas.
Segundo Richard Dawkins é imoral trazer à luz pessoas com síndrome de down, então todos os pais que tendo detectado a síndrome de down em seus fetos e os deixam nascer são imorais? São imorais porque não os mataram? São imorais porque vão cuidar dessas crianças? Qual é a lógica disso? Ultimamente o ícone do movimento neo-ateísta tem falado muita besteira e dando as suas opiniões um cunho cientificista.
Examinemos alguns argumentos dos defensores do novo deus (Dawkins) e de suas "palavras sagradas": Essas crianças serão sempre dependentes dos pais, nunca terão autonomia, serão um peso para a sociedade".
As crianças com síndrome de down podem ter uma vida normal e os adultos portadores da síndrome trabalham em diversos ramos e ajudam a sociedade como qualquer outro indivíduo, veja aqui o caso da professora Débora Seabra e há tantos e tantos outros casos por aí, é só pesquisar.
Parece que o sr. Dawkins não sabe a diferença entre o que é moral e imoral, ético e anti-ético, ele, homem "normal", cientista falando uma barbárie dessas, de seguidor de Darwin passou a seguidor de Francis Galton. Dawkins pode ser um excelente biólogo mas lhe falta filosofia, muita filosofia.
O biólogo e escritor de divulgação científica Richard Dawkins afirmou que dar à luz a bebês com síndrome de down é imoral e chamou esses fetos de "isso". Porque é imoral ele não explicou, antes ele disse: "
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