quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A malignidade essencial da PEC 241





Adequar os gastos é um bem


Nada mais comum do que os lares e famílias planejarem o teto daquilo que haverão de gastar num mês ou num ano. Aqui a ideia não parece apenas boa mas excelente.

Diante disto como negar ou contestar que uma determinada Sociedade deva refletir conjuntamente sobre seus gastos e adequá-los a arrecadação?

Afinal não se pode gastar mais do que se arrecada.

Portanto se a renda somada de uma família comporta R$ 1.000 (hum mil) não se compreende que esta família gaste 1.500. Pois ficará endividada...

Até aqui ponto pacífico.

Não negamos nem questionamos que os gastos de um governo sejam limitados e suas despesas fixadas pela arrecadação.

Neste caso por que o governo golpista do sr Temer não pode cortar os gastos???



Aumentar a arrecadação ao máximo é um bem maior




Numa família bem estruturada antes de cortar os gastos essenciais cogita-se antes de tudo em aumentar o montante da renda adquirida.

Mas como?

A mãe passa a costurar ou fazer doces pra fora, o pai faz hora extra, um filho passa a entregar jornais, outro a engraxar sapatos... Pai e mãe procuram ocupações melhores...

De modo que ninguém fique sem aquilo que é essencial: alimento, medicamento, roupa...

Antes de restringir o consumo de bens essenciais qualquer família tenta e busca aumentar sua renda ao máximo.

Não é isto que tenta fazer o governo golpista...

O qual certamente abandonou o projeto do governo anterior que era sobretaxar as grandes fortunas.



O que fazem os países mais avançados e desenvolvidos do planeta?



O que é feito nos países mais civilizados do planeta lá no Norte da Europa, em especial na Escandinávia!

E antes que alguma lorpa venha pontificar declarando que a Escandinávia ou a Bélgica, ou a Holanda são países de economia liberal ou capitalistas sou levado a esclarecer que eles mesmos apresentam-se como social democratas ou keynesianos (leia-se bem) voltados antes de mais nada para o bem estar social dos cidadãos e não para as necessidade do Mercado financeiro.

Nada mais justo do que sobretaxar aqueles que por meio da mais valia produzem as condições de desigualdade que aumentam paulatinamente a miséria.

Pelo que devemos classificar essa sobretaxa como retorno social e meio porque atenuam-se tais condições. Por meio de programas assistenciais implementados pelo poder público nas áreas da Educação, Saúde, Habitação, Lazer, Segurança, etc todos os membros do corpo social passam a ter a oportunidade de fruir uma vida digna e diminui-se o grau de tensão social que produz a violência, os conflitos e as sedições.

O rico continua rico, embora um pouco menos rico, enquanto cidadão algum experimenta situações de miséria extrema como aquelas que conduzem a angústia e a revolta extremas. E todo corpo social mantem-se mais ou menos coeso e em paz. Quando todos tem chance de comer, vestir, habitar com comodidade, adquirir medicamentos e sentir-se seguros não há porque alterar violentamente um tal estado de coisas.

O que por sinal é bom para os ricos de lá, os quais compreendem perfeitamente o sentido de tal mecanismo e não se recusam a colaborar.

Eles sabem e muito bem que as baionetas teem dos gumes e que a mesma baioneta que hoje fere e massacra os humildes, pobres, oprimidos, excluídos, miseráveis e deserdados poderá num futuro qualquer voltar-se contra eles e feri-los de morte...

Sabem porque eles ou seus governantes, diplomatas e funcionários deram-se ao trabalho de estudar os clássicos da sociologia produzidos ali mesmo na Alemanha, na Aústria, na França ou na Inglaterra; atitude que entre nós brasileiros é encarada como supina loucura.

Para nós Sociologia não existe...

Cumpre explorar ao máximo os pobres, restringir salários e direitos, produzir situações de violência e miséria, recorrer aos serviços da polícia ou do exército ou seja do aparelho repressor e dormir em paz no berço esplêndido.

Taxar os honestos e esforçados empresários que tantos e tão enormes benefícios proporcionam a República parece monstruoso a alguns de nossos cidadãos...



Um espantalho povoando a mente tupiniquim...



É coisa de COMUNISTAS ousam bradar alguns sempre na esteira da cultura popular norte americana, cujo irracionalismo assimilaram...

Sem cogitar que os países do Norte da Europa - que eles mesmos apreciam classificar muito rapidamente (devido ao singular padrão de qualidade de vida) como liberais ou capitalistas - usam e abusam de tal recurso (!!!???!!!). Mas santa Fredegunda será possível ser liberal e comunista ao mesmo tempo??? Liberal pela qualidade de vida (coisa que República liberal alguma fornece a sua população) e comunista pela arrecadação que a sustém???



É a doutrina social da igreja romana comunista???



Quanto aos supostos 'católicos' ou membros da igreja romana (porque este país é majoritariamente romano ainda hoje) que compactuam com semelhante estado de coisas, eu que sem ser papista muito aprecio a doutrina social de sua comunhão, reproduzirei abaixo as linhas de um documento oficial elaborado pelo Cardeal Mercier de Malines:

"A mesma política preventiva justifica-se a respeito de certas DESPROPORÇÕES EXCESSIVAS NA REPARTIÇÃO DOS BENS DESTE MUNDO: INSTRUÇÃO, EDUCAÇÃO, RIQUEZAS MATERIAIS. INCUMBE AO ESTADO COLABORAR, DE SEU LADO, NA REALIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES FAVORÁVEIS A ASSUNÇÃO DO NÍVEL DE EXISTÊNCIA DOS MAIS HUMILDES, DE SORTE QUE TODOS TENHAM ACESSO A UM MESMO NÍVEL DE INSTRUÇÃO, DE EDUCAÇÃO E DE INSUMOS NECESSÁRIOS A UMA VIDA PLENAMENTE HUMANA.

ASSIM O QUER O BEM COMUM, POIS UMA CERTA COMUNIDADE NÃO PODE SUBSISTIR EM PAZ DE CLASSES QUANDO A ABUNDÂNCIA SUBSISTE DE PAR COM A MISÉRIA EXTREMA."
Código de Moral política parag 152

Achei por bem transcrever tendo em vista o esclarecimento desses maus católicos que buscam conciliar o inconciliável: a doutrina no mínimo social democrata ou de bem estar (bem comum para Aristóteles e Aquino) com o espírito liberal economicista DE ORIGEM PROTESTANTE (Cf Max Weber, Tawney, Huxley, O brien, Fanfani, etc) canonizado pelo judeu e ateu L Von Mises papa dos traidores.

A igreja romana e todos os Catolicismos (o Ortodoxo e mesmo o anglicano) nada tem de liberal em termos de economia. Compreende a economia como atividade humana, subordina-a a imperativos éticos e admite certo grau de intervenção ou controle por meio do corpo social ou do estado supondo que possa desprender-se em certa medida das mãos da burguesia e converter-se num órgão mediador ou redistribuidor reforçado pelas eleições e pelo exercício da cidadania. Não acredita, de modo algum, na auto regulação do mercado ou na autonomia do econômico face ao político ou ao social e por isso não compactua com a superstição liberal ou neo liberal.

Assim os papistas que alistam-se inadvertidamente nas fileiras do capitalismo e formam as hostes do sr Von Mises fazem-no porque são ignorantes em matéria de doutrina social da Igreja, tradição patrística, escolástica, etc ou porque são safados mesmos - falsos católicos de coração e alma calvinizadas e agrilhoadas aos pés do deus Mamon, lucro, capital ou milhão...

Por ai se vê que propor bem estar social, bem comum, fraternalismo, etc nada tem a ver com COMUNISMO OU COM KARL MARX eterno bicho papão dos liberais.



Uma tradição anti liberal



Do contrário a igreja romana - reputada por muitos como a suprema adversária e inimiga do COMUNISMO - seria comunista...

E não me venham as lorpas liberais dizer que tudo isto é fruto da 'satanizada' TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO como folgam faze-lo PORQUE O PAPA LEÃO XIII, autor da Encíclica "Rerum Novarum" floresceu na última quadra do século XIX... Havia no entanto CATOLICISMO SOCIAL, alias anterior a Marx, haviam Ketteler, Meignan, De Munn, De Amicis, Nitti, Brunetière, Lammenais, La Cordaire, etc, etc, etc 

E antes deles Mably, Morelli, Campanella, Morus, António de Padua, Aquino, etc

Perpetuando o sentido fraternalista, comunitarista, solidarista, trabalhista, socialista, etc (usem o nome ou termo que quiserem para exprimir o conceito que não munda absolutamente nada) presente no pensamento patrístico, apostólico, evangélico chegando mesmo a alguns profetas do antigo Israel.
O que implica sua essencialidade em termos de Cristianismo.

