domingo, 15 de agosto de 2021

De golpismo em golpismo ou eu disse...

Mais um golpe esta sendo urdido agorinha mesmo no Brasil.

Pelo que se faz necessário denuncia-lo publica e oficialmente. 

O primeiro foi contra a presidente Dilma, e movido, evidentemente, por considerações de ordem ideológica.

A bem da verdade o liberalismo econômico jamais levou a democracia ou o liberalismo econômico muito a sério e, quando não se agrada deles julga ser lícito descarta-los. E assim se brinca levianamente com a democracia... 

Sabendo que as coisas são assim advertimos que o golpe urdido pelo pastor bandido Eduardo Cunha contra a presidente Dilma não ficaria nisto causando danos subsequentes e cada vez mais graves a nossas instituições.

Dito e feito.

Removida uma presidente honesta por questões 'bizantinas' de ordem fiscal vimos o crápula do Temer comprar repetidamente sua absolvição no Congresso.

Enquanto algumas pessoas continuavam a repetir a modo de um mantra: Comunismo, Lula, PT, etc Conhecemos muito bem esse mantra imbecil fabricado pelas seitas religiosas dos EUA e exportado ao Brasil...

Depois - Em parte por causa do PT, de sua lulolatria e do inepto do Haddad. - veio o Caos ou o Dilúvio.

Do lado de lá novidade alguma: Bastava pois bastava-se falar em Ciro ou mesmo em Marina (Que alias é protestante, embora talvez inócua.) que os zumbis recitavam: Comunismo, Lula, PT... 

O que continuamos ouvindo durante os três anos subsequentes. Afinal qualquer crítica ao ídolo podre obtinha sempre a mesma resposta - Em forma de ladainha: Comunismo, Lula, PT, cérebroooo...

Quebrada a barreira presidencial pelo golpe de 2016 era necessária que a operação anti democrática seguisse em frente - Nós avisamos que aquilo era apenas o começo... E agora corremos o risco de em Setembro passarmos ao segundo Capítulo.

Afinal o que os americanistas, nazistas e liberais economicistas desejam é triturar nossa democracia, o que somente é possível (E daí vem o perigo!) estendendo as mãos ao Malafaia et aliae, negociando com as seitas protestantes fundamentalistas (Com seu programa puritano anti liberal ou melhor liberticida.) e instrumentalizando os fanáticos religiosos. O que os pastores estão fazendo exatamente agora.

Trata-se agora de enfrentar o Parlamento (Capítulo II) e lança-lo contra o único setor ainda fiel aos princípios constitucionais e democráticos - o STF. Desde que apenas o STF se tem oposto as veleidades tirânicas deste presidente desorientado e criminoso. 

Então as forças anti democráticas, despóticas, tirânicas, totalitárias, etc após terem profanado o executivo, voltam-se agora contra o legislativo e em especial, com particular fúria, contra o STF. Já o havíamos imaginado há cinco anos e advertido, por carta, o falecido ministro Teori Zavaski. 

Lamentavelmente, na ocasião, os ilustres ministros não compreenderam a periculosidade da situação e não procederam como deviam, mantendo a legalidade e a presidente legitimamente eleita. Do que resultou aquele processo viciado acionado por um pastor bandido...

Agora, cinco anos passados, um executivo cooptado, tenta fazer com que a situação avance, revertendo contra o STF e contra a Constituição. Negociando com o que há de pior neste país, i é com essas massas fanáticas que assumem pauta negacionista ou anti científica além de jamais terem aceito o princípio do laicismo...

Estamos a flertar ou a brincar, digo os irresponsáveis que apoiam o bolsonarismo, com esse tipo de poder obscuro, muito parecido com o que ora se expande pelo Afeganistão, sendo que o nosso é apenas mais dissimulado ou sútil. 

De fato quando escrevem ou gritam comunismo não se reportam apenas a miserável metafísica ou ao imaginário fantástico de Marx, porém a civilização moderna como um todo. Típico vezo norte americano, sectário, calvinista... Quando dizem Comunismo incluem toda sorte de progressismos ou vanguardismos liberais que reportam a J S Mill e se opõem a seus preconceitos bíblicos e ideário puritano. Portanto entram ai J S Mill, Darwin, Freud, etc 

Então se você, como eu, em nome dos direitos essenciais da pessoa humana e fundamentado (Como Francisco de Vitória et aliae - E mais remotamente nos padres da Igreja e no Evangelho.) se opõem a injustiça, a avareza, a tirania, a destruição da natureza, a homofobia, ao machismo, ao adultismo e a outras ideologias perniciosas, será (Ainda que deteste a metafísica de K Marx.) chamado de comunista. 

E se você for a favor da ciência, contra as aberrações monstruosas do antigo testamento, a doutrina da inspiração linear, etc te classificarão como comunista... Mesmo que seja leitor de Barth, Emil Brunner,  C S Lewis, Brown, Fosdick, etc e jamais tenha lido uma única linha de Marx.

Para as massas fanáticas que assumiram o ideário religioso americanista, tudo quanto se opõem a seus desígnios totalitários ou teocráticos é comunismo ou coisa de comunista. Pois assim fica demasiado fácil desmoralizar os adversários. 

Portanto quando os apoiantes do sr Bolsonaro gritam: Comunista, podeis ouvir a guisa de eco: Liberal, liberal, liberal ou ainda científico, e por ai vai. A Cosmovisão que teem a propósito do tal comunismo é inacreditavelmente ampla e se aplica a tudo quanto se lhes opõem ou a tudo quanto odeiam. Basta que você divulgue criticamente as obscenidades do antigo testamento ou os crimes do protestantismo: Genocídio indígena Norte americano, racismo, KKK, Apharteid, imperialismo, etc para que revidem gritando: Comunista. Até mesmo Dewey, que era democrata, teve de suportar tal bulha...

Agora mesmo quando o projeto de Biden busca contemplar - Aristotelicamente - (Com séculos de atraso!) o que chamamos 'Bem comum' (Direito universal a educação, a saúde, etc) e assumir com mais profundeza as diretrizes formuladas por J M Keynes, lá mesmo, no parlamento dos EUA, ecoam os gritos de Comunista, Bolchevista, Marxista, etc O individualismo crasso, legado do protestantismo, só pode encarar as coisas assim... Para nossos capitalistas tupiniquins Keynes sequer é social democrata ou socialista, lá porém fica sendo ele filiado ao PC... E com ele Freud, Darwin, e quem ouse falar palavrões ou dizer nomes...

Comunista ali e aqui é acepção larga, que desonestamente a qualquer coisa se aplique, desde que nos desagrade. 'Deem-nos suas escolas, seus hospitais, prédios públicos, congresso e tudo mais para provar que não sois comunistas.' tal a pregação do Malafaia. Para os pastores daqui e de lá é necessário que nos curvemos diante deles e aceitemos sua ditadura com o intuito de demonstrar que não somos comunistas sujos e comedores de criancinhas. Tudo isso é um insulto lançado face a nossa sociedade liberal, além de grave perigo para nosso ideário democrático.

O Bolsonaro porém negocia ativamente com isso e é refém disso. Aspira usar esse tipo de gente ou é usado, como marionete, por eles; o que alias dá na mesma, pois a proximidade é comprometedora. Repito, com a desculpa inepta de preservar-nos do Comunismo, querem que nos submetamos a pauta anti liberal e moralista dos pastores. Como os pastores apoiam o liberalismo econômico como coisa sagrada, a ideia é favorecer a expansão do protestantismo ou conceder-lhe força política. No entanto, como temos repetido (Na qualidade de ex protestante e estudioso do protestantismo.), este caminho poderá levar-nos a uma ditadura pior que a Comunista e a Fascista, com novas inquisições, fogueiras e autos de fé. 

Não querido leitor, não deliramos.

Pois quando qualquer sectário grita nas ruas ou praças: Feliz a nação cujo deus é o senhor ou ainda bíblia sim, Constituição não, o programa está implícito. Pois por bíblia não é o Evangelho - Com o mandamento divino do amor (Aos inimigos inclusive.) que devemos entender mas o Antigo Testamento ou a Torá com suas penalidades ferozes, dentre as quais a queima de bruxas e o apedrejamento de blasfemadores.

Há quem duvide de que cheguemos até aqui. Lamento pela cegueira dos que duvidam. Porém o trajeto que percorremos após cinco anos de golpe apontam para isso... E se ainda não fomos além é devido ao zelo tardio do STF por nossas instituições democráticas e liberais. 

Zelo este que acendeu de tal modo o ódio dos bíblicos e de seus perversos aliados (Que se venderam ou nos venderam aos bíblicos!) a ponto de pela primeira vez em cinco anos não gritarem apenas PT. Pois após o ministro Alexandre de Morais, no cumprimento de seu dever e em salvaguarda das instituições, enfiar o golpista Jefferson no ergástulo já as massas principiam a gritar contra o PSDB, o que mais me parece um milagre. Creem de fato que esmagado o PT (E o petismo, apesar de bundão, não me parece ter sido esmagado.) é necessário esmagar o PSBD, certas alas do PSDB e a parte não cooptada do Parlamento pelo simples fato de permanecerem fiéis aos ideário democrático. 

Estúpida a ingenuidade com que os sectários ou zumbis bolsonaristas imaginaram que todos os adversários do Comunismo ou do PT seriam infiéis aos princípios democráticos. Parece que ainda há gente de boa fé e de boa vontade mesmo entre os que aceitam o liberalismo em pacote ou como algo unitário (Abraçando também o liberalismo econômico, esse adversário dos liberalismos pessoal, religioso e político.)... De fato temos algo em comum com os que se acham a nossa esquerda e a nossa direita i é com petistas e psdbistas que é o amor as instituições democráticas - Para além de todas as divergências ideológicas - em torno das quais temos de formar agora ou de cerrar fileiras contra o adversário comum.

Urge, como em 1984, ocasião as diretas já, somar forças em torno da democracia, da Constituição e da legalidade, dizendo público e sonoro não a procissão de zumbis convocada pelos pastores e mesmo aos tanques pois não pode a democracia que é espírito vivo ser esmagada por tanques ou furada por baionetas e temos de aprender a morrer pela liberdade, apanágio sem o qual a existência torna-se indigna. Melhor morrer de pé do que viver curvado como vil escravo ou súdito. É o que devemos por em nossas cabeças caso queiramos que nossos filhos e netos tenham a possibilidade de desfrutar de um mundo melhor. Nossa herança ou legado para os que virão deve ser liberdade e justiça...

Quero dizer que essas pessoas que se preparam para sair as ruas como que numa triste reedição da marcha da família com deus pela liberdade (Agora das famílias crentes, sem deus, contra a liberdade!) não são cidadãos livres e conscientes porém rebanho ou massas convocadas e manipuladas pelos pastores. O que veremos em Setembro será a instrumentalização do que há de pior na Sociedade brasileira e caso isso tome vulto será de fato o fim inglório de nossa democracia e o alvorecer não de uma simples ditadura porém de uma futura teocracia cujas consequências, com base no passado, já descrevi. Denuncio desde agora tal conjuração apelando aos cidadãos livres e conscientes que se posicionem desde já contra ela.

E finalizo declarando que golpe algum é lícito ou legal parta de quem partir, da esquerda, a direita, do centro, do alto ou de baixo; golpe e golpe, sempre pernicioso e deve ser reprimido com máxima força. Tolerar as tentativas de golpe ou sabotagens de J M Bolsonaro face as nossas instituições é simplesmente torpe sacrilégio - CETERO CENSEO > DELENDA EST BOLSONARO!

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

O Câncer bolsonarista e os elementos da metástase...





Inadmissível que, no estado democrático de direito, um presidente ouse instrumentalizar o exército com o objetivo de impôr suas pautas e de intimidar os demais poderes. Equivalendo esta atitude a autêntico crime ou tentativa de golpe, o que por sinal se vai tornando banal neste país.

Como sempre dissemos habituamo-nos ao golpe desde a derrubada da presidente Dilma Russef a sete anos passados. 

Abismo chama abismo e ainda não nos recuperamos desse ímpio ataque a nossas instituições.

Mas é o que dá brincar com a democracia. Acatando a iniciativa de um bandido canalha como Eduardo Cunha... Nosso Ed mãos de tesoura e é claro pastor.

Afinal quem mais canalha neste pais do que o pastor...

A exemplo do anti papa Malafaia... O qual com seus discursos golpistas não cessa de impulsionar o presidente psicopata. Assim se constrói uma ditadura - Com seu cortejo de crimes. - ou melhor uma Teocracia. 

Por hora o Bolsoverme, instrumentaliza os pastores... Os pastores porém aspiram - E não poucas vezes conseguem. - instrumentaliza-lo, tendo em vista o objetivo final de impor a bíblia - Ou melhor o antigo testamento. - como Lei, e converter a República num califado crentelho.

