quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Umma: Um projeto em construção e a vulnerabilidade das Sociedades Ocidentais

Se você considera isto comum ou normal recomendo que procure sem demora por um analista!


Sobre a democracia no mundo islâmico escrevemos já há algum tempo:

""A política externa dos EUA sempre foi problemática e turbulenta.

Eles acreditam ou afetam crer ser possível introduzir a forma democrática nos países islâmicos, em que pese o espírito anti democrático do islã.

Precisam contar com governos frágeis e subservientes, como o nosso por exemplo (PMDB/PSDB) para poder roubar petróleo e pilhar os recursos naturais.

Democracias puramente formais e recentes constituídas por políticos demagogos são um prato cheio para eles. Governos fortes e ditatoriais de vária inspiração impedem-nos de pilhar.

Penso que os EUA jamais levaram a sério o espírito democrático (como na Grécia antiga ou na França revolucionária 1789) ou od direitos humanos; eles apenas usam tudo isto como justificativa para depor governos fortes e enfraquecer as nações que aspiram explorar economicamente.

Para mim que creio piamente nas instituições democráticas ou policráticas é uma tragédia assistir a essa profanação...

Pior de tudo é que no Oriente as coisas não funcionam assim uma vez que são os governos ditatoriais militares e civis que contém as pretensões e o poder dos líderes religiosos radicais e das massas manipuladas por eles.

No Oriente médio a degeneração das democracias em teocracias é clássica pois as massas são dominadas pelos xeques e ulemás. 

Enquanto o islã manter domínio sobre as massas e suas pretensões teocráticas no sentido de impôr a sharia, as ditaduras e regimes totalitários serão um mal menor por lá. Isto porque regime algum ser mais despótico do que a teocracia, seja judaica, cristã ou islâmica.

A boa prudência deveria levar os EUA a absterem-se de interferir numa situação tão complexa, a cada intervenção externa o problema se agrava. Foi esse estado de coisas que criou um nicho político de que surgiu primeiro o TALIBAN e agora o ISIS, os quais precisam ser destruídos e aniquilados. 

Fortalecer os grupos terroristas (derrubando o ditador Assad por exemplo como quer a Hilaria Clinton) implica piorar ainda mais as coisas. os EUA conjuraram o monstro do califado, a Rússia esta tentando fazer alguma coisa. Penso que os EUA deveriam por a arrogância de lado e apoiar a Rússia contra o ISIS (e deixar o Assad em paz) ou abster-se de interferir.

Cada vez que os EUA atuam naquela região equivale a mexer em merda e as coisas acabam fedendo ainda mais; afinal como Ocidentais estúpidos eles só teem os olhos voltados para o econômico. No entanto o conteúdo dominante nas Sociedades orientais ainda é o elemento religioso e no caso o islã com a doutrina da jihad e da santificação da violência."


Qual o 'pôrque' disto?

No contesto de um formalismo democrático imaginamos que basta interferir militar ou belicosamente na dinâmica de uma Sociedade qualquer para por exemplo torna-la democrática.

É o pensamento ou a atitude dos EUA e faz lembrar o misticismo revolucionário dos anarquistas e comunistas com suas sedições miraculosas de que brotarão novos modelos sociais.

Mas não brotam. Nem as Revoluções de improviso nem as invasões intervencionistas produzem um espírito democrático ou socialista.

O espírito á alimentado pela dinâmica da cultura como salientaram Bouglé, Deat, Dawson, Mauss, Sombart, Merejé, Weber, e outros estudiosos. Mormente pela religião (Dawson e Toynbee) ou pelo sentido da ética.

A Grécia possui um genuíno espírito democrático ou policrático que podemos definir como 'amor a liberdade' e um amor que leva o cidadão a viver dela e a morrer por ela. A França de 89 talvez tenha feio ressurgir tal espírito por algum tempo... No entanto de modo geral nossas democracias meramente formais, i é fundamentadas em leis, decretos, poder externo de coerção, etc, via de regra não possuem tal espírito de modo que a liberdade e os direitos pouco ou nada significam para a maior parte dos cidadãos. Por isso que toleramos facilmente qualquer golpe de direta ou de esquerda e que nossas sociedades revertem a modelos totalitários como o fascismo, o nazismo ou o comunismo, padrões que no momento presente fazem já suas safras...

Nossa democracia materialista é meramente estrutural. Coisa de fachada ou de aparência como um choça de palha ou madeira... vem um tufão e arrebenta com tudo.