É uma corrente jamais quebrada cujos elos perpassam a História, as idades, os tempos e chegam ao Verbo Jesus Cristo.

Portanto se alguém aqui foi aluno ou assimilou algo desta ética multimilenar foi justamente o sr Karl Marx limitando-se a radicaliza-la segundo os cânones de seu materialismo e a lançar uns temperos ateísticos que a meu ver não lhe caíram bem. Ficou o marxismo insonso por sua mistica ateístico materialista e depois amargo ou azedo por seu conteúdo totalitário no entanto, sua Ética ou tendência altruística, esta - DEMONSTRA-O CABALMENTE O ILMO DR LUIZ FRANCISCO F DE SOUZA EM SUA MAGISTRAL OBRA (calhamaço de 1150 pags que ainda aguarda pela refutação dos comunóides ou dos liberais) "SOCIALISMO UMA UTOPIA CRISTÃ" 2003 Ed Casa amarela - esta recebeu-a do Cristianismo Católico que é sua fonte.

Alias a obra por magistral é incompleta por não mencionar ou omitir, salvo engano meu, os franceses De Munn, Meignan, Ozanam... e tampouco a Mother Jones, S Weil, Dorothy Day e outras flores do Catolicismo. Penso enfim que poderíamos juntar mais outro alentado calhamaço com outros tantos nomes de clérigos e fieis Católicos (anglicanos e ortodoxos inclusive) notáveis por terem combatido e denunciado o modelo liberal desde seu advento até nossos dias e ainda se me ocorrem: Leon Bloy, Mounier, Maritain, Berdiaeff... os quais, cada qual a sua maneira em em diversos graus propuseram outros modelos de organização social mais condizentes com a dignidade humana afirmada nos Santos Evangelhos e por toda tradição genuinamente Cristã infensa a injustiça e a miséria.


Heresia para os liberais!


No entanto o que se justifica face a doutrina social da igreja romana, as investigações levadas a cabo pelos mais conceituados sociólogos, as conjecturas salvíficas do Dr Keynes não passa de heresia para nossos liberais matriculados na escola do sr Mises, o papa da economia de Mercado.

Refiro-me ao aumento da arrecadação por meio da taxação das grandes fortunas... Meio porque a República bem poderia encher seus cofres e nada cortar em termos de gastos públicos.

No entanto como no novo governo empenha-se a favor dos ricos e empresários pelos quais é dominado enquanto vassalo da FIESP...

A política resume-se em poupar o viajante mais pesado ou gordo e para sua maior segurança lançar o viajante mais magro, sem para quedas, pela porta do avião (que no caso ameaça cair). Implica como veremos em sacrificar o trabalhador ou em imolar os mais humildes. De certo, passamos por uma 'crise' este é o mantra... no entanto quem terá de pagar por ela será o produtor, o homem comum, o cidadão de modo algum os mais afortunados, nababos e endinheirados; os quais não só continuarão a lucrar muito como sempre como até - e este é o verdadeiro motivo ou a razão final da PEC - aumentarão bastante seus lucros!

Enquanto você, meu amigo minha amiga, que aclamou a queda da presidente legitimamente eleita e gritou nas ruas contra o PT ficará sem eira nem beira ou na pindaíba como diziam nossos nobres e excelentes ancestrais, isto se houver pindaíba. Pois ela, como as carroças de papelão e o lixo, haverão de ser disputadas por todo um povo primeiramente manipulado e em seguida desassistido.

Por fim descartada a solução mais inteligente e acertada, que é a taxação dos milionários só nos resta enfrentar a PEC 241 isto é os cortes no orçamento, a redução dos gastos, o teto das despesas e temos de entender o que isto de fato significa e o impacto que produzirá em nossas vidas!


Portanto se deseja conhecer o real significado da PEC 241 leia atentamente a segunda parte deste artigo.  Tenho certeza que as escamas cairão de seus olhos como sucedeu com o então Saulo de Tarso em Damasco, na casa de Ananias. Assim deixando de ser um cego passarás a ver e cessando de ser ignorante passarás a saber e a conhecer o futuro a que fostes destinados, tu e tua família, por nossos governantes sem consciência.

 

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Reforma Escolar - Destinada a formar que tipo de homem?






Segundo o imaginário do senso comum é a educação um ato neutro fornecido por uma entidade impessoal que é o governo.

Ainda dentro desta perspectiva o governo oferece as mesmas oportunidades educativas a todos os cidadãos, os que desejam aprender e se aplicam são bem sucedidos, os que não desejam aprender ou não se aplicam suficientemente sofrem as consequências.

Aqui podemos continuar dormindo no 'berço esplêndido' da pátria amada no país das maravilhas de Alice.

A realidade no entanto é bom outra e quem o diz não é o barbudo subversivo do Karl Marx responsabilizado por todos os males que acometem a pobre humanidade, mas nosso sisudo, querido e bem comportado Max Weber aquele mesmo sociólogo germânico que revelou ao mundo científico as afinidades eletivas ou culturais existentes entre o protestantismo e o capitalismo.

Acompanhe-mo-lo para ver se aprendemos alguma coisinha...

Segundo M Weber o governo também ele é formado por pessoas ou seres humanos, os quais sendo livre atuam segundo o critério da intencionalidade.

Logo também o governo tem determinadas intenções voltadas para determinados fins.

Importa portanto saber quais sejam tais fins.

Na perspectiva de um governo formalmente democrático inserido na corrente ordem mundial e sua pressuposta ortodoxia econômica é evidente que o governo devendo produzir empregos e cuidar da segurança - omitindo-se quanto a tudo mais - esta voltado para as necessidades de um mercado financeiro, devendo inclusive - segundo os preceitos da cartilha neo liberal - subsidiar ou secundar suas iniciativas.

Por isso que no instante mesmo em que escrevemos estas linhas o governo golpista empossado há seis meses, forceja, com apoio do Congresso golpista, aprovar uma série de medidas impopulares exigidas pelos empresários e capitalistas. Refiro-me ao corte de gastos públicos que ao invés de incidir sobre os proventos e benefícios auferidos pelos próprios parlamentares, militares e juízes incidirá fatalmente sobre os programas de ajustes sociais implementados pelo governo anterior e traduzir-se-a em cortes nas áreas da Educação, da Saúde, da Habitação, etc

Alias o objetivo de tais cortes não se limita apenas a carrear mais dinheiro aos fundos de investimentos destinados a socorrer bancos e empresas em vias de falência devido a má administração ou crises econômicas mas também e acima de tudo a provocar uma intensa queda qualitativa em termos de serviços públicos e consequente insatisfação popular.

O roteiro é mais ou menos este: Os cortes acarretam queda de qualidade nos serviços públicos. A queda que qualidade provoca a insatisfação popular face a tais serviços. A mídia venal explica dizendo que todo serviço oferecido pelo governo ou pelo poder público é necessariamente mau por ser público e sugere a privatização de tais serviços. A privatização fecha este ciclo, parte dos fundos arrecadados vão para as contas secretas no exterior (serão destinadas a propaganda política dos partidos privateiros) e parte servirá para engordar ainda mais os fundos de investimentos públicos destinados a amparar a iniciativa privada.

Se tudo quanto acabei de escrever não esta perfeitamente de acordo com a cartilha dos neo liberais dou o pescoço a corte.

A conclusão aqui salva a vista: Temos uma intencionalidade neo liberal no controle do governo.

Uma intencionalidade social, keynesiana ou humanista na Escandinávia...

No Brasil uma intencionalidade neo liberal em ascensão após o último golpe de estado promovido e apoiado pelos setores da direita.

Expusemos as necessidades econômicas voltadas para o Mercado. Uma questão simples e prática.

No entanto os liberais sabem melhor do que o sr Marx ou sr Mauss ou o sr Sombart que a afirmação do liberalismo econômico depende de um substrato fornecido pela cultura e destinado a alimentar um ideal liberal economicista de homem.

Por isso os políticos conservadores Norte Americanos estudam sociologia. Por isso desde os anos 50 investem no pior tipo de fundamentalismo religioso. Por isso preocupam-se com o fenômeno educativo. Porque aspiram cimentar ou produzir uma cultura liberal e um homem liberal.

