terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A alienação carnavalesca

Carnaval 2017




Se carnaval trouxesse algum benefício a sociedade brasileiro, a Globo certamente não apoiava. Pois a Globo só se preocupa com o que dá dinheiro ou trás lucro.

É comemoração mais descaracterizada do que o Natal.

Tendo perdido por completo suas raízes.

Nada mais patético do que relacionar carnaval com africanidade.

Com se lá na África a africanidade consistisse em negras nuas esfregarem-se publicamente com seus parceiros. Ademais onde se dança nu, a nudez encarada com naturalidade faz parte da cultura e a maior parte das danças são sagradas.

Tampouco era assim no Brasil Império, quando lundus e maxixes era dançados em torno das fogueiras junto as senzalas... sem atrizes anencéfalas como 'madrinhas de bateria', consumo de cerveja Z..., 'mulatas' sargentelianas rebolando seminuas, letras homenageando empresas, políticos ou times de futebol, velhos decrépitos babando diante das menininhas da favela, e todo este cenário de ridículo e horror conjugados transmitidos pela globela corporation...

A festa das tais escolas de sambas nas suas passarelas e sambódromos, para o maior gaudio de uma burguesia branca é pura falta de consciência negra e sinônimo de consciência alienada e cooptada que sente-me feliz por durante alguns dias poder desfilar para os brancos. Afinal a maior parte dos brancos da elite jamais consentiriam que suas filhas ou netas expusessem seus dotes publicamente na tal passarela. Que as negras ou 'mulatas' exponham-se para nós...

Jamais a mulher negar foi tão aviltada como no carnaval contemporâneo das tais escolas de samba. Afinal não se trata de expor a nudez com naturalidade no quotidiano, a exemplo das culturas africanas ou de nossos índios, mas de denudar-se durante alguns dias com o objetivo de deslumbrar uma clientela branca. A qual, encerrados os tais festejos carnavalescos, classificara as tais passistas como pervertidas e imorais.

Inclusive num sentido mais lato é o carnaval apoteose da hipocrisia. Onde a mesma sociedade que canoniza uma estrutura familiar abstrata, nega seu próprio corpo e muitas vezes sua sexualidade, durante alguns poucos dias põem em prática tudo quanto considera imoral. E isto sem dúvida é um problema. Porque se temos de aceitar o corpo e a sexualidade é durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano que temos de aceita-los. Agora se temos o corpo por mal e a sexualidade como algo condenável, o carnaval representa uma traição ao ideal.

Emancipar o homem por alguns poucos dias a cada ano para nada presta.

O homem deve viver sua sexualidade, livre, desimpedida e descomplexada; embora num contesto de vida mais amplo e mais rico, ao cabo do ano inteiro.

Exatamente por isso é o carnaval contraproducente.

E moralmente danoso na medida em que aparentemente torna lícito o que é ordinariamente condenável, instilando relativismo moral e hipocrisia na vida social.

No fim das contas tudo isso acaba é fortalecendo a repressão. Pois encerrados os dias da folia todos devem conformar-se com as vidas medíocres que detestam...

No entanto quem fica com a pior parte são sempre os negros ou a mulher negra, que hoje desfila nua e amanhã é classificada como vadia pela mesma sociedade hipócrita e doentia que acabou de aplaudi-la.

Alguns chegam a dizer que a grande oportunidade da negra 'bonita' é ser passista de escola de samba. Como a oportunidade dos meninos e jovens negros mais atilados seria o futebol, i é a ilusão de ser jogador. Lamento por essas meninas e meninos inteligentes e capazes que acabam sendo iludidos e desviados da verdadeira oportunidade que se lhes apresenta, a escola ou o estudo.

Mais do que qualquer outra parcela da população brasileiros os negros é que deveriam valorizar o estudo e pleitear uma vaga na universidade pública. Por cuja manutenção também pagam através dos impostos. Isto sim é índice de consciência e emancipação e não fazer o joguinho da elite branca desfilando para ela no sambódromo...

Distrair ou divertir a elite branca e carrear dinheiro para os empresários milionários jamais será índice de consciência negra. Colaborar servilmente com sistema capitalista de produção jamais será índice de consciência negra.

