A baixada santista teve uma surpresa típica da caixa de Pandora que foi o aumento da passagem do ônibus intermunicipal em quase 7%. A passagem que custava R$ 2,90 entre Santos e São Vicente custa agora R$ 3,10 e quem pagava o salgado preço de R$ 3,35 para transistar de Santos à Praia Grande paga agora R$ 3,60.
O leitor que não mora na baixada santista e portanto desconhece nossa realidade pode dar-se ao luxo de especular: "se o transposrte coletivo é caro então deve ser de primeiríssima qualidade". Se pensou assim enganou-se redondamente. O serviço prestado pela Piracicabana é precário: os ônibus demoram para passar, as pessoas vão espremidas dentro dos ônibus, o motorista não pode ser mais rápido porque acumula função que não é de sua competência que é cobrar. Ora, com esse preço absurdo nós usuários deveríamos ter um transporte de qualidade: mais linhas de ônibus, mais conforto, cobradores, etc...
Mas a Piracicabana age como se fosse dona da concessão e não uma permissionária. Gostaria de saber o porquê dessa dominação da referida empresa, gostaria de saber porque nossos digníssimos prefeitos e nossas respeitáveis câmaras não lutam contra os abusos da Piracicabana.
Nossas competentes autoridades não deveriam permitir o aumento abusivo das tarifas do transporte coletivo, deveriam sim lutar por melhores condições de transporte e poderiam fazer isso tirando a concessão da empresa e colocando outra no lugar.
Quantos trabalhadores diariamente acordam cedo e já pegam os ônibus lotados e na volta de suas lidas, já extenuados são obrigados a esperar seus meios de transportes por 30 ou 40 minutos e ainda ficar em pé e espremidos durante todo o trajeto.
Realmente o burguês não tem coração, ele tortura o proletariado de todas as formas possíveis e não satisfeito cobra caro por essa tortura. Deixo aqui um apelo aos prefeitos da baixada santista e também aos vereadores da região para que façam a experiência de pegar um ônibus na hora do "rush" e fazer uma "agradável" viagem se possível de pé. Pois para se entender o oprimido é preciso antes de mais nada colocar-se em seu lugar.
Em tempo uma região muito menor que a cidade de São Paulo tem a tarifa mais que cara que a cidade de São Paulo e aqui nem teve manifestação... Que vergonha...
Os cubanos patriotas de uma figa que estão à serviço do capitalismo e dos EUA a exemplo do Egito foram fazer um levante para derrubar a "horrível ditadura" comunista dos irmãos Castro. Veja só o resultado.
Homenagem aos manifestantes que sofreram maus-tratos por parte da polícia em especial ao jovem servidor municipal e militante comunista Vinícius Boim
Pedrinho foi chamar seus amigos para brincar.
- E aí galera vamos brincar de polícia e manifestantes?
- Você quer dizer polícia e ladrão - corrigiu Dudu.
- Polícia e ladrão???!!! Pedrinho replicou num misto de admiração e curiosidade.
- Claro, sempre foi assim.
- Ah tá. Só se for para você brincar com teu pai. Você não assiste televisão, não acessa a internet? A moda agora é repressão.
- Explica que troço é esse de repressão - pediu o Carlinho.
- Repressão é quando a polícia vai bater em manifestantes que estão descontentes com o governo, com o aumento do preço dos ônibus, etc...
- Pô legal, disse o Dudu. Vamos brincar.
- Eu vou ser da polícia - disse o Pedrinho - e quero comigo o João, o Murilo, o Rafael e o Everton que são os mais fortes. Dudu, Carlinho, Rodrigo, Paulinho, Tiaguinho eo Júnior vão ser manifestantes, ok?
Ok! gritaram em coro.
Mas o que faz um manifestante? - Perguntou Dudu.
Protesta, oras! De forma pacífica, com cartazes e com gritos contra a ordem. Entenderam? Perguntou Pedrinho.
Os manifestantes disseram em uníssono: Sim.
O meu grupo e eu vamos fazer cartazes - disse Dudu - e você prepare seus soldados daqui a 15 minutos a gente volta aqui, beleza?