E todos os esforços educativos, inclusive públicos são empreendidos neste sentido: de reproduzir uma cultura liberal economicista e de predispor os jovens e crianças ao individualismo.

Pois o capitalismo ou liberalismo nada mais é que uma forma de individualismo inserido na economia.

Se você não pensa individualisticamente não será anarco individualista, não será protestante, não será capitalista. Se a consciência é dominada em maior ou menos grau por preocupações em termos de sociedade ou grupo inspiradas por um ethos fraternalista, o capitalismo não se afirma e o sujeito identifica-se com qualquer outra forma de socialismo, da social democracia e do keynesianismo ao comunismo.

Capitalista ou liberal é que não será a menos que tenha abraçado o princípio letal do individualismo por qualquer outra via seja política (anarco individualismo/stirnerianismo) ou religiosa (protestantismo).

Todavia como nem sempre é possível introjetar tais valores por meio da educação formal ou estatal o líder individualista ou o capitalista militante receberá sua formação por via da família e esta de algum coletivo anarquista, protestante ou capitalista; a menos é claro que tenha sido educado nos EUA ou numa instituição privada que tenha transplantado tais ideais para cá.

Importa saber que apenas o elemento ativo ou direito das elites deve ser consciente de seu papel dominante.

Não se pode formar adequadamente um homem liberal por meio da educação pública brasileira, isto pelo simples fato de que esta educação deva ser neutra o isenta, o que frustra obviamente as ambições do liberalismo.

Na impossibilidade de produzir um homem liberal em larga escala contenta-se o liberal brasileiro ou o programa que lhe dá suporte em produzir uma cultura da estupidez ou da ignorância.

O que é sumamente fácil.

Bastando para tanto implantar um modelo educacional duplo e ao menos em parte tecnicista. Cujo currículo seja alijado dos conteúdos humanos.

Assim da Sociologia, da Psicologia, da Filosofia, da Geografia e acima de tudo da História.

Produzindo um tipo alienado ou mutilado de ser humano. O qual limitando-se a ler e a calcular, a manipular certas fórmulas e a fabricar certos objetos ocupe o lugar que lhe foi dado pelo governo ou melhor pelos dirigentes da Sociedade i é um ligar de executor, empregado, gerenciador ou subalterno.

Um tipo de homem tão bronco, tão estúpido, tão idiota, tão desprovido de esperanças e ambições que predisponha seu filho a assumir seu lugar e toda sua descendência a reproduzir passivamente sua docilidade, até o dia do juízo final. Preservando o status quo dos senhores i é dos proprietários.

E assim será o homem que nada compreenda criticamente a respeito da vastidão do universo, da evolução dos seres vivos, da formação e organização das sociedades, da produção e distribuição de bens, da estrutura política, da justiça, da liberdade, do bem, do mal, da ética, do espírito científico; enfim da vastidão do mundo em que vive e seus problemas.

Tudo isto faz parte de sua condição, está de certo modo presente em sua vida, limita ou amplia a esfera de sua atuação e por isso este homem deve ter consciência de cada um destes aspectos da realidade. Para saber ao menos que poderia ser diferente e ocupar um espaço distinto e exercer uma função distinta e que as coisas não são como são porque devem necessariamente ser assim...

Este homem dificilmente contemplará passivamente um sistema largamente produtor de injustiças... Alegando que sempre fora assim ou simplesmente que é bom porque dá certo.

Se de fato os capitalistas estão dispostos a insistir que tudo sempre foi assim nas Idades primitiva, antiga e média são tão mentirosos ou supersticiosos quanto seus adversários comunistas igualmente predispostos a ver o capitalismo em todas as fases da História humana. Neste caso o liberalismo compactua com a mentira e alimenta-se dela... E não é melhor que seu adversário.

Por outro lado se o Capitalismo deve ser aceito pelo simples fato de ter dado certo sejamos honestos e coerentes reconhecendo a dignidade do nazismo. Pois digam o que disserem seus críticos ele deu muito mas muito certo enquanto existiu e só pode ser esmagado pelo execrado bolchevismo do sr Stalin com suas divisões... Não pelo maravilhoso capitalismo, a depender o qual o mundo inteiro - ou ao menos sua parte ocidental - seria ou estaria nazista e provavelmente muito bem ou menos mal... (Economicamente falando) Em que pesem as monstruosidades e abominações do nazismo. Isto porque ele foi prático e deu certo... Felizmente havia um Stalin no meio do caminho. O que nos leva a questionar os caminhos e o sentido da História uma vez que este Stalin foi fruto da Revolução de 17 e esta de condições russas específicas como a religião Ortodoxa, o Czarismo, etc

O que quero dizer é que um homem imbuido de cultura humanista dificilmente engolirá a vã prosopopeia - vulgar e anti ética - do liberalismo economicista, como recusar-se-a a engolir os venenos totalitários da cultura de morte como nazismo, fascismo, comunismo, etc partindo em demanda de outras soluções sociais fornecidas pela experiencialidade social e histórica do gênero humano.

Este homem instruído e reflexivo, critico e ousado será antes de tudo crítico e muito pouco disposto a contentar-se com respostas prontas destinadas a alimentar determinados tabus sociais.

Assim se não é possível patrocinar descaradamente a construção da besta liberal importa impedir a formação deste modelo humanista de homem por meio de uma educação superficial, mutilada e tecnicista de cujo currículo sejam subtraídos a Psicologia, a Filosofia, a Sociologia, a Arte, a Geografia e sobretudo a História, nobre mestra da vida.

É o reducionismo tecnicista implantado nos domínios da educação, melhor caminho para produzir e reproduzir uma geração de estúpidos, imbecis, idiotas e alienados destinados a mais rude servidão.

Este é o projeto deseducativo oferecido por um governo golpista que não pode subsistir-se nem sustentar-se senão a custas de massas acríticas e docilmente manipuláveis.

Pode o homem optar conscientemente pela ignorância ou pelo não aprender desde que esteja disposto a pagar o preço social exigido por sua opção. Não obtendo formação, título ou diploma.

O que não pode é a Sociedade conceder amparo legal a esta opção empobrecendo ela mesma o currículo. Humanidades não é coisa que se possa escolher, por de lado ou desprezar sob quaisquer alegações pelo simples fato de TODOS SERMOS HUMANOS.

De todos termos caráter, mente, pensamento, percepção, princípios, valores... Elementos que por isso mesmo devem estar presentes no conteúdo curricular.

Pois é sob tais elementos que construímos aquela vida ética responsável pelo direcionamento da técnica e da vida.

No entanto se a Escola ou a Sociedade estão mesmo dispostas a relegar tais elementos ao setor privado da vida humana, furtem-se de condenar o nazismo, o fascismo, o comunismo e a teocracia... e preparem-se para tolerar todas as culturas da morte.

Agora se pretendemos construir uma ética da essência o melhor lugar para discuti-la é no ambiente escolar, no espaço da disciplina de Filosofia.

Tal nosso projeto humano e humanista de pessoa. Em oposição ao projeto tecnicista posto a serviço da alienação.


A falácia da reforma do Ensino





Qualquer sociedade que pretenda implementar dois tipos de 'ensino' diferentes, um 'intelectualizado', para a elite dirigente e outro para os técnicos, assume o encargo de decidir e determinar o futuro de seus membros.
Dirigir pessoas para funções de execução, alegando que estão escolhendo qualquer coisa, quando não verdade estão sendo sutilmente orientadas por uma realidade hostil e excludente é a mais refinada maneira oprimi-las.
É atitude destinada a alimentar o conformismo em torno de determinadas estruturas sociais que as elites dirigentes não desejam ver questionadas, quanto menos reformuladas. É modo porque cada um é posto em seu devido lugar e as diferenças históricas reproduzidas.

É modo porque o filho do médico continua sendo médico e o filho do funcionário continua sendo funcionário.

Penso que este tipo capcioso de política educacional esteja vinculado a polícia de cortes financeiros sempre voltados para o setor da educação.

Antes de tudo o governo golpista cortará os subsídios destinados a incluir os jovens de periferia nos cursos universitários. Em seguida criará ou ampliará ainda mais os cursos técnicos destinados a execução...

O trabalho da natureza será bastante simples: Por verem suas oportunidades educativas - no sentido de frequentar algum curso superior - drasticamente reduzidas tais jovens serão levados a abraçar o que lhes é oferecido i é as migalhas ou esmolas representadas pelo ensino técnico.