Imaginem a fortuna que essas escolas de samba não recebem por fora apenas para homenagear esses grã finos engomadinhos, sejam políticos, empresários, artistas ou jogadores... Ou vão me dizer que é pura e simples benemerência??? Tudo isso é feito em troca de um bom patrocínio e eu não acredito que sequer 1 porcento desse valor chegue as mãos das comunidades negras carentes! Fica tudo com meia dúzia de dirigentes... Para os quais evidentemente 'O carnaval é nossa vida, é nossa luz...' posto que vivem dele...

Mas não os músicos e passistas iludidos por tão baixo 'ideal'... Pois acabado o 'fascínio' a vida retoma a triste realidade de quem não tem emprego, estudo, ou chance alguma além de trabalhar carregando caixotes na feira ou como diarista lavando banheiro de branco endinheirado.

Pessoas, essas músicas não são as músicas cantadas pela resistência negra há século e meio... essas danças não são as danças executadas por eles... esse instrumentos não são os empregados por eles... esses trajes ou adereços nada tem a ver com os que eram utilizados por eles... Esse carnaval carioca de passarela vendido pela Globo nada tem a ver com a consciência ou com a resistência negra. É festa de opressores brancos para opressores brancos e festa da opressão, em que os negros são usados pura e simplesmente.

É algo que envolve apenas dinheiro e muito dinheiro. De que as comunidades negras dos morros do Rio não tiram proveito algum. Benefício social algum. Tudo quanto essas Escolas fazem tem por objetivo perpetuar essa cultura ou tradição servil, cujo objetivo é dançar para os brancos, em especial pelos estrangeiros.

Veja, os negros podem sambar nus, são livre e respeitados!

Só que não...

É apenas fantasia para inglês ver.

O carnaval ancestral, de raiz e relacionado com a resistência africana esta morto e bem morto há décadas... E por questão de coerência era bom ressuscita-lo.

Que dizer agora do carnaval de tradição européia com seus blocos e marchinhas?

De modo geral também perdeu muito de sua originalidade ancestral.

E até os pierrots e colombinas foram substituídos por super heróis importados dos estados unidos... a cuja perniciosa influência nada escapa neste país.

Por outro lado converteu-se também ele, especialmente nos clubes, numa festa sexual em que tudo é permitido. Como já dissemos é o tributo que se paga a hipocrisia maniqueista/puritana.

Carnaval tornou-se ainda sinônimo de embriagues... E as cervejarias agradecem.

Deveríamos beber sem afetação, com naturalidade e equilíbrio.

Mas carnaval é época de destempero.

Há ainda o problema da violência e das brigas, pois as pessoas estão cada vez mais agressivas, e mais agressivas ficam ainda quando bebem ou quando estão no cio...

Tornando-se o Carnaval de hoje, talvez mais do que nunca, copiosa fonte de agressões, conflitos, mal entendidos, e consequentemente de mortes inclusive.

O próprio barulho excessivo, insuperável no tempo das caixas de som, colabora para criar uma atmosfera totalmente irracional, frenética e emocionalista em que os piores instintos, como o de agressão, acabam aflorando. O barulho torna as pessoas ainda mais nervosas interagindo com o alcool e potencializando atritos.

A crítica aqui vale para todos os tipos de música e para todos os ritmos, inclusive para a música pseudo religiosa que já aderiu as caixas de som e baterias, ou seja, a cultura do barulho.

O carnaval é o máximo exponencial (Mas não o único) dessa cultura neurótica.

Efetivamente o barulho é uma das melhores formas de deseducar e barbarizar uma alma qualquer. Nem barulho faz bem, nem o bem faz barulho pois o barulho é fuga do mundo e de si mesmo.

Por todos estes motivos todos também a folia 'lusitana' perdeu por completo sua razão de ser.

O Carnaval correspondia a uma função social quando os reis, senhores, déspotas, tiranos, ditadores, juízes e carrascos controlavam a sociedade com mão de ferro imponto o maniqueísmo como lei e oprimindo as consciências. Numa sociedade autoritária e inimiga dos prazeres havia de ter uma válvula de escape e esta eram os tais festejos carnavalescos, ocasião em que a moralidade vigente tornava-se mais lassa. Para os oprimidos do passado, para os servos, escravos e explorados carnaval era momento de descontração. Após o que, tornavam a conformar-se com o estado de vida que lhes era dado ou imposto pela Sociedade igualzinho os negros das escolas de samba.