- Beleza.
Os meninos que faziam as vezes dos manifestantes, desfilavam com seus cartazes protestando contra o preço abusivo dos ônibus. Do outro lado vinham os meninos fortes armados de paus que representam os cassetetes e estingues com pedras que representam as balas de borrachas.
Os pequenos e imbeles manifestantes gritavam contra o preço abusivo, faziam discursos contra o absurdo do aumento das passagens. Logo chegaram os pequenos repressores fazendo as vezes da polícia militar, dando pauladas num, socos e chutes noutros e estinlingadas em todos os que não fossem da polícia. Os manifestantes como era de se esperar fugiram e no dia seguinte encontraram-se com seus "amigos" e disseram que não queriam mais brincar daquilo. Dudu falou por todos: "Ao menos quando a gente brincava de polícia e ladrão todo mundo tinha vantagem, agora só um lado tem vantagens, da próxima vez queremos ser policiais".
- Fraquinhos como são terão que ser mesmo manifestantes - respondeu Pedrinho e ajuntou: galera vamos embora não aguento ver um bando de chorões. E os pequenos policiais foram embora e os manifestantes aprenderam sua primeira lição sobre cidadania: Todos tem liberdade para ficar calados e obedecer a ordem reinante, caso contrário a porrada vai descer e braba.
Saiu hoje no jornal A Tribuna que um professor de matemática da Escola Estadual João Octávio dos Santos, no Morro do São Bento em Santos lecionou matemática usando como exemplo o tráfico de drogas, prostituição e porte ilegal de armas.
Fico me perguntando o que leva um professor que é funcionário público, pago pelo estado (tudo bem que o salário não é lá grandes coisas) com o dinheiro dos impostos do povo a incitar a criminalidade em filhos de trabalhadores. Por que fez isso? Por se tratar de uma área carente? Por ser uma escola estadual? Por não acreditar no potencial de seus alunos? Será que lecionaria do mesmo modo numa escola particular de elite?
Esse caso só vem mostrar como está baixa a qualidade do ensino público em São Paulo e por conseguinte em todo o Brasil. Mas isso é culpa tão somente desse mau caráter que foi colocado em sala de aula? Evidente que não. Com baixos salários, com violência por parte de certos alunos, com burocracia, sem plano de carreira, sem cursos de reciclagem e massacrados por seus superiores, os melhores professores tendem a sair da rede pública e migrar para as escolas particulares ou procuram fazer mestrado e doutorado para que possam lecionar em faculdades ou prestam concursos públicos para outras áreas que ganham mais e se estressam menos.
Se o governador desse aumento de salário digno para os professores, se proporcionasse cursos de capacitação reciclagem os bons professores não precisariam migrar para redes privadas ou para outros empregos do funcionalismo público. Os maiores prejudicados são os pais dos alunos que não podem pagar por um ensino de qualidade.
Pergunta que fica no ar: Esse é um caso isolado ou é apenas a ponta do iceberg? Jamais saberíamos desse caso se uma das alunas desse educador professor não mostrasse o caderno aos pais denunciando esse péssimo profissional.
Não menos culpados por essa situação são os pais que não sabem votar, pois caso soubessem votar não deixariam o estado de São Paulo na mesmice do PSDB que já está há dezesseis anos no poder sem dar a merecida valorização ao profissional da educação.
Com a valorização do educador, os maus profissionais não terão chances de exercer tão nobre profissão que é o ato de lecionar. Todas as desgraças que ocorrem no ensino público são apenas o efeito da política desastrosa do governo e da assembleia legislativa. Enquanto o povo não se conscientizar que educação é um ato político, o ensino continuará a ser o que é: lixo! Não quero dizer que não haja bons professores nas redes públicas de ensino, sim há, mas são poucos e cada vez menos por causa das condições humilhantes a que são submetidos.
Se os professores fossem valorizados teríamos um sujeito desses pervertendo nossos jovens?
