quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Educação - A farsa continua...

Li o artigo do economista Cláudio de Moura Castro 'No meu tempo a educação era muito melhor' publicado no jornal 'Estado de São Paullo' a quatro de setembro de 2022 e reproduzido, desde então, em diversos certames públicos.

Felizmente tenho uma cópia dele, tombada, em meu arquivo. A qual acabo de reler. 

Para esse autor a qualidade da Educação oferecida no passado é duvidosa e a ideia de que a Educação, de modo geral, esteja piorando, equivocada. Tal seu ponto de vista, a respeito do qual discordo cabalmente.

De fato em tempos pretéritos ou nas décadas anteriores aos anos noventa, não haviam exames institucionais de caráter estadual ou nacional que aferissem os resultados educativos.

E no entanto, pessoas que, como eu, nasceram em meados dos anos 70, tiveram a oportunidade de conviver com pessoas adultas ou mais velhas que haviam sido educadas nos anos 40, 50 e 60, i é, imediatamente após a grande reforma Capanema - Marquem esse nome! E o quanto posso dizer é que no decorrer dos anos 80 e 90 havia, por assim dizer, uma elite altamente educada, formada inclusive por pessoas que sequer haviam cursado alguma Universidade, mas apenas formado Ginasial ou como dizemos hoje ensino médio.

Era educação socialmente restrita...

Parece-me honestamente que sim ou que não era uma educação voltada para todos.

Socialmente restrita porém qualitativa ou de alta qualidade.

Quem teve o privilégio de conviver com tais pessoas saberá do que estou falando.

O defeito era ser socialmente restrita, e era defeito. 

A virtude era ser de alta qualidade ou relevante.

Quero problematizar isso.

Diz-nos Claudio Castro que temos um problema, e para mim é um problema. Pois declara que a Condição social do educando é forte determinante do rendimento escolar.

Tão inegável como o descobrimento da América, Claudio Castro e esquerda fuzarqueira de plantão.

Mas foi exatamente por isso que nossa Legislação determinou que os insumos relacionados diretamente com a Educação, seja graciosamente ofertados pelo Estado, assim uniforme, material, merenda, transporte, etc - O que de fato não era oferecido antes da década de 90. 

Costumeiramente se diz e crê que a partir da Educação é que podemos consertar determinadas situações de desigualdade social. Agora se a desigualdade econômica afeta de cheio os resultados educativos TEMOS UM CÍRCULO VICIOSO.

Tem se tentado quebrar parte desse círculo por meio dos já referidos insumos. 

É atitude relevante, mas não suficiente - Caso não se preste a devida atenção ao conteúdo educacional oferecido e enfim a estrutura do sistema educacional público em comparação com o privado.

Vamos porém aos exames gerais apontados por Castro ou aos resultados apontados por esse autor.

A primeira informação é que houveram alguns avanços nos anos iniciais do Ensino fundamental, e essa informação é de suma importância, pois estamos falando em alfabetização ou nas fases iniciais do letramento.

Nos anos finais porém - Sétimo, Oitavo e Nono ano, reconhece Castro que não houve avanço ou que este foi mínimo, embora corresponda a uma fase mais consistente da Educação. 

Castro no entanto nos quis trazer belas e boas notícias; diz-nos então que antes da Pandemia (2019) o Ensino médio deu um 'saltinho' - Na Prova Brasil. 

E aqui temos já um sério problema - Apenas Português e Matemática são avaliados, o que é altamente insatisfatório, ao menos, quanto o Ensino Médio, dada a Relevância da Biologia, da História, da Geografia e por que não da Arte...

Mas... Apesar disto, prossigamos.

Como professor que atuou no Ensino Médio do Estado de S Paulo, por dezessete longos anos, e que ainda pertencia a este quadro em 2019 (Desliguei-me logo após a malsinada reforma da Previdência.) acho no mínimo estranho que tenha havido algum progresso. Observo no entanto que se, tal se deu de fato - Mantenho o benefício da dúvida! - foi anterior a implementação da Reforma que o arruinou com completo nos anos seguintes.

Refiro-me a trágica Reforma que introduziu no Currículo as quinquilharias inúteis de: Planejamento econômico, projeto de vida, empreendedorismo, etc e cujo escopo final é erradicar por completo as disciplinas de: Arte, História, Geografia, Sociologia e Filosofia, e consequentemente o que chamamos projeto Integral ou humanista, limitando-se, novamente, a formar mão de obra subalterna, empregados, operários, serviçais, etc

Significativo que após uma tênue e duvidosa melhora siga a demolição completa... Sob o pomposo título de Escola Integral. Sim, pois esse ensino médio integral - Ao menos no Estado de São Paulo - nada é além de uma creche para adolescentes, a qual possibilita a permanência dos pais e responsáveis fora de casa ou no ambiente de trabalho e favorece antes de tudo o setor econômico. Professores fazem o papel de babás, os conteúdos - Como descrevi acima. - tornam-se irrelevantes, as salas de aula se convertem em 'depósitos' e por ai s vai... 

Agora vamos ao PISA - E o PISA avalia justamente o último ano do Ensino Fundamental...

Que diz o PISA...

Estagnação - Brasil está paralisado há muitos anos e o que é pior quase na lanterninha ou nas últimas colocações.

E gastamos uma fortuna com os insumos...

É um tonel de Danaídes - Pois lançamos água por meio dos insumos, a qual se esvaí pelos buracos dessas reformas escabrosas, e de uma quase total indiferença ou omissão no que diz respeito a estrutura e o pessoal de nossas Escolas públicas.

