terça-feira, 26 de outubro de 2010

Milícia talebã e milícia pentecostal

As seitas cristãs fundamentalistas já tem certa influência na sociedade brasileira. Pode-se dizer sem medo de errar que o pentecostalismo constitue o quarto poder (os outros três são: o executivo, legislativo e judiciário). O fenômeno pentecostal anda de mãos dadas com a extrema pobreza: falta de saúde, de educação e de segurança. Como os mais explorados da sociedade não  recebem a assistência do governo, eles só tem duas opções: o mundo do crime ou o pentecostalismo. Essas pessoas já não acreditam na justiça humana e então ficam à espera da justiça divina.

Geralmente os pentecostais são pessoas que vivem à margem da sociedade, vivem em favelas, são negros, desempregados ou trabalham num emprego informal e não tem estudo, ou seja, são cidadão de 2ª classe. Não são assistidos pelo Estado, e aí é que a porca torce o rabo. A razão pela qual sendo tão paupérrimos e ainda assim contribuem financeiramente com suas igrejas é porque lá, eles podem sentir-se cidadãos. Porque o Estado é injusto Deus vai abençoar o dizimista, etc...

Então o fenômeno pentecostal é um fenômeno da pobreza no sentido máximo da palavra, pois se vivêssemos num Estado justo, muitas igrejas neopentecostais já teriam caído. "Num estudo de 2007, a Fundação Getúlio Vargas mostrou que a transferência de renda e a diminuição da pobreza, proporcionadas pelo Bolsa-Família, assim como o aumento da aposentadoria e do emprego, estavam contribuindo para um crescimento na proporção de católicos, o que não ocorria em mais de um século" (O Estado de São Paulo página A 13 - Domingo 10 de outubro de 2010).

Com todas as reservas que tenho com o catolicismo romano faz-se mister confessar que esta religião é infinitamente melhor do que o fundamentalismo pentecostal. Pois os católicos romanos são mais tolerantes, tem mais cultura, não poucos dentre eles aceitam a teoria da evolução e tem uma visão da vida mais aberta ao mundo. Melhorar a renda das pessoas é um modo de combater o fanatismo religioso, visto que este é via de regra fruto das desigualdades sociais.

Silas Malafaia ao declarar seu apoio a Serra deixa bem claro sua posição que é: a de não querer que seus fiéis sejam instruídos. E a posição de Serra ao apoiar os evangélicos outra não é: implantar o neoliberalismo para que as pessoas se alienem cada vez mais na religião e possam ser exploradas sem protestos.

Para a burguesia quanto mais ignorância melhor, pois a ignorância leva às religiões fetichistas e estas ao fanatismo e o fanatismo à obediência cega e um senso não crítico.

Antes de terminar o texto, adoraria muito que o bispo Dom Luis Gonzaga Bergonzini, lesse esse  texto e agradecesse ao Lula pelo crescimento de sua igreja e do seu rebanho.

2 comentários:

Domingos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Domingos disse...

TEXTO PRECIOSO. Quanto melhor a renda das pessoas, mais livros, mais informação, mais instrução e menos credulidade, menos superstição, menos fundamentalismo, menos fanatismo.
Somente o regime socialismo proporcionando as pessoas melhor qualidade de vida garante a manutenção do Estado leigo ou secular.
Onde houver miséria e ignorância a Democracia correra perigo de converter-se em teocrácia.
Os pastores temem a instrução pública por isso prestam seus serviços ao regime capitalista.
Capitalismo e protestantismo continuam caminhando juntos, como sempre.