Os telejornais da tevê aberta divulgaram o vídeo de uma velhinha idosa que impediu o assalto à uma joalheria na Inglaterra. Uma notícia comovente para uns, exótica para outros e ideológica para mim. Quando eu assisto aos telejornais eu não sou telespectador passivo, um mero receptor daquilo que a mídia burguesa quer incutir, não. Eu sou crítico, não aceito dogmas, questiono. Caso contrário, apenas estarei reproduzindo a forma de pensar das grandes mídias.
O que a mídia burguesa deseja com esse fato? Mostrar essa idosa como exemplo de coragem ao defender a propriedade privada. (Seria a sua?) Que se uma septuagenária enfrentou bandidos qualquer pessoa de bem pode e deve fazer o mesmo.
Mas por que defender uma joalheria? A joalheria não tem seguro? Por que arriscar a vida por ouro e jóias que não seus? (Suponho que os tesouros que iam ser roubados não eram dela).
Fico a pensar será que essa velhinha defenderia uma greve de trabalhadores explorados por seus patrões? Será que lutaria por operários injustamente demitidos para que voltassem às suas funções? Será que luta contra aqueles que a todo custo querem desmantelar o welfare state? Pois essas são as causa é que precisam de pessoas corajosas que as defendam.
Será que a senhorinha surraria patrões que pagam salários de fome a seus empregados? Será que essa senhora daria bolsadas nos neonazistas que crescem por toda a Europa? Não quero respostas, quero que as pessoas pensem ,reflitam e que vejam as notícias através de um outro prisma. As perguntas nem sempre são feitas para se obterem respostas, muitas vezes são feitas para provocar um incômodo, para despertar as pessoas que estão encantadas com o mundo midiático.
Não me surpreendeu a atitude da velhinha e tampouco considero uma heroína uma vez que foi defender a burguesia e não quem de fato precisa de apoio. Sei que muitas pessoas vão discordar de mim, outras ficarão melindradas, mas não posso deixar de escrever acerca das manipulações midiáticas.
No site MS notícias foi noticiado que um procurador ateu protestou contra colega de Mato Grosso do Sul. Até aí tudo bem. Depois de responder o colega passa a atacar o cristianismo em especial o catolicismo romano dizendo que este não tem contribuído para a vida... O que é questionável. Que a Igreja romana fez muita merda coisa ruim não nego, mas dizer que só fez coisas ruins e não contribuiu em nada, isso eu nego. Mas deixemos isso de lado, pois o propósito deste texto não são os papas nem os cardeais ou quaisquer dignatários da Igreja Romana. Este texto versa sobre Darwin e seu suposto ateísmo.
O senhor Inajá Guedes Barros comete um erro crasso quando indica leituras ao promotor: "Sugiro a leitura fácil de SAM HARRIS e RICHARD DAWKINS,além de DARWIN, é claro, dentre outros ilustres ateus".
Ele sugere a leitura de ilustres ateus e Darwin está no meio. Mas será que Darwin era ateu?
Para tanto nada melhor do que seguir o conselho do procurador de justiça, o senhor Inajá Guedes Barros: "Prenda-se aos fatos e não aos mitos".
Mito: Darwin era ateu.
Fato: Darwin era agnóstico.
Vamos aos fatos que parecem não ser do conhecimento do senhor Inajá.
A evolução do pensamento de Darwin:
"Autores da mais alta autoridade parecem plenamente satisfeitos com a hipótese de que cada espécie foi criada independentemente. No meu parecer, pelo que sabemos das leis impostas pelo CRIADOR, ajusta-se melhor à hipótese de que se a produção e extinção dos habitantes passados e presentes do globo sejam devidas a causas secundárias, como as que determinam o nascimento e a morte do indivíduo.