Daí a simbiose existente entre essa malta de pastores parasitas ou mercadores da fé e o projeto de Hitler tupiniquim.

Bom lembrar que os pastores são escolados em praticar maldades, a começar pelo diabólico João Calvino, o qual criando inquisição pior que a do Papa, fez queimar o pobre Servet a lenha verde em Genebra - Torrando além disto velhinhas octogenárias e meninos de oito anos...

Pouco depois passaram a degolar a padralhada romana no Delfinado e a fazer colares com suas orelhas.

Em seguida acompanharam os invasores Norte Americanos ao Oeste, onde apresentando os naturais como cananeus perversos, abençoaram o extermínio deles...

Além de terem criado instituições tão 'beneméritas' como a 'kkk', o Apartheid, etc

Tal a sinistra companhia ou melhor a inspiração do presidemente, tão a gosto do 'americanismo'...

E pensar que o primeiro a denunciar essa conjuração foi Eduardo Prado, um papista e monarquista. Desses que hoje levianamente mancomunam-se com o trumpeste dos trópicos... Núncio de uma cultura protestante visceralmente anti romana, e anti apostólica, e anti Católica e anti Cristã.

Se Malafaia não esta a frente ou atrás certamente esta ao lado do segundo golpista tal e qual esteve ao lado do Cunha, o primeiro golpista, o golpista mor, responsável por solapar os fundamentos da nossa democracia; ainda que frágeis.

A política brasileira nos oferece uma lição: Aqui tudo sempre pode piorar, a ponto de sentirmos saudades do FHC - Até parece piada.

De fato após o malsinado golpe de 2014 estamos indo cada vez mais para baixo, como num declive sem fim... 

Não era questão de Dilma, de PT, de esquerda, etc mas de democracia, de respeito pela democracia.

Mostramos ter muito pouco amor ou respeito por ela e Bolsonaro prevalece disso.

Tudo aquilo foi um deixar passar elefante para coar mosquito - Uma farsa ou apoteose da hipocrisia.

Pois foi a mulher, inocente - Repito inocente ou apenas por ser petista. - derrubada devido a questiúnculas fiscais, a que no passado século chamaríamos de 'bizantinas'... 

Enquanto o urubu Temer deitou e rolou, a ponto de comprar por duas vezes sua própria absolvição no parlamento. 

Nada no entanto se compara com o que assistido temos nestes últimos três anos de caos.

Pois nos últimos anos as exações foram por assim dizer deslavadas. 

Por quase dois anos tolerou-se uma política desastrada face ao coronavírus, resultando disto a imolação do povo brasileiro. E o resultado desta manobra foram meio milhão de mortos ou meio milhão de vidas - Faces as quais tripudiou o vampiro ou ciclope do Planalto. 

Pois muito menos foi Dilma mandada embora de Brasília ou despedida.

Nossos congressistas no entanto deram corda e tardaram ano e meio para abrir um inquérito ou processo... Assistindo de camarote quinhentas mil mortes.

Fato é que o Parlamento conivente e venal só resolveu tomar alguma atitude por instigação do STF - O qual como sempre lavou a honra dos mortos que tombaram sob esta praga.

Seja como for vem o tal processo andando a 'banho Maria' ou a lombo de caracol... Enquanto o déspota genocida permanece no poder.

Antes disso já haviam, ele, sua família e seus apoiantes - A maior parte sectários fundamentalistas! - fomentado e financiado diversos atos destinados a afrontar nossas instituições democráticas e se possível de deflagar mais um infame golpe, como o de 1964.

Servindo-se para tanto dos militares (Aos quais oferece cargos e portanto busca envolver na política partidária!), de Fake News ou de mentiras e calúnias contra seus adversários políticos e ideológicos (Algo bem a gosto do 'S Maquiavel'.), de passeatas de inspiração ditatorial, de ataques e até mesmo de ameaças ao STF... E agora - Pasme o amigo leitor! - de tanques do exército com o intuito de ameaçar os congressistas, chantageando-os sordidamente e buscando leva-los a apoiar sua pauta! O que constitui crime. Mais um crime numa lista de dezenas. Posto está que Dilma Russef não cometeu a milésia parte dos crimes cometidos contra este homem.

Tal a leviandade com que encaramos nossas instituições democráticas - A cujo sucessivo vilipêndio assistimos dia após dia, impassíveis.

Afinal jamais criamos um espírito democrático entre nós, a exemplo dos ingleses, ou lutamos pela instauração de uma ordem democrática, como os franceses. Daí nossa tolerância promíscua face a atos como estes... 

Como a suposição infundada de que o voto eletrônico seja manipulável - Haja visto que o atual presidente foi eleito pelo voto eletrônico, sem que alguém nos viesse salvar de tal flagelo! - e toda essa pregação ou mística em torno do voto impresso. Daqui a pouco o bonitão, insatisfeito, vai assumir a pauta do voto verbal e aberto, tal e qual no tempo dos coronéis...

E por aí se vão os destinos desta pobre nação.

Daí a afirmação: Imagina se fosse a Dilma ou o Lula (Pelo qual sinto pouco simpatia e apenas face ao maníaco trumpista.)?

Agora deste homem tudo suportamos, como bando de bunda moles!

Alias o máximo que a esquerda pós modernista e degenerada ousa fazer é mostrar suas bundas flácidas e peitos caídos, estrias e pelancas em bundaços ou sei lá mais o que...

Claro que tais fealdades não assustam nem um pouco o monstrengo.

O resultado desta política de contemplação por parte do Congresso, da  inércia da esquerda cirandeira, da indiferença por parte dos cidadãos é esta: Tanques posicionados diante do santuário da Democracia, ameaçando não o PT mas nossas instituições liberais (Em política - Não em economia, não sou liberal economicista e não assumo essa pauta americanista de origem protestante.)

Por que mais devemos nós cidadãos brasileiros, esperar???

Que saiam os crentes, incitados pelo verme Malafaia e com o aval do André Mendonça, queimando seus vizinhos em autos de fé sob a acusação de comunismo ou anarquismo??? - Quando a maior parte deles limitam-se a defender os direitos essenciais da pessoa humana (Legado do Dominicano Vitória!) ou as instituições políticas liberais.

Ou que aos tanques sucedam as torturas e massacres, e arbitrariedades, e caprichos, e arbitrariedades cometidos em 1964, com mulheres tendo ratos enfiados em suas vaginas, homens tendo fios elétricos enfiados no decúbito traseiro, filhos e demais parentes (Inocentes) usados como reféns, familiares enlutados, etc 

Bem, como aluno de Sócrates e Platão, e do grande Sobral Pinto, posto-me agora e sempre me postarei em favor da justiça formal, das leis, garantias e direitos fundamentais que só nos são assegurados por um regime democrático. 

Se mínimo respeito e não calamidade e barbarismo é o que queremos está mais do que na hora de nos posicionarmos sem medo face a tais crimes e dizer sonoro não. 

Antes que principiem a falar em 'Razões de estado' dando seguimento ao maquiavelismo...

O que temos de falar é Ética, justiça e liberdade. Liberalismo e democracia. Exigindo que nossas instituições sejam respeitadas. 

Que a aberrante instrumentalização do exército e o uso de tanques pelo Nero do Planalto seja averiguada por quem é de direito e rigorosamente punida segundo as leis.





segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Estás cuidando de teu jardim interior?

 

D R Knigth

Vamos de poesia camoniana?

 



Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!

domingo, 8 de agosto de 2021

A inabilidade do Cristianismo histórico face a cultura...

Nada mais veraz do que a passagem do Evangelho: "Os filhos das trevas são mais argutos que os filhos da luz."

Não poucas vezes são os filho da luz completamente estúpidos.

Como pirilampos envolvidos pela mais densa treva.

Tal a sorte dos Cristãos apostólicos, sejam Ortodoxos ou romanos sob o ponto de vista da cultura. Tamanha a inabilidade dos mesmos para compreender as relações econômicas, morais, científicas, etc

Por questão de convivência o único elemento que a igreja logrou compreender em sua rude simplicidade foi o trono. O que, em que pese do mesmo modo a advertência do Mestre: "Daí a Deus o que de Deus é e a César o que de César é!" - não evitou que levasse ela um chute na bunda por parte do Estado... 

Quiçá por ódio ou rancor, após as primeiras ameaças de ruptura e os atritos iniciais, foi o Estado político que, no imaginário de nossas comunhões históricas, converteu-se em vilão. Sentindo-se a Igreja ameaçada pelo poder secular emergente ou pela teoria da soberania politica editada por Bodin, passou a desconfiar neuroticamente da autoridade profana. Sem cogitar que por trás dela, oculta, havia um poder bem mais forte, maior e mais tenebroso... O qual passou batido aos olhos da igreja ao longo dos últimos séculos.

E no entanto estava tal poder a espreita com o intuito de assumir o comando da Sociedade.

E, afirmado sobre as próprias pernas - Mas sem ter atingido o auge de seu poder. - pode já descartar o adjutório político do absolutismo, compondo com uma ordem democrática propensa a secularização. De fato quando o Mercado sentiu-se forte e senhor de si desamparou as monarquias, atingindo indiretamente o poder da Igreja. Uma vez que a Igreja exercia ainda certo controle sobre o Estado monárquico (Era uma via de mão dupla em que havia um controle mútuo.) e que o Estado monárquico buscava controlar todas as esferas (Conforme a já citada doutrina da Soberania de Bodin.) matou o liberalismo político dois coelhos com uma só pancada. Bom aluno de mestre Maquiavel afirmou o princípio bodiniano da soberania política - Em sua expressão mais chã - ou mesmo do direito divino enquanto serviu a seus propósitos face as revindicações do poder eclesiástico. Aluídas as revindicações eclesiásticas pela crise da fé descartou o apoio do Estado absoluto ou da monarquia. Pois nada havia de essencial para esse poder utilitário... Girando o pensamento liberal economicista em torno de uma instrumentalidade oportuna. 

Bom é o quanto serve para promover os interesses da economia ou a aquisição de lucros: Se for a monarquia muito que bem... ou partamos para a democracia. Se for o papismo Ok... Porém se não o for faça-mo-nos protestantes. Como disse, nada de sério além do lucro. Nada de essencial.

Ali estava esse poder maquiavélico, relativista e utilitário; sem que a Igreja se desse conta do perigo. Pelo que brincou a Cristandade com o fogo e se queimou. Isto a ponto de existirmos numa sociedade Capitalista e não mais numa sociedade Cristã i é inspirada por princípios éticos autenticamente Cristãos. O que é absolutamente normal para a consciência protestante. De modo algum para a consciência Católica ou para a consciência apostólica. Pois não pode a espiritualidade séria e consciente viver de par com o materialismo mais desbragado. Seremos de algum modo Cristãos e norteados pela ética do Evangelho ou seremos capitalistas, as duas coisas não podemos ser, afinal: "Não é possível servir a Deus e ao dinheiro." - Tais as palavras do divino Mestre tantas vezes ignoradas pelo povo Cristão.

Verdade é que não estava desamparada a Igreja por falta de avisos. Pois se não tocou a Revelação divina a estrutura do Capitalismo tampouco deixou de alertar os homens quanto a seu espírito ou alma i é quanto ao pecado a avareza. A igreja no entanto, fugindo ao Evangelho, optou por carregar suas mãos sobre o que classificou como luxúria. Prestou atenção no mosquito e deixou entrar ou passar o elefante. E desde então solapou o elefante a ordem de Cristã.

Devido a uma tal falta de cuidado a avareza engendrou uma ordem ou cultura economicista, em comunhão com o protestantismo, por via do individualismo. Fácil entender que um elemento puxa e favorece o outro. E que o capitalismo chegou a instrumentalizar ou a adestrar o protestantismo, a ponto deste servi-lo muito docilmente. Tal a situação indigna da nova Cristandade protestante, a qual serve e é comandada ao invés de inspirar e ao menos indiretamente, comandar. Manifestou-se o Cristianismo para comandar o mundo, exercendo a soberania ética. O protestantismo no entanto serve a poderes econômicos, curva-se, colabora e aceita a situação como é dada. Nada mais oposto ao sentido do Cristianismo antigo professado pelos mártires.

Com o protestantismo o cristianismo ocidental perde o controle espiritual da humanidade. Cessando a civilização de ser Cristã. Foi o protestantismo, face ao controle direto e feroz da igreja papa, totalmente inepto no sentido de conceber um controle indireto da vida e da cultura por meio da Ética. Aceitou ser comandado por reis e príncipes numa medida jamais vista até então e através deles principiou a servir aos poderes econômicos. Desde então a moralzinha protestante, cessando de ser comunitária ou social passou a ser meramente familiar ou mesmo individual e portanto inofensiva para os poderes político e econômico. 

