Diágoras de Melos é um vulto da história da filosofia que me fascina, era ateu, mas sabia como combater o fanatismo. Não é como muitos desses ateus que tem faniquitos fazendo do ateísmo a religião dos sem deus. Quem escreve esta postagem é um cristão ortodoxo copta mas que é marxista e evolucionista, que aceita a ciência e que não vê no que a fé cristã possa ser incompatível com a ciência, até porque se assim fosse, Dobzhanski teria abandonado a Igreja Ortodoxa, uma vez que era cristão ortodoxo russo. E Ernst Mayr disse sobre Dobzhansky: Vocês sabiam que Dobzhansky, que eu considero o maior evolucionista do século passado, se ajoelhava e rezava para Deus à noite, antes de dormir? Mas não é dele que eu quero tratar, mas de Diágoras de Melos.
O filósofo de quem eu vou falar viveu no século V a.C, era um verdadeiro pedagogo. Certa vez levaram-no a um templo e um homem lhe disse: "Veja Diágoras essas imagens são os ex-votos daqueles que escaparam dos naufrágios, aqui eles cumprem o que prometeram aos deuses. Replicou o pensador: Gostaria de ver os ex-votos dos que morreram afogados, pois no auge do desespero acredito que fizeram votos para salvar-se".
De outra feita fez lenha com uma imagem de Héracles (Hércules) e disse: "Eis o décimo terceiro trabalho de Héracles, cozinhar nabos para Diágoras".
Diágoras não negou abertamente a existência de Deus ou de deuses, mas deu a entender que se existem não se preocupam conosco. E ainda mostrou que os que morrem em desespero fizeram a mesma coisa que os sobreviventes.
Quando ele fez lenha com a estátua de Hércules, foi apenas para mostrar que não existem imagens milagrosas, pois se assim fosse, ele deveria ter sido fulminado pelo pai dos deuses: Zeus. Bom como cristão, eu venero ícones, mas não acredito em ícones milagrosas, elas são como quaisquer objetos e estão sujeitas as leis naturais, mas venero ícones pelo que representam para mim, assim como uma fotografia de minha falecida mãe, representa a que amei (e que ainda amo), mas como objeto não tem valor e nem é portador de milagres. Eu mesmo acho que os ícones ditos "milagrosos" deveriam ser destruídos para que assim sejam destruídas as superstições das pessoas.
Não sei se Diágoras tinha a intenção de levar o povo ao ateísmo ou se queria que a religião fosse mais próxima da realidade possível, todavia creio que o seu ateísmo é uma ajuda para todas as religiões, ajuda para que se tornem moderadas. Creio que algumas críticas dos ateus são válidas e mesmo que as suas intenções sejam outras, as religiões podem fazer o seu mea-culpa e seguir pelo caminho do equilíbrio.
Um comentário:
Corroboro em gênero, número e gráu suas doutas reflexões.
Tais imagens miraculosas e amuletos deveriam ser todos destruidos, pois a busca por milagres é uma corrupção quanto ao verdadeiro culto que se deve tributar ao Supremo Ser.
Os homens malvados é que fabricam tais fetiches e simulam milagres com o intuito de enganar os idiotas.
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