... Existe algo de grandioso nesta concepção da vida, com seus diferentes poderes, originariamente impressos pelo CRIADOR e em poucas formas, em uma forma só; e no fato de que, enquanto o nosso planeta continuou a girar conforme a imutável lei da gravidade, de tão simples início evoluíram e continuam evoluindo inumeráveis formas, belíssimas e maravilhosas". (A Origem das Espécies)
Darwin foi descrendo aos poucos do cristianismo mas nunca chegou a ser ateu. Reproduzo o texto no qual Darwin se afirma como agnóstico, o texto foi publicado pelo blog De rerum natura:
"Outra fonte de convicção quanto à existência de Deus, ligada com a razão e não com os sentimentos, influencia-me como tendo muito mais peso. É uma questão da extrema dificuldade, ou melhor, impossibilidade, de conceber este imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem com a sua capacidade de olhar para o passado distante e para o futuro longínquo, como sendo o resultado do acaso cego ou da necessidade. Quando começo a reflectir assim, sinto-me obrigado a recorrer a uma Causa Inicial que possua uma mente inteligente, até certo ponto análoga à mente do homem; e mereço ser chamado Teísta.
Esta conclusão estava fortemente implantada na minha mente, tanto quanto me posso recordar, pela altura em que escrevi "A Origem das Espécies"; e foi depois disso que se tornou gradualmente mais fraca, com muitas flutuações.
Mas então surge a dúvida - será que a mente do homem, que se desenvolveu, como creio sem reservas, a partir de uma mente tão primitiva como aquela que o animal mais primitivo possui, é de confiança relativamente à sua capacidade de inferir conclusões tão grandiosas? Será que não são simplesmente o resultado da ligação entre causa e efeito que nos impressiona como sendo necessária, mas provavelmente depende apenas da experiência herdada? Nem devemos deixar de considerar a probabilidade de que a constante inculcação da crença em Deus na mente das crianças possa produzir um efeito tão intenso, e talvez herdável, nos seus cérebros ainda não completamente desenvolvidos, que depois é tão difícil para elas abandonarem a sua crença como é para um macaco abandonar o seu medo intenso e instintivo de cobras. Não posso pretender lançar luz dobre problemas tão abstrusas. O mistério do início de todas as coisas é insolúvel para nós; e por isso contento-me em permanecer Agnóstico"
- Charles Darwin, "Autobiografia", Relógio d' Água, Lisboa, 2004, tradução, introdução e notas de Teresa Avelar (original de 1887, publicado postumamente pelo seu filho Francis, que cortou partes do texto, satisfazendo pedidos da sua mãe Emma e sua irmã Henrietta, que eram crentes).
O senhor Inajá talvez tenha confundido agnosticismo com ateísmo, mas isso seria um erro imperdoável, já que ambos os termos são claros para quem é ilustrado. Ou talvez ele tenha recebido alguma revelação celestial, mas como, se ele é ateu? Teria Darwin descido nalgum centro espírita para avisá-lo que ele (Darwin) era ateu? Mas como se o senhor Inajá é ateu? Teria o senhor Inajá encontrado documentos ulta-secretos na qual Darwin postulava seu ateísmo? Não sei, são hipóteses muito estranhas confesso. Usemos então a navalha de Ockham que diz: "A hipótese a ser escolhida dentre as que explicam um determinado fenômeno deve ser a mais simples dentre todas as hipóteses". Pela navalha de Ockham só temos duas hipóteses plausíveis: ou o procurador de justiça errou por malícia ou por ignorância. Se errou por malícia não tinha que dar lições de moral em seu colega; Se errou por ignorância também não deveria corrigir uma vez que fala sem conhecimento de causa.
O que é o agnosticismo? Agnosticismo é uma suspensão de juízo, isto é, nem se afirma nem se nega a existência de Deus.
O que é o ateísmo? Negação da existência de Deus.
Portanto agnosticismo está tão perto do ateísmo quanto eu estou longe de ser dono do banco Santander.
Ontem numa conversa amena pelo Twitter o amigo @guifernandoo perguntou se o professor é um educador respondi que sim. Todo professor é um educador mas nem todo educador é um professor. Hoje ao acessar o meu Twitter (@Fernando_Felix_ caso alguém queira seguir) vi nas menções que ele deixou um link de seu blog com a postagem: Professor ≠ Educador, que foi escrito por sua mãe a pedagoga Luci Cândida Depetris.
A professora Luci antes de entrar no assunto define os conceitos de professor, educador e educação. Também eu trarei algumas definições.
Educador: «latim educātor,ōris, "o que cria, nutre; diretor, educador, pedagogo".»