Como um tal tipo de concepção servil infiltrou-se na igreja antiga já o dissemos.

Resta adicionar que fixação sexual da igreja velha bem como o ódio ou as suspeitas com que passou a encarar o poder político não foram indiferentes ao processo. Nada mais desastroso que visar controlar a sexualidade e descuidar da regulação econômica. Não que tenha a igreja renunciado a controlar a esfera da economia. Certo é todavia que investiu mais forças no setor da sexualidade humana, e foi um investimento desastroso.

Por insistir ainda hoje no sexual ou mesmo no político e prestar muito pouco atenção no econômico revela pouco ou nada compreender quanto a ordem da cultura.

O econômico, alterando o político e o social com o objetivo de satisfazer suas exigências acabou por alterar sacrilegamente a própria religião através do Vaticano II. Pois se a um lado havia a influência protestante e a vontade de agradar os sectários a outro era necessário criar condições tendo em vista a afirmação dos princípios e valores protestantes na IAR - Ora quem criou tais condições foi o capitalismo na medida em que suas instituições superaram as campesinas e em que o ritmo urbano se impôs a maior parte dos ocidentais.

Somente pessoas de fato muito superficiais ou tolas são capazes de ignorar que as instituições tradicionais, lentas e rígidas são próprias de um ambiente agrário ou rural. Consideremos portanto que o berço do Cristianismo foi uma sociedade agrária ou rural e não urbana. E que a cultura antiga não havia atingido ainda um ponto de ruptura pelo simples fato de seus núcleos urbanos não serem capitalistas.

O capitalismo no entanto impõem as cidades já existentes ou ao mundo que cria um novo ritmo, representado pelo relógio e notável pela celeridade, até chegarmos as relações líquidas de Bauman. 

Ora esse mundo não é o do espírito, conforme o modelo legado pela Filosofia grega. Modelo pré capitalista em que vemos um Sócrates, pontífice do espírito, clamar a todo tempo contra as relações e poderes econômicos, os quais pareciam atentar muito seriamente contra seu modelo de cultura ou de constelação social. 

E menos ainda era tal mundo emergente o mundo a Teologia, da Ética, da Estética artística, do culto Litúrgico, do padrão tradicional ou da Igreja antiga. Esta porém cometeu o grande erro de permitir que as coisas tomassem tal caminho e se transformassem nisso - Num mundo hostil a ela e a suas instituições. O mundo das relações econômicas aceleradas demanda uma religiosidade tanto mais pobre, simples, vazia e psicologista - Admitido este mundo será o mundo do protestantismo e o protestantismo será - Sob as formas mais vulgares - a religião de um possível mundo capitalista. 

Afinal num mundo materialista e economicista não há espaço para valores como o bom, o verdadeiro ou o belo e sua 'paideia' não será a 'paideia' socrática da Kalokagathia, não corresponderá sequer ao padrão político preconizado por um Aristóteles como deduziu Arendt. Pois a economia livre e auto reguladora tudo absorve (K Polanyi) engendrando o que chamamos economicismo. 

Materialismo, economicismo, capitalismo, etc são como antíteses face a vida do espírito que é a vida da Igreja. Da mesma forma no plano da ética a antítese entre individualismo e solidarismo não é menos clamorosa ou intensa.

Eis porque a apostasia verdadeira ou a descristianização do mundo não poderia ter começado pelo comunismo, pelo anarquismo, pelo fascismo ou pelo nazismo; os quais seriam triturados um a um pelo Cristianismo autêntico ou eticamente comprometido. Foi necessário portanto de a manobra principiasse pela destruição ou corrupção do Cristianismo, assim pelo protestantismo. A partir do qual manifestaram-se, uma após outra, as diversas culturas de morte. 

O espírito deveria ser falsificado primeiro. 

A partir daí constrói-se um outro mundo infenso ao compromisso. E cuja atmosfera religiosa é superficial.

Como esse mundo, convertido em espaço do trabalho, poderia ser ao mesmo tempo espaço do estudo, da prece, do ritual???

O universo da igreja antiga demandava tempo. 

A modernidade no entanto falta qualidade democrática por recusar-se a dar mais tempo e espaço a política... 

Como crer que daria algum tempo a fé ou a espiritualidade?

É uma sociedade que por negar tempo a formação fabrica massas. Massas que ameaçam não somente a qualidade do político mas também a qualidade da fé religiosa, traduzindo-se no sectarismo protestante.

Há autoritarismo e sectarismo irmanados do outro lado porque o tempo necessário ao cultivo do espírito nos foi retirado pelo poder econômico ou pelo modo capitalista de produção. 

Errou feio Marx ao supor que a alienação se dá quanto ao significado do quanto produzimos. A situação e bem mais grave pois o capitalismo alineou-nos de nós mesmos.

Foi o culto alterado pela igreja romana e tornado mais simples para corresponder não apenas ao modelo do protestantismo mas também as exigências concretas do tempo ou da organização do trabalho. O operário ou trabalhador de hoje chegou a perder a noção do mundo simbólico e isso é por si só grave. não está mais a altura do culto simbólico ou tradicional porque foi despersonalizado ou melhor porque sua personalidade ao invés de ser integralmente educada e formada foi empobrecida.

Surgiu o modernismo exatamente nesse contesto de miséria ou indigência espiritual para ocultar-nos um fato abominavelmente monstruoso: A arte, a autêntica arte, que comporta técnica e regras, está morta ou agonizando. Assassinou-a o liberalismo econômico ou a massificação produzida por ele e desde então vivemos num mundo cada vez mais feio. Mesmo a esquerda massificada não foi capaz de percebe-lo e mergulhou de cabeça no pós modernismo...

O Vaticano II com suas simplificações torpes é tentativa da Igreja romana salvar-se neste novo mundo urbano e alucinante. Por isso teve de ir adiante e de tornar-se carismática, afetando os modos da assembléia de deus... Desde então irá essa comunhão de abismo a abismo, tombando outras tantas vezes no abismo do moralismo insípido... Cloaca em que terminará seus dias.

O que a Igreja deveria ter feito e não fez é ter combatido não apenas o neto, ou seja o comunismo, mas pai e o avô i é o capitalismo e o protestantismo com a mesma intransigência. Ter descuidado dos dois últimos no plano da cultura foi a grande desgraça da Igreja latina. Agora o mesmo movimento de apostasia - Instigado pelo puritanismo. - entra de cheio no bojo da Igreja Ortodoxo, levando a apostasia adiante. A única solução viável aqui é o repúdio em bloco da cultura americanista ou do modelo de 'sifilização' que nos é oferecido pelo protestantismo, começando é claro pelo liberalismo econômico. Nosso combate não se restringe portanto ao plano da fé mas segue pelo plano da cultura, e se não compreendermos a dinâmica da cultura, na medida em que o capitalismo e o protestantismo se expandem por nossas sociedade também teremos um Vaticano II - Preparemo-nos portanto para a resistência!

Ainda, a leviandade dos Ortodoxos e neo romanos... Resposta ao sr Paulo Cogos.

Há muito foi observado por alguém que os brasileiros tendem a superficialidade, a falta de compromisso, a leviandade e a incoerência.

Notória a existência de marxistas que não leram Marx, de darwinianos que jamais leram Darwin, de anarquistas que jamais folhearam Proudhon, de liberais (Políticos) que não leram J S Mill, de protestantes que não leram Calvino, etc 

E para estranhar seria caso o Cristianismo - Que é a religião majoritária nestes termos. - fugisse a dita regra sendo profundo, compromissado, coerente, esclarecido, etc 

O quanto temos por estas desditosas plagas é ritualismo, cristianismo folclórico, romanismo popular, superstição, incredulidade, etc 

Terreno fértil para o sectarismo tosto, para o soli fideísmo e para isolacionismo burguês é o Brasil.

Onde por muito tempo acreditou-se seriamente que ser Cristão era ir a missa aos Domingos e comungar pela Páscoa, recitar algumas orações e observar uma moralidade familiar 'inter' paredes... 

Moralismo/puritanesco, RCC, tridentitoscos, libertinos, legalistas de Calvino, soli fideístas de Lutero, 'liberais econonomicistas', 'positivistas', etc todos por aqui se encontraram na sopa ecumênica, autêntica intente infernal. Onde até nossos Ortodoxos pretendem entrar. Pois bem em nome da tradição nós nos opomos a tudo isso e denunciamos tudo isso.

Esse TFPismo canalha que imitando os trejeitos calvinistas assimilou elementos liberais economicistas, o tridentinoprotestantismo das editoras safadas que publicam obras apologéticas anti protestantes e apoiam uma política inspirada no protestantismo Norte americano (O Bolsonarismo), esse arremedo de pentecostalismo (Chamado RCC) forjado nos EUA com o intuito de diluir a consciência social da igreja romana, esse libertarismo pós modernista e anti litúrgico, essa concepção aberrante em torno de um capitalismo 'romano', etc Tudo isso só serve para evidenciar o lixo que é nosso Cristianismo, digo o Cristianismo brasileiro - Supérfluo, leviano, incoerente, descompromissado, grosseiro, tosco... Como vemos um paraíso de seitas estúpidas.

Alias, verdade seja dita, é o Brasil um paraíso de seitas porque nossos 'Catolicismos' jamais primaram pela qualidade, e por aqui, quem se aprofunda nas coisas e cultiva a Teologia acaba criando fama de fanático. Ler, estudar, investigar, conhecer, saber, compreender, etc tudo isto é tido em conta de loucura nesses 'tristes trópicos'. Jamais oferecemos um 'romanismo' ou algum Catolicismo de qualidade a esse povo. 

Tais os fundamentos deste universo ridículo em que nos movemos.

E no qual o já citado Paulo Cogos descobriu, em 'português' é claro (rsrsrsrsrsrs) um Crisóstomo liberal economicista ou capitalista matriculado na escola de Chicago... (Então em inglês kkkkkkkkkk) De fato aqui se fabrica ou dissemina tudo: Fábulas sobre Voltaire, calúnias sobre Marx e até mesmo Crisóstomos, Ambrósios, Hilários, Basílios, Gregórios; enfim padres da Igreja a rodo...

Resta-nos indagar aos céus porque neste país apoiam os tridentícolas e suas editoras uma política de inspiração protestante quando fingem condenar a heresia ecumênica - Pois assumir princípios, valores, ideais e elementos da cultura protestante é ainda mais grave do que aproximar-se da fé protestante, inda que tal ocorra dissimuladamente... Pois a suprema apostasia consiste nos apostólicos ou romanos (E nos Católicos Ortodoxos) aspirarem viver conforme as modas protestantes i é segundo a visão anti heroica e derrotista de Lutero ou segundo a visão legalista, judaizante e sectária do anti Cristo Calvino, matriz do puritanismo/moralismo.

Após trinta anos de conversão e de reflexão continua dou por certo ser a visão aberrante de Lutero - Até certo ponto derivada de Agostinho. - até certo ponto inocente e indubitavelmente menos degradante que a de Calvino. Em Lutero temos a negação da Lei de Jesus Cristo, certo liberalismo, certo permissivismo; e naturalmente a queda dos ideais... Um Cristianismo prosaico, trivial, comum, neutro, vazio, etc  Já com Calvino temos a Lei de Jesus Cristo ou o Evangelho substituído pela Lei de Moisés, pelo antigo testamento ou pelo que chamam de bíblia, algo muito mais grave, muito mais sério, muito mais danoso e certamente infernal.

O luteranismo sendo agostiniano ou em certa medida paulinista fica sendo Cristão de um Cristianismo deturpado. É escandaloso pela tolerância face ao que é de fato pecaminoso, porém fica ainda no plano do Cristianismo. O Calvinismo não. O Calvinismo vive do antigo testamento (A. Maurois - História da Inglaterra.), é israelita, é judaizante, é sectário e anti Cristão. Por bíblia querem os calvinistas dizer: Lei de javé ou Moisés e não o Evangelho. Não o Decálogo mas a totalidade da Torá, a qual ousam equiparar a mensagem de Cristo numa perspectiva unitária ou linear. Por isso criou o calvinismo um Corão para si, Além de afirmar o sentido desse Corão ao pé da letra, fugindo a alegoria forçada, mas também ao Cristianismo...

Foi a partir do Calvinismo, não do luteranismo, que disseminou-se a crença venenosa num ideário legalista e consequentemente puritano ou moralista. E foi a partir dele que uma moral não Cristã mas hebraica e derivada não apenas de Paulo e sim da própria Torá enquistou-se no seio do Cristianismo Ocidental. Ficando a Idade Média - Muito mais Cristã pelo fato de tender a um sudável liberalismo moral. - a igreja romana ou mesmo a Igreja antiga como um todo pintada como imoral, paganizada, infiel ou apóstata por esses homens a quem chamam reformadores. 

