Há no mundo duas espécies de homens que lidam com livros: os livreiros e os bibliófilos. Os primeiros vêem os livros como negócio e os últimos vêem como aquisição de conhecimentos. Faço parte do último grupo.
Sou um rato de livrarias, sebos, brechós e de de bazares da pechincha e mesmo de ferro-velhos. Onde há livros, lá estou eu. Tenho lidado com os vendedores de livros mais estranhos que o leitor possa conceber. Vou contar alguns casos. Na cidade onde moro há alguns livreiros ridículos, é deles que vou falar, só não citarei nomes por causa da ética. Um desses vendedores de livros usados, queria a todo custo me empurrar livros de esoterismo, dizendo que era bom, apelando para a capa. Sendo que ele mesmo não leu o livro. Como é que sabia que ele não tinha lido o livro? Simples, um vendedor que leu tal ou qual livro aborda o tema ou os temas do livro.
Há um outro livreiro, pior que o primeiro, cuja ignorância é abissal. O negócio dele e vender. O cliente que freqüenta seu sebo não fica à vontade, primeiro porque os livros estão todos empilhados de modo desordenado, quase não há espaço físico e caso queira tirar um livro de um dos montes, o cliente corre o risco de ser soterrado por uma avalanche de livros e ainda de levar uma bronca do livreiro que é tão educado e fino como os homens da caverna. Esse livreiro, é mister dizer, é analfabeto ou semi-analfabeto, não tem noção alguma de literatura. Não sabe a diferença entre um livro didático e um não didático. A seu ver todos os livros são iguais: tem capas, páginas e letras, é o quanto basta para ser um livro. O primeiro livreiro ainda finge conhecer o conteúdo das obras que deseja vender, esse nem sabe fingir. Quando se mostra alguma cédula para esse livreiro, ele se dispõe a ajudar o cliente com a maior boa vontade. E vai à cata de tudo quanto é livro, e vai oferecendo com essas palavras: "Olha, leva este livro aqui é muito bom, olha como ele é bonito". Essas palavras foram dirigidas a mim. Eu estava procurando livros de filosofia, mas de bom grado tomei o livro das mãos do livreiro para verificar do que se tratava, e o livro que ele me ofereceu era de engenharia. O infeliz não sabe o que é filosofia mui provavelmente sabe ler, se lê, lê pouco, o básico.
Outra mania horrorosa que ele tem, é escrever o preço do livro na capa com esferográfica, o que faz que o livro perca o seu valor no mercado dos livros usado. Que mundo engraçado, pessoas que nunca leram um livro são livreiros e possuem milhares de livros; e os que amam os livros muitas vezes não podem comprar porque lhes falta o dinheiro!
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