quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Manipulação Midiática

Ontem estava lendo um texto do escritor e jornalista Georges Bourdokan numa edição da Caros Amigos e resolvi compartilhar com os leitores deste blog a leitura agradável e irônica do texto do jornalista.

VERBETES

Ditador - É a denominação que a mídia dá a um presidente eleito democraticamente que age de acordo com a constituição.
Exemplo: Hugo Chavez.

Presidente - É a denominação que a mídia dá a quem aprova leis ditatoriais, invade nações para apossar-se de suas riquezas, assassina mais de um milhão de seres humanos; constrói muros segregacionistas; é contra o Tribunal Penal Internacional e os Protocolos de Kioto. Exemplo: George W. Bush.

Incursão - Assim a mídia denomina a invasão de um país.

Tutela - É o sinônimo que a mídia dá à ocupação do Iraque pelos Estados Unidos.

Terrorista - Assim a mídia denomina o revolucionário que luta contra o jugo colonialista. Exemplo: iraquianos, afegãos e palestinos.

Suicida - Denominação que a mídia dá ao prisioneiro assassinado pelos carrascos estadunidenses nas prisões de Abu-Graib e Guantánamo.

Ataque cirúgico -Assim a mídia repercute quando um míssil estadunidense erra o alvo e causa a morte de civis. Três exemplos:
1) Assassinato da filha de cinco anos do presidente líbio Muammar Khadafi, em 1986;
2) Abate de um avião civil iraniano com 298 passageiros e tripulantes em 1988. Não houve sobreviventes;
3) Destruição de uma indústria farmacêutica no Sudão em 1998.

Seqüestro - Se um soldado israelense é capturado quando invade o Líbano ou a Palestina, a mídia diz que foi seqüestro.

Captura - Se um palestino ou libanês é seqüestrado pelas tropas invasoras, a mídia diz que foi captura.

Incidente - Dá-se quando tropas de Israel ou dos Estados Unidos massacram centenas de civis palestinos, iraquianos e afegãos.

Massacre - Dá-se quando palestinos, iraquianos e afegãos matam dois ou três soldados de Israel e Estados Unidos.

Assentamento - Denominação que a mídia dá à usurpação de terras palestinas por invasores israelenses.

Conflito - Assim a mídia denomina a invasão e a ocupação da Palestina por tropas de Israel.


Fonte: Revista Caros Amigos edição 137

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Contos de Fantasmas



Na semana passada li o pequeno livro "Contos de Fantasmas" do grande escritor Daniel Defoe ("Pai" de Robson Crusoé). Antes de falarmos do livro "Conto de Fantasmas", falemos brevemente sobre Daniel Defoe.


Defoe (1660-1731) se caracterizou pela intensa atividade literária, mas ficou famoso pelo livro "As Aventuras de Robinson Crusoé. Foi cronista, fundou um jornal em Londres (The Review) onde escrevia praticamente sozinho sobre os mais variados assuntos. Foi nesse jornal que Defoe, publicou seus contos de fantasmas e onde revelou sua crença em reencarnação.

Defoe era religioso, politizado e radical, enfim um cidadão com quem se poderia conversar acerca de todas as coisas ou quase.


Acerca do livro, Defoe diz que todas as histórias narradas são verdadeiras, excetuando apenas os contos que estão agrupados como "Falsos Fantasmas", afirmou que estava disposto a ir em juízo, levando testemunhas e provas concretas.