Desde então o Sermão do monte e as Bem aventuranças saíram pela porta dos fundos... Principiando a nova Torá Genebrina - Filha primogênita do farisaísmo e do rabinismo! - a legislar sobre nomes, posturas sexuais, trajes, alimentos, etc De que temos diversos exemplos a obra de Zweig "Uma consciência contra a violência" e nas diversas obras de Pierre Van Paassen, H Van Loon, etc Aqui proibe-se o consumo de massa de coscorões, ali o carteado, mais adiante as danças, os instrumentos musicais, as cantigas, o teatro, etc nada poupando a sanha calvinista. Criou-se ali uma república da virtude elo simples fato de não haver liberdade alguma - Sendo assim qual o mérito ou valor dessa virtude imposta a ferro e fogo por um ditador? Desde quando Jesus impôs ou ensinou impor o bem viver a ferro e fogo???

E no entanto é esta cidadela doente - "O primeiro campo de concentração da História.' o modelo de república bíblica ou protestante, e todos os calvinistas e sectários tem esse hospício de horrores em conta de 'nova Jerusalém' a ser imitada... Mesmo com um Servet queimado a lenha verde, a um J Gruet decapitado, aos Comparet torturados, etc tudo muito bíblico e portanto muito belo... 

De Genebra a Londres, de Londres ao Mayflower e as EUA e de lá dos EUA, onde os planos bíblicos abortaram, ao Brasil com Simonton, Miss Kemper, Misse Brown, etc roteiro muito bem conhecido e traçado por nós. Claro que diante dos pensamento dominante no país, que era democrático ou ultra republicano, afetaram os calvinistas, como de praxe, um falso zelo pela democracia, apenas com o propósito de assalta-la como fazem hoje, desmonta-la por dentro e converte-la numa teocracia semelhante aquela da 'santa' Genebra... É exatamente o que assistimos no Brasil de hoje e a flauta do flautista é o moralismo ou o discursos puritano, tão caro aos imbecis úteis do papado ou da Ortodoxia.

Por que o que desejamos saber é porque modo e maneira os papistas e ortodoxos caíram como patinhos na parlenga protestante, mergulhando de cabeça nesse ecumenismo prático ou dissimulado e compondo essa intente infernal que de modo algum de justifica face a Tradição apostólica.

A resposta, ao menos em parte já foi dada pela sociologia - É das religião, na medida em que entra em colapso e perde sua importância assumir um discurso moralista em detrimento de um discurso metafísico. A metafísica ou a visão dos mistérios e sua consideração é a vida da Religião. A moralidade sua decrepitude e o moralismo sua morte.

Como morte e tumba do Cristianismo que é, é o protestantismo e sobretudo o Calvinismo moralista de um moralismo atrabiliário e tosco tomado ao antigo testamento. Daí suas denuncias disparatadas contra o Cristianismo antigo, que se havia contentado com o Evangelho e se mantido dentro de seus limites, desde então visto como pagão e pecaminoso. Daí a Cruzada moralizante que partiu da Santa Genebra e culminou em Salém com churrasquinho de 'bruxas'... 

Tudo muito compreensível exceto por um aspecto. A receptividade da igreja papa face as acusações protestantes. Claro que numa instituição universal ou gigantesca como a igreja romana haviam aspectos negativos ou mesmo sinistros. Não porém na direção apontada pelos calvinistas i é na direção do antigo testamento ou do judaísmo antigo... Os fatos no entanto apontam para um evento patético - Certificando que as acusações lavradas pela reforma com base no antigo testamento foram acolhidas por boa parte da igreja latina, a ponto dela chorar a fazer mea culpa, algo que somente Freud, com sua teoria da culpa inconsciente poderia explicar.

Desde então houve papista que chegou inclusive a agradecer a divindade pelo advento do protestantismo, alegando que foi este o responsável pela purificação e salvação da Igreja romana. Tal o cúmulo da insanidade. 

De fato o que houve não foi uma contra reforma e sim uma repercussão da falsa reforma protestante na igreja romana e consequentemente a primeira irrupção de puritanismo no seio da Igreja romana.Tal o sucedido em Trento. Assim se a um lado os Jesuítas desempenharam um papel positivo quando assumiram o ensino da doutrina e buscaram aprofundar a consciência Cristã, a outro falharam quando assumiram e impuseram os ideários agostiniano (Eram eles espanhóis!) de Lutero e puritano de Calvino. O que houve em Trendo foi assimilação ou reprodução, jamais negação radical. Curioso é que em menos de meio século (Cerca de 1600) os sagazes Jesuítas acabaram por perceber a merda que haviam feito, assumindo desde então o semi pelagianismo molinista e aquele moralismo laxo tão criticado por Pascal.

No entanto já a merda estava feita e era Trento normativo. Do que resultou um dilúvio de moralismo. O qual de geração em geração disseminou-se pelo corpo da igreja papa... sob a alcunha de contra reforma ou reforma moral. Essa nova moralidade - Tomada ao antigo testamento ou a Paulo. - no entanto implicava numa condenação tácita da medievalidade e seu modo de vida, isto porquanto era o 'éthos' da antiguidade completamente ignorado pelos neo Cristãos pós Reforma, e apenas no século XVIII o protestante Barbeirac, tendo examinado as relíquia do passado remoto, pode levar os antigo padres ao tribunal da bíblia ou do AT, sob a acusação de imoralidade - Face a atmosfera moralista ou puritana de então. O que só serve para demonstrar que a visão dos antigos padres era aberta e menos judaizante. Aos romanos de então, restou dizer que Barbeirac havia falsificado textos, o que é inexato. Pois de modo algum concordavam os antigos padres com a moralidade hebraica tomada ao antigo testamento...

Lamentavelmente, e graças já ao calvinismo, já ao jesuitismo, a palavra bíblia - Inclusive o antigo testamento ou a lei dos judeus - gozava já de maior prestígio do que os antigos padres entre o povo Cristão. Do que resultou uma condenação categórica da medievalidade, a 'correção' dos antigos padres pela bíblia ou pelo AT e o avanço do puritanismo fora do calvinismo ou mesmo do protestantismo, inclusive no seio da Igreja romana, o que acentuou-se a partir dos séculos XVIII e XIX i é na medida em que a Igreja perdia prestígio e poder. No protestantismo o movimento foi do Calvinismo ao anglicanismo, passando pelo luteranismo; e nada pode resistir a essa maré... Mesmo entre os liberais que ousavam critica abertamente a divindade de Cristo, a Encarnação e o Evangelho era comum curvar a cabeça face a avalanche puritana.

A qual como dissemos, entrou pelo corpo da Igreja romana, invadindo aquela comunhão e criando o modelo de isolacionismo burguês, de moralidade familiar ou de missa dominical já descrito por nós no Ensaio anterior. Assim se a igreja romana opunha-se ao protestantismo no plano da doutrina ou da teoria assimilou seu 'éthos' e absorveu sua vida no plano da prática. E foi por esse caminho tortuoso que chegou ao ecumenismo no século XX e a intente infernal em nossos dias.

Foi graças a identidade puritana ou ao programa moralista advindo do calvinismo e adotado, em algum momento posterior pelos papistas, que o culto e a doutrina da igreja romana foram destruídos há coisa de meio século. O ponto de partida foi a moralidade ou o moralismo. Do qual a maior parte da igreja papa ainda não se desprendeu ou desprende mesmo quando afeta combater a doutrina protestante. 

É evidente que partindo de um solidarismo moralista chegarão os papistas a um solidarismo doutrinal face ao protestantismo, atingindo a apostasia. O Vaticano II é consequência e prova do que digo... E no entanto os auto intitulados tradicionalistas - Já assumindo o liberalismo econômico, já apoiando uma política anti democrática, já endossando o puritanismo, etc - renovam os erros de seus ancestrais, tomando o mesmo caminho. Diante disto como deixar de esperar os mesmos efeitos i é, assistir mais uma vez o papismo ser absorvido pelo protestantismo. Pois mesmo os tridenticolas, associando-se ao boslonarismo, dão corda a apostasia...

Apenas o protestantismo por meio do antigo testamento ou da doutrina unitária do Corão Cristão é capaz de canonizar ou santificar a monarquia. Não o papismo como admitiu Leão XIII declarando há mais de século que a fé romana compõem-se perfeitamente com a democracia. Assumido pelos papistas e Ortodoxos o ponto de vista da inspiração unitária ou linear, reverte ele de imediato contra nossa fé, dando ainda mais força a polêmica protestante contra a Trindade, a Imortalidade da alma, as orações pelos mortos, as imagens, etc Valorizar excessivamente o antigo testamento ou coloca-lo em pé de igualdade com o Evangelho equivalerá sempre a fortalecer a apologética protestante, já o dissemos diversas vezes. A conclusão aqui é obvia: A Doutrina revelava ou os mistérios do Cristianismo pagam preço demasiado elevado por essa moralidade humana... Na medida em que as petições moralistas ao Antigo testamento revertem sempre contra os dogmas da fé. Fazendo avançar o processo da apostasia...

Fácil é observar como na campo protestante - No qual o processo é tanto mais antigo e acelerado. - a moralidade ou o moralismo substitui cada vez mais a metafísica na medida em que elimina ou reduz os mistérios de fé. O que acaba por aproximar esse tipo de Cristianismo do islã e do judaísmo uma vez que no Cristianismo antigo ou histórico o conteúdo metafísico é bastante amplo. O que nos obriga a vincular o moralismo de origem protestante ou vetero testamentária a uma perda de identidade, sentido e consciência. É um padrão de Cristianismo que por via do puritanismo aliena-se de si mesmo. 

Diante desse tétrico quadro como admirar-se de que entre nós, sempre por via do protestantismo e agora do bolsonarismo (Que é um braço do protestantismo!) seja o Cristianismo apresentando em termos simplórios de uma cruzada contra o comunismo - Como se o comunismo fosse a única presença ingrata existente nesse nosso mundo... Ignorar o quanto essa visão importada do protestantismo Norte americano empobrece a religiosidade Cristã até a miséria é já um flagelo em si mesmo. 

Pois não se resume o Cristianismo a simples oposição face a cada uma das diversas culturas de morte, a missa dominical, a recepção do Sacramento, a prece ou a qualquer um desses elementos. Compreendido como Ortodoxo ou Católico é o Cristianismo uma realidade imensamente mais ampla, que nos leva a uma total correção da vida, a adoção de princípios e valores comportamentais saudáveis, a uma assunção ética, a assimilação da virtude... E somente essa visão holística ou integral é redentora.

Tolerância zero ao bolsonarismo pelo simples fato de comportar um das mais sórdidas traições a nossa cultura: Clássica, Latina, Católica e Nacional, a qual nada tem de individualista, liberal ou protestante.  


sábado, 7 de agosto de 2021

Os 'católicos' (Apostólicos romanos) TridentiProtestantes - Resposta ao Sr Paulo Cogos

Como Católico Ortodoxo sempre fui e sou favorável não a missa tridentina porém a Missa medieval, de S Pedro ou de S Gregório, filho da tradição, fiel, coerente e portanto adversário de qualquer inovação ou mudança no plano da adoração ou do culto.

Distingua-se - Sempre encarei com franca simpatia o ideário tradicionalista ou lefrevista em torno da adoração tradicional. Porém, quanto os tridentinos em si há muito que cessei de simpatizar com eles, chegando as vias da ojeiriza. 

Pois me parecem semelhantes as árvores estéreis e secas, as quais não produzem frutos bons. Paradoxalmente por via do moralismo ou do puritanismo de matriz calvinista tornaram-se eles estéreis quanto as obras legitimamente Cristãs... E a beleza do ritual, sendo malbaratada, não tem produzido frutos neles.

Leitor de Lefrevre, de George de Nantes e outros tradicionalista, inclusive do velho H Delassus, ao qual, ao menos em parte não faltava razão, assumi a tradição 'in totum', condenando o sifilização em sua totalidade e não apenas pragmática ou fingidamente ou seja quanto ao que me agradasse ou desagradasse. Compus apenas com a democracia ou com o liberalismo político (Que tornou-se exacerbado em mim.) após ter lido Leão XII (Refiro-me a sua 'reprimenda' a Albert de Mun.) e acompanhando-o e, em seguida com o liberalismo religioso ou com o direito dos seres humanos exercerem a liberdade religiosa, isto por força da Tradição, graças a meus estudos quanto a literatura patrística.

Quer dizer isto que com Lefevre e fiel ao pensamento lefreviano ou tradicional jamais assimilei este elemento exógeno e estranho do 'liberalismo econômico', alias parte essencial da cultura moderna e protestante. Isto ao contrário da oportunista e leviana TFP, que serviu de modelo a este tradicionalismo incoerente e enfermiço florescente no Brasil. Venenosa foi tal inspiração... 