Sem maiores perspectivas, desesperançados e angustiados parte destes jovens aceitarão de bom grado a 'oportunidade' que lhes é oferecido por um ensino de segunda categoria destinado a formação de funções subalternas e não mais cobiçarão as vagas destinadas aos filhos da elite.

A simples diminuição da oferta de vagas disponibilizadas pelas universidades privadas conveniadas com o poder público determinará uma escolha que de modo algum será livre.

Por falta de investimentos educacionais não poderão escolher algo melhor.

Tampouco os pais acreditarão que seus filhos sendo pobres e estando inseridos em escolas públicas serão capazes de concorrer com os filhos dos ricos e de suplanta-los... Pelo que pressionarão seus rebentos a tomar a via mais 'realista' do ensino técnico.

A tendência dos mais humildes será oriental seus filhos desde pequenos para o ensino técnico e tirar de suas cabecinhas qualquer ambição em torno de um curso clássico destinado a inseri-los na faculdade Pública.

Os pais de origem mais simples encaminharão seus filhos instintivamente para o que esta mais próximo da realidade vivida por eles em termos de curso técnico e funções subalternas.

Eles mesmos, admitidas as exceções, não acreditam no potencial sócio transformador da educação, ao menos da educação pública.

Inserir dois tipos de cursos diferentes no Ensino público brasileiro: Um voltado para a escola técnica e outro para o ensino superior será como lançar água fria na fervura as famílias mais pobres.

As quais, caso coloquemos de lado os programas de inclusão universitária mantidos pelo Estado, em geral nutrem bem poucas esperanças, alias as mais rasteiras.

Satisfazendo-se com que os filhos sobrevivam como sobrevivem e que não morram de fome.

***

No entanto cada pessoa faz jus não a uma educação parcial voltada para o trabalho ou a função apenas mas a uma educação plena, ampla, profunda, integral e humana.
EDUCAÇÃO QUE A FORME E INFORME A RESPEITO DE SUA CONDIÇÃO, DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL, DA PRODUÇÃO E CIRCULAÇÃO DE BENS, DA ÉTICA, DA JUSTIÇA, DA LIBERDADE, DA CIDADANIA, DA CIÊNCIA, DO MUNDO EM QUE VIVE, ETC
É por uma educação que transcenda a pura e simples sobrevivência, as necessidades econômicas, a esfera mesquinha do trabalho, aos preconceitos familiares e sociais que pugnamos. Educação que personalize, que produza pessoas, que forme cidadãos críticos e reflexivos, que estimule o pensamento livre e a criatividade; eis nossa meta.

Afinal se o sujeito não lê o mundo em que vive, não o compreende, não se posiciona face a ele, não dialoga com ele e resigna-se a aceita-lo ou a inserir-se nele. Se o sujeito não tem esperança... Se é incapaz de antever outras possibilidades é o maior analfabeto. Inda que saiba ler e calcular muito bem.

Esta compreensão humana, global e totalizante é que o educador humanista aspira partilhar com seus alunos. De modo a que possam partir e contestar, criticar e dialogar com o mundo. Visando sua transformação.

Educação deve ser compreendida como algo dinâmico, destinada a alimentar esperanças em quem jamais teve e não em formar subalternos, súditos, empregados, funcionários, servidores, etc

A todos queremos dar ao menos a oportunidade de serem iguais, partindo da liberdade como condição comum a ser ampliada.


***

Subtrair tal tipo de educação - integral e formativa - a pessoa, é certamente a melhor maneira de mutila-la, de diminui-la e de comanda-la. É arranca-la de suas condições e aliena-la. É negar-lhe sua identidade comum. É restringir suas potencialidades. É frustrar sua plena realização...
O mínimo que uma Sociedade inepta para incluir a maior parte de seus membros numa esfera superior do ensino pode fazer é propiciar-lhe uma educação humanista - de cujo currículo façam parte efetiva a Sociologia, a Psicologia, a Filosofia e a Arte (musical inclusive) além é claro da História (Que é a mestra da vida) e da geografia - já nos ensinos Fundamental e Médio!!!
Um Ensino técnico só é viável e aceitável quando seu currículo contém uma dose mínima de conteúdos humanos, destinados a alimentar a vida ética, a tolerância, a cidadania, o espírito científico, a dimensão da arte...
Eliminar por completo as disciplinas humanas de qualquer esfera do ensino público ou curso implica alienar e desumanizar esse homem com premeditado intuito de comanda-lo!
Em que pese a importância - reconhecida - das ciências exatas e da técnica para a vida, é apanágio exclusivo das ciências humanas ampliar e aprofundar a reflexão sobre o sentido das coisas bem como a direção da vida e dos atos humanos
Ignorar isto é ignorar Sócrates e todo legado clássico ou helênico que nos precede.
Xenofonte, lá no comecinho da 'Memorabilia' apresenta-nos Mestre Sócrates questionando a respeito de quem comanda e direciona a técnica e considerando que o conhecimento primordial é o conhecimento de si mesmo e da virtude, dos direitos, dos deveres, do bem e da justiça.
Pois a técnica será direcionada segundo tais valores.
Técnica é bom mas segundo Mestre Sócrates não produz consciência Ética que toque ao que seja bom ou mau, virtuoso ou viciado, certo ou errado...

A consciência Ética brota por assim dizer da consideração de determinadas situações humanas.

Jamais contempladas pela matemática, a física, a química ou mesmo a alta biologia.

Portanto se assumimos um discurso ÉTICO sejamos coerentes e admitamos a proeminência das ciências humanas e a necessidade de uma educação integral i é ao menos em parte humanista.

Do contrário resignemos a não viver este padrão ético de vida.

Sejamos enfim honestos e coerentes porque a dimensão ética da vida não brotará de declinações verbais, equações, inequações, tabelas periódicas, etc...

Ah deixaremos a ética, numa perspectiva relativista e subjetivista, ao encargo de cada indivíduo (o qual poderá inclusive não ser ético rsrsrsrs). MAS ISTO JÉ É UM OPÇÃO IDEOLÓGICA BASTANTE DEFINIDA E ANTI SOCRÁTICA E ANTI HUMANISTA. Na medida em que deixa antever não ter a ética muito valor ou a impossibilidade de estabelecermos uma ética comum... ORA TUDO ISTO É IDEOLÓGICO ANTI SOCRÁTICO E ANTI HUMANISTA...
Enfim uma educação de seja apenas e tão somente técnica e tecnicista sempre será mutiladora e miserável.
Implementar um tipo de Educação como este é semear com os nazistas, fascistas, comunistas, teocráticos e COM TODOS OS TOTALITÁRIOS ADEPTOS DA CULTURA DA MORTE.
Caso estejamos decididos a semear ventos não reclamemos quanto as tempestades e tormentas que sobrevirão em seguida!

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Fundamentos epistemológicos da crise contemporânea.

Mesmo admitindo, alias com mestre Sócrates,  que a Ética constituiu o primeiro e o mais importante domínio da Filosofia ou do esforço racional, não posso por de lado ou ignorar o domínio explorado por Platão e Aristóteles ou seja a epistemologia. Pois de algum modo ou maneira encontram-se associados.

Consideremos que na medida em que tiver uma epistemologia essencial, objetiva e forte; terei consequentemente uma Ética essencial, objetiva e forte.

Por outro lado, a partir de uma epistemologia cética, relativista ou subjetivista como atingirei uma Ética essencial e forte??? Que não seja sinônimo de opinião individual e consequentemente sempre discutível???

Serão o estupro, a tortura e o assassinato opiniões ou ponto de vista discutíveis???

Assim o genocídio, a opressão religiosa, a injustiça social???

E Nazismo??? Acaso não passará de uma dentre tantas e tantas interpretações igualmente válidas??? Assim o fascismo, o comunismo e todas as culturas de morte???

Se há apenas interpretação então tudo e permitido e se tudo é permitido... Que será do homem?

***

Fingindo que o mundo inexiste ou que não pode ser valida e verdadeiramente conhecido não eliminaremos seus problemas.
Caso um enfermo não reconheça sua própria existência e não aceite a realidade de seu corpo e de sua doença como poderá ser tratado e curado?
A partir de uma epistemologia individualista, subjetivista e relativista não chegaremos a lugar algum.
E seremos sempre incapazes de resistir ao nazismo, ao fascismo, ao comunismo, a teocracia... Jamais superaremos o capitalismo.
E não avançaremos moralmente.
Quando sacrificamos a noção de Verdade e afirmamos que tudo não passa de interpretação ou de opinião nivelamos todas as coisas e sancionamos todos os tipos de comportamento.
As raízes e fundamentos desta crise são epistemológicos.
No entanto a dor, o mal, o crime, o vício, a crueldade, a opressão, a negação do outro são fatos ou fenômenos reais.