O livro é cativante com histórias e estórias breves. Um livro feito sob medida para quem crê e para quem não crê em fantasmas. Para quem crê é um bálsamo para a alma, saber que existe uma vida após a morte e para quem não crê é um ótimo livro para se examinar a psique das pessoas e saber se essas visões são frutos de fraudes ou doenças.
Todos os contos são muito bons, mas alguns me cativaram por se tratar de contos psicológicos, são eles: Um acusador Fantasmagórico, O Fantasma Útil, Os Presuntos e o Quaker e o Advinho na Feira de Bristol (Todos esses contos agrupados sob o nome de Falsos Fantasmas).
Um Acusador Fantasmagórico trata de um homem que foi levado às barras do tribunal acusado de ter cometido homicídio. Tudo ia bem para ele, estava prestes a ser absolvido, quando o réu vê uma testemunha que não poderia estar lá. Então pede ao juiz que essa pessoa não testemunhe em própria causa. Ninguém via essa testemunha, a não ser o réu. O juiz entendeu que ele estava vendo coisas que os outros não podiam ver e que essa testemunha apavorante era fruto de sua consciência pesada. O réu se condenou a si próprio, através dessa "visão".
O Fantasma Útil, trata de um espertalhão que tinha uma velha casa edificada sobre os restos de um mosteiro e queria demolir essa velha casa, mas gastaria muito dinheiro contratando operários. Então inventou que a casa era mal-assombrada e que o fantasma estaria guardando seu tesouro. Esse velhaco contratou uma pessoa para ficar dentro de sua velha casa durante alguns dias vestido com um lençol. Então, o dono da casa chamou uma pessoa ingênua e lhe mostrou o fantasma andando pela casa para proteger seu tesouro. Essa "história" se espalhou pelo lugar e, muitas pessoas acorreram ao local e combinaram com o dono do imóvel que demoliriam a casa para achar o tesouro, e que a maior parte do tesouro seria devolvido ao dono da casa e o restante seria repartido entre os operários voluntários. O dono da casa, espalhou algumas moedas de ouro pelo imóvel e os trabalhadores acharam essas moedas, pensando que fossem do fantasma, o dono da casa deu de presente aos trabalhadores essas moedas, e esse achado estimulou os operários a trabalhar mais na demolição da casa para achar o tesouro do espírito. Nada mais foi achado, além daquelas poucas moedas de ouro e esse senhor conseguiu demolir sua velha casa a preço de banana e com muita criatividade. Isso demonstra que as pessoas crédulas sempre serão vítimas desses vigaristas, assim como os fiéis das seitas neo-pentecostais são vítimas de seus pastores e como os supersticiosos são títeres nas mãos dos macumbeiros e feiticeiros. E assim vivem os espertalhões, alienando as pessoas. Esse conto por si só daria para uma excelente análise marxista, mas não é disto que estou tratando e passo aos outros contos.
Os presuntos e o Quaker trata de uma súcia que deseja roubar os presuntos da casa de um quaker. Um deles desce pela chaminé, cai e faz um estrondo e fica preto de fuligem. Entra na despensa e rouba o presunto do quaker, volta para a sala e senta-se na cadeira, quando o quaker vem ao seu encontro. Então o quaker pensa que se trata de uma assombração, o meliante aproveita-se da situação e diz que veio oferecer ao dono da residência um presunto enviado pelo diabo. O quaker esconjura o "mau espírito" e manda-o embora e o "mau espírito" sai pela porta sem quaisquer cerimônias. O quaker, aliviado volta para a cama e quando amanhece vai à despensa e vê que seu presunto não mais estava lá. Esse conta mostra mais uma vez como a religião pode servir a fins escusos.
Já, O Advinho na Feira de Bristol é um conto interessantíssimo pelo modo como o patife do advinho se vale da religião e do sobrenatural. Tentando resumir a estória, uma mocinha o procura deseperada porque gosta de um rapaz, e o advinho conhecedor de psicologia, faz com que ela revele quem é o rapaz e o no que ele trabalha, o advinho foi tão sutil que ela acreditou que o advinho é quem fez essas descobertas. Na verdade, a mocinha teve um romance com esse rapaz e engravidou, após isso Thomas (creio ser esse o nome do rapaz) a abandonou.
O advinho prometeu ajudá-la em troca de certos presentes generosos, ela disse que tinha uma tia rica e que estava interessada em vê-la casada com o rapaz já supracitado, e que ela seria generosa, caso o advinho fizessem com que o rapaz se casasse com sua sobrinha.
Esse adivinho tinha um jovem ajudante, muito talentoso, um verdadeiro artista, este foi incubido por seu patrão a se aproximar de Thomas e fazer amizade com ele, além é claro de enganá-lo com sustos fantasmagóricos. Pois bem o jovem artista foi bem sucedido. Um dia saindo com Thomas, a certa altura se despediu de seu amigo e tomou outro rumo, Thomas continuava seu caminho quando ouviu uma voz estranha chamar o seu nome (era o jovem ajudante do advinho) e ele ficou com muito medo. Depois, o jovem artista encontrou-se com Thomas e este lhe revelou tudo quanto tinha se sucedido em sua ausência e qual era a sua opinião. Então o jovem, disse que se tratava de um fantasma, mas ele não poderia fornecer muitas pistas, mas o patrão dele sim, pois era um sábio. Bom, o jovem artista deu mais alguns sustos em Thomas, e vendo esse rapaz cheio de temores, convenceu-o a procurar seu patrão e Thomas foi mesmo. O seu patrão, com toda a sua psicologia, fez com que o jovem confessasse seu erro e fez com que aceitasse o casamento com a moça sob pena de ser assombrado pelos maus espíritos todos os dias de sua existência. Enfim, a moça conseguiu o que desejava e também o advinho que ganhou um rico presente.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Renascer em Cristo ou ferir-se e até morrer na Renascer?