Triste saber que entre nos Brasileiros foi o ritual antigo adotado por questões de exterioridade ou ritualismo e não de vida espiritual. Uma vez que a autêntica fé e a religiosidade apostólica não faz negociações... Entre nós no entanto os adeptos da seita, distorcendo por completo os ensinamentos de Leão XIII e da tradição da Igreja como um todo, mancomunaram-se com o liberalismo econômico, assumindo seus postulados anti Cristãos e ocupando-se em criticar apenas o comunismo. Digo, não apenas pouparam como apoiaram ativamente este modelo econômico materialista de origem protestante. O que não foi feito sem graves consequências em termos de proximidade com concepções e métodos protestantes ora importados dos EUA, os quais evidentemente fogem por completo a Ética Cristã e a lei do Evangelho.

É como se para dar combate a Marx ou melhor a Lênin tivessem recorrido a Maquiavel... O que equivale a expulsar Belzebu com Belzebu. Pois não precisamos de mentiras, calúnias ou difamações com que reprochar o comunismo ou quaisquer culturas de morte e quanto damos combate ao comunismo e a quaisquer culturas de morte, devemos faze-los como Cristãos Católicos i é com ética ou honestamente. Sintomático que nossos 'tracidionaleiros' do Brasil tenham reproduzido o que há de pior numa propaganda calvinista que se torna luterana. (Quem for capaz entenda o trocadilho.) - Nossos TFPentelhos trocaram a solida crítica dos Pes Chambre e Calvez por toda essa miséria protestante e sectária. E a geração atual segue pelo mesmo caminho tenebroso.

Afinal a questão da TFP e de todas as seitas que dela procedem era conservar a todo custo o monopólio da terra ou a propriedade improdutiva das famílias ricas e não pugnar pela fé de nossos ancestrais e, menos ainda, assumir a vida Cristã em sua totalidade e profundidade - O que tampouco parece ser pauta dos nossos Tridentícolas de missa dominical.

Por mais que como Ortodoxos defendamos o ritual ou o ofício litúrgico e, entre nós a missa tridentina ou a Missa petrino/gregoriana jamais defenderemos um Catolicismo Ortodoxo (Ou um romanismo.) de missa dominical. Uma coisa é ir a missa aos Domingos quando não haja impedimento sério, outra dizer que tal e suficiente para ser Bom Cristão ou resumir a prática religiosa a ida da família a missa, isso seria bom para o Luteranismo, jamais para o Cristianismo antigo, Católico, Ortodoxo ou tradicional... Tampouco seria Ortodoxia ou Catolicismo (ou sequer papismo) assumir uma moralidade pessoal estrita ou puritana advinda do protestantismo, pois o que teríamos a qui e o que temos aqui é Calvinismo e ainda protestantismo. 

Digo isto, marco e pontuo, porque sob auspícios da cultura protestante e individualista (Muito próxima do liberalismo econômico.) já a partir do século XVIII mas principalmente a partir do século XIX, surgiu no seio da igreja apostólica romana ou entre os apostólicos romanos uma ideia nova e essencialmente falsa segundo a qual bastava ao papista (Insinua-se isto hoje no seio do Catolicismo ortodoxo com grande sucesso.) ir a Missa, sozinho ou em companhia da família, aos Domingos ou mesmo diariamente, rezar, comungar e viver uma moralidade individual no seio de sua família, ou isolado face a comunidade, para ser um excelente Cristão. Tal a gênese do que começa a esboçar-se como Ideologia libera economicista 'católica' (A expressão é absurda, ímpia e herética!). 

No entanto - Afirmo-o como Bacharel em História - remonta esse novo modelo ou ethós 'católico', a reforma protestante (Cujo teor foi, desde o princípio individualista.) jamais a Idade Média e menos ainda a Antiguidade, ao padrão apostólico, ao Evangelho ou mesmo a antiga cultura israelita... períodos e modelos sócio culturais nos quais nada encontramos em termos de isolamento ou individualismo. A começar pelo século XVII, caso recuemos cada vez mais no tempo, vamos deparando com um romanismo cada vez mais social, gregário, solidário, fraterno... Ou com o papista integrado em sua comunidade e em comunhão orgânica com sua comunidade. O que é perceptível no mesmo no Anglo Catolicismo até o século XVIII ou ainda até meados de 1830, tendo sido memorável primeiramente a briga do arcebispo Laud contra as ambições da burguesia calvinista no século XVII e ainda a luta das paróquias e do espírito paroquial face a movimentação de pessoas exigida pelas fábricas até 1830. Isto quando a um modelo em parte contaminado pelo individualismo protestante. Que dizer então de um Portugal ou de uma Espanha nos século XVI, XV, XIV - Nada, nada de liberalismo econômico ou mesmo de isolamento social por parte dos Cristãos e sim de profunda conexão.

Foi dissimuladamente ou por meio da literatura protestante que o ideal sacrílego, anti tradicional e anti medieval do isolamento burguês ou das famílias burguesas em seus 'paraísos artificiais' desconectados da realidade social infiltrou-se na igreja romana - Partindo daí inclusive o modelo de guetos, digo, de bairros luxuosos onde passaram a viver os ricos, distante dos pobres, isoladamente, como que para não ve-los. O que entre nós culminou nas favelas onde os demais batizados morriam de fome sem que os bons Cristãos se preocupassem. Esse ideal egoísta e criminoso de isolamento foi assimilado. Não partiu nem podia ter partido da igreja romana. A partir do século XVIII e principalmente do século XIX (Com um modelo vitoriano posterior a 1830) que consolidou-se a ideia perversa de um Cristianismo de missa dominical i é limitado a algumas horas de reza ou de cerimonial separado da vida Cristã. 

Lamentavelmente os papistas (Como nossos Ortodoxos do tempo presente.) não tardaram a concluir - Com Lutero e Calvino, e os protestantes - que não precisavam ser Cristãos enquanto patrões, mas apenas dentro de seus lares ou apenas nos templos durante as missas... A abominável constatação é que não era necessário ser Cristão com o vizinho, com o funcionário público ou com o empregado. E criou-se uma moralzinha cristã apenas para a família ou os parentes. Quanto segundo a doutrina Cristã pelo batismo somos todos parentes ou irmãos, membros da mesma família e obrigados a fraternidade. Toda essa atmosfera cultural protestante, individualista e liberal destruiu o sentido tradicional da vida Cristã, por sinal, quanto a este quesito, muito próximo do judaísmo e do islamismo. 

Sob influxo da cultura protestante foram os Cristãos, antes de tudo os apostólicos romanos, alienando-se paulatinamente uns dos outros e afastando-se dos ideais vigentes na antiguidade ou na Idade média, estes autenticamente Cristãos e patenteados pela Tradição. Até ousarem os apóstatas, a partir de apelações pífias com base nos socialismos naturalistas ou no comunismo, conceberem um capitalismo 'católico' i é apostólico romano, chegando ao cúmulo da monstruosidade. Tanto pior a situação da Igreja romana por ter ela, em seus documentos oficiais, condenado o comunismo; e descuidar de condenar o 'éthos' capitalista, por já estar condenado pela tradição sob o termo avareza ou por tocar - A condenação, apenas a sua intencionalidade e não a sua estrutura. A partir disto, parte dos apostólicos romanos concluiu, que seu éthos ou intencionalidade é aceitáve; o que não está de acordo com o ensinamento dos padres da Igreja. Seja como for essa omissão ou falta de profundidade favoreceu a manipulação que agora testemunhamos - Quanto a alguns papistas como o sr Paulo Cogos quererem batizar ou Crismar uma doutrina herética e uma prática pecaminosa, já por ser a ideologia liberal economicista materialista e individualista. Ora é o materialismo uma erro filosófico ou metafísico equivalente a heresia e o individualismo ou egoísmo um vício pecaminoso.

Seja como for o citado Cogos chegou ao desplante de indigitar S João Crisóstomo - Do qual possuímos diversos Sermões contra os ricos ou avarentos! - como partidário de uma entidade cultural que originou-se a partir da heresia protestante, incorrendo por isso mesmo em anacronismo. E foi tão anacrônico quanto K. Marx ao transplantar o conceito de classes para a Antiguidade ou a I Média...

Remetemos ao sr Cogos a obra 'Porque a igreja condena os ricos' publicada pela Ed Paulinas nos anos oitenta ou a qualquer Patrologia como a Badenhawer, a Tixeront, a Cayré, a Altaner/Stuiber, a Drobner, etc se é que já folheou alguma dela. Afinal quem escreve estas linhas teve já a oportunidade de folhear a L. E. Du Pin, Lipomanno, Possevino, Tricalet, etc sem jamais deparar com misera linha em torno do liberalismo economico.

E quem diz que os antigos padres tinham conhecimento dessa ideologia bem poderia escrever, com a mesma seriedade, que entendiam os padres de programas de computador ou ainda que usassem aplicativos... 

Sr Cogos, nos bancos da academia aprendi que posso discordar de determinado autor ou mesmo antipatizar com ele porem jamais atribuir a si o que jamais ensinou, pois e deslealdade.

Melhor seria o sr assumir com os neo papistas ou com um neo ortodoxo impugnado por mim, que a tradicao da igreja ou melhor que a Divina Revelacao, e por ext., a autoridade de Jesus Cristo, do Evangelho, da Cristandade, nao toca a producao ou as relacoes economicas. Ficando tudo isto num setor afora ou aparte da Religiao, qual, portanto, regularia a si mesmo. Destarte sua face de positivista (E portanto de heretico.) viria a plena luz do dia. Na medida em que o sr estaria assumindo o principio anti Cristao e anti etico do MNI. 

Nao fundamentalista, sr Cogos, admito a vigencia do MNI quanto as ciencias de fato exatas ou nao humanas e mesmo assim no plano da Teoria. Pois as certas experiencias cientificas que tocam a vida humana ou animal embrenham-se pelo caminho da etica, assim pelo caminho da etica revelada. Deveria portanto o sr comecar demonstrando que a economia sob aspecto algum e uma ciencia humana, o que foi ensaiado ja, em que pese a miseria, por um colosso como Pareto. Por que o sr nao gasta seu precioso tempo desenvolvendo as teses de Pareto ao inves de perde-lo invadindo terreno que nao e seu, como o da Patristica e o da Patrologia. Por isso vou responder-lhe - Como se diz `Na lata` - Sapateiro, nao passe dos sapatos... Outra possibilidade fecunda para o sr e alegar que sua igreja ou qualquer outra igreja apostolica (Nao me venha com seitas protestantes e claro.) ou o Catolicismo Ortodoxo como um todo, jamais pretendeu exercer sua autoridade no campo da economia ou regular as atividades economicas executadas por seus filhos. Advirto-o no entanto que entrando o sr por essa outra via, como Historiador ecelesiastico que sou, vou remete-lo ao Bulario de Jaffe... Compreende???

Liberalismo economico. Que piada sr Cagos, perdao, digo Cogos... Das duas uma> Como pessimo aluno de Socrates ou do Estagirita o sr nao sabe conceituar o que seja liberalismo economico ou jamais leu palha dos Padres da Igreja ou das Enciclicas de seus lideres, os papas... o que seria leviandade de sua parte. Caso essa atividade humana que e a economia nao tocasse a etica e assim a divina revelacao `Rerum novarum` nao passaria de inutilidade... Da mesma forma Pio XI teria gasto toneladas de tinta e resmas de papel em vao. Percebe como o sr apresenta os membros mais ilustres de sua religiao como beocios, por discorrerem amplamente sobre algo que foge a compentencia deles??? 

Por que seus papas nao se contentaram em recomendar aos fieis a leitura de um Ricardo ou de um Bastiat... Por que nao rechearam suas Enclicas com luminosas citacoes de Molinari ou Mises??? Tens a resposta da Igreja nas entrelinhas sr Cagos, digo Cogos... Igreja apostolica alguma, Igreja tradicional alguma, Igreja historica algum pode deixar de revindicar autoridade no plano da Economia ou da etica, por avalia-la como uma atividade humana conectada as outras e nao sob o falso prisma positivista do isolamento. Pelos simples fato que a ciencia e o conhecimento de modo geral nao e produzido de forma compartimentada como imaginam os filhos de Litree.

Torno no entanto ao inicio de minha critica - Sua afirmacao e monstruosamente anacronica. Nem o sr poderia apontar-nos seriamente qualquer modelo social individualista anterior ao protestantismo no entorno do Mediterraneo ou na Asia. O desafio esta lancado e o sr deve ser um excelente historiador, do contrario consiga um bem bom para debater publicamente comigo, pois ja lhe digo que nao sou comunista ou anarquista (O que alias e publico e obvio - Pois sou bem reconhecido como culturalista!).

