segunda-feira, 7 de junho de 2010

Os animais e sua inteligência




Já escrevi e pus vídeos sobre a inteligência animal: A inteligência dos animais e Analfabetismo científico, pois são assuntos que muito me interessam. Visto que nós humanos somos parentes de todos os animais (e plantas e demais seres vivos).

Hoje penso que o homem só poderá se conhecer melhor se conhecer o comportamento dos outros animais, pois guardamos ainda que de modo tênue nossas forças atávicas.

No último domingo enquanto eu ia à São Paulo para assistir a missa ortodoxa da Igreja Copta, e antes que alguém me pergunte, respondo antecipadamente, eu sou cristão ortodoxo sim, Dobzhansky também era e nem por isso deixou de ser menos darwinista. Mas como eu estava dizendo, enquanto estava na van que se dirigia à São Paulo, aproveitei o tempo para ler um artigo da revista National Geographic Brasil de março de 2008. (Eu gosto de ler revistas antigas e dai?)

E a revista forneceu-me dados interessantes que comprovam que os animais são sem sombra de dúvida inteligentes, como já postulava Charles Darwin em meados do século XIX.

O senso comum há muito sabe que os animais tem inteligência e sentimentos conforme a revista: "Bem, qualquer pessoa que já teve ou tem algum animal de estimação discordaria. Reconhecemos o amor no olhar de nossos cães e, é óbvio para nós, que eles tem pensamentos e emoções" (pág 36).

Mas o senso comum não basta para que um fato seja reconhecido como científico, se bem que o senso comum pode ser um caminho para a ciência.

Falemos um pouco desses animais fantásticos. O papagaio-cinza-africano Alex contava distinguia cores, formas e tamanhos; tinha entendimento básico do conceito abstrato de zero.

O Bonobo - O jovem Kanzi começou a desenvolver sua habilidade lingüística por conta própria - enquanto observava os cientistas que treinavam sua mãe. Hoje com 27 anos, o bonobo "conversa" usando mais de 360 símbolos em seu tabuleiro e entende milhares de palavras faladas. Ele forma sentenças e produz ferramentas de pedra - modificando sua técnica de acordo com a dureza da rocha. E toca piano (já fez improvisações com o músico Peter Gabriel). "Se convivermos com os bonobos por 15 gerações", diz William Fields, "os bonobos vão ficar menos bonobos, e os seres humanos, menos seres humanos. No fim das contas, não há tanta diferença assim entre nós." Fields está analisando as vocalizações de Kanzi: "É possível que esteja falando em inglês, só que num ritmo rápido e num tom agudo demais para que possamos entender".

O Golfinho - Imitadores magistrais, dotados de excelente memória e boa compreensão de vocabulário e sintaxe, os golfinhos são ágeis em termos cognitivos e comportamentais. De acordo com Louis Herman, "eles possuem grande cérebro generalista, como o nosso. E podem manipular seu mundo para obter o que querem."

Rato Inteligente - Não vá logo gritando que nojo. Os ratos são surpreendentemente inteligentes e, de fato, bem parecidos conosco. Eles dão risada quando alguém faz cócegas neles. São sociáveis, apreciam o sexo e até anseiam por ele. Também conhecem seus próprios limites intelectuais, o que se chama metacognição, um traço que, acreditava-se ser limitado aos primatas. Em testes de áudio em que ratos foram recompensados pelas respostas corretas, não ganharam nada pelas incorretas e receberam uma pequena recompensa por admitir "não sei", optaram pelas guloseimas mais certas (porém em menor quantidade) de "eu não sei" quando não estavam muito confiantes sobre sua resposta. Nada mal para as criaturas fétidas dos esgotos.