Ontem às 18h50 o teto da Igreja Apostólica Renascer em Cristo desabou e 9 pessoas morreram até o momento e 113 pessoas estão feridas.
A Igreja Apostólica Renascer em Cristo é uma facção religiosa que prega a teologia da prosperidade, e isso me deixa pasmo. Como uma igreja que opera "milagres" em nome de Deus deixa os seus morrerem esmagados pelo teto do templo do Deus a quem cultuam? Onde estava o "deus todo-poderoso?". Jeová não pôde salvar os seus servos?
Essa instituição do "apóstolo" Hernandez e da "bispa" Sônia, prega milagres, curas, prosperidade e toda sorte de bênçãos bíblicas e extra-bíblicas. Os fundadores da Renascer, pregam milagres, assim como os seus bispos e pastores (não sei se essa igreja possui pastores). Ontem à noite, eles tiveram a oportunidade de operar milagres e mostrar que são os arautos de Deus, que são ministros de Cristo, enfim que são os "verdadeiros cristãos". Essa tragédia poderia servir de ensejo para ressuscitar os mortos, e eles não ressuscitaram; poderiam eles curar os enfermos e não curaram, eles estão nos hospitais e alguns em estado grave. Ao menos poderiam servir-se de uma profeciazinha, alertando os fiéis do perigo iminente que corriam se não saíssem do templo. Nada disso.
Muitos protestantes neo-pentecostais se acham ungidos, eleitos, superiores aos mundanos e idólatras (católicos, ortodoxos, mulçumanos, indiferentes, agnósticos e ateus) e certo número deles crêem piamente que serão arrebatados por Jesus, mas o caso é que os fiéis da Renascer foram arrebentados pelo teto.
O presente ano foi batizado como ano apostólico de Davi, (eu nem sabia que o rei Davi era apóstolo!!!) pelos líderes da Igreja Renascer. Eles compuseram uma oração na qual profetizam bênçãos e prosperidade para o ano de 2009. A título de curiosidade publicarei a oração milagreira do "santo casal". Sei que me alongarei muito neste artigo, mas é preciso que assim seja, para alertar os incautos sobre os perigos do fanatismo e a farsa dos neo-pentecostais. Publicarei a oração na íntegra com meus comentários entre parêntesis.
2009 - Ano Apostólico de Davi
Oração de Davi
Neste ano apostólico de Davi, eu declaro: Será o ano de minha vida, (não para os que morreram ontem dia 18/01/09) de vitória, restauração, conquista, ano de ser ungido rei.
Senhor Jesus Cristo, hoje eu declaro, que verei com os meus olhos os inimigos derrotados (será que esses inimigos não são aqueles frequentantes que foram esmagados pelo teto do templo?) e todos os gigantes levantados por satanás para afrontar o Senhor e destruir minha vida e a minha família, vão cair por terra, agora!!
Vão cair por terra em nome de Jesus.
Eu profetizo que este ano eu terei restauração, restituição, prosperidade (O que deveria profetizar não profetizou: o desabamento do teto, a morte de 9 pessoas e as desgraças dos feridos).
Vou alargar as estacas da minha tenda e que este ano eu e a minha família vamos restituir a alegria, (as famílias que perderam seus entes queridos não terão sua alegria restituída) a Arca e vamos conquistar Jerusalém, em nome de Jesus (Jesus nunca foi tão insultado desde que surgiu o cristianismo!).
A partir de agora eu tenho o óleo do ungido, eu sou aquele que se vale da Arca do Senhor (Ah, essas orações calcadas no Velho Testamento! Quanta judaização!). Viverei o melhor ano da história da minha vida, (os que foram feridos ontem não hão de concordar com isso) até hoje, em nome de Jesus! (certamente que em nome de Jesus morreram 9 pessoas no desastre da Igreja Renascer).
Toda malignidade, (a malignidade do desabamento está incluída?) toda mentira do inferno (as mentiras de prosperidades e bênçãos pregadas pelo apóstolo e pela bispa) está quebrada (parece que isso se profetizou ontem com o desabamento! Essas palavras parecem proféticas!).
O meu corpo será saudável, (que o digam os feridos) todas as bênçãos espirituais encherão a minha casa, em nome de Jesus.
Eu levanto as minhas mãos, declaro e profetizo; aonde eu for Deus me dará vitórias! (exceto na igreja).