Desde ja no entanto ensaiarei uma aula gratis - Tendo se manifestado o Verbo Encarnado Jesus Cristo para criticar ou censurar os israelitas e suas crencas ou para demolir o judaismo antigo, ao menos quanto a um ponto esteve nosso Jesus de pleno acordo com eles, i e, com os antigos judeus e precisamente quanto a organizacao social deles que era gregaria, fraternalista ou solidaria. Conhecida e a preocupacao do hebreu para com outro hebreu, o sentido de conexao ou de identidade, enfim a dimensao social da vida... Notorio que esse ideario tenha sido assumido pelo Cristandade e transmitido de geracao em geracao a todas as epocas e idades futuras ate o advento do protestantismo no Norte da Europa, o qual rompe com a autentica tradicao Crista, inventa ou cria um novo modo de ser e produz um outro padrao cultural cada vez mais assumido pela igreja papa e enfim pela ortodoxia, o que alias podemos descrever com uma simples palavra> Apostasia. 

Sr Cagos ou melhor Cogos, a infiltracao do principio espurio do egoismo ou do individualismo na Cidade de Deus ou na Republica Crista a partir da reforma protestante corresponde a Historia de uma apostasia, nem mais nem menos. Pois toda distorcao do ideal Cristao, qualquer abreviacao em torno do sentido Cristao ou ainda qualquer tentiva reducionista em termos de consciencia Crista devera ser definido em termos de apostasia essencial, e o protestantismo e seu comeco ou ponto de partida.

Foi do protestantismo que partiram absolutismo, jansenismo, capitalismo, kantismo (Subjetivismo e relativismo), moralismo puritanismo, etc enfim todas essas poluicoes. Dai o ecumenismo pratico e perverso dos tridenticolas em termos de cultura - Hipocrita, fingido e ainda mais grave que o ecumenismo teorico da TL. Ecumenismo de esquerda e de direita, tudo farinha do mesmo saco e anti papista ou anti Catolico. Ortodoxo ou papista jamais assume idearios, principios, valores, elementos ou projetos protestantes, como bem sabia o Duque de Guise ou Garcia Moreno. O Cristao apostolico jamais apoia uma politica inspirada no americanismo ou um presidemente associado a um bando de pastores parasitas e venais. Aqui nao ha aproximacao, negociacao ou acordo possivel.

Concedo aos romanos e quica a alguns ortodoxos o privilegio da neutralidade, do afastamento, da alienacao. Enfim o direito de nao se intrometer ou de nao opinar. Como ex protestante jamais cessarei, por um instante, de denunciar como falsos os romanos ou os ortodoxos que assumem pautas ou elementos da cultura protestante, uma vez que nos Cristaos temos nossa propria orientacao, nossa pauta e nosso ideario. Ou ja viram os srs misturar a agua com o oleo???




sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Sexta musical - Núbia Lafayette


 

Núbia Lafayette - A voz


Apesar dos protestos e reclamações a Internet trouxe benefícios inegáveis.

Afinal numa terra em que as grandes vozes e os grandes talentos são criminosamente desprezados pela mídia ignoraríamos muita coisa boa não fosse o Youtube...

Salvo os Tinhorões da vida, a cultura musical dos cidadãos comuns como eu seria muito mais pobre sem a mídia digital, indubitavelmente mais democrática e pluralista.

Há sem dúvida bastante lixo. Porém, de par com o lixo há também pepitas e pedras preciosas. 

Assim Claudia Barroso, Elza Laranjeira, Núbia Lafayette, e é claro uma Dalva de Oliveira, uma Clara Nunes e assim por diante. Pois foi este pais brindado pela Providência por um grande número de vozes admiráveis... Embora muito pouco valorizadas.

Aqui, sejamos francos, a falta de seios, bundas, pernas e torsos não há voz... E parece que se canta com o corpo ou mesmo com as 'partes'.

Já o disse, corpo belo é corpo belo. Dádiva da natureza ou acidente, não mérito ou coisa que se conquista. Então, ter um corpo escultural não pode ser visto como sinal de talento.Tampouco a voz é talento, mas o cultivo ou manejo de uma voz.

Talento ou mérito é algo que se conquista por meio da técnica. Por isso deve a voz ser modulada e servir a uma composição harmoniosa. 

Tornemos porém as filhas de Euterpe.

Há questão de alguns dias estava eu a conversar com uma pessoa de alto nível intelectual relacionada com o mundo da música. E como o assunto tocasse a "Sonora matancera" chegamos ou melhor cheguei eu a Núbia, que é uma de minhas cantoras prediletas... Foi quando ouvi, estarrecido, de minha interlocutora, proprietária de um Estúdio de gravação (No qual sequer se toca gospel, pagode, funk e outros lixos.) que jamais - Ela e o marido - haviam ouvido falar em Núbia Lafayette... Diante disto 'gelei', afinal como disse, estamos já em tempos de Internet.

Confesso que não fosse o mundo digital, também eu continuaria a ignorar tão grande diva. Pois jamais havia topado com ela nos meios de comunicação de massas ou nos tais canais abertos de TV.

Por isso vivo a perguntar-me: Que país é esse onde qualquer onde safadões, anitas, popozudas, etc tem livre acesso a 'telinha' enquanto as grandes vozes e talentos são relegados a um quase que total esquecimento?

A verdade pede passagem e manda dizer: País de merda! Tal o país em que vivemos. No qual o ouro é trocado por merda.

Pois o quanto a mídia avarenta e venal oferece aos telespectadores é lavagem e não alimento para alma ou educação musical. 

Omitem-se quanto ao grave dever de educar para a arte. Massificam e em seguida vendem a peso de ouro o lixo que fabricaram; digo todos esses ruídos sem composição exarados por guelas estridentes. 

Revolta-me sobremodo o fato de só ter tido conhecimento desta grande voz com mais de vinte e cinco anos de idade - Por obra e graça dessa mídia prostituída... 

Depende-se da "Vênus platinada" e suas comparsas jamais teria ouvido falar em Núbia ou vindo a ouvir suas canções. Digo o mesmo de Claudia Barroso, Zezé Gonzaga, Elza Laranjeira, etc 

Pais de merda.

Onde o que temos de melhor é posto de lado ou ignorado.

Onde somos alimentados com bolotas embora haja oferta de pão...

Onde somos nutridos com água salobra embora haja vinho em quantidade...

A seleção no entanto é das piores. 

A ponto de parecer que toda gente de mau gosto foi contratada pelas rádios e televisões com o objetivo de torturar os telespectadores.

Afinal são movidos por anúncios, assim pela audiência. Enquanto está é movida por peitos, bundas, torsos, corpos, etc e não por vozes cultivadas.

Tal o segredo de Tostines ou os interesses.

Não é questão de talento ou de bom gosto porém de lucros.

Daí esses meninos e meninas semi nus rebolando nos palcos e gritando. O que em termos de música ou melodia é porqueira.

Ficar saltando, girando, pulando e berrando não é arte musical. 

Por isso temos de tornar a uma Núbia Lafayette e resgatar nossos valores autenticamente musicais e melodiosos. Pois a música, enquanto expressão estética de qualidade, humaniza e educa. 

Já o som dispersa enquanto o ruído ensurdece - O barulho não faz bem e o bem jamais faz barulho!

Mas eles e elas já morreram; e fazem parte do passado...

Não seja vulgar: A arte, a beleza e o talento jamais morrem, são eternos.

Apenas aquilo que é grosseiro morre.

O que é belo transcende as fronteiras do tempo e do espaço e toca todas as almas cultivadas e sensíveis.

Podendo elas apreciar um Sinatra ou uma Houston sem maiores problemas.

As modas sim, concedo, servem apenas para encantar os trouxas e ganhar dinheiro. Por isso passam sem deixar saudades. 

Outro o caso da arte, na plena acepção da palavra - Pois é a arte imortal. Como tudo quanto procede do espírito ou das profundezas da alma.

Morrem homem e mulher.

Perecem o artista e a artista.

Passam o cantor e a cantora.

A arte não morre, não passa e jamais perece. Atravessa as eras e encontra ouvintes aos quais encanta, eletriza e enche de entusiasmo.

Será sempre assim com as obras de uma Dalva de Oliveira. 

As quais - Apesar o pagode, do funk, do gospel e do pauleira. - continuarão a cativar ouvintes ao cabo das eras. Mesmo nas palafitas e barracões, e casebres... Mesmo lá tais vozes e harmonias encontrarão acolhida por parte das almas belas. 

Tornemos portanto a Núbia, a Barroso, a Elza, a Zezé, a Dalva... Deixemos os peitos e bundas que não tardarão a cair sob a pressão do ar, e apegue-mo-nos a beleza, a arte e ao talento; virtudes que imprimem nas almas uma beleza imorredoura. 




quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Se confio... ou que posso fazer pela cultura?





Cercados por fundamentalistas de um lado e por pós modernistas a outro passamos por uma situação dramática.

Uma sensação trágica faz-nos crer que após os anos cinquenta acelerou-se a decadência da cultura, deflagrada ou reforçada pelo Vaticano II. 

Sendo ou não sendo papistas temos nós de reconhecer que do ponto de vista educativo e assim antropológico, gnoseológico e epistemológico, parte da igreja romana anterior ao Vaticano II prestava imenso serviço a cultura, mantendo viva parte de nossa herança greco romana. Servindo de barreira ao pós modernismo, fenômeno complexo sujas raízes tocam ao agostinianismo 'Ortodoxo', ao protestantismo, ao kantismo, ao anarquismo, etc 

Desde o advento da Reforma, do Capitalismo e das demais culturas de morte que afloraram a partir do décimo nono século temos passado por processo análogo aquele que destruiu o Império Romano e que foi vivamente pintado por Ed. Gibbon.

Assistimos a dissolução de uma cultura ou de um projeto civilizatório que remonta a Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus, etc

O qual principiou a ser abortado pela Reforma protestante e em seguida pelo liberalismo econômico. 

No entanto, abortado o projeto civilizatório, conservaram-se por muito tempo, diversos elementos da cultura. Os quais, como apontamos acima, só passaram a ser seriamente atacados a partir do décimo nono século e com maior sucesso ainda após o Vaticano II.

Mesmo porque como dissemos a igreja romana, apesar do veneno agostiniano, desenvolvera, a cabo da Idade Média, todo um modelo educativo fundamentado nas lições de Aristóteles. 

Destarte, se como afirmou Huberman, foi o modo de produção medieval triturado pela peste negra, o modelo educacional foi destruído pela Reforma.

Erra feio o Pe Franca ao apontar Descartes como uma espécie de Lutero da Filosofia quando o Mestre de Lutero foi Ockhan e seu continuador e campeão I. Kant. Agostinho, Ockhan, Lutero e Kant formam como que uma linha de continuidade revelando-nos o trajeto do irracionalismo dissolvente. Cuja expressão mais refinada é Kant. O luterano Kant, determinado a vindicar seu Mestre a partir de uma metafísica anti metafísica!!! Ninguém mais metafísico do que Kant, o homem que pretendeu traçar os limites ou as fronteiras da racionalidade. Sejamos francos amigo leitor, nada naquelas alemanhas kantianas podia estar ou esteve alheio a influência devastadora da Reforma luterana, particularmente no que diz respeito ao pensamento e a cultura clássica, apenas por não fazerem parte da 'bíblia' - Agora vejam só quanta seriedade... Aristóteles é uma besta ou um demônio por ser pagão i é por ter sido grego e não israelita... Tal a perspectiva de Lutero.

Cada qual tem o Lutero que merece. E esse lixo chamado pensamento moderno ou contemporâneo tem seu Lutero em Kant. Quanto a esse outro espectro maligno chamado João Calvino quiçá tenha reencarnado em Nietzsche, Foucault, Derrida, Deleuze, etc  

Já o disse, principiaram a remover-nos a fé para em seguida removerem-nos a metafísica e por fim a ciência. Até que nos deixaram - Eles, os modernistas. - vazios ou sem nada. Substituíram o Cristianismo antigo pelo racionalismo, o racionalismo pelo positivismo e enfim o positivismo por nada, pelo vazio. Agora se os homens não podem resistir ao nada, como poderia ele, o nada, servir de suporte a algo tão complexo quanto a civilização?

Foi a civilização, ao cabo de vinte e cindo séculos, suportada primeiramente por um confiança natural na razão, em seguida pela Revelação Cristã e enfim por um ideal de ciência ou experimentalidade, elementos que chegaram a compor entre si seja no século XV ou no século XVII mas que tombaram, um após o outro, face a destemperada crítica pós modernista, mãe do nihilismo i é do nada... Posto que nada restou de significativo ao homem: Nem fé, nem razão e tampouco ciência; e tudo, absolutamente tudo lhe foi tirado.

A partir do nada nada será construído.

Precisamos portanto retornar ao Ser, a Realidade, a Verdade, ao Conteúdo... 

