terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Contos de Fantasmas



Na semana passada li o pequeno livro "Contos de Fantasmas" do grande escritor Daniel Defoe ("Pai" de Robson Crusoé). Antes de falarmos do livro "Conto de Fantasmas", falemos brevemente sobre Daniel Defoe.


Defoe (1660-1731) se caracterizou pela intensa atividade literária, mas ficou famoso pelo livro "As Aventuras de Robinson Crusoé. Foi cronista, fundou um jornal em Londres (The Review) onde escrevia praticamente sozinho sobre os mais variados assuntos. Foi nesse jornal que Defoe, publicou seus contos de fantasmas e onde revelou sua crença em reencarnação.

Defoe era religioso, politizado e radical, enfim um cidadão com quem se poderia conversar acerca de todas as coisas ou quase.


Acerca do livro, Defoe diz que todas as histórias narradas são verdadeiras, excetuando apenas os contos que estão agrupados como "Falsos Fantasmas", afirmou que estava disposto a ir em juízo, levando testemunhas e provas concretas.


O livro é cativante com histórias e estórias breves. Um livro feito sob medida para quem crê e para quem não crê em fantasmas. Para quem crê é um bálsamo para a alma, saber que existe uma vida após a morte e para quem não crê é um ótimo livro para se examinar a psique das pessoas e saber se essas visões são frutos de fraudes ou doenças.
Todos os contos são muito bons, mas alguns me cativaram por se tratar de contos psicológicos, são eles: Um acusador Fantasmagórico, O Fantasma Útil, Os Presuntos e o Quaker e o Advinho na Feira de Bristol (Todos esses contos agrupados sob o nome de Falsos Fantasmas).
Um Acusador Fantasmagórico trata de um homem que foi levado às barras do tribunal acusado de ter cometido homicídio. Tudo ia bem para ele, estava prestes a ser absolvido, quando o réu vê uma testemunha que não poderia estar lá. Então pede ao juiz que essa pessoa não testemunhe em própria causa. Ninguém via essa testemunha, a não ser o réu. O juiz entendeu que ele estava vendo coisas que os outros não podiam ver e que essa testemunha apavorante era fruto de sua consciência pesada. O réu se condenou a si próprio, através dessa "visão".
O Fantasma Útil, trata de um espertalhão que tinha uma velha casa edificada sobre os restos de um mosteiro e queria demolir essa velha casa, mas gastaria muito dinheiro contratando operários. Então inventou que a casa era mal-assombrada e que o fantasma estaria guardando seu tesouro. Esse velhaco contratou uma pessoa para ficar dentro de sua velha casa durante alguns dias vestido com um lençol. Então, o dono da casa chamou uma pessoa ingênua e lhe mostrou o fantasma andando pela casa para proteger seu tesouro. Essa "história" se espalhou pelo lugar e, muitas pessoas acorreram ao local e combinaram com o dono do imóvel que demoliriam a casa para achar o tesouro, e que a maior parte do tesouro seria devolvido ao dono da casa e o restante seria repartido entre os operários voluntários. O dono da casa, espalhou algumas moedas de ouro pelo imóvel e os trabalhadores acharam essas moedas, pensando que fossem do fantasma, o dono da casa deu de presente aos trabalhadores essas moedas, e esse achado estimulou os operários a trabalhar mais na demolição da casa para achar o tesouro do espírito. Nada mais foi achado, além daquelas poucas moedas de ouro e esse senhor conseguiu demolir sua velha casa a preço de banana e com muita criatividade. Isso demonstra que as pessoas crédulas sempre serão vítimas desses vigaristas, assim como os fiéis das seitas neo-pentecostais são vítimas de seus pastores e como os supersticiosos são títeres nas mãos dos macumbeiros e feiticeiros. E assim vivem os espertalhões, alienando as pessoas. Esse conto por si só daria para uma excelente análise marxista, mas não é disto que estou tratando e passo aos outros contos.
Os presuntos e o Quaker trata de uma súcia que deseja roubar os presuntos da casa de um quaker. Um deles desce pela chaminé, cai e faz um estrondo e fica preto de fuligem. Entra na despensa e rouba o presunto do quaker, volta para a sala e senta-se na cadeira, quando o quaker vem ao seu encontro. Então o quaker pensa que se trata de uma assombração, o meliante aproveita-se da situação e diz que veio oferecer ao dono da residência um presunto enviado pelo diabo. O quaker esconjura o "mau espírito" e manda-o embora e o "mau espírito" sai pela porta sem quaisquer cerimônias. O quaker, aliviado volta para a cama e quando amanhece vai à despensa e vê que seu presunto não mais estava lá. Esse conta mostra mais uma vez como a religião pode servir a fins escusos.
Já, O Advinho na Feira de Bristol é um conto interessantíssimo pelo modo como o patife do advinho se vale da religião e do sobrenatural. Tentando resumir a estória, uma mocinha o procura deseperada porque gosta de um rapaz, e o advinho conhecedor de psicologia, faz com que ela revele quem é o rapaz e o no que ele trabalha, o advinho foi tão sutil que ela acreditou que o advinho é quem fez essas descobertas. Na verdade, a mocinha teve um romance com esse rapaz e engravidou, após isso Thomas (creio ser esse o nome do rapaz) a abandonou.
O advinho prometeu ajudá-la em troca de certos presentes generosos, ela disse que tinha uma tia rica e que estava interessada em vê-la casada com o rapaz já supracitado, e que ela seria generosa, caso o advinho fizessem com que o rapaz se casasse com sua sobrinha.
Esse adivinho tinha um jovem ajudante, muito talentoso, um verdadeiro artista, este foi incubido por seu patrão a se aproximar de Thomas e fazer amizade com ele, além é claro de enganá-lo com sustos fantasmagóricos. Pois bem o jovem artista foi bem sucedido. Um dia saindo com Thomas, a certa altura se despediu de seu amigo e tomou outro rumo, Thomas continuava seu caminho quando ouviu uma voz estranha chamar o seu nome (era o jovem ajudante do advinho) e ele ficou com muito medo. Depois, o jovem artista encontrou-se com Thomas e este lhe revelou tudo quanto tinha se sucedido em sua ausência e qual era a sua opinião. Então o jovem, disse que se tratava de um fantasma, mas ele não poderia fornecer muitas pistas, mas o patrão dele sim, pois era um sábio. Bom, o jovem artista deu mais alguns sustos em Thomas, e vendo esse rapaz cheio de temores, convenceu-o a procurar seu patrão e Thomas foi mesmo. O seu patrão, com toda a sua psicologia, fez com que o jovem confessasse seu erro e fez com que aceitasse o casamento com a moça sob pena de ser assombrado pelos maus espíritos todos os dias de sua existência. Enfim, a moça conseguiu o que desejava e também o advinho que ganhou um rico presente.

2 comentários:

Ravick disse...

Deu vontade de ler! :O

Anfilóquio de Fayum disse...

Que bom, parece que sou um bom resenhista e quiçá um bom marketeiro.

:)