Eu conquistarei os lugares altos (ficar soterrado sob os entulhos não são e nunca serão lugares altos).
Este ano conquistarei Jerusalém pelo poder (os israelenses que se cuidem, depois do Hamas, A igreja Apostólica Renascer em Cristo).
A minha boca se encherá de risos (a minha se encherá de risos se ler as piadas do Ari Toledo, e não se trata de profecia) e haverá dias de festa na minha vida (oba, que eu seja convidado para muitas festas, então!).
A restituição, que estava proibida (quem proibiu a restituição, a justiça norte-americana?) estará presente 365 dias na minha vida, na minha casa e na minha família.
Aonde eu for Deus me dará vitória (como foram vitoriosos os mortos na igreja e também os feridos, é claro!).
Ano de Davi, (por que será que se identificam tanto com Davi? Será pelo fato de ele ter sido adúltero, assassino e salteador?) ano de ser ungido rei do Senhor, (só se for rei dos idiotas, isso para quem crê na teologia da prosperidade) ano de colocar todos os gigantes debaixo dos meus pés (quem serão esses gigantes?).
Em nome de Jesus.
Em nome de Jesus, (currupaco) Amém!!!
A oração acima encontra-se nesse endereço: http://www.igospel.com.br/2009/oracaodafe/index.html
De acordo com a Folha de São Paulo: (Cotidiano pág c1 - 19 de janeiro de 2009) "Trata-se do maior templo da igreja evangélica". O que torna o escândalo ainda maior, porque se o maior e "melhor" templo (visto que o jogador Kaká se casou nesse templo) não tem infra-estrutura que dizer dos outros templos?
Ficamos sabendo pela TV e pelo rádio do horrível desastre, mas pelo jornal A Folha de São Paulo tivemos a notícia que os fiéis da igreja hostilizaram jornalistas.
Diz a Folha: "O Clima nas ruas próximas ao local do acidente e nos hospitais onde os feridos foram atendidos era de hostilidade aos jornalistas"(Folha de São Paulo - Cotidiano pág c4 - 19 de janeiro de 2009). O que esses pretensos cristãos pretendem? Instaurar a censura? Acham que são os donos das ruas e das situações? querem tapar o sol com a peneira? Onde Jesus ensinou a hostilidade, ele que disse ser manso e humilde coração? (Mt 11,29).
A Folha continua: "Alguns profissionais foram agredidos e receberam ameaças"(Idem). É isso que a Igreja "Evangélica" Renascer em Cristo ensina? Não foi Jesus quem disse: "Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra?" (Mt 5,5).
De acordo com a Folha de São Paulo: "Um dos fiéis tentou retirar à força a câmera do fotógrafo Guilherme Lara Campos, do jornal "Agora", mas acabou impedido pela polícia (idem).
O fato é que as ovelhas são o retrato de seus pastores, que os fiéis são a imagem e semelhança de seus líderes. Quem conhece a pregação protestante neo-pentecostal, sabe que suas exortações e prédicas alicerçam-se no Velho Testamento, principalmente nas figuras dos generais como Josué, Calebe e Davi entre outros. Por isso não fico admirado com suas agressões, posto que eles apenas refletem o que aprendem nos sermões onde são convidados a imitar esses bárbaros semitas que ainda estavam em vias de se tornarem civilizados. Por isso, por mais que se chamem a si de cristãos, na verdade não passam de góym, (termo hebreu para designar os não judeus), incircuncisos, que desejam ser judeus à toda custa, e mais ainda de quererem ser mais judeus que os próprios judeus. Os "bispos" da Renascer deveriam ensinar as suas ovelhas (na verdade são cabritos) a imitarem o exemplo de Jesus e a praticarem a sua doutrina da não violência, aí quem sabe poderiam ser chamados de cristãos?
Lamento muito pela morte das pessoas e pelos feridos, mas essa ocasião foi boa para demonstrar que milagres não existem e que Deus não socorre ninguém, uma vez que deixou leis estabelecidas para governar o universo. Os que ainda continuarem frequentando a referida igreja é porque já estão irremediavelmente "cegos" e por esses nada mais resta fazer do que se lamentar.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sobre as canonizações