Ora uma das características do espírito democrático é justamente separar a política da religião ou o Estado da fé remetendo esta ao universo das coisas privadas ou pessoais e tudo quando seja público a esfera daquela. Implica que o poder do estado, grupo social ou sociedade não mais se estende a esfera das coisas privadas, e que a religião, seja ela qualquer, não possa mais valer-se do gládio ou poder secular com o objetivo de violar as consciências obrigando os cidadãos a crerem de determinada maneira. O estado torna-se laico e a crença torna-se livre. Desde então os diversos credos concorrentes devem recorrer exclusivamente a meios pacíficos ou a persuasão, jamais a ameaças de caráter físico.

Após o surgimento da reforma protestante, a fragmentação da Cristandade Ocidental num amontoado de seitas teve de encaminhar os diversos grupos sociais para esta solução. Foi o caso dos EUA em 1776, as diversas seitas protestantes que aspiravam pelo poder estavam já esgotadas de tanto lutar por ele ao cabo de século e meio, pelo que foi conveniente a todas e a cada uma delas abdicar do controle sobre o Estado e da coerção doutrinal afirmando uma Sociedade laica. O principal problema aqui é que isto não foi feito por amor ou de boa vontade, mas por mero cálculo político ou necessidade externa.

Os cidadãos do Belt Bible por exemplo jamais aceitaram o laicismo, tendo-o em conta de ateísmo. Outros aceitaram-no por falta de qualquer outra opção possível porém jamais interiorizaram o princípio do laicismo. Seja como for ao cabo de mais de dois século o laicismo ou o espírito laicista conseguiu criar um nicho cultural nos EUA.

E a própria passagem do Evangelho: "Daí a Deus o que é de Deus e de César o que é de César.", a qual reputo por genial e revolucionária, não deve ter concorrido pouco para isto.

Lamentavelmente não damos com qualquer tipo de expressão análoga na Tanak ou Torá, onde estado e religião misturam-se e formam uma Unidade, e menos ainda no Corão.

Para a consciência semítica e seu modelo social rudimentar e primitivo tal distinção, corrente nas entrelinhas do pensamento grego e formalmente presente no Evangelho Cristão, jamais se colocou ou foi levada a sério. Pelo que parte dos fundamentalistas protestantes - cujo olhar esta mais voltado para o antigo testamento do que para o Evangelho - e a totalidade dos muçulmanos piedosos continuam a encarar semelhante estado de coisas como anti natural, provisório e ateístico.

Tanto no Bel Bible como no Oriente médio multidões de cristãos bíblico judaizantes e de militantes islâmicos continuam sonhando com a implantação ou manutenção de um Estado que sirva de instrumento a propósitos de natureza religiosa ou credal, no sentido de manter a uniformidade religiosa por meio da força e oprimir as minorias dissidentes.

O problema esta relacionado com as fontes religiosas que alimentam a cultura e não percebo qualquer solução possível além da superação daquele modelo religioso ultrapassado e primitivo.

Problema é que enquanto isto não acontece e tais credos vão conquistando mais e mais adeptos entre nós seja na Europa, nos EUA ou no Brasil a situação da democracia e do laicismo, e da tolerância vai se tornando mais precária. Isto num cenário que como vimos já carece de autêntico espírito democrático e em que as instituições democráticas repousam todas sobre as bases frágeis de um formalismo legalista.

Diante disto lhes pergunto: Por que nossas democracias não sabem lidar habilmente com o problema dos fundamentalismos religiosos???

Primeiramente porque nossas democracias foram em grande parte implantadas por homens irreligiosos e por eles mantidas. Ora o grande defeito do homem irreligioso é ser levado a acreditar que a religião não produz cultura ou que não influência poderosamente as pessoas. Lamentavelmente a incredulidade tem levado muitos teóricos a minimizar o poder a força do elemento religioso, cujo caráter folgam ignorar supinamente.

No entanto da mesma maneira como ausência de útero não leva o ginecologista do sexo masculino a negar o papel deste órgão no que concerne a reprodução e gestação humanas, a ausência de fé não nos deve levar a crer que a religiosidade seja menos hábil do que a produção econômica para produzir, afirmar e transformar a cultura.

E o Oriente ainda não plenamente conquistado pelo capitalismo é prova disto.

O ódio e a descrença não nos devem cegar ou iludir quanto o papel das crenças religiosas no plano social.

Durante os dois séculos de materialismo e positivismo a maior parte dos sociólogos e cientistas políticos foi indiferente a este fator, acreditando que a humanidade evoluiria linearmente e jamais tornaria ao padrão ultrapassado da dominação religiosa ou da teocracia. Uma ascensão do islamismo ou uma intifada pentecostal jamais foi considerada ou levada a sério por aqueles eruditos de gabinete que folgavam a firmar: A Sociedade (ou a História) não volta atrás...

No entanto o que temos diante de nós do Oriente ao Ocidente é exatamente isto: uma ascensão teocrática!

Não estávamos preparados para ela.