Só a afirmação do Ser poderá salvar-nos do abismo.

É na afirmação decidida da correspondência entre o Ser e o Aparelho cognitivo humano - Fenômeno a que chamamos Verdade. - que virá nossa redenção.

Não de pretensiosas revoluções cósmicas mas duma simples mudança de pensamento e postura - Do retorno a percepção, do retorno ao raciocínio, do retorno a uma fé esclarecida; enfim do retorno a afirmação segundo a qual o ser humano é capaz. Capaz de perceber, de saber e de crer com segurança.

Pois se não chegamos a qualquer verdade o defeito, não estando nas coisas, está em nós. E os abortos da natureza não são as bananeiras que produzem bananas ou as macieiras que produzem maçãs, mas nós, os seres humanos, os seres frustrados, os seres ineptos...

Não sendo mais os homens Sapeins mas Néscios perderam o sentido de si mesmos. Sendo natural que, a semelhança de Werther aspirem pela morte. Uma humanidade que perdeu seus primeiros amores anda desiludida e a caminho da destruição.

Nem se sustenta ou pode sustentar uma construção da qual se retiram os fundamentos.

Assim a afirmação da racionalidade, a fé apostólica e a confiança na posse da realidade pela percepção.

Agora sem a percepção é este homem cego, sem a razão é este homem surdo e sem a fé esclarecida ficou este homem mutilado ou paralítico. Nada vê, nada ouve e sequer se pode mover... Vivendo como que em estado comatoso, num mundo a parte, composto por sonhos e visões. Renunciando a luz da Verdade internou-se este rebotalho de ser humano na mais tenebrosa caverna, sequer podendo contemplar as sombras descritas pelo 'forasteiro de Atenas'. 

Como esperar que a partir de tais sombras humanas seja a Civilização reconstruída, não a partir de novos elementos, mas dos elementos antigos?

Precisamos, tu - Amigo leitor - e eu, retirar tais sombras da caverna e trazer-las a luz do dia. Precisamos tu - Amigo leitor - e eu despertar tais homens e mulheres. Precisamos tu - Amigo leitor - e eu, educar essas massas erradias.

Coloca-te ou busca situar-te no ocaso do Império Romano e contemplar o fim daquela Civilização.

Trágico seria para mim e para ti. Ainda que Roma o tenha merecido. 

Ademais pouco o nada poderíamos fazer. Posto que não havia Psicologia, Sociologia, Pedagogia, meios de comunicação, internet...

Ignoravam supinamente os últimos cidadãos romanos que fossem os últimos cidadãos romanos.

Pois não podiam prever com segurança o que se sucederia, e ignoravam supinamente o que estava acontecendo.

Alguns de nós no entanto estão ainda fora da Caverna. 

Podendo compreender perfeitamente o que se esta passando.

Que são esses bíblicos, esses sunitas e mesmo essas hostes de pós modernistas 'alimentadas' pelo relativismo ou mesmo pelo ceticismo senão as velhas hordas de bárbaros saídas da floresta herciniana?

Estamos assistindo os estertores de um projeto cultural abortado de quatro séculos ou mais. 

Estamos assistindo a aniquilação de nossa herança humanista clássica.

Estamos assistindo o último combate entre Sócrates e o Areópago, entre Jesus e o Sinédrio, entre Crisóstomo e Arcádio!

Mas que posso fazer eu? - Perguntas tu.

Absorvido como estou pelas lutas do quotidiano. Lutas que giram em torno da manutenção ou da sobrevivência...

Bem. Todas as coisas devem começar humildemente.

Temos nesta Folha um roteiro ou projeto cultural destinado a resistir, criticando os fundamentos da modernidade insana.

Quem sabe não podemos tu e eu, eu e tu, trabalhar juntos para conservar o quanto resta da Civilização...

Mas como se trabalho para viver?

Ah Já sei, está o editor a pedir contribuição em dinheiro... Querendo lucrar em cima da situação.

Primeiro dramatiza e depois pede dinheiro...

NÃO - AQUI NÃO SE PEDE DINHEIRO.

Não temos Empreja, não somos pastores, não queremos sua bolsa e menos ainda aspiramos viver de dízimo, como aproveitador ou parasita.

O quanto queremos é sua atenção e solidariedade.

Seria demais pedir seu apoio moral?

Então o quanto queremos é que se associe a nós nessa batalha pela cultura.

O que cada um de vocês bem pode fazer divulgando esta Folha, compartilhando os conteúdos (Com os créditos é claro!) e conseguindo mais apoiantes. Tudo quando pedimos a cada um de vocês é que divulguem nosso humilde trabalho.

Portando se lê os Ensaios contidos neste Blog e considera-os relevantes introduza-os nos lares de seus parentes, amigos e conhecidos que se interessam pelo problema da cultura.

Tal o favor que te pedimos. Favor que prestará a civilização.

Afinal por meio desta Folha poderás combater tu ao lado de Confúcio, Buda, Sócrates, Platão, Aristóteles, Jesus Cristo, Epicteto, Quintiliano... e cumprir com teu dever.

"Nada do quando seja humano é indiferente a mim." 

 



Quinta erudita - Conferências Juan March "Ésquilo" pelo Dr C G Gual

Carlos García Gual - "Ésquilo"


É para nós motivo de honra e alegria apresentar ao público erudito brasileiro que domina o idioma de Cervantes as elaboradas pela "Fundacíon Juan March".

Quanto aos que versados são no idioma de Dante disponibilizaremos as Conferências, igualmente eruditas, da "Fondazione Claudio Venanzi".

Quanto ao inglês e francês disponibilizaremos algum material esporádico produzido em Oxford ou pelo Museu do Louvre. Quanto aos Museus também editaremos lições publicadas pelos Museus do Prado, do Vaticano e de Londres. Por razões óbvias não temos acesso a materiais provenientes do Museu de Berlim ou de quaisquer instituições alemãs ou austríacas.

Temos ainda material do INAH (México) e de diversas universidades do Peru, da Colômbia.

O material proveniente dos EUA N ainda está sendo por nós analisado com o objetivo de verificar o que é aproveitável.

Foi aventada por alguns amigos e leitores a possibilidade de que, como de praxe, oferecêssemos uma resenha traduzida. É algo a ser considerado, uma vez que todo esse material é comumente utilizado por nós em nossas conferências, palestras, aulas, cursos, etc

A princípio porém não o faremos.

Pois é da nossa Filosofia, proporcionar também, algum esforço.

Afinal não queremos que quem quer quer seja deixe de assistir e de tentar compreender as conferências por servir-se de resenhas ou resumos.

Em geral a temática gira em torno da Filosofia, da Ética, da Pedagogia, da História (Primitiva, Antiga Oriental, Antiga Clássica, Medieval e Moderna.), das Artes (Especialmente do Teatro), etc - Ou seja das Humanidades.

Fazemos votos de que nossos leitores habituais - Gente de qualidade e que busca afirmar-se face aos vícios do tempo, desfrutem intensamente de nossa oferta. 





quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Quarta teatral - O que aconteceu com Baby Jane?



Dando ouvidos ao rifão popular resolvemos abrir esta sessão do Blog com chave de outro.

Sendo assim que poderíamos ter escolhido além deste clássico do terror psicológico protagonizado por Joan Crawford e Bette Davis?

Ocioso dizer que, a semelhança de diversas outras produções consagradas - E o Vento levou, Rebecca; a mulher inesquecível, Sybil, etc também aqui temos um livro como ponto de partida...

No entanto como não li o livro não posso ajuizar a respeito.

Sabido é que, via de regra, o livro supera o filme. 

Todavia como 'Cada regra possui alguma exceção.' quiçá topemos aqui com a exceção.

Quem quiser leia o livro, assista o filme e registre sua experiência. É o que pretendo fazer, porém apenas após ter lido Dostoievski, Machado e Azevedo. Antes não.

Tendo ou não tendo lido o livro estamos diante duma obra de qualidade. Pelo simples calibre as estrelas.

Baby Jane por sinal tem uma História quase épica. Em torno da rivalidade existente entre ambas a protagonistas. Rivalidade muito frequentemente aquecida pela mídia.

E bastante conhecida é a anedota a respeito de Davis, quando lhe perguntaram sobre a morte da concorrente, acontecida em 1977:

Quem tem a dizer Mr Davis? "Como não se deve falar mal dos mortos digo: Quem bom que Joan Crawford está morta!"

Fato é que a princípio Crawford e Davis - As quais disputavam Estúdios, Papéis principais, Oscars e homens. - jamais haviam pensando em trabalhar juntas.

O tempo ou melhor a idade tratou de junta-las na década de 60. Afinal tendo ambas brilhado nos anos 30 e 40 passaram a enfrentar sérias dificuldades a partir dos anos 50.

Afinal não é novidade para quem quer quer seja que a semelhança da nossa TV Globo, Hollywood sempre foi implacável com as atrizes e atores maduros; pelo simples fato de privilegiar corpos bem torneados, peitos, pernas e bundas, ao invés de privilegiar o talento. 

De fato poucos atores e atrizes conseguem ser escalados com regularidade a partir dos cinquenta. 

E, entre nós, Elza Gomes, Zilka Salaberry, Nicete Bruno, Eva Todor, Nathalia Timberg, Irene Ravache, Laura Cardoso, Fernanda Montenegro, Oswaldo Louzada, Paulo Autran, Juca de Oliveira, Paulo Migliaccio, Sebastião Vasconcelos, Emiliano Queiroz, Umberto Magnani e Lima Duarte foram meras exceções.

Até onde nos é dado saber, mesmo uma estrela de primeira grandeza como Walmor Chagas, teve de enfrentar o ostracismo.

Em Hollywood as coisas costumam ser ainda piores. 

Tanto mais velho você é e tanto mais decaído é seu corpo tanto menos chances você terá...

A ponto de podermos falar em gerontofobia ou em preconceito contra a pessoa idosa.

Quanto a atores idosos recordo-me apenas de Boris Karloff, embora não tenha certeza de que estivesse vinculado a Hollywood em seus últimos anos. Claro que Olivier e Gielgud não passaram de exceções. Quanto as mulheres apenas atrizes de primeira grandeza, do porte de uma Imelda Staunton ou de uma Fionulla Flanagan escapam a essa 'Lei de ferro'. 

Também Davis e Crawford tentaram escapar a regra, alias de maneira ousada e inteligente.

Salvo engano meu a iniciativa partiu de Joan, após ter lido a obra homônima a que nos referimos - "O que aconteceu a Baby Jane." de Henry Farrell.

Intuitivamente viu-se Joan na pele de Blanche e sua grande rival na pele de Jane.

De fato as duas grandes atrizes como que encarnavam os dois personagens.

Conclusão: A identificação entre os personagens e as atrizes, bem como o projeto, não teve maiores dificuldades para encontrar Estúdio e diretor. E aquela parceria era como que uma receita para o sucesso.

Todavia, reza o fabulário Hollywoodiano que a convivência entre as velhas rivais não foi nada fácil, chegando elas a reproduzir inclusive a rivalidade Pepsi - Coca... Para além disto consta ter Davis surrado Crawford 'Sem querer' numa das cenas de agressão... E Crawford adicionado pesos de areia em seu vestido de modo a que Davis encontrasse mais dificuldade para arrasta-la noutra cena.

Apesar disto - E felizmente; para nós! - chegou Baby Jane a bom termo e, como previsto fora, converteu-se de pronto num êxito. 

A ponto da impecável "Baby" i é Davis, ter sido indicada para o Oscar. O que exasperou Crawford, pelo simples fato do projeto ter partido dela...

O que mais uma vez deu plano para manga. Posto que tentou Crawford sabotar Davis... 

Levando ou não o Oscar daquele ano, a interpretação de Davis tornou-se emblemática. 

Sendo nossos elogios supérfluos.

Também Crawford, mesmo sem ter sido indicada, deu um banho...

Poucos são os filmes, que a exemplo de 'Baby Jane' conseguem criar um clima tão denso de 'terror psicológico'. É produção a respeito da qual se pode dizer que o sobrenatural não faz falta. Pois sabe reproduzir o autêntico terror, presente apenas na vida vivida ou entre os vivos.

Para além disso contém esta obra uma grande lição de Ética. Que só será revelada nas últimas cenas...

É filme que nos ensina a pesar bem cada uma de nossas decisões. Refletindo sobre os efeitos que podem provocar nos outros, antes de retornarem a nós mesmos, implacavelmente - A semelhança de um boomerang.

De fato o que temos em conta de pouco importante para nós mesmos sempre poderá ser impactante na vida do outro.

Resta dizer que a parceria entre as duas rivais foi produtiva a ponto de terem tido a oportunidade de repeti-la. O que certamente teria resultado em outro êxito...

Lamentavelmente não souberam as divas lidar com seus 'senões' e aproveita-la como deveriam. Indo a tentativa ao vinagre... Para azar dos fãs. 