O que é uma canonização? Canonização é reconhecer uma pessoa falecida como verdadeiramente santa e amiga de Deus. Uma pessoa que viveu de acordo com o Evangelho. Nos primórdios do cristianismo os santos eram escolhidos pelo povo e o bispo do lugar investigava e logo após esses processos investigativos, declarava o candidato como santo e este entrava então no cânon, lista dos santos reconhecidos pela Igreja como dignos de veneração (dulia) e também como modelos.


Tempos depois a canonização ficou centrada nas mãos dos papas e patriarcas ortodoxos e acabou por se tornar arbitrária.

Um triste exemplo disso é a Igreja Ortodoxa Bizantina que canonizou o imperador Constantino I (na imagem acima). Constantino nunca foi santo, nem sequer cristão, foi um oportunista. Esse imperador se tornou "cristão" mas continuou com sua vida pagã. Presidiu o Concílio de Nicéia, e cria ser o "bispo dos bispos".
Esse piedoso homem que foi Constantino mandou matar seu cunhado Licêncio (que tinha sido imperador romano do oriente) que tinha se rendido à ele. Mandou matar seu filho Crispo e não contente com isso mandou executar sua própria esposa (Fausta que teve um final infausto) no banho aquecido.
A Igreja Grega o cognomina de São Constantino "santo igual aos apóstolos", o que constitui uma ofensa aos apóstolos, homens verdadeiramente santos que viveram de acordo com os mandamentos de Jesus. Aceitarei de bom grado a santidade de Constantino se a Igreja Ortodoxa mudar seu título para São Constantino santo igual ao apóstolo Judas Iscariotes. Não bastasse isso a Igreja Ortodoxa ainda lhe dedica uma festa que é no dia 3 de junho. Penso que diante disso até o diabo pode ser canonizado, venerado e festejado.
Isso também acontece com outras igrejas orientais e muito mais com a Igreja Romana, em certos lugares da França Carlos Magno que foi um sanguinário é considerado santo e tem sua festa litúrgica.
Quando a Igreja canoniza imperadores, reis e nobres quer com isso divinizar o Estado ou buscar apoio nas autoridades constituídas.
Outro fim das canonizações é lucrar em cima do "santo", pois numa canonização se gasta muito dinheiro (ao menos na romana), depois de canonizado, as lojas católicas (e também ortodoxas) vendem muitas imagens (no caso da Igreja Ortodoxa, vendem-se ícones que são quadros pintados), santinhos. As Igrejas se constituem em centros de peregrinações e com isso se enche de romeiros e também de dinheiro que é o melhor.
Os candidatos preferidos para serem canonizados são os taumaturgos, justamente porque esses fazem o milagre de multiplicar o dinheiro para a igreja. Santos que fazem o bem como Santo Tomás Morus e São Vicente de Paulo nem são muito queridos, nem conhecidos nem festejados. Mas de vez em quando é bom canonizar um santo de verdade, porque afinal de contas o povo não é de todo bobo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Dezembro de 1952 - dezenas de pessoas se precipitam no Tâmisa









Entre os dias 4 e 7 de dezembro de 1952 dezenas de pessoas se precipitaram no rio Tâmisa. Alguém poderia perguntar-me: Foi suicídio coletivo?
Não, não foi. O culpado por essas precipitações foi o smog.
- Smo o quê?
- Smog é a fusão de duas palavras inglesas fog = nevoeiro e smoke = fumaça.
Falemos do réu, sr. Smog, acusado de precipitar pessoas no Tâmisa.

No dia 4 de dezembro de 1952, a cidade de Londres amanheceu coberta por um espesso nevoeiro, era um nevoeiro incomum. Os ônibus andavam cerca de 3 quilômetros por hora, tão lento quanto qualquer pedestre. A ópera La Traviata, em cartaz no famoso teatro Sadlers Well, não chegou ao final do primeiro ato, poi o fog penetrou na platéia e invadiu o palco e os cantores não conseguiam enxergar o maestro. Nos cinemas, somente os espectadores das primeiras 4 fileiras conseguiam assistir aos filmes.
Um comandante que perdeu sua aeronave na pista de pouso, solicitou ajuda e uma equipe de busca saiu ao seu encontro e também se perdeu. Pessoas saíam de suas casas e procuravam desesperadas o metrô. Um casal desorientado ao sair da estação mais próxima de casa, só conseguiu chegar graças ao auxílio de um cavalheiro solícito que os guiou sem problemas até o endereço indicado. O casal surpreso (e quem não ficaria surpreso?) perguntou-lhe como ele conseguira manter tão perfeito senso de direção. O cavalheiro respondeu: sou cego.
O dia seguinte amanheceu com a neblina ainda mais densa e muitas pessoas se precipitaram no Tâmisa porque não conseguiam ver o chão. Nesse dia o fog foi mudando sua cor de branco para marrom e na manhã de sábado tornou-se negro. Londres pôde presenciar um dia que não era dia, uma noite em pleno dia, noite atípica.