Por estrutura me refiro aos prédios e instalações, bem como ao material de trabalho. Desde ares condicionados ou ventiladores, cortinas, vidraças, etc a lousas digitais, mapas, globos, biblioteca, etc

Quanto ao pessoal me refiro aos professores, cujos salários deveriam ser corrigidos de modo a tornar desnecessário o acúmulo de cargos. O docente deveria ganhar o suficiente para não precisar trabalhar em duas redes e assim, não se sobrecarregar. 

Outra questão, tão grave quanto, é a oneração intencional dos professores por meio da burocracia ou do preenchimento de papéis ou de relatórios inúteis. Tudo quanto sobrecarrega o professor, desgasta-o e se reflete negativamente na interação com os alunos.

Agora tornemos a questão do progresso...

Incrível que no Brasil não piorar seja motivo de comemoração.

Nos sentimos realizados porque os anos finais do E F encontram-se paralisados, tal e qual o E M...

E vibramos porque supostamente avançamos nos anos iniciais, i é, nos domínios do letramento ou da alfabetização. O qual nem sei como é avaliado... O que sei é que as professoras dos anos iniciais são pressionadas para promover os alunos analfabetos ou semi analfabetos até o quinto ano. Posto que chegam até nós, no sexto ano, um resíduo de alunos analfabetos que costumam seguir até o Nono ano... E já os tive, pasme (E sem laudo!) no E M - Analfabetos, e, perdoem a expressão > Idiotas, incapazes de compreender e de interpretar...

Para mim semelhante quadro é o de uma tragédia

Pois quando se mensura pelo geral se perde por completo a noção de particular.

Em geral apreciamos execrar a Idade Média e o analfabetismo reinante, a condição das massas dominadas, etc

E exaltar a simples capacidade para ler, escrever e calcular.

Porém tal capacidade de fato só é digna de admiração na medida em que o sujeito prossegue na caminhada do saber, ampliando mais e mais os seus conhecimentos. Em suma: O letramento ou a alfabetização só deveria ser encarada como benefício quanto corresponde a uma porta ou passagem...

É justamente aqui que entra a ideia de Rebelião de Massas, oclocracia, etc 

Nós estamos nos dando por satisfeitos com um Ensino meia boca ou demasiado elementar i é a nível de letramento ou de alfabetização e achamos que é grandioso... Mas não o é!

Ao alfabetizar sumariamente um idiota ou imbecil (Sem jamais torna-lo capaz de pensar!) e lança-lo no mundo da Internet ou mesmo de algumas Folhas pagas, com seus Fake news, estamos a cometer grave crime, do qual resultará imensa calamidade futura. 

Sim, pois essas massas idiotas e apenas sumariamente letradas, adquirem direitos de cidadania e passam a decidir os rumos da vida comum... Tornam-se eleitores e convertem nossa democracia em Oclocracia, desacreditando-a... As consequências vimos no início deste ano, com a tentativa de golpe teocrático. As massas que produzimos em nossas escolas querem já atentar contra nossa semi oclocracia, e massas se chocam contra massas... Quadro escabroso.

Os analfabetos da Idade Média, os idiotas, os imbecis e as massas por assim dizer não tinham manias de grandeza ou pretensões de chegar ao poder. As massas que produzimos, alentadas por um discurso democrático mal elaborado e já denunciado por Sócrates, aspiram pelo poder - Poucos entre nós aspiram auto educar-se para se tornarem dignos da vida democrática, esbater pelo bem comum e exercer a cidadania, e, os que o fazem são abatidos pelo número da multidão.

Multidão que no Brasil, sendo constrangida a votar, negocia seus votos ou vende-os descaradamente em praça pública, entregando o comando do país a demagogos sem consciência - Como esse Tarcísio de Freitas, que acaba de leiloar a nossa Sabesp!!!

Agora calculem quando esses elementos, promovidos com base no mínimo do mínimo ou mesmo sem nada saber obtiverem grau no Ensino Médio... E se, com dinheiro obtido no tráfico ou sei lá onde, custearem alguma Faculdade - Especialmente na modalidade EAD... Caso se tornem enfermeiros, cuidadores, médicos, advogados, arquitetos, etc Calculem os erros e imaginem o caos que teremos... Idiotas aplicando injeções e imbecis projetando ou construindo pontes!!!


Aumentamos ao máximo o número dos educandos. Mas abatemos a qualidade dos conteúdos e por isso, se antes, muito educávamos a poucos, hoje, pouco educamos a muitos. Quando bem poderíamos ter ampliado o número dos estudantes sem ter descuidado da qualidade do que é aprendido ou da Educação.

E a a suspeita que se me impõem é se não estamos fingindo ou apenas afetando educar a esses muitos...

Se antes províamos a tantos de carne por que não continuamos a fornecer carne ao invés de pão duro...

Não vejo porque a qualidade da Educação deva ser sacrificada a quantidade dos educados e acho isso inaceitável.

Rebaixar os níveis ou sacrificar os conteúdos para acolher ou satisfazer a muitos, ao menos para mim, não é educar. E é assim que nossa Educação se torna uma farsa. O professor fecha seus olhos e finge que ensina, enquanto pais e alunos fecham seus olhos e fingem que aprendem.

Diante disso aparecem os mecanismos sinistros da progressão continuada, da promoção automática, da interferência criminosa do poder público; visando limitar o número de alunos reprovados por sala ou escola, etc E são nossos jovens e nossas crianças passados por debaixo da carteira ou sem saber o mínimo do quanto deveria ser exigido - Pois não cabe ao professor conceder notas ou números, mas somente aferir o quanto o aluno obteve!!!

Continua...


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