O que nos leva ao segundo fator:

O quadro social em que afirmou-se a maior parte de nossas democracias (1800 - 1950) foi um quadro de deterioração e declínio da religiosidade dominante. No caso do Cristianismo, inclusive do Católico (padrão mais resistente) provocado, como já apontamos pela variedade dos discursos religiosos, o sectarismo e a confusão doutrinal. No decorrer do século XIX, a exceção de alguns cantões papistas, ninguém mais levava a sério o Cristianismo ou acreditava em sua recuperação. Era um Estado provisório a ser superado e substituído pelo espírito científico segundo a mística positivista prevalecente.

Mesmo o romanismo, após o pontificado conservador e obscurantista de Pio IX e a fatídica proclamação da Infalibilidade papal, tornou-se bastante débil. E Unamuno por escrever um Ensaio sobre a "Agonia del Cristianismo".

Importa considerar ainda a decepção das Sociedades 'católicas' após o Vaticano II tendo em vista a supressão do aparato litúrgico e das tradições multiseculares. Foi uma pá de cal nas sociedades romanistas que ainda resistiam e que após os anos 60 entraram em colapso, tanto na Europa quanto nas Americas, este colapso produziu uma gigantesca crise de consciência e cultura porque ainda hoje passamos e da qual tiram amplo proveito os modelos fundamentalistas sejam protestantes ou islâmicos.

Diante deste quadro negativo para a religião tradicional é fácil compreender porque os reformadores e legisladores democráticos nada temeram em absoluto por parte da religião.

Catolicismos e protestantismos aceitaram tacitamente a nova ordem das coisas e não houve qualquer tentativa séria de sedição ou mesmo de retomada séria do modelo anterior no sentido de constranger as consciências ou de uniformizar a sociedade em termos religiosos. O Cristianismo teve de conceder espaço ou fórum de cidade aos incrédulos e estes embriagados pelo triunfo nada mais temeram da parte da religião.

Marx por exemplo, segundo seu modelo evolucionista, linear e etapista, opinou que os comunistas não deviam ocupar-se da questão religiosa ou laicista e que cabia ao modelo burguês apenas ocupar-se disto e impor esta nova ordem de coisas. E ele acreditava que a burguesia ou que o sistema capitalista, bem como a educação científica bastariam para debilitar e quiçá para aniquilar por completo os sentidos religiosos, quanto mais as aspirações teocráticas. Para Marx e seus seguidores o quadro da luta entre capitalismo e comunismo estava muito claro e bem definido e se alguém lhe disse-se que a teocracia, qual Fênix do mal, ressurgiria das cinzas ou que o islã e o pentecostalismo viriam apresentar séria ameaça a Sociedade século e meio depois, o teórico alemão certamente daria uma boa gargalhada.

Não foi para menos que os teóricos economicistas ou marxistas - inclusive M Dobs - riram pra valer primeiro do velho Fustel de Coulanges, depois de Weber e enfim de Ch Dawson classificando-os evidentemente como idealistas românticos. No entanto eram realistas e o processo de conquista espiritual da Europa e de construção da Umma pelo islã evidencia-o cabalmente.

Iludidos estavam aqueles que acreditavam num futuro linear e sem crises.

Bem qual na Antigo Roma, hoje temos os Gôdos ou Vândalos as portas, prestes a escalar o Capitólio.

Por isso penso que a exemplo de Angola, da Suíça (que proibiu a construção de minaretes), da França ( que produziu o uso do Icab), etc seja já tempo de fazermos algo. Afinal não basta fechar a porta após a casa estar tomada ou invadida.

Neste sentido parte da direita - em que pesem seus vícios, defeitos e crimes - antecipou-se a esquerda 'romântica' (ao menos a propósito do islamismo e dos pentecostais), mostrou-se sensível e buscou ou busca trazer alguma resposta as populações angustiadas do Ocidente.

Neste sentido o vilão do Trump deu uma boa rasteira na mulher Clinton totalmente inábil no sentido de solucionar a questão Síria e disposta a fortalecer ainda mais a hidra do Califado!

Hilary como democrata formal e péssima conhecedora da realidade religiosa mostrou-se de todo inepta e inapta para lidar com o problema do fundamentalismo islâmico, e esta pode ser a chave para compreendermos sua derrota. O mundo EUA, Rússia, Europa, Brasil, etc está diante de um inimigo comum e formidável que é o fanatismo produzido entre os muçulmanos piedosas pelo ideal da Umma. É necessário por todas as diferenças de lado e inclusive esquecer ou ignorar as mazelas do sistema pelo simples fato de estarmos diante de algo muito pior: A jihad, ou seja, a justificação do assassinato ou do extermínio em nome de Deus!

Os Yazids que o digam...