Educação é a forma nominalizada do verbo educar. Aproveitando a contribuição de Romanelli (1960), diremos que educação veio do verbo latim educare. Nele, temos o prevérbio e- e o verbo – ducare, dúcere. No itálico, donde proveio o latim, dúcere se prende à raiz indo-européia DUK-, grau zero da raiz DEUK-cuja acepção primitiva era levar, conduzir, guiar. Educare, no latim, era um verbo que tinha o sentido de “criar (uma criança), nutrir, fazer crescer. Etimologicamente, poderíamos afirmar que educação, do verbo educar, significa “trazer à luz a idéia” ou filosoficamente fazer a criança passar da potência ao ato, da virtualidade à realidade. Possivelmente, este vocábulo deu entrada na língua no século XVII.
Definidas as palavras vejamos se o professor é ou não um educador.
As disciplinas que as crianças e adolescentes aprendem na escola chama-se educação, ora se essas disciplinas são chamadas de educação como não podem ser educadores os professores?
Não discordo da professora Luci quando diz que "a educação vem do berço", pois esta educação é a educação informal, e a educação informal não é perfeita, não é acabada em si mesma, não é completa. Esta prepara para a educação escolar no convívio com a sociedade (colegas, professores, serventes e demais funcionários da escola).
Há alunos que chegam à escola sem terem recebido a educação necessária para um convívio pacífico onde saibam respeitar a liberdade alheia. Certamente que por ter havido falha na primeira educação, o aluno problema não conseguirá aprender as disciplinas necessárias para seu progresso físico e intelectual.
Todavia discordo da professora Luci quando esta afirma que professor não é educador, um professor que não é educador sequer merece ser chamado de professor. Em minha prática docente já lidei com alunos problemas e lidei com eles com afeto, respeito e carinho de modo que esses alunos que tinham notas ruins, que bagunçavam, que eram respondões começaram a me respeitar e demonstraram interesse em aprender o que eu ensinva. Evidentemente que o professor que não cria vínculos afetivos com seus alunos não se torna um educador, mas apenas um profissional da educação.
A palavra pedagogo por exemplo significa aio que era um escravo que conduzia uma criança. O professor é esse aio, é esse condutor de crianças e adolescentes. A pedagoga Luci diz que educação é dever é função social de todos e que não é preciso ter um curso superior. Concordo em parte com essa afirmação. Todos tem o dever de educar, mas nem todos podem ou sabem educar. Há quem pense ainda hoje por esse mundo afora, que educar é reprimir, disciplinar, adestrar. Não poucos indivíduos justificam castigar fisicamente seus filhos com o versículo bíblico: "Aquele que poupa a vara aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga". (Pv 13,24) Educar é uma coisa e saber educar é outra. Por isso, o professor é o educador por excelência.
Sêneca que foi mestre de Nero disse: "De que adianta ensinar o que é uma linha reta se antes não se ensina o que é retidão?".
Foi noticiado com magno gáudio pelo jornal reacionário O Estado de São Paulo que "Surge o Partido Militar Brasileiro, 100% democrático". Se é democrático então não precisa ser militar. Agora se é um partido só para militares, então trata-se de um clubinho.
Quem quiser saber da história do novo partido pode clicar no link (em letras marrom). Um partido novo com uma ideologia velha, velha e batida.
Ideologia.Questionado sobre a orientação do PMB, capitão Augusto não vacila: centro-direita. E a principal bandeira é, naturalmente, a segurança. A soberania da Amazônia e a garantia do ‘cidadão de bem’ – “aquele que não comete crimes, respeita o outro e o patrimônio alheio”- são os temas em que o PMB pretende concentrar esforços. “Essas progressões de pena, os indultos sem critério nos presídios, isso é um absurdo!”,diz o militar. “Os direitos humanos tem que ser garantidos principalmente pras pessoas de bem”. (todas as citações que serão feitas são do site ao lado) Estadão.com.br
Por que o capitão não assumiu como direita? Centro-direita é direita. A principal bandeira do partido é a segurança! O capitão Augusto não é um político é um policial, isso fica bem revelado ao falar de segurança. Quem estuda as ciências sociais: história, geografia e sociologia sabe muito bem que a violência é fruto das imensas desigualdades sociais. E o que a polícia entende por segurança é uma coisa bem diversa do que entendem as massas sofridas. Porque em questão de "segurança" negro é sempre um suspeito, pobre e favelado tem que ser reprimido e grevistas acuados com tiros de bala de borracha, gás lacrimogênio, cassestetes e com mordidas de cães, tudo isso com o próprio dinheiro dos grevistas que pagam impostos, irônico não?