***
Não se pode deter o fluxo de imensos cursos d água com represas de palha ou barragens de papel.
Para conter o fluxo de muitas águas é necessário dispor de uma estrutura feita com concreto e ferro, que são elementos resistentes.
Não se pode conter as culturas de morte - nazismo, fascismo, comunismo, fundamentalismo, anarco individualismo, capitalismo, machismo, homofobia, adultismo, etc - com epistemologias de palha ou papel i é com teorias relativistas e subjetivistas.
Pois se tudo é relativo aos individuos não existe melhor ou pior, bem ou mal, vício ou virtude.
Precisamos tornar urgentemente a epistemologia realista de Aristóteles e a Ética essencialista de Sócrates.
Ou nos reconciliamos com a Grécia antiga e resgatamos nossos princípios e valores ancestrais ou nos dissolveremos no Caos.
Alias, as culturas de morte são ácidas e dissolventes, palha, papel e madeira não são materiais aptos para conter o ácido.

***

Desde que perdemos o sentido da racionalidade, do realismo, do objetivismo e da empiria caminhamos para isto, para a afirmação da mediocridade ou da nulidade.

Precisamos tornar a Aristóteles, rever nossos conceitos epistemológ
icos, superar Kant e todas as formas de idealismo germânico. 

Nos domínios do fetichismo...

"Mais numeroso do que os grãos de areia do deserto...
Mais numeroso que as gotas dágua do Oceano
Mais numeroso do que as ervas que revestem a face da terra
Assim filho meu, é o número dos tolos!"




Para mim uma religião fetichista, cujo objetivo seja a obtenção de bens ou coisas materiais não faz sentido algum. A exceção dos milagres realizados pelo divino Mestre não creio em milagre algum.
Julgo que mundo seja regido por leis naturais inflexíveis e não creio em intervenções ou consertos.
Jesus Cristo para mim não é taumaturgo mas acima de tudo fonte de inspiração ética para a conduta e a religiosidade um tipo de compreensão mais amplo que dá sentido a existência.
Portanto o que busco na Ortodoxia ou no Catolicismo ortodoxo é inspiração para a conduta e um sentido mais largo e profundo para a vida e não coisas ou objetos materiais.
Simplesmente não creio em milagres no tempo presente e contento-me plenamente com o patrimônio teológico oferecido pela igreja antiga.
Religioso sim: fetichista não, em minha visão de mundo naturalista ou semi deísta não há espaço algum para a magia.

***
Ontem na feira cruzamos com uma fanática em cuja camisa estava escrita a seguinte mensagem 'cristã':
" Estou em guerra contra: a religiosidade, a masturbação, a idolatria, a homossexualidade, o adultério, o jogo, etc, etc
NENHUM MENÇÃO SEQUER A FOME, A MISÉRIA, AO ÓDIO, A INJUSTIÇA, A FOFOCA!!!!
Abro os Santos Evangelhos em Mateus 25 e leio: TIVE FOME E ME DESTES DE COMER!!!!... ESTIVE NU E ME COBRISTES...
Mas esses biblistas de camarote se esqueceram disto...
Preocupam-se doentiamente com a sexualidade alheia e ignoram supinamente as verdadeiras exigências do Evangelho! AUTÊNTICA PERVERSÃO RELIGIOSA!
O QUE FIZERAM COM O NOSSO CRISTIANISMO???
Não é contra o ateísmo que temos de murmurar em primeiro lugar mas antes de tudo contra esse neo cristianismo individualista, teórico, idealista, fideista e pervertido!!!

***
Ao regressar da perícia médica cruzei com um carro que mais parecia uma lata velha, enferrujado, mal pintado, recauchutado, etc sendo que no vidro da frente estavam escritas as seguintes palavras em letras garrafais: CONFIA NO SENHOR E ELE TUDO FARÁ POR TI!
Ainda se fosse uma Ferrari do ano... Mas era uma lata velha feia, horrorosa e sem valor algum. Pensei com meus botões: Ou esses ai confiam pouco rsrsrsrs ou o senhor tá fazendo muito pouco pelos seus escravos...
Alias se ele tudo faz por seus fanáticos porque precisam encher os tanques dos carros com combustível pago ao invés de enche-los com água de torneira abençoada pelo pastor???
Façam seus carros andarem movidos por oração... ao invés de ficar falando em milagres demonstrem!!!

                          
***

Hoje pela manhã, quando estava me dirigindo a perícia médica para levar alguns papéis acabei parando na lojinha da Dna Marocas pra saudar dos amigos e tomar dedinho de prosa.

E como a filha da pobre senhora tenha se 'convertido' ao evangelismo e sou ex protestante o tema da conversa acabou sendo o fanatismo religioso, milagres, fetichismo, etc

Conversa vai conversa vem a boa sra acabou confidenciando que há coisa de poucos dias uma de suas clientes, que acabava de sair de uma reunião na universal, aparentava estar meio pra baixo de modo que nossa amiga acabou perguntando-lhe sobre a razão de estar assim tão triste.

A resposta não tardou vir a tona nos termos que reproduzo literalmente abaixo:

"Como a sra sabe acabo de vir da reunião ai na Igreja né.

Acontece que pago o dízimo em dia, faço ofertas, participo das correntes, oro, jejuo e continuo sem um mísero cobre no bolso e a geladeira completamente vazia sem um naco de pão."

Mas mulher, tornou minha amiga, por que ao invés de pagar o dízimo e fazer ofertas a sra não guarda o dinheiro pra ir ao mercado e comprar arroz, feijão, pão, etc

"Por que o pastor me disse que se eu pagasse o dízimo e fizesse ofertas, tivesse fé em Jesus minha geladeira ficaria cheia com tudo que é comida boa e de primeira."

Sem trabalhar? Tornou Dna Marocas.
"Mas minha sra se tiver de trabalhar pra que serve a fé, e os dízimos, e as ofertas??? Ou os anjos hão de por comida na minha geladeira em nome de Jesus ou deixarei de pagar o dízimo e de ofertar...
Trabalhar, disse o pastor, é coisa de incrédulo, nós crentes vivemos pela graça do deus do impossível."



DEPOIS DESSA MEU AMIGO, BAS NOITE!

Considerações em torno da eleição do clérigo Crivella a prefeitura do Rio




QUANDO observamos os adversários do PT elegendo um empresário parasita ou um pastor picareta para prefeitos certamente nos sentimos compelidos a votar PT, pois é a única coisa que os incomoda. Lamento mas abstencionismo não incomoda nem preocupa empresários parasitas e pastores picaretas! CRITICAMENTE continuo votando com a esquerda! VOTO LAICO, voto contra a teocracia e o fundamentalismo até o fim!

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FOI para isso que criticaram o PT e a esquerda??? Para votarem num empresário almofadinha ou num pastor traficante de indulgências??? Para apoiarem esses trastes ou se omitirem???
Quando observo que um Malafaia, um Everaldo, um Feliciano, um Crivella tem lado, sinto-me no dever de também ter um lado bem definido! Tenho este lado e me orgulho dele! Quando vejo fanáticos e obscurantistas congregarem-se de um lado com determinado propósito bem definido sei de que lado devo ficar e estar!
Toda vez que a direita ataca e fragiliza e esquerda observamos que o fanatismo religioso sai fortalecido e a democracia comprometida. Não posso perdoar o liberalismo econômico na medida em que tem aproximado-se mais e mais do fundamentalismo sectario e traído o ideal laicista.


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CONSTATO mais uma vez que o liberalismo econômico, o conservadorismo social e o moralismo alimentam-se precipuamente do fundamentalismo religioso, do misticismo, do fanatismo, do obscurantismo e amancebam-se com ele traindo repetidamente os ideais republicanos e democráticos do laicismo, e pondo em risco os fundamentos da civilização democrática.
Julgo o conservadorismo e o capitalismo tendo em vista as bases ou fundamentos ideológicos sobre os quais apoiam-se e por isso não posso deixar de odia-los. São dois sistemas oportunistas e imprudentes pelo simples fato de brincarem com o fundamentalismo acreditando ser capazes de manipula-lo. Como se fosse normal brincar com fogo ou veneno.
A normalidade o mesmo a simpatia com que parte da sociedade encara não só o fanatismo como sua inserção na política é simplesmente aterradora!