No meio desse dia negro, os hospitais de Londres estavam cheios. Os médicos não tinham meios de transporte e tentavam desesperadamente atender seus pacientes por telefone. Remédio receitado: oxigênio. Que eles conseguissem, de alguma forma, um balão de oxigênio.
No quarto dia desse pesadelo chamado smog, era um domingo, a visibilidade estava reduzida a 30 centímetros. Não se podia enxergar as próprias mãos na frente do rosto. Todos ficaram cegos mesmo enxergando. Estava muito frio e muitos idosos perdidos morreram nas ruas. Outros morreram de violentos ataques de doenças respiratórias. Só num pequeno parque ao sul da cidade foram encontrados 50 corpos. No fim da tarde, aos poucos, como chegara, foi-se dissipando. E Londres pôde fazer um balanço do que acontecera naqueles dias negros.

Durante e após o nevoeiro 4000 pessoas perderam suas vidas na grande Londres. De acordo com dados publicados pelo Ministério da Saúde britânico, em 1954, a maior parte das mortes causadas pelo black fog foi por bronquite (bronquite é horrível, eu sei porque tenho essa maldita doença e uso bombinha). O nevoeiro negro havia provocado um excesso de óbitos causado por dificuldades respiratórias. Os relatórios do Ministério da Saúde confirmaram o óbvio: estreita relação entre o brusco excesso de mortalidade e as concentrações atmosféricas de fumaça e dióxido de enxofre.

O Smog é de fato culpado por essas 4000 mortes, mas Smog não é uma pessoa, Smog é um fenômeno que foi provocado pelos donos das indústrias londrinas. Sim, os únicos responsáveis são esses megacapitalistas que desejam lucrar a todo custo. Smog, um presente da Revolução Industrial desenfreada.

Esse fenômeno ocorrido há mais de 50 anos na Inglaterra é um alerta para os grandes poluidores do planeta, um alerta contra o aquecimento global. Se 4 dias de smog causaram tantos transtornos, imagine o que não causará o aquecimento global? É hora de parar de falar em crescimento sustentável e tornar o crescimento sustentável uma realidade.

Cícero o grande orador romano disse com muita razão: "A história é mestra da vida". Será que não devemos aprender com a Inglaterra de 1952?

Fonte: Revista Realidade, editora Abril, outubro de 1975.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Dos Insultos

Hoje em dia mais do que nunca se tornou moda insultar, isto é, ofender as pessoas de forma gratuita. Vemos isso diariamente no mundo real e mais ainda no mundo virtual, as comunidades do Orkut são tristes exemplos disso.

O que é insultar de onde se originou esta palavra? Insultar tem origem no latim, vem do in=em cima + salio=saltar, pular. Ou seja insulto significava literalmente saltar, pular em cima do inimigo. Insultamos nossos desafetos porque não podemos saltar em cima deles para estrangulá-los. Se bem que essa é a vontade daquele que insulta. Insultar é o modo de "pular em cima" do adversário. Porque quando insultamos, nossa intenção é diminuir nossos inimigos, humilhá-los, deixá-los sob nossos pés.

Os insultos são verbais mas ferem tanto ou mais que uma agressão física. Ninguém gosta de ser insultado, humilhado, pulverizado por um ofensor.
As ofensas vão de palavrões, xingamentos, até à zombaria de um estado da pessoa (pobreza), de sua cor ou aparência física (racismo) e condição (sexo, idade) entre outras coisas.

Um dos insultos que mais ouço por aí é: "Velho gagá", "velha feia", "velha chata", etc... Para uma pessoa de idade é uma coisa triste a velhice, já não tem o vigor nem a beleza da juventude e muitas vezes depende dos mais jovens para sair. Apontar alguém como velho é querer dizer que a velhice é algo degradante, feio, que a pessoa ficou aparvalhada e não se deve levar em consideração o que diz. Quando este insulto é dirigido a um homem, além de tudo isso tem o acréscimo de afirmar que já "não é homem", já "não tem virilidade". No caso da mulher, o que mais dói, é saber que perdeu a beleza, e que já não chama mais a atenção dos homens e que se as pessoas ainda lhe dão atenção é porque ela se tornou um objeto de comiseração.