Tratava-se portanto de uma estratégia destinada a perpetuar a dominação e o controle nos termos dos senhores.

Eram dias de tolerância em meio a uma sociedade totalitária ou autocrática e portanto correspondiam a uma função.

Nós no entanto que vivemos numa sociedade ao menos formalmente democrática em que podemos definir nossos gostos, que temos acesso a certas formas de distração, que fazemos jus a certos dias de repouso, que não temos mais nossas vidas completamente decididas e controladas por outros, precisamos de carnaval?

Claro que precisamos do descanso propiciado pelo feriado. Sem dúvida.

Mas será que precisamos de desfiles desses desfiles de escolas de samba com todo seu servilismo e hipocrisia ou mesmo de pular e saltar num salão?

Acho que o carnaval podia ser bem melhor aproveitado no cinema, no teatro, num museu, numa exposição... ou mesmo em casa ouvido boa música, lendo um bom livro, estudando, curtindo a família, cozinhando, visitando alguém, etc Há tantas maneiras de aproveitar-se um feriado com inteligência.

Então para que dispersar a si mesmo com risco da própria integridade física?

Compreendo que os pequenos tenham certo fascínio pelo carnaval, é perfeitamente compreensível e faz parte da idade.

Compreende-se que as crianças pulem ou brinquem o carnaval. O qual sempre pode ser organizado em casa com fantasias tradicionais (pierrot, colombina, bruxa, vampiro, pirata, etc) e marchinhas tradicionais, entrando comes e bebes inclusive, doces, refrescos etc Um carnaval saudável também pode ser organizado no condomínio, no prédio ou mesmo entre um grupo de famílias amigas. Importa fugir a ambos os extremos: prestigiar o carnaval imposto pela Globo, festa duma elite branca degenerada e de negros sem consciência e proibir as criança de brinca-lo ou o que é pior e mais danoso, envia-las aos execráveis retiros religiosos com sua cultura sagrada do barulho...

No caso dos pequenos é sempre melhor, sendo possível, criar uma atmosfera honesta, acolhedora e familiar em que possam brincar o carnaval com os amiguinhos.

E os adultos podem também brincar esse tipo de carnaval?

Penso que cada pessoa deva responder por si mesma segundo suas necessidades lúdicas ou afetivas. Pessoas há que não tiveram infância ou cujos pais, fanáticos religiosos, proibiam-nas de brincar e de pular carnaval. Neste caso é perfeitamente compreensível que desejem brincar com os filhos e netos, ou mesmo participar da folia em pleno sentido da palavra. Tais as péssimas consequências produzidas por uma educação ditada pelo fanatismo religioso. Outros talvez tenham mesmo um caráter mais extrovertido e por isso sejam atraídos por tais folguedos... Todas as coisas são boas desde que usadas com moderação.

Acho supimpa ouvir marchinhas antigas e das umas cabrioladas pela casa, mas não é coisa que absorva-me a vida ou que constitua a razão do viver... O problema como já disse consiste justamente nessa ilusão de viver para o carnaval ou para a passarela, ignorando que o Carnaval seja provisório ou episódico e que a vida seja bem mais complexa.

Há coisas mais importantes e elevadas da que devotar a vida.

O que quero dizer é que a vida não é sambodromo ou passarela dada graciosamente por brancos, mas na maioria dos casos um calvário. Calvário da falta de leitos nos hospitais, calvário da falta de vagas nas escolas, calvário da falta de meios de transporte, calvário da violência, calvário da droga...

E aqui a mística do samba pode ser tão danosa quanto a mística das seitas religiosas, perpetuando cada um destes calvários contra os quais as consciências todas deveriam lutar.

O mundo vendido pela rede Globo é tão real quanto suas novelas de época ou ficção. É um carnaval perpétuo, mas isto não existe.

O carnaval só se torna perpétuo para os dirigentes espertos das grandes escolas que recebem subsídios da globo, do governo, das empresas e dos particulares que desejam ser reverenciados. Mas você negro pobre e negra pobre jamais verão esse dinheiro.

Então comecem a tomar consciência, a estudar e a prepararem-se para a Universidade, conselho de educador branco!

O recado tá dado e repito o que foi dito, no ano de 2017 não acho que qualquer tipo de carnaval seja necessário.

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