O que evoca uma das falas mais conhecidas do filme: "Então poderíamos nós ter sido amigas durante todo esse tempo?"

Talvez, caso Joan e Davis tivessem acertado os ponteiros, jamais chegassem a uma amizade sincera. Creio porém que chegariam a gravar uma série deliciosa de filmes... E, consequentemente, a avançar ainda mais na fama bem como na fortuna. 

Para o azar de ambas acabaram, uma e outra, reproduzindo a arte na vida e representando Blanché e Jane até o fim de seus dias...

Ficou 'O que aconteceu a Baby Jane'. Trate portanto de assistir e de re assistir.

Tenho certeza de que apreciará. 















terça-feira, 3 de agosto de 2021

Massas informes e democracia reclusa.

Uma coisa inoravam todos os gregos e outra os que era alheios aos ensinamentos de Sócrates.

O que todos os gregos ignoravam é que a cultura democrática deve transcender ou ultrapassar a estrutura política.

Já os não socráticos ignoravam que a vida democrática demanda preparo, tanto em termos meramente técnicos quando em termos de ética.

Passados vinte e cinco séculos, mesmo após o advento da Ciência política, da Psicologia, da Sociologia, etc continuamos a brincar, ignorando as exigência da vida democrática.

Pois caso conhecêssemos a fundo as necessidades da vida democrática, em termos de espírito ou cultura, não cessaríamos de deplorar a ação das instituições econômicas no plano da política.

A bem da verdade quem transcendeu, alastrou-se, criou espírito e plasmou cultura não foi a democracia ou o liberalismo político mas o liberalismo econômico ou o capitalismo.

Perceptível a raiz de nossos problemas: O espírito econômico suplantou o espírito político. Isto para não falarmos nas dimensões ética e estética do existir.

Enquanto o humano ou ético, por meio do político, deveria animar todas as esferas da atividade humana, passou o político a ser drenado pelo econômico e é a este padrão social que damos o nome de economicista. 

Basta dizer que esta invasão econômica subverteu o plano socrático cristão ou humanista desde seus fundamentos e comprometeu até certo ponto a própria instituição da democracia.

Quem deveria estar bem controlado ou contido era o poder econômico, não a democracia, a qual sendo espírito tem necessidades vitais.

Conceber uma democracia dócil ou bem comportada face as aspirações ambiciosas do Mercado é conceber um democracia contida, limitada, formal, estrutural e morta ou posta para a morte.

Precisa a democracia ser espírito, vida e cultura; impondo-se enquanto forma a todas as demais esferas da existência. É ela, a democracia, que deve transcender seus próprios limites e não o princípio do lucro, do capital, do dinheiro ou do que mais for. Pois é através dela, i é, da política e da política democrática que a Ética transformará todas as coisas, engendrando um mundo melhor.

Quando digo que precisa a democracia ser espírito, vida e cultura estou dizendo com Léo Moulin, que a democracia precisa ser resgatada no seio da instituição Cristã ou das Igrejas Apostólicas, seja nos mosteiros e ordens religiosas, seja nas Dioceses por meio dos Sínodos e mesmo na Igreja Católica Ortodoxa como um todo por meio do Concílio geral - Sem que, ao menos no plano da disciplina ou dos costumes não haja lugar ao poder arbitrário. Mesmo quando a obediência monacal é absolutamente necessário vincula-la a objetivos éticos bastante claros de modo a que jamais de espaço a dominação caprichosa. Todo poder arbitrário, a exceção do poder religioso ou credal dos Bispos dentro dos limites (Dogmáticos) da tradição, deve ser abolido com oposto ao espírito do Evangelho. 

Por isso devemos lembrar que o sucessor de Judas traidor foi sorteado e não escolhido por um poder arbitrário, embora Matias bem pudesse ter sido eleito pelos doze. Quero lembrar mais uma vez o saudável modelo oriental ainda hoje fiel ao sorteio. E o legítimo modelo monacal, firmado em torno do sufrágio e portanto da autêntica vida democrática. Tudo isto em oposição ao corrupto sistema latino da escolha pelo papa. 

Deploro que diversos patriarcados Ortodoxos tenham assimilado esse modelo bizarro, monstruoso e oposto a tradição quando sabemos que no tempo dos apóstolos, mártires e padres vigorava sempre a eleição, seja democrática ou aristocrática, e jamais a escolha arbitrária. Isto porque onde há espírito há liberdade e assim instituições democráticas.

Aos ortodoxos cumpre não apenas permanecer alheios ao modelo latino imposto pelo papa romano como tentar, na medida do possível, restaurar o modelo tradicional e democrático da eleição ou do sorteio, impedindo o exercício da vontade arbitrária. Isto de modo a Religião verdadeira dar suporte ao modelo politico democrático. Jamais a modelos autoritários. Afinal se por via da sucessão apostólica gozam os Bispos - Exclusivamente no plano da fé ou do Dogma - de autoridade divina, autoridade política alguma pode revindicar para sí tal privilégio (Da sucessão apostólica.), ficando sendo ela o que sempre é: Um modelo de organização puramente humano. Saudável é repetir que o Papa Leão XIII, após ter examinado profundamente o assunto, declarou, em oposição a heresia ou superstição integralista, que inexiste qualquer política sagrada ou divina.

Pelo contrário jamais houve política mais desavergonhada, ímpia, oportunista e canalha, do Oriente ao Ocidente, seja no plano do Budismo ou do Cristianismo. Pois após terem ambas as religiões, devido a seus postulados Éticos, ameaçados os grandes impérios de Roma e da China, assim os potentados do Japão e suscitado a princípio intensa oposição até a perseguição - Com grande perigo para tais sociedades e impérios...  Perceberam os imperadores, reis e potentados seculares que a melhor maneira de dobrar a religião consistia em 'apoia-la' ou em patrocina-la oficialmente. De fato não houve nem há melhor maneira de cooptar Bonzos, Bicus, Bispos, Padres e Monges do que convertendo-os em funcionários públicos, pagando-lhes estipêndio e sobretudo edificando templos, mosteiros e monumentos religiosos. Foi assim que no Oriente foi o Budismo levado a apostasia ética em torno de seus princípios, e isto a ponto de assumir os falsos princípios do Taoismo e do Xintô. 

Outro não foi o impacto exercido sobre o modelo Cristão após a Era dos grandes padres ou do século V, embora os déspotas só tenham consolidado seu poder após o século XII, momento em que começam a apresentar-se a si mesmos como apóstolos, como seres escolhidos por Deus ou como representantes de Cristo, mesmo quando o Evangelho nos adverte: A Deus o que é de Deus e a César o que é de César... Os potentados seculares no entanto sempre cobiçaram a glória divina.

Quanto a Igreja Histórica, grande, antiga, apostólica, Católica e Ortodoxa; cumpre repudiar a tal modelo e retomar aquela saudável liberdade que lhe permite julgar os atos de quaisquer sociedades ou estados políticos, condenando inexoravelmente toda e qualquer ação injusta. 

Não deve, qualquer Estado, nutrir ambição de comandar a Igreja de Cristo ou de imagina-la como repartição sua. Nem deve a Igreja aspirar pelo controle direto do Estado, ocupando as estruturas políticas. Cabe a Igreja exercer o comando ético do mundo através da ação livre e consciente de seus adeptos. O governo do Cristianismo será sempre um governo ético formativo, jamais um governo político ou uma teocracia. Apenas os sectários sonham com uma teocracia nos moldes do judaísmo antigo. Nós sonhamos com o primado da Ética.

Também a Escola, como declarou Dewey, deve orientar-se pelo espírito democrático. Do que temos exemplo luminoso na escolinha do Dr Korzac, onde praticamente tudo era deliberado pelo alunado. Mesmo os postos de comando ou a equipe gestora deveria ser - Como pleiteou Paulo Freire. - escolhida pela comunidade escolar a partir de pessoas diplomadas ou aprovadas em concurso. Absurda a prática do dirigente escolar, assim dos diretores, e coordenadores, e orientadores serem escolhidos a dedo pelo secretário da educação. Nada mais avesso ao espírito democrático que deveria reinar em tal instituição.

Manter tal tipo de 'organização' implica, como significa, desconfiar do modelo democrático. 

Não estou aqui, por via alguma, defendendo que quaisquer pessoas possam ser escolhidas para serem dirigentes, diretores, etc mas pleiteando que a comunidade possa escolher entre as diversas pessoas que estejam preparadas ou que tenham sido previamente realizado concurso. 

Enquanto não instauramos um tal modelo julgo que a solução seja fazer com que os Conselhos escolares cessem de ser meramente decorativos passando de fato a funcionar como instância decisória capaz de confrontar a Equipe gestoras. No entanto a alegação em torno da inoperância dos Conselhos é sempre a mesma: O ofício não nos dá tempo suficiente para levar o Conselho a sério, pelo que limitam-se os professores, na maioria das vezes a referendar - Mesmo sem ler. - os decretos arbitrários de um diretor que atua quase sempre como senhor feudal. De fato o conselho de Escola é uma instância democrática que serve de exemplo sobre o poder esvaziador da instância econômica, mesmo quando atue esta 'inocente' ou indiretamente. 

Claro que após termos mencionado a Igreja e a Escola como nichos democráticos esvaziados por outros poderes tínhamos de fazer volta ao parafuso e questionar o porque do organismo invasor, que é atualmente econômico, não poderia ser - Até certa medida. - ele mesmo democraticamente manejado. De fato o exame das estruturas econômicas refratárias ao espírito democrático, foi iniciado há mais de um século. Alias a expressão democrática no seio do setor econômico já existe, sendo representada pelo modelo cooperativista. Quanto a um modelo mais amplo, que envolva o consumidor (A par das cooperativas.) e tenha em vista a discussão em torno dos preços e salários (Assim do lucro dos associados.) existem algumas sugestões fornecidas por Adler, M Deat, Blum, etc se bem que esparsas. Claro que elas jamais foram objeto de uma atenção mais séria... Pelo simples fato de que o Mercado não suposta tais injunções em terreno que julga ser seu.

A simples ideia de que haja uma inversão em torno das influências econômica e política, basta para exasperar os adeptos da máxima liberdade e do lucro máximo, enquanto capachos de industriais e banqueiros. Para eles semelhantes injunções externas seriam sempre danosas. 

No entanto a presença de elementos democráticos nos setores econômico, educacional e eclesial tenderiam a reforçar ainda mais e a consolidar a presença democrática no setor do político, pelo simples fato de estabelecer relações solidárias no plano da cultura. 

Outro aspecto que, a luz do realismo socrático, tornam utópico tal tipo de articulação é a necessidade de que os cidadãos - Tendo de pensar e praticar a democracia nuns cinco ou seis nichos: Econômico, Político, Eclesiástico, Educacional e é claro (Será objeto de um Ensaio a parte.) Midiático. - tivessem de converter-se em objetos de um intenso projeto formativo/educativo. Pois a pergunta que assoma em nossas mentes é: Como dilatar o espírito democrático em tantas frentes quando mal conseguimos afirma-lo no terreno que é seu i é no terreno do político?

Reconheço o problema e lanço mais um questionamento: Até quando seremos levianos, cessando de brincar com o que afetamos ser importante? Afinal não somos capaz de planejar - Com a devida seriedade. - uma vida ou uma cultura democrática! Até quando viveremos de aparências ou sob o grave risco de acordar num califado islâmico ou na Genebra de Calvino, enfim sob o jugo de uma ditadura qualquer com seu cortejo de atrocidades sem fim??? 

Posto esta, e claro foi aos olhos de Arendt, que não podemos realizar tal projeto cultural porque nossas atividades foram absorvidas por completo pelo poder econômico. Afinal tendo em vista o acúmulo de grandes fortunas é necessário que parte significativa dos cidadãos dedique a maior parte do tempo ao trabalho ou a produção econômica. Para dedicarem-se mais a outros setores da existência - Atribuindo-lhes mais qualidade. - precisariam os operários tomar posse daquele 'Ócio' precioso assente nas obras de Lafargue e Russell, o que não seria muito bem visto pelos patrões. Teríamos de começar diminuindo a carga horária dos trabalhadores sem prejuízo dos salários para que se pudessem formar ou educar. Estão os bondosos patrões dispostos a arcar com tão honroso sacrifício em favor da cultura democrática??? Face ao lucro estão eles peidando para nossas instituições democráticas. Face aos clamores 'abusivos' de uma cultura democrática preferiria a maior parte deles viver sob o mais tirânica das ditaduras a abrir mão da mínima parte de seus lucros. Não temos portanto um espírito democrático e sim um espírito avarento ou plutocrático. 

Enquanto tal prevalecer teremos, com grande risco para si mesma, uma democracia meramente reclusa.