sexta-feira, 4 de julho de 2008

Porque não dou conselhos

Em minha curta existência já dei muitos conselhos para os que me pediram, mas hoje não mais faço isso. Conselhos são perigosos, criam vínculos. As pessoas que procuram um conselho, na verdade estão procurando um guia, um mestre. A pessoa que dá o conselho tem que saber que está lidando com uma vida humana.

O conselho pode dar certo ou errado. Se dá certo a pessoa aconselhada cria um vínculo de dependência com você; se dá errado ela lhe cobrará e lhe culpará pelo mau resultado. Não é bom que uma pessoa fique dependente de outra para viver e fazer as coisas, ela deixa de assumir responsabilidades e se torna uma alienada, isto é, uma propriedade de outro. Já não pensa por si, porque enxerga a si mesma como incapaz.

Você teria coragem de seguir seus próprios conselhos ou você que aconselhou vai buscar outro conselheiro? Já se pôs no lugar do outro?

Aprendi com a Orientação Não Diretiva ou antes na Abordagem Centrada na Pessoa, técnica de Carl Rogers, que não se deve dar conselhos, mas se deve ouvir a outra pessoa, acompanhar essa pessoa em seu processo de amadurecimento, mostrar que ela é capaz de achar as soluções para os seus problemas. Aprendi que não deve "achar" ou opinar por ela. Que o importante é ouvir o que ela tem a dizer e perguntar-lhe porque pensa de tal ou qual maneira, de modo que a encaminhemos para a auto-reflexão e possa se questionar e buscar dentro de si as respostas necessárias. O mais importante de tudo é a empatia, isto é, se colocar no lugar do outro, pois assim teremos cuidado para não aconselhar, mas apenas acompanhá-la nesse processo de auto-conhecimento. A Orientação Não Diretiva nos mostra que toda pessoa é capaz de encontrar soluções sem o auxílio de terceiros, desde que tenha um alguém disposto a ouvi-la e se tornar um espelho de modo que ela possa ver a si mesma de modo claro. Assim desse modo a pessoa poderá recuperar a estima por si e se tornar independente.

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