Saguis inteligentes - Quando jovens, os saguis-comuns aprendem o que comer observando os mais velhos e, como os grandes primatas, podem imitar as ações - uma das formas mais complexas de aprendizado. (Eles têm até uma noção de "permanência de objeto": sabem que algo que não enxergam continua existindo.) Mas, segundo Friederike Range, a dificuldade de manter a concentração por período longo talvez impeça os primatas de desenvolver comportamentos mais complexos.

O Polvo - Dotados de cérebro volumoso e tentáculos ágeis, os polvos são conhecidos por fechar suas tocas com pedras e se divertirem lançando jatos d'água em alvos de plástico (a primeira brincadeira de um invertebrado que se conhece) e nos pesquisadores. E podem também exprimir emoções básicas por meio de mudanças de cor, diz Roland Anderson, do aquário de Seattle.

Abelhas - As abelhas melíferas há muito surpreendem os cientistas com seus comportamentos sociais (fazer uma dança para dar indicações de como chegar a uma fonte de alimento, trabalhar em sintonia com milhares de companheiras de colméia, assumir tarefas especializadas tanto dentro quanto fora da colméia). Sua memória complexa também é notável: as abelhas são capazes de aprender e memorizar caminhos locais, pontos de referência e a época em que várias plantas diferentes florescem - permitindo assim que visitem o mesmo local no dia seguinte, na mesma hora, o que aprimora sua eficiência em juntar suprimentos.

Para Darwin o ser humano é produto da evolução não apenas o seu corpo mas também a sua inteligência. Por isso se o homem quiser compreender sua inteligência, seu comportamento terá que recorrer a Teoria da Evolução. A revista National Geographic Brasil edição de março de 2008 na página encontramos o texto que se segue: "O revolucionário Charles Darwin, que tentou explicar como se desenvolveu a inteligência humana, estendeu sua teoria da evolução ao cérebro humano: tal como o restante de nossa fisiologia, também também a inteligência deve ter evoluído de organismos mais simples, uma vez que todos animais enfrentam os mesmos desafios gerais associados à vida. Eles precisam acasalar-se, encontrar alimento, orientar-se na mata, no mar ou no céu - tarefas que, argumentou Darwin, dependem da capacidade de resolver problemas e pensar por meio de categorias".

Mas no início do século XX, os cientistas não mais levaram à sério essa proposição de Darwin, para eles os animais outra coisa não eram do que máquinas sem sentimentos e sem inteligência. Erro crasso! Mas a ciência caminha através de erros e acertos, ela não é dogmática como a religião que acha que não deve revisar nada. Mas voltando ao tema, sem a proposição de Darwin os cientistas não tinham como explicar o surgimento da inteligência humana, ficaram num dilema e tiveram que recorrer novamente à Darwin.

Não preciso dizer que essas descobertas sobre a inteligência e emoção nos animais desagradam aos fundamentalistas que acham que são "o último biscoito do pacote" né? Mas fatos são fatos e contra fatos - já diziam os positivistas - não há argumentos.

Sei que nesta postagem me estendi muito e não quero ser desagradável ao leitor sempre generoso que acompanha este blog, mas não posso deixar de compartilhar uma curiosidade, com o amigo leitor que aborda o sentimento nos animais, para ser mais preciso a depressão que levou muitos animais ao suicídio. O blog Arquivos do Insólito traz uma matéria feita pelo jornal O Globo realizada em agosto de 1979 sobre essa coisa inaudita que é o suicídio entre os animais, quem quiser ler o artigo, pode clicar aqui e depois julgar sobre a matéria.

Agora deixo o leitor na companhia de sua curiosidade epistemológica e das perguntas que surgiram durante a leitura deste texto. Eu vou mas que fique a minha mensagem de amor e respeito por nossos irmãos os animais.

Um comentário:

Ravick disse...

Não tinha visto essa do suicídio O.O

Em granjas, animais de criação podem desenvolver loucuras, como qlq ser humano em alta condição de estresse.

Mas, o que esperar, se há ainda até seres humanos que se acham mais seres humanos do que os outros? Bah!