Outro insulto que machuca muito é ser chamado de moleque, porque "moleque" indica leviandade, "molecagem" (que gosta de brincar o tempo todo), que não sabe nada porque ainda é muito novo e que precisa viver mais para saber algo e assim opinar. Quando se chama um adulto de moleque, quer se dizer com isso que o sujeito é um tolo, babaca e que não cresceu nem emocionalmente nem intelectualmente. Temos um exemplo disso no filme Tropa de Elite quando o Neto imprudentemente se arrisca no morro, desobedecendo as ordens do Capitão Nascimento, depois da ação, o capitão Nascimento (Wagner Moura) dá uns tapas na cara do Neto (Caio Junqueira) e lhe diz: "tira essa roupa preta porque tu não é caveira! Tu é moleque". Com isso quis significar que o soldado Neto era um crianção, que apesar de ser adulto não sabia agir como um homem, como um sujeito responsável.

Outro insulto é atacar a virilidade de um homem duvidando da mesma. Expressões típicas como essas podemos ouvir quase que diariamente: "vem aqui se tu é homem", "vem aqui se tu é macho", querendo com isso desafiar o oponente para uma briga.
Chamar um homem de "mulherzinha", de "bicha", "viado" também ofende a maioria dos homens ciosos de sua masculinidade. Porque esses "ofendidos" entendem que ser homem é "comer muitas mulheres", ser agressivo e falar grosso entre outras coisas.

Há pessoas que para humilhar seu adversário, gostam de chamá-lo de: pobre, pobrinho, favelado, etc... Apelam para a situação sócio-econômica do adversário, como se o fato de ser pobre ou de morar numa favela fizesse dele um desclassificado, um vagabundo enfim um marginal.

Entretanto esses insultos nem chegam perto do insulto racista que é aquele que deseja reduzir uma pessoa por causa da cor de sua pele ou por causa de sua raça. Mesmo sendo crime, muita gente ainda usa palavras infelizes como essas: "macaco", "criolo", "preto", etc... O problema nesse caso é que se ofende uma classe de pessoas que descende ou pertence à uma "raça". Quando uma pessoa se vale dessas palavras para ofender um negro, sua intenção é dizer que ele é superior por não ser negro, ou que é superior por ser branco, que o negro é uma raça inferior que não evoluiu "completamente" ou de modo "perfeito", que segundo sua concepção racista os negros perto dos brancos são como macacos e se parecem com eles. E esses insultos acontecem porque os brancos ou os que se acham brancos pensam ser superiores aos negros. Isso acontece tanto no mundo real como no mundo virtual (no virtual se usam fakes para se ofender os negros). O negro pode derrotar um branco num debate do Orkut, o branco ou supostamente branco para não perder o debate desautoriza o adversário chamando-o de preto, neguinho, etc...

Então na concepção tacanha das massas ser velho, pobre, moleque, mulher, homossexual e negro não é um estado ou condição da pessoa, ou seja algo que é inerente como ser mulher e negro e coisas que fazem parte da condição humana como fases biológicas da vida tais como ser criança, adolescente e velho. Até a pobreza que é uma condição social se torna um defeito. As pessoas associam erradamente características físicas, sexuais e sociais à idiotice, incompetência e inferioridade. E fazem isso baseados em preconceitos, por isso, suas concepções não passam de juízos de valores.

Além do que as massas adulteram o sentido das palavras, retirando-a de seu contexto e significados originais. Porque ser velho não é necessariamente ser idiota ou degradado; e mulher não quer dizer medrosa e fraca, assim como negro não quer dizer que é uma pessoa pertencente à uma raça inferior.

Não se deve usar características físicas, sociais e sexuais para se ofender uma pessoa, até porque essas características não tem nada de ofensivo. São as pessoas que dão o tom ofensivo por serem ignorantes. Pois chamar um homem de mulher querendo dizer que ele é covarde não indica que o sexo feminino é covarde. E chamar um negro de macaco não o reduz à inferioridade e muito menos à irracionalidade. O negro continuará sendo o que é independente de sua raça ou cor. Se inteligente nada o afeta, se imbecil não é por causa da raça, assim como os nazistas alemães eram burros independente de serem da raça ariana. Porque a imbeclidade não é patrimônio de uma raça ou cor nem a genialidade.

