segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Acho que tenho um pé no pelagianismo

No século V houve uma disputa entre Santo Agostinho e os pelagianos (seguidores do monge Pelágio). Pelágio afirmava que nós (descendentes de Adão e Eva) não herdamos a culpa de nossos primeiros pais, mas tão somente o mau exemplo dos mesmos. Dizia que haveria morte, mesmo que o primeiro casal humano não tivesse pecado, porque a morte é algo natural. Também afirmava que o homem poderia se esforçar para fazer boas obras. Pelágio não negava a graça só minimizava a sua importância. Para ele o batismo de crianças não era importante e que as crianças batizadas e as não batizadas iriam para o mesmo céu. Já Santo Agostinho que era um bom homem, mas não bom teólogo pregava a importância da graça, e dizia que as crianças não batizadas arderiam no inferno para todo o sempre! Também pregou a predestinação que causou tantas dores de cabeça à Igreja e que sua doutrina foi ampliada e renovada por João Calvino de um modo mais terrível. Agostinho cria que todo homem era convertido por Deus, e que isso não dependia de agente externo, embora pudesse ajudar. Ele acreditava numa espécie de iluminação que o Mestre Interior ensinava como se depreende do seu opúsculo De Magistro, e foi Santo Agostinho que sem querer ajudou o protestantismo, pois as doutrinas de Lutero são alicerçadas no agostinianismo. Por exemplo o livre-exame é uma conseqüência do ensino sobre a iluminação interna e sobre o Mestre Interior. Ora, Lutero concluiu, se eu posso ser iluminado e entender as Escrituras não preciso da Igreja e todos os fiéis possuem o sacerdócio universal não precisando nem de mediadores nem de intérpretes.

Um pouco da vida de Pelágio

Não temos muitas coisas sobre Pelágio, e o que temos é a visão de seus inimigos: Santo Agostinho, S. Jerônimo entre outros.

Mas sabemos que Pelágio era um monge bretão e que vivia na pobreza, era considerado um santo ainda em vida e era amigo de São Paulino de Nola, de Demetríade e de Juliana entre outros grandes personagens da época.

Pelágio foi considerado ortodoxo no Oriente, mas Agostinho venceu e hoje colhemos seus frutos amargos.

5 comentários:

Ravick disse...

"Dizia que haveria morte, mesmo que o primeiro casal humano não tivesse pecado, porque a morte é algo natural."

Nossa, mesmo eu sendo leigo em Teologia e História das Religiões, esse pensamento me pareceu bastante avançado para a época! :o

Então Agostinho deu corda pro doidão, é? Citando Charlie Brown "que puxa!" :o

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Ahnnn Quem foi Juliana???? O.o

Anfilóquio de Fayum disse...

Caro Ravick, era um pensamento avançadíssimo para o século V.

Santo Agostinho morreu no século V, mais precisamente em 430, mas teve uma nefasta influência sobre a Igreja Latina (romana) e depois sobre o protestantismo.

Juliana, Proba eram matronas (senhoras ricas, em geral viúvas) que seguiam homens cuja fama era de santidade. Juliana se não me falha a memória era neta ou filha de Proba, depois verifico isso, para ser mais exato.

Anfilóquio de Fayum disse...

Caro Ravick, você me perguntou quem era Juliana. Juliana era nora de Proba. Mas para ficar mais fácil, vou pegar um texto da introdução do livro Cartas à Proba e à Juliana de Santo Agostinho.

No grupo de cartas endereçadas as mulheres, contamos bom número de missivas, todas de interesse pastoral, visando ao conforto e à direção espiritual de suas correspondentes. além decartas dirigidas a Proba e sua nora Juliana, lembremos as endereçadas à viúva Itálica, à nobre Albina - mãe de Santa Melânia, a jovem...

Falcônia Proba era nobre senhora da influente "gens Anicia", da Roma imperial. Havia sido esposa de Probus, "o eterno prefeito da cidade" e cônsul no ano 371. Tiveram três filhos também cônsules: Probino, Olíbrio, em 395 e Petrônio Probo, em 406.
O velho Probo torna-se cristão no leito de morte. Estava ainda úmido da água batismal e recém revestido da veste de neófito, quando o enterraram. O precioso sarcófago em que foi depositado, ainda hoje pode ser visto no museu Petriano em Roma.
O filho Olíbrio casa-se com a patrícia Juliana. Demetríades foi a única filha. Era a herdeira mais rica de Roma. Ao falecer, Olíbrio deixa sua viúva ainda bastante jovem.
Em 410, dá-se o bárbaro saque de Roma, sob o comando de Alarico, chefe dos vândalos. Proba, com sua nora Juliana e a neta, acompanhadas de muitas pessoas amigas e servos, fogem para Cartago,na África. Aí conhecem Agostinho, bispo da vizinha cidade de Hipona. Já em 410, puderam conversar longamente com ele e com Alípio, o amigo de infância de Agostinho, então bispio de Tagaste. Passaram ambos a exercer grande influência em toda a família.

Bel disse...

caro Fernando, dei uma espiada em seu blogger (é assim q se escreve?)e adorei. Li alguins comentários irônicos que lhe bem peculiar e fiquei encantada!!! a respeito do nome Bobo da corte, bem vc leu O dia do curinga?, do mesmo autor de O mundo de sofia? Pois bem, é que vc é p/ mim! Um abraço e felicidade.responda-me por e-mail..
(bel_tademos@hotmail.com ou i.tademos@yahoo.com)

Anfilóquio de Fayum disse...

Obrigado Izabel, obrigado mesmo. Sua apreciação é para mim uma fonte de riquezas. =)