Nossa democracia encarando igualitariamente todas as religiões não esta preparada para lidar com a especificidade do problema islâmico e para tomar as necessária medidas tendo em vista sua contenção. Pois sofre achaques de escrúpulos formalistas em termos de democracia e seus teóricos imbecis pensam que as religiões pacíficas e conciliadas com o espírito democrático e as religiões teocráticas e agressivas devam ser sempre tratadas da mesma maneira, sem que seja possível fazer qualquer exceção.

Assim se o budismo, o Cristianismo, o judaismo, o zoroastrismo, o hinduismo, etc possuem direitos ou prerrogativas irrestritas e inalienáveis nossos formalistas toscos que nada compreendem sobre sociologia ou religião, consideram que o islã faça jus as mesmas prerrogativas e ponto. Acontece querido leitor que Judaismo, Cristianismo, Budismo, Hinduismo, Espiritismo, Wicanismo, etc não possuem instituições como a jihad, a djzia, a murtad... cujo objetivo é abençoar a violência e consolidar a opressão.

Religião alguma, de modo geral, expressa pretensões de controlar o corpo social por meio do poder político. O islã não esconde este ideal anti laicista e portanto anti democrático de associar religião e política e de fazer do Estado um braço secular da Umma ou uma repartição da mesquita.

Serei terminante: Não é possível haver democracia sem igualdade. Não é possível haver democracia num sociedade em que hajam cidadãos ou pessoas de segunda classe. Ora no islã, os dissidentes são cidadãos ou melhor pessoas de segunda classe e tem seus direitos políticos restringidos. Dizem seus líderes que os Dimi são protegidos pelo islã. Mas protegidos do que? Protegidos da fúria dos muçulmanos fanáticos na medida em que admitem e aceitam seu status de inferioridade...

Cidadãos não querem ser protegidos mas participar da administração da cidade em pé de igualdade. Querem viver numa cidade comum que não seja determinada ou regulada por preconceitos religiosos.

Para arrematar cumpre tornar ao inicio deste artigo (vide artigo I) e determinar com maior precisão qual seja o ideal da Umma.

Afinal as mesmas pessoas que apreciam gritar contra o Fascismo (os comunistas) ou contra o comunismo (os capitalistas) - Pelo fato de que tais sistemas, sendo totalitários, buscam uniformizar os elementos da Sociedade - adoram afagar o islã ou até mesmo elogia-lo!

E no entanto que pretende este islã senão criar um sistema de vida total, totalitário e totalizante nos mínimos detalhes até fazer a Genebra de Calvino ou um campo de concentração nazista parecer uma casa de bonecas.

Afinal o ideal da Umma outro não é do que unificar a Sociedade ou melhor o Universo por meio da vontade de alá expressa pela sharia.

Uma sharia que determinará os costumes sexuais, os hábitos alimentares, o padrão de vestuário, etc de todos os seres humanos!!! Sem que haja que ouse amar pessoas do mesmo sexo, comer toicinho, beber vinho, usar camiseta de magas curtas, etc, etc ,etc TUDO SEGUNDO O PADRÃO CULTURAL ÁRABE DO SÉCULO VII canonizado pelo profeta Maomé. Este é o ideal ou propósito islâmico para a humanidade com seu ideal de Umma e para concretiza-lo lá esta a jihad.

Resta perguntar, face ao ideal muçulmano, que será feito da diversidade ou o que alá pensa sobre a diversidade cultural ou os costumes dos não árabes???

Qual a diferença entre este ideal de estandartização humana e os ideais doentios do fascismo ou do bolchevismo com seus padrões de comportamento uniformes? Em que os islã e sua proposta ficam devendo algo a estes sistemas desumanos e anti humanos???


Importa saber uma coisa: Sem Cristianismo ou com Cristianismo, sem capitalismo ou com capitalismo, sem democracia formal ou com democracia formal temos de discutir o problema premente da expansão islâmica no Ocidente e criar mecanismo eficazes com o intuito de proteger nossa democracia estrutural e insipiente. E posto que não podemos produzir um espírito ou uma consciência democrática de improviso i é as carreiras, deveremos cogitar em soluções práticas.

O que não podemos é continuar compactuando com esta visão deturpada de um islã pacífico professado majoritariamente por cordeiros inofensivos. Pois esses cordeirinhos pacificos bem podem converter-se repentinamente em lobos ou leões e devorar-nos vivos com a civilização que criamos.

Arremato este ensaio com uma perguntinha dirigida a nossos comunistas e anarquistas: Será que nosso ideal de igualdade e justiça ou nosso ideal de liberdade poderão se implantados numa realidade social governada pela sharia???

Fica esta pergunta que sempre costumo fazer e que até o momento presente ainda não foi respondida. 




A democracia falhou, tornemos a sharia
Você ataca o islamismo quando ataca a sharia

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