A soberania da Amazônia. Essas palavras soam aos meus ouvidos muito abstratas, o que seria essa tal de soberania? Proteção das tribos indígenas? Duvido muito. Os militares pouco se interessaram por nossos índios na época da ditadura. A proteção das florestas? A destruição dos latifúndios? Ou seria apenas palavras pomposas para impressionar o público?
A garantia do cidadão de bem. Cidadão de bem, é uma expressão das correntes fascistas e reacionárias do Brasil. Cidadão de bem é em primeiro lugar o dono de latifúndio, o dono de indústrias, que pertence à alta burguesia; depois o cidadão de bem é o homem branco de classe média A e classe média B que são católicos, que leem a revista Veja, o Estadão, a Folha de São Paulo e assistem a rede Globo e que amam "o trabalho honesto", a "paz" e a "ordem". Negros, favelados, gays, travestis, nordestinos não fazem parte dos cidadãos de bem porque para ser cidadão de bem faz-se mister ser cidadão de bens. Cidadão de bem "é aquele que não comete crimes, respeita o patrimônio alheio". Crimes, no discurso do policial é assalto à mão armada, furtos por necessidade e coisas do gênero. Quando crimes deveriam ser extorsão dos cofres públicos, desvio de verbas que são os geradores desses crimes de segunda classe.
O político defende também a propriedade privada quando fala do patrimônio alheio. E quem comete crimes contra o patrimônio alheio? (terras improdutivas, sedes governamentais abandonadas) MST, o movimento dos sem-tetos, etc...
“Essas progressões de pena, os indultos sem critério nos presídios, isso é um absurdo!”,diz o militar. “Os direitos humanos tem que ser garantidos principalmente pras pessoas de bem”.
Absurdo são cadeias com cela para dez pessoas trancafiarem cinquenta. Absurdo é misturar presos de baixa periculosidade com presos de alta periculosidade, isso sim são absurdos! Evidente que não poderia faltar o cacoete: "Os direitos humanos tem que ser garantidos principalmente pras pessoas de bem".
Mas o capitão Augusto lembra também que os presos têm seus direitos. “Se cometeuo crime, tem que cumprir a pena, sim. E a pena tem que ser vista não só como ressocialização do preso, mas como castigo. Mas o preso, que perdeu seu maior direito, a liberdade, não pode perder também a dignidade.” A situação dos presídios abarrotados, em que os detentos “são tratados como animais”, é uma das questões a ser atacada pelo PMB.
Pena como castigo, é bem mesmo da índole dos policiais. A ressocialização não é tão importante, mas o castigo... Nietzsche disse que "o castigo foi feito para melhorar aquele que o aplica". Logo após esse discurso do castigo, o capitão Augusto fica mais "flexível" ao afirmar que o preso que perdeu sua liberdade não pode perder sua dignidade, etc... Sinceramente, eu não acredito nem um pouco nesse discurso. Se eu acreditar nisso terei que acreditar em Papai Noel, coelhinho da páscoa e até mesmo no Jornal Nacional, principalmente quando casal Bonner fala do "ditador" Hugo Chavez.
E o que o PMB pensa sobre o período marcante da ditadura militar? “Somos contra. Abominamos o período. Seria covardia vincular a ditadura conosco.Se você for ver, são 500 anos de serviços prestados ao Brasil. A ditadura foi só 20 anos.”
O capitão Augusto diz que seria covardia vincular o período da ditadura com eles. Mas como não vincular se o discurso do partido é o mesmo que vigorava nos tempos da ditadura?