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AO observar tantos espíritas, católicos e até mesmo ateus e materialistas não apenas votando num pastor pentecostal - ou melhor num teórico da T da prosperidade, que vive de mandingas e dízimos! - mas apoiando-os ativamente, chego a questionar minha sanidade.
Criticamos o ISIS o estado islâmico, o Taliban e elegemos um Crivella, um Everaldo, um Feliciano, etc mesmo quando declaram explicitamente que governarão antes de tudo para seus confrades religiosos e fundamentados num livro religioso que é a Bíblia!
Diante disto sou compelido a indagar: Qual o sentido e significado do estado laico e qual será o futuro de nossa democracia???
Que mundo é este em que 60% das pessoas declararam preferir ser governadas por um traficante de indulgências do que por um candidato cuja principal plataforma é a justiça social, a liberdade, os direitos da pessoa humana, etc???
MUNDO - DÁ PRA PARAR QUE EU QUERO DESCER!


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A vitória de Crivella é apenas um passo em direção do 'grande plano' que é a eleição de um presidente Bíblico destinado a implantar um República Bíblia neste país... É uma autêntica intifada pentecostal destinada a aniquilar o estado laico e os fundamentos da justiça social, da liberdade, dos direitos humanos e de toda civilização.
A única diferença é que os muçulmanos são mais rudes ou honestos enquanto nossos profetas são hipócritas e dissimulados. Mas estão perfeitamente dispostos a acabar com a instituição democrática de dentro para fora. Apossando-se de nossas escolas e colonizando as mentes dos jovens e crianças!
Por isso em nome dos relativismos cultural e teológico não tardarão a reiniciar sua cruzada tendo em vista a apresentação do criacionismo em nossas escolas públicas. A implantação da ideologia criacionista é fundamental tendo em vista imbecilizar nossas crianças e jovens e formar uma geração de alienados prestes a ser manipulada...



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NO futuro, se houver Brasil ou civilização brasileira, ao contrário do que vemos hoje, as pessoas saberão juntar as peças todas do mosaico e compreender para que fim estamos rumando e que terceiro poder esta sendo alimentado pelo liberalismo ou pelo conservadorismo...
Uma vez que a direita oportunista e inconsequente iniciou a profanação das instituições democráticas sabemos quem haverá de tirar proveito e que aliado oportunista saíra fortalecido.
Hoje o fundamentalismo religioso é 'fiel na balança' da política e tem consciência disto! Céus, onde chegou o Brasil! É como viver um pesadelo, como estar em Genebra ou Meca!



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NÃO, não é normal uma grande metrópole eleger alguém como um Dória, especialmente quando seu adversário é um Hadad. No entanto bem mais assustador e menos normal é um Crivella derrotar um Freixo i é um pastor da prosperidade, teórico do dizimismo, traficante de indulgências e servidor do livro vencer alguém cuja visão social seja tanto arrojada quanto profunda! PARA ONDE ESTE PAIS ESTA CAMINHANDO??????



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COMO tenho raízes lusitanas, espanholas e italianas pela primeira vez na vida cogito fazer um 'tour' pela Europa em 2018 e já vou ajeitando as coisas (pois tenho mãe idosa, animais, etc) para tanto.
Afinal tenho que considerar a possibilidade de exilar-me voluntariamente em Portugal ou Espanha (os países menos infectados pelo islã) caso venhamos a ter um governo religioso ou Bíblico neste pais em 2018. Imagina termos o Crivella, o Everaldo, o Feliciano, o Bolsonaro, a Marina ou qualquer um destes servos do 'papa' Malafaia como presidente em 2018???
Teremos chegado ao fim da linha ou ao fundo do abismo!



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JAMAIS considerarei normal uma religião qualquer ser criacionista ou fetichista em pleno século XXI.
Um credo qualquer ter aspirações temporais.
Líderes religiosos buscarem o poder político.
Bancadas parlamentares pautarem sua atuação em livros religiosos.
Aspirações individuais ou pessoais serem introduzidas na esfera da política.
Considerações moralistas imiscuírem-se nos domínios do bem comum.
Jamais compreenderei o sentido de tudo isto!!! Jamais!!!
Quando nos afastamos da razão objetiva nos precipitamos no abismo mais profundo...
O fanatismo tem quebrado todas as tábuas: a razão, a experiencialidade, a alteridade e já não temos como flutuar sobre o mar tempestuoso da existência. A civilização sossobra mais uma vez como nos tempos da queda do Império Romano.
Não é para a idade Média que retroagiremos mas para o Israel do século X a C ou para a Arábia do século VII....



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COMO deve ser a sensação de quem viveu os anos 50 e a primeira metade dos 60 (até 64) ao perceber que sessenta anos depois nos tornamos mais conservadores e toscos do que eramos??? Deve ser parecido com entrar numa máquina do tempo e regressar a qualquer época do século XVIII ou XVII.
No entanto em qualquer época do Brasil antigo, imperial ou colonial, não daríamos com alguém semelhante ao Crivella governando uma província! É como se o Rio passasse a ser governado por Otman ou Abu Bekre ou Moawia da noite pro dia... E sentando na cadeira do BRIZOLA!!!
Mas o Brizola já havia dito e declarado que os fanáticos religiosos tinham um plano muito bem forjado com o objetivo de dominar nosso pais e acabar com a República, digo com seu carater laico, e consequentemente com a democracia.



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A Sociedade e a política no Brasil chegaram a mais um dilema: A direita ou a burguesia já não consegue conter e esmagar as aspirações da esquerda ou do povo sem apoiar-se no partido religioso e pagar-lhe tributo sacrificando nossas liberdades e direitos...
Assim para agradar os religiosos, que são puritanos, os burgueses estão dispostos a conceder-lhes censura da moralidade e mesmo o poder de forjarem leis tomadas a seus livros sagrados.
No entanto os religiosos já não estão dispostos a cooperar, a servir, a ajudar; mas prepararam-se para constituir uma terceira força e ascender ao poder, ocupando o lugar da direita 'laica' ou da burguesia. O que será ainda pior e pior para todos!
Mas foi a direita ou os liberais que conjuraram esse demônio fundamentalista e teocrático com o objetivo sórdido e oportunista de esmagar a esquerda. E assim introduziram a anomia na república e o ódio fratricida, pois o principal alimento do ódio sempre foi o misticismo ou o delírio religioso.

Umma: Um projeto em construção e a vulnerabilidade das Sociedades Ocidentais

Se você considera isto comum ou normal recomendo que procure sem demora por um analista!


Sobre a democracia no mundo islâmico escrevemos já há algum tempo:

""A política externa dos EUA sempre foi problemática e turbulenta.

Eles acreditam ou afetam crer ser possível introduzir a forma democrática nos países islâmicos, em que pese o espírito anti democrático do islã.

Precisam contar com governos frágeis e subservientes, como o nosso por exemplo (PMDB/PSDB) para poder roubar petróleo e pilhar os recursos naturais.

Democracias puramente formais e recentes constituídas por políticos demagogos são um prato cheio para eles. Governos fortes e ditatoriais de vária inspiração impedem-nos de pilhar.

Penso que os EUA jamais levaram a sério o espírito democrático (como na Grécia antiga ou na França revolucionária 1789) ou od direitos humanos; eles apenas usam tudo isto como justificativa para depor governos fortes e enfraquecer as nações que aspiram explorar economicamente.

Para mim que creio piamente nas instituições democráticas ou policráticas é uma tragédia assistir a essa profanação...

Pior de tudo é que no Oriente as coisas não funcionam assim uma vez que são os governos ditatoriais militares e civis que contém as pretensões e o poder dos líderes religiosos radicais e das massas manipuladas por eles.

No Oriente médio a degeneração das democracias em teocracias é clássica pois as massas são dominadas pelos xeques e ulemás. 

Enquanto o islã manter domínio sobre as massas e suas pretensões teocráticas no sentido de impôr a sharia, as ditaduras e regimes totalitários serão um mal menor por lá. Isto porque regime algum ser mais despótico do que a teocracia, seja judaica, cristã ou islâmica.