Penso que está na hora de se parar com esses insultos idiotas e saber insultar de verdade sem recorrer à raça, ao sexo, fase da vida, etc...
O que fica evidente é que esses insultos mostram o quanto são preconceituosas essas pessoas que se valem desses expedientes.

Antes de tudo é preciso saber insultar, rotulando o adversário com os adjetivos apropriados tais como: idiota, imbecil (porque tanto homens como mulheres podem ser idiotas), coprófago (porque tanto negros como brancos podem ser "comedores de merda"). Mas os idiotas não tem capacidade para isso, porque esses pobres coitados só julgam pelas aparências.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Livros de Auto-Ajuda

Em meu último artigo, critiquei os livros de auto-ajuda, sem embargo existem livros de auto-ajuda, livros que beneficiam as pessoas. Caro(a) leitor(a), se você deseja livros que lhe ajudem de fato vou lhe indicar alguns.

Apologia de Sócrates por Platão - Conta a história do processo que levou o grande filósofo à morte. É um livro consolador, por saber que há pessoas que morrem por seus ideais. Este livro ensina a encarar os problemas da existência com serenidade.

O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder - Romance da Filosofia, este livro lhe ensinará os princípios de cada filósofo. Quem conhece filosofia passa a ver o mundo de uma forma mais abrangente.

O Fantasma de Canterville e o Foguete Notável de Oscar Wilde - São estórias fantásticas, se você está triste é um bom motivo para ler essas estórias, porque as risadas são garantidas.

Uma Campanha Alegre Vol II de Eça de Queiróz. Este livro são crônicas jornalísticas, rápidas, inteligentes e de "saborosa" leitura. Para quem deseja afiar os pensamentos e ter uma elegância no estilo, não tem nada melhor. Outrora meu livro de cabeceira era a Imitação de Cristo(nunca me fez rir, pelo contrário me fez chorar muito), hoje é Uma Camapanha Alegre. Neste link tem a obra completa para ser acessada: http://pt.wikisource.org/wiki/Uma_Campanha_Alegre

Estas são minhas sugestões para livros de auto-ajuda, embora não tragam na capa o nome de auto-ajuda, e nem se acham nas prateleiras de esotéricos e de auto-ajuda das livrarias e bibliotecas, esses livros realmente ajudam seus leitores. A mim muito me ajudaram.

Post Scriptum: Hoje é 05 de janeiro de 2009. Acabei de ler o comentário do meu amigo Ravick, ele disse que teria incluído entre os livros de auto-ajuda os Aforismos Para a Sabedoria na vida de Arthur Schopenhauer. Eu também incluo. E se antes não tinha incluído foi por esquecimento.

Livros de Auto-Atrapalhamento

Hoje está em moda ler livros de auto-ajuda. Lê-se desde os livros do Papa do Tibete (Dalai Lama) até o Segredo.
Eu nunca li esse tipo de literatura, porque essa literatura é um lixo. Livros de auto-ajuda só auto-atrapalham. Aqui alguém poderia me perguntar: Se você não leu como pode criticar? Ao que eu responderia: Nunca li esses livros, mas leio as contracapas e as orelhas desses livros que trazem as informações básicas sobre esses assuntos. Eu não preciso ler esse tipo de sub-literatura para criticar, por inúmeros motivos:
1º É perda de tempo, tempo esse que eu poderia empregar de melhor maneira;
2º É jogar dinheiro no lixo;
3º Eu não leria nem que me dessem de presente (aliás presente de grego é cavalo de pau);
4º É uma literatura burguesa, portanto alienante e descompromissada com os problemas do mundo;
5º É uma literatura emburrecedora, pois não trás nenhum conhecimento útil;
6º É uma literatura baseada em superstições e achismos e não alicerçada na ciência, algo que traga dados ou referências de periódicos científicos.

Nunca soube de alguém que leu livros de auto-ajuda e ficou feliz, que tenha vencido suas frustrações e o que é mais improvável que tenha ficado rico. Os livros de auto-ajuda só ajudam os seus autores e editores. Para os leitores tais livros só auto-atrapalham.

Mas por que as pessoas lêem essa literatura de 5ª categoria? Porque não gostam de pensar, não se questionam, porque desejam viver num mundo mágico e principalmente porque são vítimas do analfabetismo filosófico e científico. Daí, o grande jurista brasileiro ter dito com grande razão: "Vulgar é o ler, raro o refletir".