Discurso de Dom Manuel Edmilson da Cruz, Bispo Emérito da Diocese de Limoeiro do Norte – CE, durante a outorga da Comenda de Direitos Humanos Dom Helder Camara, conferida pelo Senado Federal, no dia 21 de dezembro de 2010
"A surpresa chegou aos meus ouvidos à noitinha, quinta-feira 16 de dezembro. Como o alvorecer da aurora e a vibração cantante de um bom-dia. Mais que surpresa: era como se alguém de extraordinária generosidade tivesse enfocado uma libélula projetando a sua leveza e levando-a a atingir as proporções de um águia ou de um condor.
Passa por esse crivo o meu cordial agradecimento ao senhor Senador Inácio Arruda, aos seus ilustres Pares que o apoiaram e a todo Congresso Nacional.
Pensei, em vista dos meus oitenta e seis anos, em receber essa honraria por meio de um representante. Mas Congresso Nacional merece respeito. Verdadeiro Congresso Nacional é sinal de verdadeira democracia.
A honrosa condecoração, porém, dos Pais da “Pátria”, (como diriam os Romanos “Patres Conscripti”), me faz refletir. Precatórios que se arrastam por décadas; aposentados, idosos com suas aposentadorias reduzidas; salários mínimos que crescem em ritmo de lesmas... depois de três meses de reivindicações e de greves, os condutores de ônibus do transporte coletivo urbano de Fortaleza, dos cerca de 26% de aumento pretendido, mal conseguiram e a duras penas, pouco mais de 6%, quer para a categoria, quer para o povo, principalmente os pobres da quinta maior cidade do nosso Brasil.
Pois é exatamente neste momento que o Congresso Nacional aprova o aumento de 61% dos honorários de seus Parlamentares que em poucos minutos chegam a essa decisão e ao efeito cascata resultante e o impõe ao povo brasileiro, o seu, o nosso povo. O povo brasileiro, hoje de concidadãos e concidadãs, ainda os considera Parlamentares? Graças ao bom Deus há exceções decerto em tudo isso. Mas excetuadas estas, a justiça, a verdade, o pundonor, a dignidade e a altivez do povo brasileiro já tem formado o seu conceito. Quem assim procedeu não é Parlamentar. É para lamentar. Prova disto? Colha na Internet.
Bem verdade é que a realidade não é assim tão simples e a desproporção numérica, um dado inarredável. Já existe – e é de uma grandeza bem aventurada! – o SUS; o bolsa família. Aí estão trinta milhões de brasileiros, que da linha de pobreza, às vezes até da indigência, alcançaram a classe média. É verdade a atuação do Ministério da Saúde. Existe o Ministério da Integração Nacional. É verdade! Mas não são raros os casos de pacientes que morreram de tanto esperar o tratamento de doença grave, por exemplo, de câncer, marcado para um e até para dois anos após a consulta. Maldita realidade desumana, desalmada! Ela já é em si uma maldição. E me faz proclamar em pleno Congresso Nacional, como já o fiz em Assembléia Estadual e em Câmara Municipal: Quem vota em político corrupto está votando na morte! Mesmo que ele paradoxalmente seja também uma pessoa muito boa, um grande homem. Ainda não do porte de um Nelson Mandela que, ao ser empossado Presidente da República do seu país, reduziu em 50% o valor dos seus honorários.
Considerações finais
Senhores e Senhoras,
Sinto-me primeiro, perplexo; depois, decidido. A condecoração hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Camara. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os Senhores a Senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la! Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, a cidadã contribuintes para o bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade do seu trabalho. É seu direito exigir justiça e eqüidade em se tratando de honorários e de salários. Se é seu direito e eu aceitar, estou procedendo contra os Direitos Humanos. Perderia todo o sentido este momento histórico. O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumento do salário mínimo e da aposentadoria. Isto não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os Direitos Humanos do nosso povo.
A atitude que acabo de assumir, assumo-a com humildade. A todos suplico compreensão e a todos desejo a paz com os meus sinceros votos e uma oração por um abençoado e Feliz Natal e um próspero e Feliz Ano Novo!