A boa prudência deveria levar os EUA a absterem-se de interferir numa situação tão complexa, a cada intervenção externa o problema se agrava. Foi esse estado de coisas que criou um nicho político de que surgiu primeiro o TALIBAN e agora o ISIS, os quais precisam ser destruídos e aniquilados. 

Fortalecer os grupos terroristas (derrubando o ditador Assad por exemplo como quer a Hilaria Clinton) implica piorar ainda mais as coisas. os EUA conjuraram o monstro do califado, a Rússia esta tentando fazer alguma coisa. Penso que os EUA deveriam por a arrogância de lado e apoiar a Rússia contra o ISIS (e deixar o Assad em paz) ou abster-se de interferir.

Cada vez que os EUA atuam naquela região equivale a mexer em merda e as coisas acabam fedendo ainda mais; afinal como Ocidentais estúpidos eles só teem os olhos voltados para o econômico. No entanto o conteúdo dominante nas Sociedades orientais ainda é o elemento religioso e no caso o islã com a doutrina da jihad e da santificação da violência."


Qual o 'pôrque' disto?

No contesto de um formalismo democrático imaginamos que basta interferir militar ou belicosamente na dinâmica de uma Sociedade qualquer para por exemplo torna-la democrática.

É o pensamento ou a atitude dos EUA e faz lembrar o misticismo revolucionário dos anarquistas e comunistas com suas sedições miraculosas de que brotarão novos modelos sociais.

Mas não brotam. Nem as Revoluções de improviso nem as invasões intervencionistas produzem um espírito democrático ou socialista.

O espírito á alimentado pela dinâmica da cultura como salientaram Bouglé, Deat, Dawson, Mauss, Sombart, Merejé, Weber, e outros estudiosos. Mormente pela religião (Dawson e Toynbee) ou pelo sentido da ética.

A Grécia possui um genuíno espírito democrático ou policrático que podemos definir como 'amor a liberdade' e um amor que leva o cidadão a viver dela e a morrer por ela. A França de 89 talvez tenha feio ressurgir tal espírito por algum tempo... No entanto de modo geral nossas democracias meramente formais, i é fundamentadas em leis, decretos, poder externo de coerção, etc, via de regra não possuem tal espírito de modo que a liberdade e os direitos pouco ou nada significam para a maior parte dos cidadãos. Por isso que toleramos facilmente qualquer golpe de direta ou de esquerda e que nossas sociedades revertem a modelos totalitários como o fascismo, o nazismo ou o comunismo, padrões que no momento presente fazem já suas safras...

Nossa democracia materialista é meramente estrutural. Coisa de fachada ou de aparência como um choça de palha ou madeira... vem um tufão e arrebenta com tudo.

Ora uma das características do espírito democrático é justamente separar a política da religião ou o Estado da fé remetendo esta ao universo das coisas privadas ou pessoais e tudo quando seja público a esfera daquela. Implica que o poder do estado, grupo social ou sociedade não mais se estende a esfera das coisas privadas, e que a religião, seja ela qualquer, não possa mais valer-se do gládio ou poder secular com o objetivo de violar as consciências obrigando os cidadãos a crerem de determinada maneira. O estado torna-se laico e a crença torna-se livre. Desde então os diversos credos concorrentes devem recorrer exclusivamente a meios pacíficos ou a persuasão, jamais a ameaças de caráter físico.

Após o surgimento da reforma protestante, a fragmentação da Cristandade Ocidental num amontoado de seitas teve de encaminhar os diversos grupos sociais para esta solução. Foi o caso dos EUA em 1776, as diversas seitas protestantes que aspiravam pelo poder estavam já esgotadas de tanto lutar por ele ao cabo de século e meio, pelo que foi conveniente a todas e a cada uma delas abdicar do controle sobre o Estado e da coerção doutrinal afirmando uma Sociedade laica. O principal problema aqui é que isto não foi feito por amor ou de boa vontade, mas por mero cálculo político ou necessidade externa.

Os cidadãos do Belt Bible por exemplo jamais aceitaram o laicismo, tendo-o em conta de ateísmo. Outros aceitaram-no por falta de qualquer outra opção possível porém jamais interiorizaram o princípio do laicismo. Seja como for ao cabo de mais de dois século o laicismo ou o espírito laicista conseguiu criar um nicho cultural nos EUA.

E a própria passagem do Evangelho: "Daí a Deus o que é de Deus e de César o que é de César.", a qual reputo por genial e revolucionária, não deve ter concorrido pouco para isto.

Lamentavelmente não damos com qualquer tipo de expressão análoga na Tanak ou Torá, onde estado e religião misturam-se e formam uma Unidade, e menos ainda no Corão.

Para a consciência semítica e seu modelo social rudimentar e primitivo tal distinção, corrente nas entrelinhas do pensamento grego e formalmente presente no Evangelho Cristão, jamais se colocou ou foi levada a sério. Pelo que parte dos fundamentalistas protestantes - cujo olhar esta mais voltado para o antigo testamento do que para o Evangelho - e a totalidade dos muçulmanos piedosos continuam a encarar semelhante estado de coisas como anti natural, provisório e ateístico.

Tanto no Bel Bible como no Oriente médio multidões de cristãos bíblico judaizantes e de militantes islâmicos continuam sonhando com a implantação ou manutenção de um Estado que sirva de instrumento a propósitos de natureza religiosa ou credal, no sentido de manter a uniformidade religiosa por meio da força e oprimir as minorias dissidentes.

O problema esta relacionado com as fontes religiosas que alimentam a cultura e não percebo qualquer solução possível além da superação daquele modelo religioso ultrapassado e primitivo.

Problema é que enquanto isto não acontece e tais credos vão conquistando mais e mais adeptos entre nós seja na Europa, nos EUA ou no Brasil a situação da democracia e do laicismo, e da tolerância vai se tornando mais precária. Isto num cenário que como vimos já carece de autêntico espírito democrático e em que as instituições democráticas repousam todas sobre as bases frágeis de um formalismo legalista.

Diante disto lhes pergunto: Por que nossas democracias não sabem lidar habilmente com o problema dos fundamentalismos religiosos???

Primeiramente porque nossas democracias foram em grande parte implantadas por homens irreligiosos e por eles mantidas. Ora o grande defeito do homem irreligioso é ser levado a acreditar que a religião não produz cultura ou que não influência poderosamente as pessoas. Lamentavelmente a incredulidade tem levado muitos teóricos a minimizar o poder a força do elemento religioso, cujo caráter folgam ignorar supinamente.

No entanto da mesma maneira como ausência de útero não leva o ginecologista do sexo masculino a negar o papel deste órgão no que concerne a reprodução e gestação humanas, a ausência de fé não nos deve levar a crer que a religiosidade seja menos hábil do que a produção econômica para produzir, afirmar e transformar a cultura.

E o Oriente ainda não plenamente conquistado pelo capitalismo é prova disto.

O ódio e a descrença não nos devem cegar ou iludir quanto o papel das crenças religiosas no plano social.

Durante os dois séculos de materialismo e positivismo a maior parte dos sociólogos e cientistas políticos foi indiferente a este fator, acreditando que a humanidade evoluiria linearmente e jamais tornaria ao padrão ultrapassado da dominação religiosa ou da teocracia. Uma ascensão do islamismo ou uma intifada pentecostal jamais foi considerada ou levada a sério por aqueles eruditos de gabinete que folgavam a firmar: A Sociedade (ou a História) não volta atrás...

No entanto o que temos diante de nós do Oriente ao Ocidente é exatamente isto: uma ascensão teocrática!

Não estávamos preparados para ela.

O que nos leva ao segundo fator:

O quadro social em que afirmou-se a maior parte de nossas democracias (1800 - 1950) foi um quadro de deterioração e declínio da religiosidade dominante. No caso do Cristianismo, inclusive do Católico (padrão mais resistente) provocado, como já apontamos pela variedade dos discursos religiosos, o sectarismo e a confusão doutrinal. No decorrer do século XIX, a exceção de alguns cantões papistas, ninguém mais levava a sério o Cristianismo ou acreditava em sua recuperação. Era um Estado provisório a ser superado e substituído pelo espírito científico segundo a mística positivista prevalecente.

Mesmo o romanismo, após o pontificado conservador e obscurantista de Pio IX e a fatídica proclamação da Infalibilidade papal, tornou-se bastante débil. E Unamuno por escrever um Ensaio sobre a "Agonia del Cristianismo".

