quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

A Escola e o Terror da Reprovação...

Não sei porque pegou na Escola o gosto pela aprovação automática ou por meio de decretos políticos que fixam o número dos alunos que podem ser reprovados por sala, turno ou unidade... Alias assim fica fácil para o mesmo governo alegar que a educação esta dando excelentes resultados, uma vez que, por decreto, determina a aprovação dos que não estão aptos a serem promovidos.

Agora quanto os motivos, creio serem de natureza diversa. Há é claro o bônus pago pelo Estado ou pelas prefeituras com base nos resultados educacionais ou no número dos alunos aprovados. E quem desejará reter se é pago para promover... 

Mas há também outros fatores.

Pois há quem acredite e afirme que reprovação seja sinônimo de Evasão e portanto que é necessário aprovar o dito cujo ou a dita cuja para que não deixe a escola e fique nas ruas... Melhor o aluno na escola, bagunçando, fingindo que aprende, enrolando ou sendo promovido sem saber, do que nas ruas, a mercê das drogas ou da violência.

Por essa altura a escola cesso de ser escola ou instituição suja precípua função é instruir e educar. E virou já abrigo, ou hospedaria, ou qualquer outra coisa.

Reconheço o problema mas não posso admitir que passar o aluno sem nada saber seja a solução.

E quando esse aluno chegar aos anos finais e deixar a escola sem conteúdo algum... Que será dele em tais circunstâncias...

E caso não saiba ler bem e obtiver um serviço em que a leitura seja indispensável para o bom desempenho de suas tarefas...

Há quem opine que o aluno X não possa ser retido porque tem determinadas limitações (Não laudadas.) e jamais obteve assistência especializada na escola. 

Me permitam então fazer um aparte sobre o aluno devidamente laudado que nem sem obtém a devida assistência.

Seja porque seus pais ou responsáveis cobraram o poder público... 

Os pais eram omissos...

Neste caso que fez o serviço pedagógico da Unidade escolar... 

Não há orientador naquela rede. - De fato o caso é grave.

Afinal para que serve o Conselho tutelar... 

Se é apenas para amolar professores e gestores, recambiando as escolas e salas os alunos problema, ouso te-lo em conta de inútil. Útil seria caso observa-se as redes de ensino, fiscaliza-se as unidades, denuncia-se as prefeituras e fizessem que a inclusão fosse de fato inclusão e não enrolação ou abandono criminoso. Reparem para que de fato cada aluno especial, em qualquer sentido, tenha um auxiliar, de preferencia com formação pedagógica - Pois assim tal clientela adquiriria ao menos os conteúdos que é capaz de adquirir!

Abandonar a criança ou as crianças numa sala superlotada sob a regência de um professor sobrecarregado e não qualificado é ato criminoso, pois implica descumprimento efetivo da lei. A criança deve sim, estar no meio natural, porém, sendo assistida por um monitor habilitado. 

Neste caso todos: Pais, professores, gestores e conselheiros deveriam acorrer ao poder público e a seus órgãos com o objetivo de prover a criança da assistência a que faz jus. É o caso de reivindicar ou cobrar antes de aprovar.

Este aluno no entanto, justamente por ter suas possibilidades limitadas, será promovido - Havendo amparo legal para isso. 

Já quanto ao aluno não laudado, deve a Orientação pedagógica, a equipe gestora ou o Conselho tutelar, solicitar aos pais ou responsáveis a ida ao médico, a realização de exames, etc sob pena de responsabilidade ou abandono. 

Agora enquanto não obtiver laudo ou a conclusão do médico for negativa, inexistindo qualquer problema físico ou mental, seja tratado como responsável, punido e se necessário reprovado.

Similar o caso do aluno materialmente necessitado ou cuja família seja problemática.

Insumos, como uniforme, merenda, material, etc ele efetivamente deve receber e recebe.

Neste caso esforce-se o mestre ou a mestra por ser receptivo, carinhoso, atento, cuidadoso, tolerante - Até onde se possa, etc 

Que se lhe ofereçam atividades de reforço ou complementares.

Satisfeitos, quanto possível for, tais demandas, seja esse aluno cobrado> Em termos de educação (Atitudinal) ou responsabilidade (Produção) tal e qual os demais.

Quando os pais e responsáveis se esquivam, o que todo esse povo > Professor, orientação, coordenação, gestão, conselho, etc deve fazer é trabalhar e colocar esses alunos em condições para serem devidamente cobrados e não ficar de braços cruzados para chegando fim do ano letivo alegar que tais alunos, por omissão da parte do poder público, fazem jus a aprovação - Quando por vezes absolutamente nada fizeram. E há meios porque possa ser o poder público cobrado e responsabilizado. 

Há quem alegue enfim, que a reprovação é sempre um ato subjetivo de rancor ou vingança por parte do professor, e devo dizer que é um argumento reducionista e miserável.

Claro que há professores que fazem mau uso da reprovação. Como o assassino faz mau uso de uma faca... E... nem por isso deixamos de usar a faca

Como diziam os antigos romanos: O Mau uso ou abuso não tolhe o uso.

Destarte se é execrável o uso da reprovação a guisa de vingança, outro o caso quando corretamente empregada, tendo em vista certos norteamentos pedagógicos, como um grau ou nível elementar de aproveitamento.

Injusto seria aprovar um aluno que não apenas nada aprendeu como não buscou aprender ou nada fez para aprender, e promove-lo nas mesmas condições que um aluno aplicado e responsável. 

Promover aquele que se esforçou ao máximo para adquirir o conteúdo mínimo exigido e reprovar aquele que pouco o nada fez para adquirir esse conteúdo é algo perfeitamente justo, desde que garantidos a todos os alunos as condições mínimas em termos de insumos e assistência.

Promover em massa ou como rebanho os que se aplicaram e os que não mostraram qualquer interesse é desestimular os primeiros ou sugerir-lhes que tanto dá estudar como não estudar.

Por isso tenho dito que não há ensino sem reprovação, como não existe educação sem punições ou castigos (Claro que não estou me referindo a castigos físicos ou a agressão!!!). Educar é sempre restringir. Ensinar é sempre considerar a retenção de determinados conteúdos, até que sejam eles atingidos. Aquele que em condições de igualdade com os demais e que tendo recebido a assistência a que faz jus, não atingiu o nível estipulado para cada conteúdo - Mesmo após diversas tentativas de recuperação! - permaneça no mesmo ano até atingir o nível estipulado. 

Mas professor, nesse caso o aluninho se sentiria humilhado...

Melhor a sala inteira se sentir injustiçada não é mesmo...

E assim caminha a humanidade por seus tortuosos caminhos. 


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