Importa considerar ainda a decepção das Sociedades 'católicas' após o Vaticano II tendo em vista a supressão do aparato litúrgico e das tradições multiseculares. Foi uma pá de cal nas sociedades romanistas que ainda resistiam e que após os anos 60 entraram em colapso, tanto na Europa quanto nas Americas, este colapso produziu uma gigantesca crise de consciência e cultura porque ainda hoje passamos e da qual tiram amplo proveito os modelos fundamentalistas sejam protestantes ou islâmicos.

Diante deste quadro negativo para a religião tradicional é fácil compreender porque os reformadores e legisladores democráticos nada temeram em absoluto por parte da religião.

Catolicismos e protestantismos aceitaram tacitamente a nova ordem das coisas e não houve qualquer tentativa séria de sedição ou mesmo de retomada séria do modelo anterior no sentido de constranger as consciências ou de uniformizar a sociedade em termos religiosos. O Cristianismo teve de conceder espaço ou fórum de cidade aos incrédulos e estes embriagados pelo triunfo nada mais temeram da parte da religião.

Marx por exemplo, segundo seu modelo evolucionista, linear e etapista, opinou que os comunistas não deviam ocupar-se da questão religiosa ou laicista e que cabia ao modelo burguês apenas ocupar-se disto e impor esta nova ordem de coisas. E ele acreditava que a burguesia ou que o sistema capitalista, bem como a educação científica bastariam para debilitar e quiçá para aniquilar por completo os sentidos religiosos, quanto mais as aspirações teocráticas. Para Marx e seus seguidores o quadro da luta entre capitalismo e comunismo estava muito claro e bem definido e se alguém lhe disse-se que a teocracia, qual Fênix do mal, ressurgiria das cinzas ou que o islã e o pentecostalismo viriam apresentar séria ameaça a Sociedade século e meio depois, o teórico alemão certamente daria uma boa gargalhada.

Não foi para menos que os teóricos economicistas ou marxistas - inclusive M Dobs - riram pra valer primeiro do velho Fustel de Coulanges, depois de Weber e enfim de Ch Dawson classificando-os evidentemente como idealistas românticos. No entanto eram realistas e o processo de conquista espiritual da Europa e de construção da Umma pelo islã evidencia-o cabalmente.

Iludidos estavam aqueles que acreditavam num futuro linear e sem crises.

Bem qual na Antigo Roma, hoje temos os Gôdos ou Vândalos as portas, prestes a escalar o Capitólio.

Por isso penso que a exemplo de Angola, da Suíça (que proibiu a construção de minaretes), da França ( que produziu o uso do Icab), etc seja já tempo de fazermos algo. Afinal não basta fechar a porta após a casa estar tomada ou invadida.

Neste sentido parte da direita - em que pesem seus vícios, defeitos e crimes - antecipou-se a esquerda 'romântica' (ao menos a propósito do islamismo e dos pentecostais), mostrou-se sensível e buscou ou busca trazer alguma resposta as populações angustiadas do Ocidente.

Neste sentido o vilão do Trump deu uma boa rasteira na mulher Clinton totalmente inábil no sentido de solucionar a questão Síria e disposta a fortalecer ainda mais a hidra do Califado!

Hilary como democrata formal e péssima conhecedora da realidade religiosa mostrou-se de todo inepta e inapta para lidar com o problema do fundamentalismo islâmico, e esta pode ser a chave para compreendermos sua derrota. O mundo EUA, Rússia, Europa, Brasil, etc está diante de um inimigo comum e formidável que é o fanatismo produzido entre os muçulmanos piedosas pelo ideal da Umma. É necessário por todas as diferenças de lado e inclusive esquecer ou ignorar as mazelas do sistema pelo simples fato de estarmos diante de algo muito pior: A jihad, ou seja, a justificação do assassinato ou do extermínio em nome de Deus!

Os Yazids que o digam...

Nossa democracia encarando igualitariamente todas as religiões não esta preparada para lidar com a especificidade do problema islâmico e para tomar as necessária medidas tendo em vista sua contenção. Pois sofre achaques de escrúpulos formalistas em termos de democracia e seus teóricos imbecis pensam que as religiões pacíficas e conciliadas com o espírito democrático e as religiões teocráticas e agressivas devam ser sempre tratadas da mesma maneira, sem que seja possível fazer qualquer exceção.

Assim se o budismo, o Cristianismo, o judaismo, o zoroastrismo, o hinduismo, etc possuem direitos ou prerrogativas irrestritas e inalienáveis nossos formalistas toscos que nada compreendem sobre sociologia ou religião, consideram que o islã faça jus as mesmas prerrogativas e ponto. Acontece querido leitor que Judaismo, Cristianismo, Budismo, Hinduismo, Espiritismo, Wicanismo, etc não possuem instituições como a jihad, a djzia, a murtad... cujo objetivo é abençoar a violência e consolidar a opressão.

Religião alguma, de modo geral, expressa pretensões de controlar o corpo social por meio do poder político. O islã não esconde este ideal anti laicista e portanto anti democrático de associar religião e política e de fazer do Estado um braço secular da Umma ou uma repartição da mesquita.

Serei terminante: Não é possível haver democracia sem igualdade. Não é possível haver democracia num sociedade em que hajam cidadãos ou pessoas de segunda classe. Ora no islã, os dissidentes são cidadãos ou melhor pessoas de segunda classe e tem seus direitos políticos restringidos. Dizem seus líderes que os Dimi são protegidos pelo islã. Mas protegidos do que? Protegidos da fúria dos muçulmanos fanáticos na medida em que admitem e aceitam seu status de inferioridade...

Cidadãos não querem ser protegidos mas participar da administração da cidade em pé de igualdade. Querem viver numa cidade comum que não seja determinada ou regulada por preconceitos religiosos.

Para arrematar cumpre tornar ao inicio deste artigo (vide artigo I) e determinar com maior precisão qual seja o ideal da Umma.

Afinal as mesmas pessoas que apreciam gritar contra o Fascismo (os comunistas) ou contra o comunismo (os capitalistas) - Pelo fato de que tais sistemas, sendo totalitários, buscam uniformizar os elementos da Sociedade - adoram afagar o islã ou até mesmo elogia-lo!

E no entanto que pretende este islã senão criar um sistema de vida total, totalitário e totalizante nos mínimos detalhes até fazer a Genebra de Calvino ou um campo de concentração nazista parecer uma casa de bonecas.

Afinal o ideal da Umma outro não é do que unificar a Sociedade ou melhor o Universo por meio da vontade de alá expressa pela sharia.

Uma sharia que determinará os costumes sexuais, os hábitos alimentares, o padrão de vestuário, etc de todos os seres humanos!!! Sem que haja que ouse amar pessoas do mesmo sexo, comer toicinho, beber vinho, usar camiseta de magas curtas, etc, etc ,etc TUDO SEGUNDO O PADRÃO CULTURAL ÁRABE DO SÉCULO VII canonizado pelo profeta Maomé. Este é o ideal ou propósito islâmico para a humanidade com seu ideal de Umma e para concretiza-lo lá esta a jihad.

Resta perguntar, face ao ideal muçulmano, que será feito da diversidade ou o que alá pensa sobre a diversidade cultural ou os costumes dos não árabes???

Qual a diferença entre este ideal de estandartização humana e os ideais doentios do fascismo ou do bolchevismo com seus padrões de comportamento uniformes? Em que os islã e sua proposta ficam devendo algo a estes sistemas desumanos e anti humanos???


Importa saber uma coisa: Sem Cristianismo ou com Cristianismo, sem capitalismo ou com capitalismo, sem democracia formal ou com democracia formal temos de discutir o problema premente da expansão islâmica no Ocidente e criar mecanismo eficazes com o intuito de proteger nossa democracia estrutural e insipiente. E posto que não podemos produzir um espírito ou uma consciência democrática de improviso i é as carreiras, deveremos cogitar em soluções práticas.

O que não podemos é continuar compactuando com esta visão deturpada de um islã pacífico professado majoritariamente por cordeiros inofensivos. Pois esses cordeirinhos pacificos bem podem converter-se repentinamente em lobos ou leões e devorar-nos vivos com a civilização que criamos.

Arremato este ensaio com uma perguntinha dirigida a nossos comunistas e anarquistas: Será que nosso ideal de igualdade e justiça ou nosso ideal de liberdade poderão se implantados numa realidade social governada pela sharia???

Fica esta pergunta que sempre costumo fazer e que até o momento presente ainda não foi respondida. 




A democracia falhou, tornemos a sharia
Você ataca o islamismo quando ataca a sharia